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Canetas emagrecedoras, risco de desabastecimento e o papel das farmácias de manipulação

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Em junho de 2025, a detentora da patente do mounjaro, Eli Lilly, anunciou que poderá haver desabastecimento das canetas emagrecedoras no mercado brasileiro. A tirzepatida, substância ativa do medicamento, foi recentemente aprovada para uso no tratamento da obesidade, além da indicação já consagrada para o controle do diabetes tipo 2.

O anúncio reacende um debate urgente: o risco de desabastecimento desses produtos no mercado e os equívocos em torno do papel das farmácias de manipulação nesse contexto.

Em outra decisão relevante, divulgada em abril, a Anvisa determinou que farmácias e drogarias de todo o País passem a exigir a retenção da receita médica para a venda de medicamentos como ozempic, mounjaro, saxenda e wegovy. Isso significa que não será mais possível a automedicação – prática que, até então, contribuía para o desabastecimento e prejudicava pacientes que têm indicação médica legítima para seu uso.

Os chamados análogos de GLP-1, como a semaglutida e a tirzepatida, ganharam enorme popularidade como auxiliares no emagrecimento, muitas vezes consumidos fora das indicações oficiais e sem prescrição. O novo controle da Anvisa, que exige receita médica em duas vias, busca justamente conter esse uso indiscriminado. Entretanto, surge outro fator de preocupação: a possível escassez dos medicamentos industrializados – já observada em várias regiões – e a pressão da indústria para concentrar sua oferta em canais exclusivos, restringindo alternativas legítimas.

O risco da desinformação ficou evidente no dia 26 de maio, após uma reportagem do “Jornal Nacional” sugerir, de forma equivocada, que farmácias de manipulação estariam envolvidas na comercialização de medicamentos falsificados. A matéria ouviu apenas fontes vinculadas à indústria farmacêutica e deixou no ar a perigosa ideia de que manipular medicamentos seria equivalente a falsificá-los – o que é absolutamente incorreto e não encontra respaldo na legislação brasileira.

A manipulação de medicamentos é uma prática legal, regulamentada e exercida por farmacêuticos habilitados, amparada por normas técnicas rigorosas. Diferentemente da falsificação – que é crime –, a manipulação tem respaldo jurídico, inclusive ante a existência de patentes. O artigo 43, inciso III, da Lei de Propriedade Industrial (Lei nº 9.279/96) estabelece que a proteção patentária não se aplica à preparação individualizada de medicamentos sob encomenda, quando feita para atender prescrição médica.

Ou seja, não há nenhuma ilegalidade no fato de farmácias de manipulação prepararem formulações contendo semaglutida ou tirzepatida, desde que os insumos utilizados sejam equivalentes aos registrados e a preparação esteja vinculada a uma prescrição médica. A própria Anvisa já afirmou que a manipulação desses ativos, dentro dos parâmetros técnicos adequados, não configura infração sanitária. Além disso, esclarece que a origem dos insumos – seja sintética, biotecnológica ou outra – deve ser avaliada sob o prisma do controle de qualidade, não sendo a via de obtenção do ingrediente farmacêutico ativo (IFA) um critério que, por si só, impeça sua utilização.

A cadeia de controle de qualidade dessas farmácias, vale ressaltar, é extensa e rigorosa. Os princípios ativos são importados com laudos técnicos, passam por reanálises laboratoriais feitas por distribuidores autorizados e são novamente testados pelas farmácias antes da manipulação. Todo o processo segue padrões equivalentes aos da indústria farmacêutica. Aliás, nem farmácias nem a indústria realizam testes de lote a lote por parte da Anvisa, cujo papel é fiscalizador, e não de executor de análises laboratoriais de rotina.

Outro ponto fundamental: farmácias de manipulação, em geral, não comercializam as chamadas “canetas” injetoras, como frequentemente se vê nas redes sociais. Seus medicamentos são entregues em frascos-ampola, para aplicação com seringa, sempre mediante prescrição. A venda de canetas falsificadas nas redes sociais é, sim, um crime grave – mas sua origem não está nas farmácias legalizadas. Colocar essas instituições no mesmo patamar da clandestinidade é, além de injusto, profundamente irresponsável.

A questão de fundo também é econômica. Com custos significativamente menores, os medicamentos manipulados se tornam uma alternativa viável para pacientes que não conseguem arcar com os preços dos produtos industrializados. Em um país com desigualdade social tão marcada, restringir esse acesso com base em argumentos falaciosos só tende a agravar o cenário de exclusão terapêutica.

O desabastecimento iminente de medicamentos industrializados reforça a compreensão de que não é proibido manipular substâncias protegidas por patente. A Lei de Propriedade Industrial prevê essa exceção.

Quando há conflito entre o direito à vida e à saúde e a proteção da propriedade intelectual, a prioridade deve ser, sempre, o bem-estar humano.

A decisão da Anvisa pode, sim, ser eficaz para coibir o uso inadequado dos emagrecedores. Mas, para que não se transforme em mais um obstáculo à saúde da população, precisa vir acompanhada de uma compreensão inequívoca: farmácias de manipulação não são vilãs. São parte da solução.

Cláudio Humberto

"O método é velho, conhecido e covarde"

Cabo Gilberto Silva (PL-PB) ao suspeitar de uso político da Polícia Federal

21/12/2025 07h00

Cláudio Humberto

Cláudio Humberto

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Gastos suspeitos são tão antigos quanto o ‘cotão’

Políticos viram intrigados a operação policial desta sexta (19) expondo os deputados Sóstenes Cavalcante, líder do PL, e Carlos Jordy, ambos do RJ, sobre gastos suspeitos com a “cota parlamentar”. É que isso ocorre desde a criação malandra do “cotão”, a Cota para Exercício da Atividade Parlamentar, que varia de R$36 mil a R$52 mil mensais por deputado ou senador, dependendo do Estado, para despesas como aluguel de carros, jatinhos, escritórios e até lanchas, passagens, motéis, jantares etc.

 

Mão no seu bolso

De 2015 a 2025, segundo dados oficiais, o Congresso desembolsou R$2,8 bilhões em ressarcimentos sem transparência e fiscalização.

 

Como ricaços

Em 2023, deputados torraram R$916 mil em jatinhos, com Sidney Leite (PSD-AM) gastando, somente ele, R$157,7 mil.

 

Corrida de fundo

Pedro Aihara (PRD-MG) usou R$23 mil do dinheiro dos impostos em refeições de luxo em sete Estados e no Japão, entre 2023 e 2024.

 

Novidade é a PF

O TCU já investigou 18 de uma vez, como Benedita da Silva (PT-RJ), Silas Câmara (Rep-AM), Romário (PL-RJ) etc. Mas sem PF na porta.

 

Com saída de Wagner, PT perde sua melhor figura

Jaques Wagner (PT-BA) perdeu a liderança do governo no Senado por ser raridade entre lulistas raivosos, gente primária que não está ali para fazer política, mas para ajudar Lula (PT) a cumprir o que jurou em vídeo viralizado de 2021: “Eu vim para me vingar”. Wagner, ao contrário, bom político, apenas trava as brigas necessárias. Apoiou Davi Alcolumbre na questão da Dosimetria para emplacar projetos de interesse do governo, até porque seria inútil resistir, como demonstrou o placar de 48x25 votos.

 

Gabinete do ódio

O “acordo” enfureceu Gleisi Hoffman, figura que ama odiar a tudo e a todos, e que ficou enciumada com a desenvoltura do petista da Bahia.

 

Rivais só nas ideias

Wagner sempre irritou o PT. A turma espumava de ódio contra ACM, mas ele e Luiz Eduardo, filho do velho babalaô, cultivavam relação cordial.

 

Civilidade política

Ao descobrirem que nasceram no mesmo dia, durante anos Wagner e Luiz Eduardo almoçaram juntos naquele dia, até que a morte os separou.

 

Lulinha lá

Último requerimento protocolado na CPMI que investiga a gatunagem no INSS, na sexta, dia do suspiro final de algum trabalho no Congresso, pede a convocação de Lulinha. É assinado pelo relator Alfredo Gaspar.

 

É só olhar

A Polícia Federal gastou recurso público para constatar o que é sabido até no mundo mineral. O laudo confirmou o que os médicos de Jair Bolsonaro já diziam, o ex-presidente precisa mesmo passar por cirurgia.

 

Tesourada

Dois programas que Lula pretendia usar para pedir votos terão cortes no orçamento de 2026: Auxílio Gás, que ficou R$300 milhões menor; e o Pé-de-Meia, que encolheu outros R$436 milhões.

 

Liberou
Rui Costa (Casa Civil) vai ter que explicar à Câmara a contratação extra de 400 cabines em navio de cruzeiro para a COP30. O deputado Hélio Lopes (PL-RJ) quer detalhes, como preços e serviços agregados.

 

BC fez bem

Devaneio do ministro do TCU, Jhonatan de Jesus, de questionar o Banco Central sobre a liquidação do Banco Master, não ecoa entre bancões. A Febraban correu para se manifestar e diz ter “plena confiança” no BC.

 

Eve Air Mobility

O carro voador da Embraer fez seu primeiro voo na sexta (19). O plano da empresa é fazer as primeiras entregas e entrar em serviço em 2027. Já são quase 3 mil pedidos potenciais na fila.

 

Mala pronta

Cassado e morando nos Estados Unidos, o ex-deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) terá que devolver o apartamento funcional, em Brasília. Tem até o dia 17 de janeiro para fazer a entrega.

 

Menos pior

O Senado conseguiu melhorar a avaliação positiva, ao menos na última pesquisa Genial/Quaest. O índice subiu de 18% para 22%, portanto, acima da margem de erro, que é de 2 pontos percentuais.

 

Pensando bem...

...“legado” da COP30 é a fatura que ficou.

 

PODER SEM PUDOR

Cláudio Humberto

O engenheiro Fruet

O saudoso deputado Maurício Fruet (PMDB-PR) sempre pregava peças nos amigos e até em desconhecidos. Certa vez, em um vôo Brasília-Curitiba, percebeu que dois gaúchos ao lado tinham medo de avião. Disse-lhes que era “engenheiro aeronáutico” e que, como eles, seguia para Porto Alegre. Começou a se divertir: “Estou ouvindo um barulhinho na turbina, não deve ser nada...” Levantou-se dizendo que iria falar com o piloto, mas foi ao banheiro. Voltou: “O piloto não ficou nada preocupado com o barulho na turbina. Sou engenheiro-aeronáutico, mas não sou louco. Vou descer em Curitiba.” Os dois só não fizeram o mesmo porque, já prontos para desembarcar na capital paranaense, Fruet confessou a brincadeira.

CLAÚDIO HUMBERTO

"Perdem no Congresso, recorrem ao STF"

Senador Sérgio Moro (União-PR) sobre o governo judicializar mais uma derrota no voto

20/12/2025 07h00

Cláudio Humberto

Cláudio Humberto

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Com Lulinha, PF deve chegar ao núcleo do governo

A oposição não tem dúvidas de que a recente fase da Operação Sem Desconto, que enrolou Fábio Luiz Lula da Silva, o Lulinha – filho do presidente Lula; Roberta Luchsinger, amiga de Lulinha; e Weverton Rocha (PDT-MA), vice-líder de Lula no Senado; coloca de vez as investigações no cerne do governo petista. “Fica evidente que as investigações se aproximam do núcleo duro do governo. Esse roteiro não é novidade”, afirma o deputado Rodolfo Nogueira (PL-MS).

Tem que explicar

Os citados entraram na mira da CPMI que apura a ladroagem no INSS, o relator, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), pediu a convocação.

Batom na cueca

Mensagens com referência a Lulinha “são provas de que o filho de Lula está implicado neste escândalo”, conclui Marcel van Hatten (Novo-SC).

Pega geral

Zucco (PL-RS) também cobra que a CPMI avance sobre Weverton, Lulinha e cia. Capitão Alden (PL-BA) vai no mesmo sentido.

Questão familiar

“Vai chegar no núcleo mais íntimo do presidente”, diz Rodrigo da Zaeli (PL-MT) e cita o filho e nora de Lula. Mas alerta para blindagem no STF.

Ministro do TCU chama atenção com ataque ao BC

O ministro TCU Jhonatan de Jesus gosta de fortes emoções. Após o constrangimento da apreensão, pela Polícia Federal, em maio, da BMW da esposa com o filho de Antonio Camilo Antunes, o Careca do INSS, despertando suspeitas sobre essa ligação, o ministro voltou a atrair atenções acusando o Banco Central de promover liquidação “precipitada” do Banco Master, de Daniel Vorcaro, preso pela PF, ficando sujeito a acusação de desrespeitar a autonomia e deveres regulatórios do BC.

Banco quebrado

O ministro do TCU ainda fixou prazo de 72 horas para o presidente do BC dar explicações já feitas: havia uma “grave crise de liquidez”, mané.

Sistema sob riscos

O BC também, justificou a liquidação do Master, em novembro, apontando riscos ao sistema financeiro nacional.

Estranho, é

Jhonatan desconfia de processo “acelerado indevidamente”, sem análise de propostas de recuperação defendidas pelos controladores...

PT sumiu

Foi protocolado requerimento para prorrogar a CPMI que investiga a roubalheira no INSS. Foram 175 assinaturas de deputados e mais 29 de senadores. Detalhe: parlamentares petistas não assinaram o pedido.

Conversa fiada

Em Brasília, as pessoas não dão mesmo o braço a torcer. Demitido do Ministério do Turismo, Celso Sabino garante a quem pergunta que a saída da pasta já estaria combinada com Lula. Ninguém acreditou.

Motta, o fraco

No PL, não querem ver Hugo Motta (Rep-PB) nem pintado a ouro. Reclamam da frouxidão do presidente da Câmara quando o STF e a Polícia Federal têm parlamentares da oposição como alvos.

Cadê Raoni?

Sempre chamado quando Lula quer faturar factóide usando bandeira indígena, Cacique Raoni não foi chamado para discursar no palco principal da COP30. O deputado Hélio Lopes (PL-RJ) percebeu a ausência e cobrou explicações de Sônia Guajajara (Povos Indígenas).

Vapt-vupt

Em menos de uma semana, os deputados estaduais de Pernambuco criaram e aprovaram escala 4x3 e indenização anual de até R$ 176 mil para servidores de alto escalão por folgas não tiradas.

Amigo oculto

Quem paga a conta ainda não sabe o valor da fatura, mas o fim de ano de servidores da Assembleia Legislativa do Maranhão, fechada ao clubinho, contou com ao menos três bandas com shows ao vivo.

Nosso dinheiro

O BNDES vai injetar mais R$10 milhões no programa Cataforte. A grana será destinada a cooperativas e associações de catadores de materiais recicláveis, de quem Lula não vai se constranger na hora de pedir votos.

A propósito

O anúncio do caminhão de dinheiro do Cataforte foi feito em evento que foi bancado com dinheiro da Caixa Econômica Federal, Sebrae e da ABDI. Palanque patrocinado com dinheiro do pagador de impostos.

Pensando bem...

...do jeito que está, convocação na CPMI do INSS vai acabar virando reunião familiar.

PODER SEM PUDOR

Cláudio Humberto

Um Jobim desafinado

O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) estava no Conselho de Ética espiando uma tevê que transmitia o julgamento do Supremo Tribunal Federal, no qual José Dirceu acabaria condenado. Mas não resistiu ao ver o presidente do STF, ministro Nelson Jobim, fazendo questão de votar favoravelmente o ex-chefe da Casa Civil: “É o único Jobim que sai do tom...”

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