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O Brics, o Brics Pay, o dólar e Donald Trump

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O dólar tornou-se central no comércio internacional após a Segunda Guerra Mundial, quando os Estados Unidos emergiram como a maior potência econômica do mundo. A criação do sistema de Bretton Woods, em 1944, estabeleceu o dólar como a moeda de reserva global, vinculado ao ouro, enquanto outras moedas estavam atreladas ao dólar. Embora o padrão-ouro tenha sido abandonado em 1971, o papel do dólar como moeda dominante persistiu.

Os Estados Unidos têm um mercado financeiro profundo, líquido e confiável. A confiança no sistema financeiro americano, somada à estabilidade política e jurídica do país, torna o dólar uma moeda atrativa tanto para reserva de valor quanto para transações comerciais.

O domínio do dólar também reflete o poder geopolítico dos EUA. A capacidade do país de impor sanções financeiras e controlar transações internacionais por meio do sistema bancário global, como a Swift, solidifica o dólar como a principal moeda global.

Buscando alternativas a essa predominância da moeda estadunidense, surge o Brics Pay. Essa iniciativa faz parte de um esforço maior dos países do bloco para contornar a hegemonia do dólar e as vulnerabilidades associadas à dependência do sistema financeiro dominado pelos Estados Unidos.

A imposição de sanções unilaterais por parte dos EUA, como no caso da Rússia, expôs o risco de exclusão de países do sistema financeiro global, incluindo a desconexão do Swift. Susan Strange, em “States and Markets”, destaca como a dependência de um sistema financeiro centralizado pode criar vulnerabilidades para estados periféricos ou adversários de uma potência hegemônica.

Nesse contexto, o Brics Pay reflete o desejo dos membros do Brics de reformar a governança econômica global e criar uma ordem mais multipolar. A iniciativa faz parte de um movimento mais amplo que inclui o desenvolvimento do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) e discussões sobre a criação de uma moeda comum do bloco.

O desenvolvimento do Brics Pay aproveita a crescente digitalização das economias e os avanços em tecnologias de pagamento, como o blockchain. Esses avanços permitem maior transparência, segurança e eficiência nas transações internacionais.

Se bem-sucedido, o Brics Pay pode enfraquecer a posição do dólar como principal moeda de comércio internacional. A adoção de uma moeda alternativa ou o uso de moedas locais nas transações reduz a demanda por dólares e limita o alcance do poder econômico dos EUA.

Segundo Eichengreen, em “Exorbitant Privilege”, a demanda global por dólares proporciona aos EUA um “privilégio exorbitante”, permitindo financiar deficits a custos mais baixos. A redução dessa demanda pode aumentar os custos de financiamento para os EUA e redistribuir poder econômico globalmente.

Ao reduzir a dependência de sistemas financeiros ocidentais, países como Rússia e China podem evitar sanções unilaterais e exercer maior autonomia em suas políticas externas e econômicas. Além disso, a digitalização dos pagamentos também facilita a inclusão de economias locais em transações globais.

É nesse cenário a reação de Donald Trump: produtos provenientes dos países do Brics seriam taxados em 100% caso o bloco adote uma moeda alternativa ao dólar.

A reação de Trump deve ser entendida no contexto de sua visão America First, que enfatiza o protecionismo comercial e a preservação dos interesses estratégicos dos EUA. O dólar é uma peça central da hegemonia econômica americana, oferecendo vantagens como o “privilégio exorbitante”.

Do ponto de vista econômico, a ameaça de uma tarifa de 100% representa um movimento protecionista extremo, com potencial para desestabilizar cadeias globais de valor e prejudicar tanto exportadores quanto consumidores americanos. Paul Krugman, em “Pop Internationalism”, argumenta que barreiras comerciais severas podem gerar efeitos adversos, minando a competitividade econômica e isolando o país que as impõe.

A postura de Trump pode exacerbar o movimento de afastamento de países emergentes do sistema financeiro liderado pelos EUA. Ao tornar evidente os custos da dependência do dólar, suas ações podem, involuntariamente, acelerar a busca por alternativas financeiras.

A questão que surge, então, é: os EUA poderiam impor uma tarifa de 100% de forma abrupta aos países do Brics? A resposta é um sonoro não. De acordo com o Artigo I do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT) de 1994, os membros da Organização Mundial do Comércio (OMC) devem conceder tratamento igual a todos os outros membros em relação a tarifas, impostos e regulações no comércio. Ou seja, se os EUA decidissem aplicar uma tarifa de 100% aos países do Brics, mas não a outros, estariam violando esse princípio.

Sob o GATT, os membros da OMC consolidam suas tarifas máximas (bound tariffs) como compromissos vinculativos. Isso significa que os EUA, como membro da OMC, não podem aplicar tarifas além dos limites previamente negociados e acordados, exceto em circunstâncias muito específicas. Caso os EUA implementassem tais tarifas, os países afetados poderiam contestar a medida no sistema de solução de controvérsias da OMC.

Esse mecanismo permite que um painel avalie se a medida está em conformidade com as obrigações assumidas pelos EUA. Em outras palavras: queira Trump ou não, o multilateralismo veio para ficar – para o bem ou para o mal.

CLÁUDIO HUMBERTO

"A luta sempre vale a pena. Não podemos perder a fé no Brasil"

Sen. Oriovisto Guimarães (Pode-PR) cobra responsabilidade de Lula e pede crença aos brasileiros

26/12/2024 07h00

Cláudio Humberto

Cláudio Humberto

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Barroso e Moraes lideram pedidos de impeachment

Desde o início do atual governo Lula (PT), os ministros do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes são os que mais foram alvo de pedidos de impeachment no Senado. Em todos os requerimentos, assinados inclusive por deputados e até advogados, são alegados crime de responsabilidades. Barroso e Moraes acumulam 5 pedidos cada até o momento. O presidente Lula, por exemplo, foi alvo de ao menos 20 pedidos de impeachment até este ano; todos na Câmara.

STF mal-visto

Dos 17 pedidos de impeachment protocolados no Senado,13 são direcionados contra ministros da Suprema Corte.

Entrou na roda

O ex-senador Flávio Dino, no STF a menos de um ano, já tem pedido de impeachment de iniciativa do deputado estadual Dr. Yglésio (PRTB-MA).

Até quem já saiu

Antes de deixar o cargo este ano, o procurador-geral da República Augusto Aras também era alvo de pedido impeachment, que caducou.

Bessias na dança

Jorge Messias, que admitiu ser jogador disciplinado de Lula, também conta com pedido de seu impeachment na Advogado-Geral da União.

Cartão corporativo: Planalto pagou conta de R$207 mil

Um único cartão corporativo da Presidência da República de Lula (PT) bancou uma conta de R$207.953,60, este ano. A bolada é a maior conta paga por um cartão do Palácio do Planalto durante este ano de 2024. No total, desde janeiro até agora, Lula ou assessores, portadores de cartão corporativo, gastaram diretamente sem dó nem piedade R$15 milhões. Tudo protegido por “sigilo”, claro. O governo do PT como um todo já gastou R$63,9 milhões com cartões corporativos este ano. 

Cartão vermelho

Em 2023, Lula bateu recorde histórico de gastos com os cartões corporativos do governo: R$90,6 milhões. Ninguém gastou mais. 

Outra ‘derrota’

O recorde anterior era do ex-presidente Jair Bolsonaro no último ano de governo, 2022: R$90,3 milhões. Perdeu, por pouco, para o petista.

Mais do mesmo

Em valores da época, o recorde de gastos com os cartões corporativos é do próprio presidente Lula: mais de R$80 milhões em 2010.

Dolce far niente

Diante da grave crise e da falta de entregas na gestão de Lula (PT), o senador Eduardo Gomes (PL-TO), não tem dúvidas: “Podemos afirmar que esse governo tem Gabinete do Ócio”.

Impostômetro

A expectativa da Associação Comercial de São Paulo é que o pagador de impostos pague R$3,63 trilhões em tributos até o dia 31 de dezembro. Serão R$120 bilhões só nos últimos 10 dias do ano. Para que mesmo?

Resistência

Apesar de ter passado 40 dias fora do ar por ordem do Supremo Tribunal Federal, a rede social “X” (ex-Twitter) encerra o ano nas alturas como o 13º site mais acessado do Brasil, segundo dados da SimilarWeb.

Doença infantil

O ódio da esquerda por Elon Musk, incluindo Lula (PT), faz lembrar frase que, se não disse, Margaret Thatcher adoraria ter dito: “esquerdista é um fracassado que acha que pessoas de sucesso lhe devem alguma coisa”.

Ecos da pandemia

O total de passageiros aéreos transportados no Brasil em 2024 deve encerrar o ano em 118 milhões, mas ainda não atingiu os mais de 119 milhões transportados em 2019, ano anterior à pandemia da Covid.

Rejeitar é raro

Segundo a Transparência da Câmara, 716 propostas foram aprovadas pelos deputados, este ano. Entretanto, apenas uma única proposta foi rejeitada: substitutivo do Senado para mudar regras do habeas corpus.

Milei esperado em Angra

Há expectativa da presença do presidente Javier Mieli no réveillon em Angra dos Reis, para encontrar um grupo de amigos que zarpou da Argentina em um veleiro. Sua chegada na ilha Sundara, pedaço de paraíso cedido pelo empresário Celso Mendes, pode ocorrer no dia 31.

Férias longas

Deve ser realizada apenas no dia 3 de fevereiro a primeira sessão legislativa da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, em 2025, quando serão definidas as novas Mesas Diretoras das duas Casas.

Pergunta aos analistas

O cenário externo influencia o Dólar. E o Real, quem influencia?

PODER SEM PUDOR

A voz dos sapos

Na campanha presidencial de 1945, o deputado Último de Carvalho fazia campanha para o general Eurico Gaspar Dutra, que enfrentava o pretenso favoritismo do brigadeiro Eduardo Gomes. No interior de Minas, ele enfrentava dificuldades para convencer até um dos seus cabos eleitorais, que o convidou a ir à janela de sua casa e ouvir algo. “Só ouço o coaxar dos sapos!”, respondeu Último de Carvalho , impaciente. O homem preferia Eduardo Gomes: “Até as rãs, só sabem dizer brigadeiro, brigadeiro”. O deputado sabia das coisas: deu Dutra.

CLÁUDIO HUMBERTO

"Uma imensa vergonha!"

Ex-presidente do Cidadania, Roberto Freire reage à estratégia do governo Lula (PT) de culpar 'memes' e 'especulação' pela alta do dólar

25/12/2024 07h07

Cláudio Humberto

Cláudio Humberto

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Governo usa só 44% de vacinas compradas no ano

O Ministério da Saúde do governo Lula (PT) e a titular da pasta, Nísia Trindade, anunciaram com pompa a decisão de comprar 12,5 milhões de doses da “mais recente vacina contra a covid”.

Foi apenas outra lorota. Passados oito meses, o governo aplicou apenas 5,5 milhões de doses para imunizar a população de 215 milhões de brasileiros, segundo dados do próprio ministério.

Deitadas as contas, no ano de 2024 foram usadas apenas 44% daquelas vacinas anunciadas pelo governo em abril.

Piora muito

Em novembro, o Ministério da Saúde confirmou a compra de mais 69 milhões de doses de vacinas contra a covid, “estoque para dois anos”.

Tem mais

Em outubro, a ministra Nísia Trindade decidiu realizar uma nova compra emergencial de 1,2 milhão de doses da vacina.

Bilhões

Questionado, o Ministério da Saúde revelou que o valor global dos dois contratos de compras de vacinas anti-covid foi de R$2,9 bilhões.

‘Economia’

O Ministério da Saúde diz que os contratos representam economia de R$1 bilhão “em relação à última aquisição”.

Erros do governo levam pânico aos poupadores

As perspectivas da economia brasileira são graves, como advertiu o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que deixa o cargo na próxima quarta (31).

Ele advertiu para o aumento da dolarização da poupança de pessoas físicas. Gente de todos os tamanho, sob o ponto de vista de poder de compra, que decidiu tirar dinheiro do Brasil ou o Brasil do seu dinheiro.

Com tantas maluquices do governo fazendo disparar a taxa de juros e o dólar, o poupador preferiu dar no pé.

Tudo pelo celular

Campos Neto destaca haver crescido em dezembro a dolarização de reais usando plataformas digitais, disponíveis inclusive em português.

A vez dos pequenos

Com isso, a “transferência de patrimônio” através do Banco Central, reservada a grandes fortunas, já não lidera o volume da dolarização.

Inclusão digital é isso aí

Utilizam-se de plataformas digitais correntistas simples, que no Brasil investiam na poupança, em ações, fundos imobiliários ou renda fixa.

Jogo estranho

Provocou reações nos partidos de oposição e na base de apoio a Lula a decisão de Flávio Dino de suspender o pagamento de R$4,2 bilhões em emendas parlamentares, reforçando que o STF compartilha o governo.

Caindo a ficha

A suspeita de deputados próximos do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do provável sucessor Hugo Motta (PP-PB) suspeitam que o bloqueio de emendas, principalmente do centrão, deixou Lula muito feliz.

Apelo tardio

O aceno de Lula ao mercado foi obtido a duras penas, após cair a ficha de que é grave a crise. Atendeu a apelos de Gabriel Galípolo (Banco Central), que entende do riscado, e de Haddad, que toca de ouvido.

Parábola

No Pais de inquéritos políticos intermináveis, o Superior Tribunal de Justiça trancou em 2022 um inquérito policial que tramitava havia 9 anos, por violação do princípio da razoável duração e constrangimento ilegal ao investigado, que teve de viver como suspeito por quase uma década.

Dupla de volta

Na Comissão Representativa, “plantão” do fim do ano no Congresso, PT e MDB voltam a editar a dobradinha que elegeu Dilma: Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB) é o presidente e Maria do Rosário (PT-RS), a vice.

A verificar

Associações comerciais se afirmam otimistas com os resultados das vendas para o Natal 2024, com expectativas que variam de 5%, em São Paulo, 8% em capitais do Norte e 9% no Centro-Oeste.

Apoio rápido

Ganhou 10 mil assinaturas a ideia legislativa popular no e-Cidadania, do Senado, que cria “punição rigorosa e severa para políticos e candidatos que divulguem informações falsas”. Com 20 mil, vira projeto de lei.

Anti realidade

Para o senador Flávio Bolsonaro, “o PT está lutando contra a realidade. “A sorte que o Lula trouxe para o país: inflação, juros altos, dívida pública em escalada, caos fiscal e arrocho no trabalhador”.

 

Pensando bem...

...o velhinho que faz lista de quem se comportou no ano não é mais só o Papai Noel.

 

PODER SEM PUDOR

Para toda a vida

José Paulo Freire era figura folclórica da política paulista. Transitava de Jânio Quadros para o adversário Adhemar de Barros com desenvoltura e nenhum constrangimento.

Certa vez, quando o banqueiro Magalhães Pinto articulava a formação do Partido Popular (PP), ele logo aderiu.

“Você no PP, na oposição?”, estranhou o amigo mineiro Olavo Drummond. Sua resposta: “Partido de governo dura 5 anos. Partido de banqueiro dura a vida inteira...”

 

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