Colunistas

Juca Kfouri

Palmeiras não desgruda do Botafogo

O alviverde joga para o gasto e permanece a três pontos do líder do Brasileirão

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Beneficiado, sem ter culpa, pela falta de isonomia do Campeonato Brasileiro, o Palmeiras jogou no Mané Garrincha, em vez de no alçapão de São Januário, e venceu o Vasco por 1 a 0.

Com o que permaneceu na cola do líder Botafogo, com a vantagem de estar apenas em uma frente, enquanto o alvinegro carioca tem também a Libertadores para disputar pelo menos até o meio da semana, quando enfrentará o São Paulo, no Morumbi.

Com torcida dividida em Brasília, em gramado novo e de boa qualidade, o alviverde se aproveitou de presentaço do garoto Rayan para o goleador argentino Flaco López, ainda na metade do primeiro tempo, e fez o gol da vitória que só correu riscos a partir da entrada de Philippe Coutinho no segundo tempo.

Weverton fez defesa de cinema para evitar que o também argentino Vegetti empatasse, embora as melhores chances no segundo tempo ainda tenham sido alviverdes, em bicicleta de Flaco no travessão e em contra-ataque que Mauricio desperdiçou.

Descontados o calor de 32º e a secura da capital federal, o Palmeiras encontrou as condições ideais para se manter firme na luta pelo tricampeonato brasileiro seguido, proeza que só o São Paulo, desde 1971, foi capaz de realizar.

Mesmo sem a joia chamada Estêvão, o triunfo paulista é daqueles que permitem manter acesa a esperança e, paradoxalmente, deve fazer com que o palmeirense torça pelo Botafogo contra o São Paulo.
Vovozices

No Clássico Vovô brilhou a Estrela Solitária ao vencer o Fluminense nos acréscimos por 1 a 0, com lei do ex em vigor nos pés de Luiz Henrique.

O veterano goleiro Fábio, 43, garantia o 0 a 0 com atuação espetacular até que Felipe Melo, 41, saiu do banco no fim do jogo e fez lambança de criança para dar de bandeja o gol ao líder Botafogo.

Sorte e competência de quem joga para ser campeão de um lado e azar e imprudência para quem insiste em manter goleiro extraordinário e zagueiro com validade vencida há anos.

Brabíssimas

E o hexacampeonato veio como esperado, não sem algum sofrimento graças ao calor inclemente em Itaquera, palco de novo recorde sul-americano de público no futebol de mulheres, com 44.136 torcedores.

Em dois dias a Fiel pôs 90 mil pessoas em sua casa, primeiro para o futebol dos homens, no sábado e, depois, no domingo para a festa do título após o 2 a 0 contra as são-paulinas.
As Brabas seguem soberanas e, para o bem do futebol, cada vez mais desafiadas a manter a soberania.

Dramático

Para confirmar a precocidade da disputa ainda na quinta rodada da Premier League, Manchester City e Arsenal protagonizaram clássico de matar do coração.

Sem Kevin De Bruyne e Odegaard, os melhores de cada esquadrão, com lesão de Rodri no começo do jogo, cementeis, o gol de Haaland em 105 jogos com a camisa azul, virada londrina na cabeça de Gabriel Magalhães e expulsão infantil de Trossard ainda no primeiro tempo, o segundo pôs à prova os corações dos Citizens e dos Gunners, e foram necessários 53 minutos para que Stones, vindo do banco, empatasse 2 a 2 para manter a liderança e a invencibilidade do City, depois de pelo menos três defesas impressionantes de Raya.

O que era para ser guardado para as últimas rodadas de cada turno acabou desperdiçado no começo. Mas valeu. E muito.

ARTIGOS

O que podemos aprender com outros países sobre felicidade no trabalho

08/04/2025 07h45

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Somente em agosto de 2024, o Brasil começou a considerar como prioridade a saúde psicológica no ambiente de trabalho. Antes da mudança trazida pela NR-1, não tínhamos exatamente uma norma que classificasse o risco ocupacional, deixando para as companhias a responsabilidade de decidir o que é seguro para o colaborador, abrindo margem para descuido ou possíveis erros nesse tratamento. Segundo pesquisa realizada pela InfoJobs, 86% dos funcionários consideram a saúde mental um fator determinante para escolher trocar de empresa, o que reforça a importância desse assunto. 

Enquanto isso, outros países já estão mais avançados no tema. A Dinamarca, que está entre as nações do mundo que melhor equilibram vida pessoal e profissional, tem como diretriz a confiança nos trabalhadores. A Finlândia, também no ranking, trabalha com a filosofia de work life balance, na qual o ofício faz parte da vida, mas não é a prioridade. Já a Holanda, conhecida por sua cultura de trabalho baseada em produtividade sustentável, mostra que jornadas mais curtas podem aumentar a eficiência e o bem-estar.

Agora no Brasil, a NR-1 vai obrigar as empresas a mapear fatores que possam representar riscos psicossociais em suas estruturas organizacionais e gerenciar soluções que melhoram o ambiente de trabalho. A partir dessa nova diretriz, o Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) vai passar a implementar planos de ação mais abrangentes, que levam em consideração questões como assédio e violência no trabalho. Mas vale destacar que, para garantir o cumprimento da norma, a alta gestão precisa acompanhar de perto estratégias de áreas como comunicação interna, RH e T&D.

O relatório The Happiness Index, elaborado a partir de dados de 23 mil funcionários de empresas situadas no Brasil, mostrou que o índice nacional de felicidade é de 7,3 – contra 7,6 globalmente. A pesquisa dialoga com uma triste realidade: muitos trabalhadores não se sentem valorizados como indivíduos nem reconhecidos pelas suas conquistas, aspectos centrais da discussão sobre saúde mental, já que esses sentimentos levam ao burnout, à ansiedade e ao estresse. Portanto, é preciso que as companhias foquem na criação de políticas bem estruturadas, como horários flexíveis e incentivo ao bem-estar, que impactem diretamente na satisfação dos colaboradores.

Mas mudar a cultura interna e valores não depende só das novas regras e obrigações da NR-1. Uma pesquisa da Robert Half em parceria com a The School of Life concluiu que 70% da infelicidade está ligada diretamente aos chefes e os maiores agravantes são falta de plano de carreira, de um propósito e relacionamentos tóxicos. Dados como esses precisam servir de alerta para os líderes, que devem repensar sua gestão e a forma como lidam com os seus colaboradores.

Por fim, concluo que os exemplos globais nos mostram que priorizar a felicidade, a saúde e o bem-estar dos colaboradores traz benefícios para todos os lados, além de ajudar na criação de uma sociedade mais equilibrada e sustentável. Já passou da hora das organizações investirem de verdade em ambientes colaborativos, incentivando que os funcionários tenham voz ativa nas decisões estratégicas para que se sintam pertencentes e engajados – fatores fundamentais para a felicidade no trabalho.

ARTIGOS

O Brasil reabre as feridas da guerra, será?

08/04/2025 07h30

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As declarações do atual mandatário paraguaio, Santiago Penha, que apontam que a agência de inteligência brasileira espionou, entre 2022 e 2023, autoridades paraguaias, reacendeu uma ação desnecessária que apontou para as feridas não cicatrizadas da Guerra do Paraguai e de cujas memórias lutamos para borrar da história. A espionagem apontada precisa ser investigada com todas as cautelas recomendadas pela diplomacia dos dois estados nacionais.

O jogo de empurra entre o atual inquilino do Planalto e o seu antecessor sobre esse nefasto episódio precisa ser esclarecido, e quem tiver responsabilidade que pague com o seu quinhão político. Mas daí apontar que essa crise diplomática reabriu as feridas da Guerra do Paraguai precisa ser questionada com base científica relatada pela História. Nesse aspecto o mandatário paraguaio errou.

O nosso país não fomentou a guerra. O seu embrião remonta a José Gaspar Rodrigues de Francia, o primeiro mandatário paraguaio que, ao adotar a política do isolacionismo, transformou o Paraguai na maior força econômica e militar do nosso continente, mas sem saída para o mar, não podia escoar sua produção. Essa política avançou com Carlos Antonio López (1844 e 1862), pai do Marechal Francisco Solano López, que à época estudava na França e se empolgara com as guerras napoleônicas.

Ao suceder o pai, Francisco traçou um plano desafiador. Construir o Paraguai marítimo e maior. Seu plano incluía parte do sul do então Mato Grosso uno, as províncias argentinas de Corrientes e Entre Rios e toda a Província Cisplatina, atual Uruguai, para onde transferiria a capital paraguaia. Era a tão sonhada saída para o mar. Seu plano belicoso voltou-se contra os seus próprios irmãos. Foi o começo da bancarrota de um país próspero e rico. E isso é o que está registrado nos anais dos livros pedagógicos de História ensinados para os nossos estudantes.

O embrião para esse ato de loucura foi o aprisionamento do Navio Marquês de Olinda. Navegava em paz pelas águas do Rio Paraguai em direção a Cuiabá. Não é da índole do povo brasileiro a inclinação para os atos de barbáries. Já somos o maior do nosso continente em área territorial. Mantemos uma relação diplomática respeitosa com todos os países ao redor do mundo.

Não temos problemas de linhas de divisa com nossos vizinhos. Brasil e Paraguai vivem atualmente um dos momentos mais lindos de suas histórias. Uma convivência pacífica e que enriquece as nossas ricas tradições. Os fatos falam mais que palavras. Uma quantidade enorme de estudantes brasileiros de todos os quadrantes do nosso território nacional estudam em universidades paraguaias.

Essa nova geração que busca a qualificação profissional jamais reacenderá antigas discórdias, discussões estéreis, feridas não cicatrizadas. Aqui, pelo lado da minha fronteira sempre linda e heroica, o nosso governador Eduardo Riedel embelezou a nossa linha internacional, dando um ar de civilidade para essa rica região. Um presente idealizado por Pedro Pedrossian. Juntas, as cidades de Ponta Porã e Pedro Juan Caballero somam mais de 200 mil habitantes.

O nosso comércio é intenso, a nossa fronteira está aberta para receber os homens de bem e não precisamos de documentos para ultrapassarmos as linhas de divisa. Nossos jovens se casam entre si e formam suas famílias e as nossas autoridades se respeitam mutuamente.

Porto Murtinho, terra sagrada do meu amigo e colega da Faculdade de Direito de Campo Grande (Fucmat) e do Ministério Público de MS, Heitor Miranda dos Santos, é a nossa sentinela mais avançada a afiançar o nosso propósito. Pelo seu território sagrado, encontraremos o tão sonhado caminho para o Pacífico. Um sonho de todos, esperança maior do valoroso povo paraguaio.

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