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A esquerda, sem rumo e sem prumo

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O recado do eleitor foi claro: “vamos enterrar a ideologia, se não no cemitério das entidades mortas, pelo menos na gaveta das circunstâncias”. Foi o que vimos. O Brasil recolhe as bandeiras da esquerda, pelo menos por enquanto, até que novas circunstâncias e o espírito do tempo sugiram a necessidade de voltar a trocar as ferramentas da engrenagem.

Lendo o recado em letras garrafais: na última eleição, o eleitor puxou o País para o centro, votando de maneira pragmática, deixando de lado posicionamentos ideológicos de esquerda e extrema esquerda e optando por votar com o olho nas demandas ao redor.

Saiu da concha, onde se recolhera ao longo das últimas décadas, embalado em um pacote de boas promessas, principalmente as que acenavam com a ideia de mais dinheiro no bolso, consequentemente, geladeira cheia, barriga satisfeita, coração agradecido e cabeça disposta a votar nos entes jurídicos (partidos) e físicos (candidatos) patrocinadores do fenômeno. Ou seja, votava na equação BO+BA+CO+CA, bolso, barriga, coração, cabeça.

Neste último pleito, botou a cabeça para fora da toca para dizer: “A equação não tem sido bem-composta, por isso, vou mudar o time”. Escolheu figuras que satisfazem suas carências, nomes novos para as prefeituras e os antigos, que receberam o passaporte da reeleição por fazerem eficiente gestão. Cerca de 80% dos candidatos que buscavam se manter nos cargos conquistaram a vitória.

É fato que a esquerda trouxe muitos benefícios ao País ao longo de décadas. Com um pacote de programas e ações fundamentais, fixou suas estacas em cantos e regiões, de todos os quadrantes, principalmente em territórios mais carentes, como o Nordeste ou a periferia de São Paulo, onde se aglomeram os maiores contingentes despossuídos da nação.

Essas massas carentes sempre agradeceram aos benfeitores, concedendo-lhes seu voto. O que não deve ser entendido como uma amarração eterna na árvore esquerdista. E mais: eventuais compromissos com a esquerda devem ser compreendidos em cada contexto da quadra político-eleitoral. Podem ser rompidos, e os votos serem dirigidos a pessoas diferentes. Por exemplo, a periferia de São Paulo votou, em massa, no prefeito Ricardo Nunes, de centro-direita, e não em Guilherme Boulos, o candidato da esquerda. No passado, elegeu Marta Suplicy e Paulo Maluf, Jânio Quadros e Luiza Erundina.

Portanto, estamos diante de um eleitor pendular, cuja imagem se assemelha a dos eleitores dos estados pendulares nos EUA (swing states) – Arizona, Geórgia, Michigan, Nevada, Carolina do Norte, Pensilvânia e Wisconsin, que serão decisivos na corrida presidencial americana, com desfecho marcado para daqui a pouco, 5 de novembro. Votam ora em um candidato democrata, ora em um candidato republicano. A conclusão é a de que, tanto lá como aqui, o eleitor sobe e desce na gangorra, votando sob a sombra de suas circunstâncias, detonadora da vontade das massas.

Esse é, aliás, o mecanismo propulsor da democracia, a capacidade de o eleitor mudar instrumentos da orquestra – tambores, cordas e metais – e também os músicos, caso queira. Lembramos que, em décadas passadas, a comunidade mundial presenciava as quedas sucessivas de governos europeus – entre os quais Islândia, Dinamarca, Grã-Bretanha, Grécia, Holanda, Irlanda, Eslováquia, Portugal, Itália e Espanha.

A queda da parede de dominó abriu intensa polêmica sobre o fenômeno da globalização, sinalizando, ainda, a ascensão da tecnocracia ao centro do poder político e contribuindo para mobilizar massas, até então amorfas, em países credores e devedores.

Abrigados nas margens do espectro ideológico, grupos de todos os matizes passaram a agir como exércitos destemidos, tomando as ruas, exigindo a saída de governantes açoitados pela crise financeira e a entrada na cena política de figurantes e de propostas inovadoras.

A crítica mais comum versava sobre a perda das identidades nacionais. As nações passaram a ter governos manietados ou, para usar termo mais leve, controlados pelo mandatário-mor do planeta, o capital internacional. Ao longo dos anos, as massas eleitorais puderam ajustar seus sistemas de governo, dançando de um lado para outro nos espaços do arco ideológico.

Sob essas idas e voltas, assistimos ao recuo da esquerda no mundo. E qual o fator determinante para explicar esse refluxo? As promessas não cumpridas pela democracia. Sempre recorro ao sociólogo italiano Norberto Bobbio para explicar os buracos no edifício da democracia, feitos por um conjunto de promessas não cumpridas – entre elas a educação para a cidadania, o combate às oligarquias e a eliminação do poder invisível.

No caso da nossa América do Sul, o rodízio que se processa no arco ideológico, entre os polos da direita e da esquerda, leva em conta a saturação do eleitor com a velha ordem política. Aliás, tal cansaço parece ocorrer aqui e alhures, dando conta da indignação do votante para com as promessas descumpridas pelos agentes públicos. Os nossos vizinhos, entre eles a Argentina, o Uruguai, o Paraguai, a Colômbia e o Peru, passeiam muito pela esfera ideológica.

Volto aos nossos trópicos. E o que vejo? O PT, que lidera a frente da esquerda, com um discurso embolorado. E cercado por velhos caciques. O PSOL, de Boulos, sem credibilidade e recolhido em sua extremidade. Não à toa, a esquerda perdeu o rumo. E está sem prumo.

CLÁUDIO HUMBERTO

"A liberdade de expressão não é um favor concedido"

Deputada Julia Zanatta (PL-SC) critica censura a parlamentares, cidadãos e jornalistas

06/12/2024 07h00

Cláudio Humberto

Cláudio Humberto

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Bolsonarista que adulou Lula racha frente evangélica

Evangélicos “raiz” conseguiram atrasar a eleição para presidência da engajada Frente Parlamentar Evangélica e articulam o nome do deputado Gilberto Nascimento (PSD-SP) para liderar o grupo. A frente estava reservada para ser presidida pelo deputado Otoni de Paula (MDB-RJ), ex-vice-líder de Jair Bolsonaro na Câmara, mas ele teve que tirar a mão da taça. Essa frente, de perfil conservador, não digeriu os elogios rasgados de Otoni a Lula. Foto com o petista também pegou muito mal.

Histórico complicado

Otoni também se queimou ao negar apoio a Alexandre Ramagem (PL) para prefeito do Rio de Janeiro. Pediu votos para Eduardo Paes (PSD).

Atenção ao detalhe

Paira a desconfiança entre os evangélicos sobre o edital da eleição, com misteriosa redução no tempo na presidência da frente, de 2 para 1 ano.

Dedo do Lula

Na miúda, parlamentares confessam que suspeitam de “vacina” do Planalto caso o vencedor não seja Otoni. Gilberto é bolsonarista.

Isso são horas?

Outra manobra atribuída aos pró-Otoni é a votação. Por ora, presencial, em cédula e 8h da próxima quarta (11), madrugada no parlamento.

Carreiras de Estado: pacote tem erros de tabuada 

O pacote anunciado pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda), além de insuficiente para reduzir o rombo nas contas públicas agravado pelos gastos do governo Lula (PT), contém erros elementares de tabuada. A PEC 45, que pretende limitar vencimentos nas carreiras de Estado, como magistratura e ministério público, custará mais caro aos cofres públicos, segundo advertiu em nota o presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, Fernando Antonio Torres Garcia, que, este sim, fez as contas. 

Conta de diminuir

A expectativa é que, se aprovada, a medida provocará aposentadoria em massa. Só o TJSP, o maior do País, perderá 546 dos 2.647 magistrados. 

Conta de multiplicar

O desembargador Fernando Antonio Torres Garcia estima que custará bem mais aos cofres públicos a reposição de magistrados, após o êxodo. 

Conta de somar

O TJSP necessitará fazer concursos por uns 20 anos, ao custo anual de R$250 milhões. Sem contar salários de quem chega e aposentadorias.

Mérito em questão

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), mandou o recado de que não é ele quem vai gastar sola de sapato para aprovar o pacote fiscal ainda este ano. A urgência foi aprovada, mas o mérito será outro papo.

Sabotagem judicial

Não passou batido ao senador Rogério Marinho (PL-RN) a decisão judicial que obrigou o iFood a contratar entregadores. “Setores da Justiça do Trabalho teimam em sabotar o Brasil”, criticou o senador.

Censura prévia, não

Na CCJ da Câmara, o jurista Ives Gandra Martins defendeu o direito à liberdade de expressão: “Nós não podemos dizer o que o cidadão tem que pensar antes. Ele pode ser punido por abuso depois”, resumiu.

Esquerda racha

O deputado Glauber Braga (RJ) foi às redes defender a decisão do seu partido, o Psol, de extrema-esquerda, de se se unir ao PL e votar contra a urgência do “pacote fiscal” de Fernando Haddad (Fazenda). 

A conta chega

Pesquisa do Banco Central sobre estabilidade financeira destaca a principal preocupação das instituições do setor: risco fiscal. Poucos acreditam na sustentabilidade da dívida pública e no “calabouço fiscal”.

Nota protocolar

Até o PT, quem diria, se rebelou contra o corte no Fundo Constitucional do DF. A insurgência foi do diretório da capital, mas na nota, o PT, que só tem uma deputada no DF, sequer cita Fernando Haddad, o Malddad.

Mercado muito comum

O Itamaraty do ministro-decorativo Mauro Vieira celebrou a participação inédita, na reunião do Conselho do Mercado Comum do Mercosul da... Bolívia, que afanou refinaria da Petrobras no governo Lula 1.

Consciente coletivo

O Deutsche Bank concorda com a avaliação do deputado Mendonça Filho (União-PE), no podcast Diário do Poder, de que o governo “Lula 3 mais parece o Dilma 3”. Lula 3 é Dilma 2, o retorno, disse o banco.

Pergunta na Constituição

Precisa ser vacinado para ter imunidade parlamentar?

PODER SEM PUDOR

A fragilidade do poder

O país estava confuso, com as notícias desencontradas sobre o golpe militar, naquele 31 de março de 1964. Havia rumores sobre a fuga do presidente João Goulart para o Uruguai. No Palácio do Planalto, reinava o caos. Toca o telefone e o jornalista Otacílio Lopes atende.

- O presidente João Goulart está?

- Ele não trabalha mais aqui.

Assistindo à cena, o presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzili, finalmente se deu conta que era ele o presidente da República.

ARTIGOS

O que esperar do varejo em 2025?

05/12/2024 07h45

Arquivo

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Apesar da queda registrada em setembro, o setor varejista brasileiro voltou a crescer novamente em outubro (2,5%). No acumulado do ano, o segmento obteve um crescimento expressivo de 4,5%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados refletem um cenário econômico favorável e nos faz questionar: o que podemos esperar do varejo em 2025?

Em relação à economia, o principal fator que contribuiu para essa melhora do mercado foi o aumento das linhas de crédito, que, consequentemente, melhoraram o poder de compra da população. Outro ponto importante foi a queda nas taxas de juros, promovida pelo Banco Central e pelo governo federal. Porém, para o ano que vem, o aumento da inflação promete ser o principal inimigo do mercado e do consumidor.

Falando de tendências, não deu outra: o uso de inteligência artificial (IA) e do Big Data foi fundamental para impulsionar o setor. Em 2025, esse movimento deve se intensificar ainda mais, com destaque para os canais omnichannel, que integram as lojas físicas e digitais. Isso se deve principalmente pela mudança de hábito do consumidor, que tende a priorizar a praticidade e o imediatismo do on-line.

No caso dos setores, pudemos observar uma melhora no ramo de moda e vestuário, impulsionado pela retomada de eventos e pela volta ao trabalho presencial. A área de beleza e cuidados pessoais também se deu bem, aproveitando-se das redes sociais. Para o ano que vem, além desses, a principal aposta é no segmento de tecnologia, que continua sua ascensão no Brasil e no mundo. 

Com a retomada do crescimento após crises econômicas e feridas da pandemia, as perspectivas para o varejo brasileiro em 2025 são excelentes. A tecnologia deve continuar sendo a principal responsável por esse impulsionamento, enquanto questões sociopolíticas e a inflação vão se mostrar desafios, testando o poder de adaptação e resiliência do mercado.

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