Enfim, tudo indica que está próximo de se concretizar o tão aguardado acordo entre a J&F, holding dos irmãos Batista, e a multinacional Paper Excellence, que há oito anos disputam o controle acionário da Eldorado Brasil Celulose. Trata-se de um capítulo importante no setor industrial e empresarial do Brasil, com reflexos diretos e altamente positivos para Mato Grosso do Sul.
Para o estado sul-mato-grossense, a formalização desse entendimento entre os sócios da Eldorado representa, antes de tudo, o início de um novo ciclo de estabilidade interna na empresa. Com o fim da disputa judicial e societária, os controladores poderão, enfim, concentrar esforços e recursos não mais em batalhas legais, mas em planejamento estratégico e investimentos estruturantes. A paz societária dentro da companhia é, sem dúvida, uma base essencial para o avanço de qualquer negócio de grande porte.
E quando se fala em investir na Eldorado Celulose, o impacto vai muito além dos muros da fábrica localizada em Três Lagoas. A expectativa concreta é de que a companhia retome o projeto de construção de sua segunda linha de produção – uma megafábrica que deverá operar ao lado da já existente, dobrando ou até mais do que dobrando a atual capacidade industrial. Um investimento dessa natureza pode reposicionar a Eldorado como uma das maiores produtoras de celulose do mundo e colocar Mato Grosso do Sul ainda mais no mapa global desse setor estratégico.
A economia estadual só tem a ganhar com esse possível novo ciclo. A construção e a operação de uma nova unidade industrial representa bilhões de reais injetados na economia local e estadual – na forma de contratações, compras, tributos, logística e serviços. Além disso, esse volume financeiro se traduz diretamente em saldo positivo na balança comercial sul-mato-grossense e influencia, de forma significativa, no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado.
Do ponto de vista ambiental, o crescimento da indústria de celulose também oferece efeitos positivos. O avanço do plantio de eucalipto, matéria-prima para a celulose, vem ocorrendo especialmente em áreas anteriormente degradadas ou improdutivas, que agora passam a ser economicamente e ecologicamente reabilitadas. O setor ainda tem grande potencial para desenvolvimento sustentável, com manejo florestal responsável, uso racional da água e políticas de compensação ambiental.
Ainda há desafios pela frente – por exemplo, a disponibilidade de mão de obra técnica especializada, frente a outras obras em andamento nesse setor no Estado, como as das empresas Arauco e Bracell. Mas esse é um desafio positivo, típico de economias em crescimento, e que pode ser mitigado com planejamento e capacitação profissional.
O que se espera, portanto, é que o acordo entre J&F e Paper Excellence finalmente destrave os investimentos na unidade de Três Lagoas. Com segurança jurídica e definição de comando, a Eldorado poderá avançar para um novo ciclo de expansão, desenvolvimento e geração de riqueza. Mato Grosso do Sul está pronto para esse salto.




