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Consequências da reforma tributária para o agro

Por Eduargo Berbigier, advogado tributarista

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A regulamentação da reforma tributária em tramitação no Congresso Nacional tem sido alvo de intensos debates, especialmente no que tange aos reflexos para o agronegócio, um setor vital para a economia brasileira. É crucial analisar as possíveis mudanças e seus impactos à luz dos textos propostos, também com foco nas alíquotas e na estrutura tributária. Embora a reforma tenha como objetivo simplificar o sistema de impostos sobre consumo, as consequências para o agronegócio podem ser severas.

Atualmente, o agronegócio desfruta de uma situação diferenciada no sistema tributário brasileiro. Muitos dos tributos que incidem sobre o setor – como IPI, PIS, Cofins, ICMS e ISS – têm alíquotas reduzidas ou até mesmo zeradas. Além disso, o setor ainda conta com a possibilidade de recuperar créditos tributários em espécie ou compensá-los com outros tributos. No entanto, com a substituição desses impostos pelos novos tributos – Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) –, além do Imposto Seletivo (IS), as alíquotas tendem a aumentar significativamente.

O ponto central da preocupação reside no fato de que a alíquota média paga pelo agronegócio gira hoje em torno de 3% a 4%, mas com a nova estrutura proposta essa alíquota pode saltar para mais de 11%, representando um aumento de praticamente três vezes. E isso pode ser ainda mais elevado: o pedido do Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para aumentar a alíquota em mais 1,47% – e que pode levar o porcentual total para 28% – coloca o Brasil no patamar das maiores alíquotas de Imposto sobre Valor Agregado (IVA) do mundo, comparável à Hungria.

Por outro lado, a dita simplificação tributária está cada vez mais distante, com uma série de regras específicas, e a concomitância de dois sistemas distintos anda encarecendo ainda mais o staff de empresários que já usam muitas horas para a apuração de seus tributos.

Esse aumento pode impactar negativamente a competitividade do agronegócio brasileiro. O setor já enfrenta desafios significativos, como altos custos logísticos e trabalhistas, que são alguns dos mais elevados globalmente. A carga tributária majorada poderá inviabilizar a capacidade do agro em competir no mercado internacional, especialmente em um cenário em que outros países, como Estados Unidos, França e Suíça, oferecem subsídios substanciais para seus produtores.

Outro ponto que merece atenção é o impacto sobre os pequenos produtores. A reforma prevê que produtores que faturam até R$ 3,6 milhões anuais precisarão se tornar pessoas jurídicas para ter acesso ao crédito presumido, essencial para manter 
a competitividade. Isso pode criar barreiras adicionais, dificultando a sobrevivência desses pequenos produtores no mercado e, por consequência, prejudicando toda a cadeia produtiva do agro.

Além disso, a dívida tributária já existente no Brasil, que ultrapassa R$ 12,5 trilhões, evidencia um sistema falido. O aumento da carga tributária pode agravar essa situação, tornando o cumprimento das obrigações fiscais ainda mais difícil para os empresários honestos e que já lutam para se manter em dia com o Fisco.

A velocidade com que a reforma está sendo aprovada também é motivo de preocupação. A Câmara dos Deputados aprovou o texto em tempo recorde, sem a devida discussão nem análise aprofundada das centenas de emendas apresentadas. Agora, cabe ao Senado examinar com mais calma e atenção, evitando que decisões precipitadas prejudiquem ainda mais 
o setor agropecuário.

A Frente Parlamentar da Agropecuária, as entidades representativas do agro e os agricultores precisam se mobilizar intensamente para que sejam apresentadas soluções ao texto, com o objetivo de mitigar os impactos negativos da reforma. Embora o pior cenário já esteja delineado, ainda há espaço para ajustes que possam preservar a competitividade do setor e, por extensão, a estabilidade econômica do País.

Em suma, a reforma tributária em discussão tem potencial para trazer mudanças profundas para o Brasil, mas é preciso cautela para evitar que o agronegócio, responsável por uma fatia significativa do Produto Interno Bruto (PIB) e do saldo positivo da balança comercial brasileira, sofra prejuízos irreparáveis. A sociedade deve estar ciente de que as decisões tomadas agora poderão afetar o País por décadas, e é necessário um esforço conjunto para garantir que o novo sistema tributário seja justo e eficiente, sem sacrificar um dos setores mais importantes da nossa economia.

CLÁUDIO HUMBERTO

"[Lula] mente descaradamente ao prometer uma coisa e fazer outra"

Deputado Rodolfo Nogueira (PL-MS) sobre Lula não isentar IR para até 5 salários-mínimos

02/10/2024 07h00

Cláudio Humberto

Cláudio Humberto

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PT-MG já culpa Gleisi por fiasco eleitoral em BH

Quase sem chances de ao menos seguir para o segundo turno, conforme apontam pesquisas eleitorais, o PT de Minas Gerais já sabe a quem responsabilizar pelo fiasco eleitoral anunciado, na disputa pela prefeitura de Belo Horizonte: Gleisi Hoffmann, presidente nacional do partido. Cacique do PT-MG, o deputado Reginaldo Lopes foi um dos principais entusiastas de aliança com atual prefeito, Fuad Noman (PSD), candidato à reeleição. Gleisi interferiu e vetou, condenando o PT a um vexame.

Estranha no ninho

Lopes é grande conhecedor da política mineira, mas foi vencido por imposição da “forasteira” Gleisi por candidatura própria do PT.

Rachou a esquerda

A imposição de Gleisi até estremeceu relação com o aliado PDT, que também lançou candidatura própria na cidade, com Duda Salabert.

Não decola

O PT lançou Rogério Correia que soma 5% na Quaest (MG-09740/24), 5,9% no Marca (MG-00538/24) e 11,9% na AtlasIntel (MG-09528/24).

Chance lotérica

Facções do PT falam em sacrificar Correia e garantir algum cargo com Noman, que também não tem vida fácil na eleição e aparece em terceiro.

Até 2027, Lula indicará 15 dos 33 ministros do STJ

Dos 33 ministros que compõem o Superior Tribunal de Justiça (STJ), a segunda mais importante Corte brasileira, 12 foram nomeados pelo presidente Lula durante seus três mandatos na Presidência, desde 2003. Mas até o fim do terceiro mandato, em 2027, serão 15 os ministros indicados pelo petista. Existem duas vagas abertas atualmente. E o ministro Antonio Palheiro atinge a idade-limite para a aposentadoria compulsória em abril de 2026, a sete meses do fim do mandato de Lula.

Desproporcional

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) indicou apenas dois ministros ao STJ nos quatro anos de mandato no Palácio do Planalto.

Quase-quarta

Og Fernandes fica no STJ até novembro de 2026, mas sua vaga deve ser preenchida só em 2027, no mandato presidencial seguinte.

Protocolo

As listas tríplices para as vagas das ministras Laurita Vaz e Assusete Magalhães, abertas há dez meses, serão definidas este mês.

Derrota anunciada

É grande o nervosismo no Palácio do Planalto com a ampla derrota que as pesquisas sinalizam, no domingo (6). No Nordeste, a esquerda só lidera, e bem, no Recife, com João Campos (PSB), mas, em Salvador, Bruno Reis (União) tem 74%, segundo o Paraná (TSE/BA-00014/2024).

Piriri no Planalto

O Planalto aposta na pesquisa Quaest sobre o governo Lula, que sairá nesta quarta (2). A ideia é criar a narrativa de que o PT deve passar vexame, domingo, mas o presidente continua bem avaliado, blábláblá...

Só um videozinho

Começa a fazer água o plano do candidato de extrema-esquerda Guilherme Boulos (Psol) de levar Lula para a reta final na campanha. A expectativa de caminhada pela cidade está virando live com o petista.

Pouco resolve

Além de meter a mão no nosso bolso com a tarifa bandeira vermelha 2, o governo deve começar em novembro a outra parte do falso plano de “conter demanda” por energia elétrica: a volta do horário de verão.

Qual a próxima?

Proibida aos brasileiros, a rede social X, deu mais um passo para ser reativada: informou ao STF que irá quitar R$28 milhões em multas. Espera-se agora uma nova exigência para protelar o fim da censura.

Censura blinda

Sempre que Lula mentia no exterior, as vigilantes redes sociais voltavam a mostrar um vídeo marcante. Nele, jactava-se diante de blogueiros petistas, que sempre mentia no exterior e os abestados acreditavam. Com o Twitter sob censura, já não se preocupa com a eterna vigilância.

Que ambiente...

Há 15 anos, em 2 de outubro, Lula, Sérgio Cabral, Eduardo Paes e Orlando Silva, além de Arthur Nuzman, comemoravam, em Copenhague (Dinamarca), a escolha do Rio de Janeiro como sede das Olimpíadas.

Quase certo

O grupo de países liderado pela China ao qual o Brasil aderiu para dar palpite no conflito Rússia-Ucrânia foi batizado de “Grupo Amigos da Paz”, mas boa parte do grupo é amiga mesmo da Venezuela, Cuba etc.

Pensando bem...

...não pode prender eleitor a cinco dias da eleição, mas pode bloquear rede social durante toda a campanha.

PODER SEM PUDOR

Sofrimento como álibi

Jorcelino Tolentino da Gama, vice, rompeu com o prefeito de Paranaguá (PI), Avelino Lopes, e decidiu candidatar-se à prefeitura. O prefeito foi à Justiça para impugnar a candidatura, alegando que Jorcelino assumira o cargo. Até apresentou um ofício assinado por ele. Reza a lenda, na política do Piauí, que, convocado pelo juiz, Jorcelino negou que autoria da assinatura: “Doutor juiz, eu tenho a maior dificuldade de assinar o meu nome. Quando assino, é um sofrimento. E este ano eu não tive esse sofrimento.”

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Artigos

Mulheres no mercado de trabalho

Por Byanca de Farias, advogada trabalhista

01/10/2024 07h30

Caminhos da vida

Caminhos da vida Arquivo

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Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) apontam que, em 2023, o número de mulheres ocupadas no mercado de trabalho alcançou um recorde histórico, totalizando 43.380.636, superando os 42.675.531 registrados no ano anterior.

Não é à toa que a diversidade e a inclusão no ambiente laboral se tornou um tema bastante relevante no País nos últimos anos, especialmente no que diz respeito à equidade salarial entre homens e mulheres e ao acesso a cargos de alta gestão.

Como resposta, várias empresas têm adotado políticas para promover a igualdade de gênero e aumentar a participação das mulheres em diversos setores, entre elas a contratação exclusiva de mulheres. Porém, essa prática levanta questões sobre a sua legalidade.

De acordo com a legislação brasileira, a contratação exclusiva de mulheres é permitida desde que vise reduzir a desigualdade de gênero no mercado de trabalho e estimule a maior participação feminina. Essa ação, quando justificada de maneira razoável e destinada a promover a igualdade real, não é considerada discriminatória. Pelo contrário: a Lei nº 14.611/2023 reforça essa posição, ao garantir a igualdade entre os gêneros, estabelecida pelo artigo 5º da Constituição Federal, e ao prever instrumentos de transparência e averiguação interna para identificar e corrigir desequilíbrios salariais e critérios de remuneração.

Podemos citar como exemplo o setor de tecnologia. Por muitos anos, era um ambiente predominantemente masculino, mas agora grandes empresas e startups têm criado vagas exclusivamente para mulheres, buscando reduzir a desigualdade e incentivar a presença feminina nesse campo. Nesse caso, a prática tem amparo da lei.

Entretanto, se a contratação exclusiva de mulheres for utilizada para promover estigmas de gênero, como a imposição de padrões de beleza para determinadas vagas, pode ser considerada discriminatória.

Não é só com o índice de participação das mulheres no mercado de trabalho que as empresas devem se preocupar. Outro tema bastante relevante e que merece atenção é a equidade salarial. Ainda há um longo caminho a percorrer nesse tópico. A edição de 2022 do estudo “Estatísticas de gênero – Indicadores sociais das mulheres no Brasil”, elaborado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que essa evolução ainda está nos estágios iniciais. Contudo, espera-se que a edição de 2025 já reflita os impactos positivos das medidas legais implementadas a partir de 2023.

A implementação de programas de diversidade, ações afirmativas e parcerias estratégicas são passos fundamentais para alcançar maior equidade feminina no mercado de trabalho. Além de atender às exigências legais, essas iniciativas trazem benefícios tanto para a sociedade quanto para o sucesso das empresas.

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