Passados 113 dias desde o rompimento da barragem do lago administrado pela A&A Empreendimentos, do condomínio Nasa Park, as famílias afetadas pelo rastro de lama e destruição ainda buscam por indenização que repare os danos, convocados nesta quarta-feira (11) para a 3.ª reunião junto do Ministério Público.
Na avenida Pres. Manoel Ferraz de Campo Sales, 214, no Jardim Veraneio em Campo Grande, as audiências individuais com os proprietários de estâncias, chácaras e fazendas estão marcadas para acontecer à partir das 13h30 de hoje (11), nos seguintes horários:
- 13h30
Clarice Sales Sanches (Estância Nossa Senhora Aparecida)
Luiz Neri - Chácara Vó Cicera
Rogério Pedroso dos Santos - (Chácara Vila São Marcos)
- 14h00
José Olavo dos Santos (Chácara BR-163 KM 501)
João Acacio Melo Minussi (Estância Nossa Senhora de Fátima)
Luiz Octavio Nespolo (Chácara São Rafael)
- 14h30
Adriana Maria Santana da Silva (chácara Dois Irmãos parte 1)
Sebastião Neves de Oliveira (Chácara Canaã)
Carlos Roberto Vacchiano (Mineradora Quality)
- 15h15
Gabriela do Prado Lopes (Fazenda Estaca parte 1)
Luzia Ramos do Prado (Fazenda Estaca)
"Sem esperança"
Entre os afetados, Gabriela do Prado - que viu os animais de sua propriedade serem arrastados junto de móveis e itens de casa - diz que não tem "esperança nenhuma" de que saia da reunião de hoje com um acordo de compensação.
Morando de aluguel na cidade, após ter sua casa destruída, Gabriela cita os momentos de horror que se estendem através dos meses, acompanhados principalmente de um aumento das despesas, já que a mudança inclui gastos com taxas de condomínio, água, luz, etc.
Atualmente, inclusive, ela organiza uma galinhada (marcada para o próximo dia 21), com a esperança de angariar fundos e tentar, pelo menos, contornar a conta de luz que está prestes a ser cortada.
"Vou e venho da chácara todo dia, tem vezes que vou e volto duas vezes no mesmo dia, então aumentou muito o gasto com combustível...", comenta Gabriela.
Aliado ao aumento de despesas, a renda familiar também foi corroída, já que os cerca de R$ 3 mil que era gerado com a produção da chácara deixaram de existir.
A família alega que não recebeu apoio financeiro adequado após o desastre e, apesar de haver um bloqueio de R$ 35 milhões relacionados ao Nasa Parque, ela ressalta que nada foi repassado para as vítimas, sendo que a ajuda oferecida, através de cestas básicas, não é vista como uma solução adequada
Gabriela diz que os riscos vividos durante o rompimento, preocupação com a segurança de seus familiares, geraram uma dor intensa que ela diz ser sufocante e que permanece guardada dentro dela, que sente necessidade de sentar para falar de suas dores, porém sem qualquer apoio.
"No dia da primeira reunião, perguntaram se eu queria assistência psicológica e eu coloquei que sim... estou esperando até hoje. Tenho um filho especial, de 14 anos, que ajudou meu irmão a colocar minhas filhas dentro do carro. Vivi um pesadelo na cidade, não sabia se ele estava vivo... Não ter um amparo psicológico é revoltante e vergonhoso", complementa ela.