O Dia do Trabalhador, celebrado em 1º de maio, é uma das poucas datas verdadeiramente universais, ao lado do Dia da Paz, em 1º de janeiro. Ela carrega em sua origem a memória da luta operária por dignidade, marcada por episódios trágicos, como a repressão à greve geral ocorrida em Chicago, nos Estados Unidos, no fim do século 19. Na ocasião, os trabalhadores exigiam o que hoje é visto como um direito elementar: a redução da jornada de trabalho para oito horas diárias. Foi com suor, sacrifício e sangue que se plantou a semente de uma conquista fundamental para a humanidade.
Desde então, o trabalho deixou de ser apenas meio de sobrevivência para se tornar um pilar de desenvolvimento pessoal, social e econômico.
As nações que prosperam, sem exceção, são aquelas que valorizam e organizam o trabalho. A ética do trabalho honesto está tão entranhada nas bases das sociedades modernas que os ordenamentos jurídicos criaram tipificações penais específicas – como os crimes de colarinho branco e a lavagem de dinheiro – para punir aqueles que tentam prosperar por vias escusas, burlando a rota legítima da ascensão pela dedicação e mérito.
Neste 1º de maio, no entanto, nos deparamos com um cenário em que o conceito de trabalho está em transformação. A evolução tecnológica acelerada, especialmente com a automação e a inteligência artificial, vem substituindo a força humana em diversas funções. O que antes era previsão dos livros de economia do século 20, agora é realidade. Essa mudança inevitável impõe um novo desafio: como manter a dignidade e a relevância do trabalhador em um mundo em que o trabalho manual e até intelectual está sendo, aos poucos, absorvido pelas máquinas?
A resposta começa com a educação. Só um investimento sério, contínuo e universal em formação de qualidade poderá preparar os trabalhadores para esse novo tempo. A educação é a ponte entre o trabalhador tradicional e o profissional do futuro. Ela é o instrumento que permitirá ao indivíduo se reinventar e encontrar espaço em uma economia que exige cada vez mais habilidades cognitivas, emocionais e técnicas.
Não se trata apenas de garantir empregos, mas de assegurar que os frutos da prosperidade tecnológica não se concentrem nas mãos de poucos, aprofundando desigualdades. Um trabalhador bem preparado é também um cidadão mais consciente, mais seguro e mais livre. A valorização do trabalho passa, necessariamente, pela valorização da capacidade humana de aprender e evoluir.
Neste Dia do Trabalhador, é necessário reafirmar que não há futuro possível sem o respeito ao trabalho. Que não existe riqueza verdadeira sem a contribuição honesta daqueles que constroem, produzem, cuidam e criam.
Que o trabalho, em todas as suas formas, é a espinha dorsal de uma sociedade saudável, justa e próspera.
A todos os trabalhadores e trabalhadoras – da cidade e do campo, do setor público e do privado, da linha de produção às salas de aula, dos que labutam com as mãos aos que se dedicam com o intelecto – desejamos um feliz e digno Dia do Trabalhador! Que o reconhecimento de hoje se traduza em políticas, condições e respeito todos os dias do ano.




