Este mês marca um momento estratégico para Mato Grosso do Sul em sua trajetória de desenvolvimento. Após o bem-sucedido leilão da Rota da Celulose na B3, em São Paulo, realizado na semana passada, o Estado se prepara para mais um grande passo: o novo leilão da BR-163, previsto para o fim deste mês, na mesma Bolsa de Valores. Trata-se de uma via fundamental não apenas para o escoamento da produção agrícola e industrial, mas para a integração entre regiões e a mobilidade de milhares de cidadãos sul-mato-grossenses.
Esse leilão da BR-163 tem tudo para ser um êxito, tanto do ponto de vista técnico quanto do ponto de vista logístico. A atual concessionária, a CCR MSVia, tem grandes chances de manter a concessão, por já conhecer a realidade da rodovia e estar, inclusive, preparando-se para apresentar proposta. Porém, a lógica do leilão é clara: se outra empresa oferecer melhores condições ao usuário – com as mesmas exigências e obrigações –, ela deverá assumir a gestão da rodovia. A concorrência saudável, quando bem regulada, sempre tende a beneficiar a população, que é a verdadeira usuária e financiadora desse serviço por meio do pedágio.
Mais do que uma disputa contratual, esses leilões representam a oportunidade concreta de Mato Grosso do Sul melhorar significativamente sua estrutura logística. Um Estado que depende do agronegócio, da mineração e da industrialização precisa de estradas em boas condições para escoar sua produção com eficiência, rapidez e segurança. Mas a pauta não é apenas econômica: é também uma questão de cidadania.
O direito de ir e vir, garantido constitucionalmente, precisa ser viável e seguro. E quando o Estado delega a operação de rodovias a empresas privadas, o faz com a responsabilidade de garantir que esse direito seja respeitado.
Tanto no leilão da Rota da Celulose quanto no da BR-163, há a expectativa de ampliação dos trechos com pista dupla, incluindo também melhorias na BR-267 e na BR-262. Ainda que a duplicação total dessas vias não seja possível a curto prazo, os serviços prestados pelas futuras concessionárias – como atendimento ao usuário, manutenção regular, sinalização adequada e fiscalização – tendem a aumentar a segurança viária e a reduzir o número de acidentes, que hoje ainda é preocupante.
Vale lembrar que Mato Grosso do Sul vive um momento de grande atração de investimentos. São projetos bilionários que exigem, como contrapartida mínima, uma infraestrutura de qualidade. Portos secos, polos logísticos, ferrovias e, claro, rodovias, precisam estar alinhados ao ritmo que o mercado impõe. E isso não se faz apenas com discursos, exige decisões concretas, como as que estão sendo tomadas agora por meio desses leilões.
Os investimentos privados que virão com essas concessões não só aliviam o caixa do Estado, mas aceleram a entrega de resultados. A via pública bem administrada e mantida por uma empresa que cumpre suas obrigações contratuais é uma solução moderna e eficiente, desde que acompanhada por fiscalização rigorosa dos órgãos competentes. O cidadão não quer mais saber de promessas vazias, ele quer estrada boa, tráfego seguro e respeito ao que paga.
Por tudo isso, os leilões deste mês não podem ser vistos apenas como uma formalidade burocrática ou como mera movimentação de mercado. São, na prática, o ponto de partida para uma transformação que pode reposicionar Mato Grosso do Sul em um novo patamar logístico e social. Um Estado forte se constrói com infraestrutura sólida, e é isso que está em jogo agora.




