Política

STJ

Após sete adiamentos, conselheiro do TCE vira réu por lavagem de dinheiro

Os ministros da Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça aceitaram a denúncia feita pelo Ministério Público Federal

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Após sete adiamentos consecutivos, finalmente os 15 ministros da Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) aceitaram ontem a denúncia feita pelo Ministério Público Federal (MPF) contra o conselheiro Ronaldo Chadid, do Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul (TCE-MS), por lavagem de dinheiro.

Além disso, a Corte Especial do STJ decidiu também pela manutenção do afastamento do conselheiro da Corte de Contas e uso de tornozeleira eletrônica, que foram determinadas desde o dia 8 de dezembro de 2022, portanto, a partir de agora Ronaldo Chadid é réu.

O ministro Benedito Gonçalves, que presidiu a sessão, esclareceu que a decisão foi por maioria, tendo contrários os votos dos ministros Luís Salomão, Humberto Martins e Sebastião Reis, que defendiam a retirada do nome da ex-assessora do conselheiro, Thais Xavier, da denúncia feita pelo MPF.

Além disso, foram votadas as medidas cautelares que impediam Ronaldo Chadid e Thais Xavier de exercerem funções no Tribunal de Contas, terem qualquer tipo de contato com o órgão e os servidores, bem como continuarem usando tornozeleiras eletrônicas. 

Pela decisão, as medidas foram mantidas apenas para o conselheiro, enquanto a ex-assessora está liberada, ficando livres de todas as cautelares. Outra cautelar votada e aprovada pelos ministros foi a que impede Ronaldo Chadid de solicitar aposentadoria na Corte de Contas.
 

ENTENDA O CASO

Ronaldo Chadid está afastado da função de conselheiro do TCE-MS desde o dia 8 de dezembro de 2022, quando a Polícia Federal (PF) e a Controladoria Geral da União (CGU) deflagraram a “Operação Terceirização de Ouro” para desarticular organização criminosa especializada na fraude de certames licitatórios e no desvio de recursos públicos identificados nas operações “Lama Asfáltica” e “Mineração de Ouro”.

Ele e os ex-presidentes da Corte de Contas, conselheiros Iran Coelho das Neves e Waldir Neves Barbosa, que também foram afastados na mesma operação, são monitorados até hoje por tornozeleiras eletrônicas e estão proibidos de frequentar o TCE-MS.

O MPF denunciou Ronaldo Chadid e Thaís Xavier por lavagem de R$ 1,6 milhão, montante resultante da apreensão de R$ 890 mil em dinheiro na casa do conselheiro e de R$ 730 mil em espécie na casa da chefe de gabinete dele.

A PF ligou o dinheiro à suposta propina que Chadid teria recebido de uma empresa de coleta de lixo para o julgamento de uma demanda que poderia encerrar o contrato do empreendimento com a Prefeitura Municipal de Campo Grande, sendo que a empresa citada com envolvimento no esquema negou tudo.

No entanto, o conselheiro e sua chefe de gabinete não conseguiram comprovar a origem da vultosa quantia e nem demonstrar os gastos excessivos com pagamentos em dinheiro vivo feitos em Campo Grande. 
Diante disso, o MPF baseou a denúncia como sendo um desdobramento da “Operação Mineração de Ouro”, que apura supostos esquemas de corrupção e lavagem de dinheiro dentro do TCE-MS.

A Corte de Contas entrou na mira durante a “Operação Lama Asfáltica”, que apontou o favorecimento de empresas em contratos fraudulentos. Na última sessão onde o caso foi analisado, a defesa de Ronaldo Chadid disse que a denúncia se baseia apenas em suposições e não apresenta provas do pagamento de vantagens ilícitas e de suposta lavagem de dinheiro, enquanto a representante de Thaís Xavier alegou inocência da cliente e que ela não sabia da existência do dinheiro.

Porém, antes de proferir o voto, o ministro Francisco Falcão citou várias vezes as compras que teriam sido feitas pelo conselheiro em dinheiro vivo para justificar o recebimento da denúncia. Ele disse que Chadid adquiriu um terreno no condomínio de luxo Terras do Golfe, em Campo Grande, no valor de R$ 230 mil, um veículo Mini Cooper, avaliado em mais de R$ 308 mil e um pagamento superior a R$ 80 mil para reforma de apartamento, além das compras de eletrodomésticos e celulares.

“A denúncia atende aos requisitos legais exigidos e descreve crimes antecedentes. Ampla defesa assegurada. Existência de elementos indiciários suficientes ao recebimento da inicial acusatória, aditamento da denúncia, possibilidade de manutenção das cautelares impostas e aqui eu estou recebendo a denúncia”, votou Francisco Falcão, que foi acompanhado pela ministra Nancy Andrighi.

3 conselheiros do tce estão afastados

Desde o dia 8 de dezembro de 2022, os conselheiros Iran Coelho, Ronaldo Chadid e Waldir Neves estão afastados das suas funções na Corte de Contas por suspeita de corrupção

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Política

Lula, Sánchez e Ramaphosa: 2025 será decisivo para multilateralismo

Para eles, fóruns internacionais não podem ser "mais do mesmo"

06/03/2025 20h00

Lula, Sánchez e Ramaphosa: 2025 será decisivo para multilateralismo

Lula, Sánchez e Ramaphosa: 2025 será decisivo para multilateralismo ANDERSON RIEDEL/PR

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os presidentes da África do Sul, Cyril Ramaphosa, e da Espanha, Pedro Sánchez, defendem que as reuniões internacionais previstas para 2025 não podem ser “apenas mais-do-mesmo”, precisam entregar “progressos reais” para o enfrentamento dos desafios do planeta. Juntos, os líderes assinam artigo publicado em diversos veículos de imprensa, nesta quinta-feira (6), como O Globo, Al Jazeera e Le Grand Continent.

Para os presidentes, 2025 será um ano decisivo para o multilateralismo. Ele citaram os encontros que ocorrerão em cada um dos três países: a 4ª Conferência Internacional sobre Financiamento para o Desenvolvimento (FfD4), em Sevilha, na Espanha; a 30ª Conferência das Partes (COP30) da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, em Belém (PA), no Brasil; e a Cúpula do G20 (grupo das 20 maiores economias do mundo), em Joanesburgo, na África do Sul.

“Os desafios que se apresentam diante de nós — desigualdades crescentes, mudanças climáticas e o déficit de financiamento para o desenvolvimento sustentável — são urgentes e estão interconectados. É preciso tomar ações coordenadas e corajosas para abordá-los — e não recuar ao isolamento, a ações unilaterais ou a rupturas”, escrevem.

O multilateralismo se refere à cooperação conjunta de um grupo de países em torno de interesses comuns. Desde que assumiu o terceiro mandato, o presidente Lula vem criticando o enfraquecimento dos organismos multilaterais e defendendo a reforma no sistema de governança global. Em 2024, o tema foi uma das prioridades do Brasil na presidência do G20, que neste ano está com a África do Sul.

“A confiança no multilateralismo está sob tensão; e, no entanto, nunca houve tanta necessidade de diálogo e cooperação global”, afirmam.

Para os presidentes, G20, COP30 e FfD4 devem servir como marcos de um compromisso renovado com a inclusão, o desenvolvimento sustentável e a prosperidade compartilhada. "Isso exigirá forte vontade política, a plena participação de todos os atores relevantes, uma mentalidade criativa e a habilidade de compreender os condicionantes e as prioridades de todas as economias”, acrescentam.

Lula, Sánchez e Ramaphosa alertam sobre o alto endividamentos dos países em desenvolvimento e aumento das desigualdades de renda no âmbito interno e também entre as nações. “Muitos países em desenvolvimento sofrem com o peso insustentável de dívidas, espaços limitados de ação fiscal e barreiras que dificultam o acesso justo ao capital. Serviços básicos, como saúde e educação, têm de competir com taxas de juros crescentes. Trata-se não apenas de uma falha moral; mas de um risco econômico para todos”, defendem.

Para eles, a arquitetura financeira global precisa ser reformada a fim de “dar mais voz e representatividade aos países do Sul Global, assim como acesso mais justo e previsível a recursos”.

“É preciso avançar nas iniciativas de alívio da dívida, promover mecanismos de financiamento inovadores e identificar e abordar as causas do alto custo do capital para a maioria dos países em desenvolvimento”, afirmam os presidentes.

A expectativa para a COP30, em Belém, é que os países apresentem compromissos mais ambiciosos para limitar o aumento da temperatura da Terra e se estabeleça o financiamento da ação climática aos países em desenvolvimento, em, ao menos, US$ 1,3 trilhão por ano até 2025.

“Precisamos aumentar significativamente o financiamento para a adaptação climática, alavancar os investimentos do setor privado e assegurar que os Bancos Multilaterais de Desenvolvimento assumam um papel mais relevante no financiamento climático. A conferência de Sevilha complementará esses esforços, assegurando que o financiamento climático não prejudique o desenvolvimento”, argumentam.

Na carta, os três países se comprometem a trabalhar em Sevilha no sentido de mobilizar capital público e privado para o desenvolvimento sustentável, reconhecendo a inseparável relação entre estabilidade financeira e ação climática. "Em Joanesburgo, o G20 reafirmará a importância de um crescimento econômico inclusivo. E, em Belém, estaremos lado a lado para proteger o nosso planeta”, complementam os presidentes.

Não é Não

Projeto propõe instalação de "tendas" em eventos para atender vítimas de assédio sexual

A matéria apresentada na ALEMS sugere a criação de um espaço em eventos públicos, como shows, para acolhimento, orientação e apoio no andamento da ocorrência em casos de importunação sexual

06/03/2025 17h15

Credito: Pagu / Arquivo Correio do Estado

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Com o objetivo de fortalecer ações de prevenção ao assédio contra a mulher, foi apresentado na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (Alems) o Projeto de Lei 48/2024, que propõe a criação de um espaço de amparo para eventuais vítimas em eventos públicos no Estado.

O PL, de autoria do deputado estadual Pedro Kemp (PT),  submetido na semana que faz alusão ao Dia da Mulher, em 8 de março, data que simboliza a luta das mulheres por igualdade e contra a discriminação de gênero.

Conforme o texto do projeto, caso seja aprovado, nos eventos com mais de 10 mil pessoas serão criadas as chamadas “Tendas Lilás”, que consistem em espaços com profissionais capacitados para lidar com mulheres que tenham sido vítimas de importunação sexual.

Além disso, a medida prevê a capacitação de gestores e profissionais que atuam nos eventos para que compreendam como proceder em casos de suspeita de abuso, assédio ou importunação sexual.

Outro ponto trata do rigor desde o momento da denúncia até o encaminhamento, com todo o levantamento dos fatos, para os órgãos competentes, garantindo que os responsáveis sejam devidamente punidos pela Justiça.

Também está prevista a circulação de campanhas educativas de conscientização para a prevenção da violência sexual, que deverão ser veiculadas em propagandas de televisão, rádio e outras mídias, em linguagem de fácil compreensão para alcançar o maior número de pessoas.

Tramitação


A matéria segue para análise da Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJR), onde pode receber emendas e, somente então, será encaminhada para apreciação dos parlamentares.

Como justificativa, o deputado apresentou a Lei Federal 13.718/18, que tipifica o crime de importunação sexual:

“O projeto busca garantir que, nos grandes eventos, exista um espaço destinado a recepcionar e orientar as vítimas de importunação ou outro tipo de assédio sexual, com colaboradores capacitados para o cumprimento do protocolo ‘Não é Não’, instituído pela Lei 14.786/23”, disse Kemp, e completou:

“O ponto de apoio ‘Tenda Lilás’ nos grandes eventos consiste em uma forma concreta de coibir a prática do crime de assédio sexual e de apoiar eventuais vítimas.”

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