Os radares estão voltando à BR-163 em Mato Grosso do Sul. E, como quase tudo na vida pública brasileira, isso pode ser encarado sob duas óticas distintas: uma boa e uma má notícia. Para os que trafegam pela rodovia respeitando as regras, é uma medida esperada. Para os que insistem em fazer da pressa um estilo de direção, é mais um obstáculo a sua imprudência. Ainda assim, o ponto central está no equilíbrio que deve nortear essa reinstalação.
É preciso deixar claro: radares, quando bem instalados, com sinalização adequada e objetivos transparentes, não são vilões. Ao contrário, são instrumentos de segurança e prevenção. A BR-163 é uma das mais importantes vias do Estado, e também uma das mais perigosas. O excesso de velocidade é um dos principais fatores de risco nas estradas brasileiras, e limitar esse comportamento é preservar vidas. O retorno dos equipamentos, nesse contexto, é bem-vindo.
Contudo, também é preciso dizer com todas as letras: radares não podem ser armadilhas. Quando mal posicionados, escondidos ou sem qualquer lógica aparente, deixam de cumprir sua função educativa e preventiva e se tornam mecanismos arrecadatórios. Não faltam exemplos no Brasil de motoristas que são surpreendidos por radares mal sinalizados, em trechos sem qualquer histórico de acidentes. Esse tipo de uso precisa ser combatido com rigor.
Cabe ao governo federal e à concessionária CCR MSVia o compromisso de que os equipamentos serão instalados com critério, embasamento técnico e, sobretudo, transparência. A população precisa confiar que os radares estão ali para salvar vidas, e não para punir motoristas descuidados por puro capricho burocrático. Transparência na gestão do trânsito também é uma forma de educação.
Ao mesmo tempo, é preciso evitar o outro extremo. Radares extremamente visíveis, em locais já conhecidos, podem levar motoristas a frear bruscamente antes do ponto e acelerar novamente em seguida. Esse tipo de comportamento, além de ineficaz na prevenção, pode ser igualmente perigoso. Por isso, bom senso é a palavra de ordem na configuração e localização desses equipamentos.
Viajar com responsabilidade ainda é a melhor solução para qualquer problema de trânsito. Revisar o veículo, utilizar os itens de segurança e respeitar os limites de velocidade são atitudes que não custam caro e podem evitar tragédias. A velocidade, como se sabe, é uma das maiores inimigas da segurança. E nenhuma viagem compensa a perda de uma vida no asfalto.
Por fim, que a volta dos radares à BR-163 sirva como ponto de partida para uma política mais séria e eficiente de segurança nas estradas. Que o foco não seja apenas a fiscalização, mas também a educação e a melhoria na sinalização e na qualidade do asfalto. O trânsito é reflexo da nossa sociedade, e qualquer esforço por mais segurança merece apoio. Desde que venha acompanhado de respeito, responsabilidade e, principalmente, coerência.




