Colunistas

CLÁUDIO HUMBERTO

"Para não correr o risco de ser mais uma vítima do 'alexandrismo'"

Senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) sobre o irmão se licenciar da Câmara e ficar nos EUA

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Ex-ministro espanhol ‘lavou’ dinheiro no Brasil

“Operador” de José Luis Abalos, ex-ministro do Desenvolvimento do governo socialista da Espanha, “lavou” mais de 500 mil euros (R$3,1 milhões), no Brasil, furtados de contratos de compra de máscaras durante a pandemia da covid, segundo a Promotoria Anticorrupção da Espanha, órgão especial do Ministério Público. Autoridades espanholas afirmam que para “dificultar o rastreamento” do dinheiro roubado uma boa parte foi depositada em conta aberta em nome da empresa brasileira Suro Capital no banco Itaú BBA. O caso já é investigado no Brasil.

Lavagem socialista

Policiais suspeitam que o dinheiro acabou retornando às mãos do ex-ministro socialista, por meio de pessoas próximas.

Silêncio no Brasil

Há suspeita da participação de brasileiros no esquema, que explodiu há um ano, quando foi preso Koldo Izaguirre, ex-assessor de Ábalos.

Acusações graves

Ábalos já responde a processo no Supremo espanhol por suspeita de corrupção, peculato, tráfico de influência e crime organizado.

Absurdo ao quadrado

O grupo criminoso, diz a promotoria espanhola, também usou empresas em Luxemburgo para lavar dinheiro roubado de verbas para a pandemia.

Janja dá esticada a Paris após passeio no Japão

Janja optou por roteiro internacional próprio, longe do maridão. Ela viaja ao Japão uma semana antes de Lula (PT), para agenda e gastos sob “sigilo”, e emenda com intrigante viagem a Paris. “La vie en rose” sempre encanta a politicalha, ainda mais por conta de quem paga impostos. O governo diz que Janja irá “preparar a visita de Lula”. É falso: integram os escalões “avançado” e “precursor”, sem espaço para improvisações, apenas rigorosos profissionais de logística, comunicações e segurança. 

Por nossa conta

O governo não informa custos da viagem e de hotéis de luxo: “Janja não tem cargo público”. Mas não explica por que então pagamos o passeio.

Barriga cheia

Em Paris, Janja irá a uma “Cúpula para Nutrição e Crescimento”, dias 27 e 28. Mas o governo prefere divulgar que o tema, claro, será desnutrição.

Jogos da fome?

Paris foi escolhida sob a explicação oficial da realização, ali, dos jogos olímpicos, cujo cardápio até virou alvo de críticas dos atletas em 2024.

Exilado político de peso

O Brasil finca raízes no grupo de países de má fama em razão do autoritarismo. O deputado mais votado do Brasil, quase 2 milhões de votos, Eduardo Bolsonaro é o mais novo exilado político brasileiro. Por onde andar, sua denúncia de perseguição será lembrada.

Democracia relativa

O recado que o exílio de Eduardo Bolsonaro passa é de que no Brasil não respeita nem mesmo os princípios básicos da própria Constituição, como direito à livre expressão e inviolabilidade do mandato parlamentar.

La vie en rose

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, é outro que não se aguenta e vai dar um rolê em Paris, a pretexto de fazer palestra, reencontrar a boa mesa e etc. Tudo por conta dos impostos que ele aumentou.

Não falou, mas disse

“Ninguém falou em asilo ainda. Mas se for o caso, ele pede e o [presidente dos EUA, Donald] Trump dá imediatamente para ele”, disse o ex-presidente Jair Bolsonaro sobre o filho ameaçado pelo Supremo.

Sem chances

Apesar de o procurador-geral Paulo Gonet ser contrário à apreensão do passaporte, quem decide sobre isso é Alexandre de Moraes, que não gosta de Eduardo Bolsonaro e tem proporcionado muitas alegrias ao PT.

Alea jacta est

Os deputados petistas Lindbergh Farias (RJ) e Rogério Correia (MG) são os autores do pedido ao STF para apreender o passaporte do deputado Eduardo Bolsonaro. Se os autores fossem Rede ou Psol...

Vai ficar para abril

O Orçamento público de 2025, que a lei manda aprovar até dezembro do ano anterior, foi novamente adiado na Comissão Mista de Orçamento para sexta-feira (21), dia em que o Congresso geralmente não funciona.

Vai truncar

A lei, aprovada pelo próprio governo Lula (PT), determina que proposta da Lei Orçamentária de 2026, deva ser encaminhada ao Congresso até 15 de abril para dar início à Lei Orçamentária, que é o Orçamento em si.

Pergunta na História

Exílio só é bonito para se proteger de ditadura de direita?

PODER SEM PUDOR

Proibido para ingênuos

Prefeito de São Paulo no final da gestão, em 1988, Jânio Quadros pensou em Sílvio Santos para sua sucessão, e pediu ao deputado Gastone Righi para promover um almoço. Jânio foi direto ao ponto, perguntando a Sílvio se ele se relacionaria com os vereadores. “Simples”, reagiu Sílvio, explicando: “Os vereadores foram eleitos pelo povo e como sou vou mandar projetos de interesse do povo, eles vão aprovar tudo. Vai ser tranquilo.” Jânio pigarreou, percebendo tratar-se de um principiante. Após alguns instantes de silêncio, dirigiu-se ao anfitrião: “Gastone, meu bem, seria bom mandar servir o almoço.” E não se falou mais no assunto.

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Clientes sem viagem, empresas sem pagamento

Operadora renomada deixa consumidores sem respostas e aciona alerta no setor

20/03/2025 00h04

Leandro Provenzano

Leandro Provenzano

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O mercado do turismo tem enfrentado batalhas inglórias, que passaram pela pandemia, recuperação judicial da empresa 123 milhas, e agora, um novo player do mercado já informou que não conseguirá honrar com compromissos já assumidos.

A Viagens Promo é uma operadora de turismo brasileira, com foco em vendas B2B – ou seja, monta pacotes de viagens que são comercializados por meio de agências de turismo. Recentemente ela enfrenta uma grave crise financeira, que tem levado a atrasos de pagamentos a fornecedores e parceiros, comprometendo toda a operação.

No início de 2025, a Viagens Promo reconheceu oficialmente sua instabilidade operacional e financeira, informando não dispor de recursos para honrar reservas futuras e iniciando uma força-tarefa de reestruturação. As consequências foram imediatas: companhias aéreas suspenderam serviços por falta de pagamento e voos fretados foram cancelados, deixando centenas de passageiros sem embarcar.

Hotéis parceiros também deixaram de receber pelos hóspedes encaminhados pela operadora, levando alguns a recusarem check-ins de clientes que chegavam com reservas não pagas. Houve casos de viajantes barrados na recepção do hotel e de agentes de viagens tendo que arcar do próprio bolso com diárias para acomodar seus clientes, na esperança de reembolso futuro. 

Diante desse cenário, surge a questão: qual a responsabilidade jurídica de cada parte envolvida – agências, companhias aéreas, hotéis e os próprios consumidores – e que soluções existem para mitigar os danos de uma falência ou inadimplência no setor de turismo?

As empresas do ramo já estão se preparando para o não cumprimento de compromissos assumidos pela Viagens Promo. Hotéis já estão avisando as agências e hóspedes que não receberam pelas reservas e que, caso elas não sejam pagas até a chegada do consumidor, este não conseguirá realizar o check in.

Com isso as agências de turismos e hóspedes estão tentando uma saída para que não haja a perda das viagens, onde, além do gasto com hotel, o consumidor também arca com o transporte, bem como se planeja financeira, pessoal e profissionalmente para que a viagem ocorra dentro de um alinhamento do calendário familiar.

Fato é que nenhum desses entes da cadeia do turismo estão totalmente seguros, muito menos possuem direitos e deveres claros quando o assunto é jurisprudência, uma vez que, infelizmente, ela varia de tribunal para tribunal, onde alguns determinam que a responsabilidade, por exemplo, entre hotel e agência de turismo é solidária, ou seja, ambos podem responder integralmente pelo prejuízo do consumidor, ainda que este tenha sido causado pela Viagens Promo.

Já outros tribunais entendem que cada elo desta cadeia se responsabiliza pelo que recebeu (ou receberia) pelos serviços prestados, por exemplo, a agência de turismo teria sua responsabilidade nos limites de sua comissão, já o hotel responderia no limite do valor que receberia pela reserva.

Fato é que mais uma crise acertou o turismo nacional e prejudicará toda a cadeia. Não se sabe se a Viagens Promo entrará ou não em recuperação judicial (certamente sim), mas com certeza sua crise irá prejudicar centenas (talvez milhares) de empresas menores que ela, que terão que suportar prejuízos tão acima de suas capacidades de pagamento, que inclusive pode levá-las a encerrar suas atividades.

Os consumidores dispõem de um arcabouço legal sólido (CDC) que os ampara – seus direitos a transparência, restituição e indenização, e eles devem exercê-los ativamente, buscando apoio de órgãos competentes quando necessário.

Medidas preventivas, como a contratação de seguros de responsabilidade por agências e operadoras, podem fazer toda diferença em casos extremos, ao passo que medidas corretivas, como a ação regressiva, permitem que o prejuízo seja repassado à parte devida, evitando a injustiça de punir quem agiu de boa-fé para socorrer o cliente.

O caso da Viagens Promo serve de alerta e aprendizado para o mercado de turismo. Mais do que nunca, fica clara a necessidade de planejamento financeiro responsável pelas empresas, transparência na relação com parceiros e clientes, e mecanismos de proteção (contratuais e securitários) para emergências. 

Do ponto de vista jurídico, a mensagem é inequívoca: a cadeia de fornecedores deve funcionar como uma rede de segurança ao consumidor – se um elo falha, os outros precisam suportar aquele viajante, pois assim exige a lei e a confiança do público, claro, que tudo isso dentro do limite da responsabilidade de cada agente. Ao final, reforça-se que responsabilidade e cooperação são pilares essenciais para superar crises no turismo com o mínimo de danos e preservar a credibilidade do setor frente aos viajantes.

Leandro Amaral Provenzano (leandro@provenzano.adv.br)

ARTIGOS

You are now a central banker

19/03/2025 07h45

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Ser um banqueiro central frequentemente implica tomar decisões impopulares para manter a estabilidade econômica. A frase “You are now a central banker”, enviada por Paul Volcker a Alan Greenspan, simboliza essa responsabilidade: conter a inflação e salvaguardar a credibilidade da política monetária, mesmo diante de pressões políticas e reações adversas. Volcker repassou essa frase em um bilhete enviado a Greenspan após a primeira reunião em que este, como presidente do Federal Reserve no fim da década de 1980, decidiu elevar as taxas de juros, marcando um momento crucial de sua gestão.

No Brasil, a condução da política monetária ocorre em um ambiente de forte pressão fiscal. A política de ajustes de gastos adotada até aqui não tem favorecido a estabilização das expectativas de inflação e impõe desafios adicionais ao Banco Central (BC). Desde o anúncio, em novembro de 2024, de medidas de corte de gastos consideradas insuficientes pelo mercado, as projeções fiscais permanecem frágeis. A mediana das previsões de mercado do Relatório Focus indica deficits primários de 0,6% do PIB tanto em 2025 quanto em 2026, enquanto a dívida pública bruta deve atingir algo próximo a 81% e 85% do PIB nesses anos. Pior, mesmo olhando para horizontes mais longos, como 2027 e 2028, o mercado não enxerga equilíbrio do resultado primário.

A deterioração das expectativas de inflação foi significativa: desde o fim de novembro, a mediana das previsões para 2025 saltou de 4,4% para 5,7%, enquanto para 2026 subiu de 3,8% para 4,4%, desviando-se consideravelmente da meta de 3% ao ano, com um limite de tolerância de até 4,5%. E o cenário pode se agravar, já que, em fevereiro, a inflação de 1,31% foi a maior desde 2003. No acumulado em 12 meses, a inflação já está em 5,06%.

A ata da última reunião do Copom preservou o tom firme da administração anterior de Roberto Campos Neto e reconheceu que o hiato do produto está positivo, a inflação resiliente no setor de serviços e o mercado de trabalho ainda apertado. Esse contexto reforça que o último ajuste de juros e a sinalização de um novo aumento, decididos antes da mudança de comando no BC, estavam na direção certa. O mercado já precifica esse aumento de um ponto porcentual na reunião de março, que ocorrerá na semana que vem e deve levar a taxa Selic a 14,25% ao ano.

As decisões do Copom serão analisadas de perto, não apenas porque esse aumento foi definido na gestão anterior, mas principalmente porque o mercado buscará sinais claros sobre a disposição do novo comando em controlar a inflação. Em contextos de teoria dos jogos, um BC com inclinação mais branda em relação à inflação pode adotar estratégias de comunicação e medidas que transmitam uma imagem de maior rigor para preservar sua credibilidade, especialmente se os custos reputacionais de revelar uma postura mais flexível forem elevados.

Assim, as reuniões a partir de maio serão decisivas para sinalizar a posição do BC ao mercado. Se os riscos indicarem um afastamento das expectativas da meta e os indicadores continuarem apontando para uma inflação resiliente, o BC poderá ser forçado a agir não apenas para evitar a erosão do juro real, mas também para intensificar o aperto monetário. Mesmo que os dados sejam conflitantes e haja incerteza no mercado quanto à dinâmica futura, o BC terá que escolher entre reforçar sua credibilidade ou arriscar um cenário no qual a política monetária perde efetividade. Esse último caso implicaria em juros elevados por mais tempo, com custos significativos para a sociedade, até que a confiança fosse restabelecida.

Um auxílio do governo no campo fiscal seria fundamental para reduzir o custo de desinflação da economia brasileira e o impacto de juros mais altos sobre o setor privado. Enquanto isso, Galípolo e sua equipe estarão sob constante escrutínio do mercado para manter a credibilidade da política monetária em um cenário fiscal adverso. Com o cumprimento da meta de inflação sob pressão, a condução da política exigirá decisões difíceis, como Volcker sinalizou a Greenspan.

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