Eleito presidente dos Estados Unidos, Donald Trump reassumiu o cargo no dia 20 de janeiro em evento que atraiu milhares de apoiadores. O empresário, conhecido pela sua visão nem um pouco ortodoxa da política externa americana, agora vai chefiar o influente Estado americano até 2029, levantando a questão: o que será do mundo nos próximos quatro anos?
Trump já deu sinais dessa resposta ao declarar publicamente um interesse em anexar o Canadá, a Groenlândia e o Canal do Panamá e em alterar o nome do Golfo do México para Golfo da América. Tais movimentações envolvendo territórios no continente americano refletem dois elementos que são parte fundamental da política externa de Trump: o nacionalismo populista e um menor apreço à aliança transatlântica, refletido na sua vontade de anexar território de dois países-membros: o Canadá e a Dinamarca.
Esse segundo é, talvez, um dos maiores diferenciais de Trump na política externa. Isso porque, confrontando o pensamento tradicional americano, o novo presidente tem uma visão mais crítica em relação à Otan, argumentando que os demais países-membros não cumprem suas funções na organização, como o investimento mínimo previsto do PIB para a defesa, por exemplo.
Trump também acredita que a tradicional aliança transatlântica com raízes que remontam à Primeira Guerra Mundial tem o efeito de ocupar as Forças Armadas americanas com assuntos que deveriam ser resolvidos pelos Estados europeus, e já criticou abertamente a organização em inúmeros episódios.
Impactos na Otan e Europa: Trump tende a diminuir o apoio à Otan, pressionando países europeus a se militarizar e a resolverconflitos regionais por conta própria. Isso pode enfraquecer a aliança, causando tensões diplomáticas e afetando a guerra entre Rússia e Ucrânia. Embora Trump prometa negociar um cessar-fogo, analistas apontam desafios, como a disposição ucraniana para lutar, o isolamento russo e a pressão do Congresso americano por apoio contínuo a Kiev.
Relações com a Ásia e o Oriente Médio: A rivalidade entre EUA e China deve se intensificar, com Trump priorizando o enfrentamento ao gigante asiático em detrimento da Rússia. No Oriente Médio, o governo americano planeja endurecer as políticas contra o Irã e grupos terroristas, fortalecendo a parceria com Israel, que vê o republicano como aliado estratégico.
Comércio Internacional e Populismo Global: Trump também deve ampliar o protecionismo, desafiando o modelo neoliberal ao impor tarifas e intensificar a guerra comercial com a China, acelerando a fragmentação do comércio global. Paralelamente, sua liderança impulsiona movimentos populistas de direita, beneficiando figuras como Viktor Orbán, Benjamin Netanyahu e Javier Milei, além de partidos similares na Europa e nas Américas.
Apesar de incertezas no cenário internacional, a transição da política externa de Biden para o estilo não ortodoxo de Trump promete mudanças significativas. O retorno do republicano à Casa Branca sinaliza novos desafios e transformações para o mundo nos próximos anos.




