Política

OPERAÇÃO URAGANO EM DOURADOS

Ari Artuzi e quase todos os vereadores são presos

Ari Artuzi e quase todos os vereadores são presos

Redação

02/09/2010 - 21h42
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Fábio Dorta, de Dourados

O prefeito de Dourados, Ari Artuzi (PDT), a mulher dele, Maria Aparecida de Freitas Artuzi, o vice-prefeito Carlinhos Cantor (PR), nove dos 12 vereadores, seis secretários municipais, servidores públicos, empresários e donos de empreiteiras foram presos ontem pela Polícia Federal na Operação Uragano, que em italiano significa furacão. Três vereadores presos são candidatos a deputado estadual, Sidlei Alves (DEM), presidente da Câmara Municipal, Marcelo Barros (DEM), e Aurélio Bonatto (PDT).
Ao todo, foram expedidos 29 mandados de prisão e cumpridos 28. O nome do foragido não foi informado pela polícia. Todos os mandados são de prisão temporária, ou seja, têm validade por cinco dias e podem ser prorrogados por até 30 dias ou, dependendo das investigações, até serem transformadas em prisões preventivas.
Além dos presos, 38 pessoas foram conduzidas pela Polícia Federal para prestar depoimento, entre elas, dois vereadores: Dirceu Longhi (PT), que é presidente da CPI da Saúde, e Gino Ferreira (DEM), candidato a 2º suplente na chapa de Waldemir Moka (PMDB) ao Senado. Todos foram liberados após prestarem esclarecimentos.
De acordo com o delegado responsável pelas investigações, Bráulio César Galloni, os presos estão envolvidos em fraudes em licitações, corrupção e formação de quadrilha. Segundo a Polícia Federal, apenas as empresas que participavam do esquema ganhavam as licitações e davam 10% de comissão ao prefeito.
Para o delegado, as investigações “colocaram fim à roubalheira” que foi instalada desde o início da gestão de Artuzi. “A operação conseguiu colocar um ponto final nesse esquema, porque desarticulamos a cabeça do esquema”, afirmou o delegado. Segundo ele, Artuzi comandava todo o esquema de corrupção.
O dinheiro, conforme a polícia, era utilizado por Artuzi para aquisição de bens pessoais, para fazer caixa de campanha e, ainda, para o pagamento de propina a vereadores tanto da situação quanto da oposição. A Polícia Federal não informou o montante de dinheiro desviado dos cofres públicos.

Início das investigações
As investigações começaram em maio deste ano a partir de uma denúncia feita pelo jornalista Eleandro Passaia, secretário municipal de Governo. Orientado pela polícia, Passaia gravou imagens do prefeito, da primeira-dama e dos vereadores recebendo propina de empreiteiros e empresas que têm contratos em vigência com a administração municipal.
Das 28 prisões, de acordo com a PF, pelo menos dez foram efetuadas em Campo Grande. Participaram da operação 12 delegados e mais de 200 policiais. O Ministério Público Estadual (MPE) acompanhou os depoimentos.
De acordo com o promotor Paulo César Zeni, conforme os depoimentos e o andamento das investigações, o MPE vai decidir qual encaminhamento será dado ao caso.
A prisão do prefeito foi autorizada pelo desembargador Manoel Mendes Carli, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, porque Artuzi, por força do cargo que exerce, tem direito a foro privilegiado. As demais foram decretadas pela juíza Dileta Terezinha de Souza Thomaz, da 1ª Vara Criminal de Dourados.
O delegado disse que, depois de prestarem depoimento, as mulheres seriam transferidas para o presídio semiaberto e os homens para a Penitenciária de Segurança Máxima Harry Amorim Costa (Phac), com exceção de Artuzi. “Nós ainda não definimos para onde ele será levado”, afirmou Galloni. Mas acabou sendo transferido para a 3ª Delegacia de Polícia Civil da Capital.

Gravações
Com autorização da Polícia Federal e da Justiça, o secretário de Governo, Eleandro Passaia, gravou a entrega de propinas ao prefeito e aos vereadores. Ele mesmo, orientado pela polícia, recebia o dinheiro e repassava a Artuzi, Maria, Carlinhos Cantor e aos vereadores e gravava em áudio e vídeo toda a movimentação do esquema criminoso.
Em uma das gravações, o prefeito reclamou ao receber R$ 10 mil do empresário José Antonio Soares, conhecido como “Zeca do MS”, proprietário da Construtora MS. “Só 10 mil?”, disse o prefeito. Em seguida, ele começa a contar o dinheiro e chama pela esposa: “Maria, tó”. Ela responde, “estou indo”.
Em outra gravação, Passaia entrega mais R$ 10 mil, da mesma empreiteira, desta vez para Maria Artuzi, que reclama de forma acintosa. “Quanto?”, Passaia responde, “10 mil”. “Não faz nem cócegas, ajuda”, afirma Maria. Em seguida, ela diz “não dá nem pro primeiro escalão”. A primeira-dama afirma ainda que vai usar o dinheiro para cobrir o limite no banco e não ser negativada no Serasa.
As fitas ainda mostram gravações de Passaia entregando dinheiro para vereadores aprovarem projetos de interesse da prefeitura ou de pessoas ligadas ao prefeito. Em um dos casos, os vereadores receberam dinheiro para aprovar um projeto autorizando a queima de cana por parte dos usinas de álcool até o final desde ano, sendo que em Dourados só era permitida a colheita mecanizada.

Política

Alckmin diz que é cedo para falar sobre eleições de 2026 e defende debate sobre escala 6x1

Alckmin é cotado para seguir como vice de Lula em 2026, mas seu nome começou a aparecer bem posicionado em pesquisas de intenção de voto para o Palácio dos Bandeirantes

19/12/2025 19h00

Vice-presidente, Geraldo Alckmin

Vice-presidente, Geraldo Alckmin Crédito: Fábio Rodrigues-Pozzebom / Agência Brasil

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O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou a jornalistas nesta sexta-feira, 19, que ainda é cedo para falar sobre as eleições de 2026 e não deu pistas sobre seus planos políticos. "Esse é um tema para o próximo ano. Está chegando", disse. Indagando se tem conversado com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o assunto, ele se limitou a responder: "É cedo ainda".

Alckmin é cotado para seguir como vice de Lula em 2026, mas seu nome começou a aparecer bem posicionado em pesquisas de intenção de voto para o Palácio dos Bandeirantes.

Escala 6x1

Sobre a proposta do fim da jornada de seis dias de trabalho e um de folga, a escala 6x1, muito criticada pela indústria, Alckmin disse que há uma tendência no mundo inteiro de redução de jornada. "Se eu consigo fazer mais, mais produtos, aumentar a produção, com menos gente, utilizando robô, inteligência artificial, digitalização, é natural. No mundo inteiro, a tendência é de redução de jornada de trabalho", sustentou.

"Se você faz isso para todos, ou vai fazendo por setores mais avançados da economia, essa é uma discussão que cabe ao Parlamento e à sociedade fazê-la. Mas é uma tendência mundial hoje, redução de jornada de trabalho", completou.

ReData

Alckmin ainda fez algumas ponderações sobre o Regime Especial de Tributação para Serviços de Datacenter (ReData), alegando que a medida provisória (MP) que o instituiu não foi votada. "Porque esperava-se votar junto com o PL da Inteligência Artificial. Como não aprovou, ficou para o começo do ano. Mas esperamos que aprove, se possível, em fevereiro." Ele disse que o Redata vai trazer muito data center e investimentos de altíssimo valor para o Brasil.

 

Política

Justiça revoga tornozeleira de ex-vereador Cláudinho Serra, mas mantém restrições

Em decisão sobre a Operação Tromper, juiz de Sidrolândia nega pedido de pernoite em fazenda para Serra, citando gravidade dos crimes, mas autoriza deslocamentos diurnos para trabalho

19/12/2025 13h50

Vereador afastado após ser acusado de corrupção, Claudinho Serra (PSDB), lê a Bíblia Sagrada durante sessão da Câmara

Vereador afastado após ser acusado de corrupção, Claudinho Serra (PSDB), lê a Bíblia Sagrada durante sessão da Câmara Divulgação

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O juiz Bruce Henrique dos Santos Bueno Silva, da Vara Criminal de Sidrolândia, revogou o monitoramento por tornozeleira eletrônica do ex-vereador Cláudio Jordão de Almeida Serra Filho, o "Claudinho Serra” (PSDB) e de Cleiton Nonato Correia, proprietária da GC Obras, e Carmo Name Júnior, todos investigados no âmbito da Operação Tromper por crimes de fraude em licitações, corrupção e lavagem de dinheiro.

Apesar da retirada do equipamento, o magistrado manteve uma série de outras medidas cautelares, como o recolhimento domiciliar noturno e a proibição de frequentar bares, e negou pedidos mais amplos de flexibilização, citando a gravidade das acusações e o risco à ordem pública. A decisão também revelou que a Fazenda Divisa, de propriedade de Serra, foi identificada nas investigações como um "possível local de ocultação de valores ilícitos".

A decisão analisou pedidos individuais de Cláudinho e Cleiton Correia, que buscavam adequar as medidas cautelares às suas rotinas profissionais e pessoais.

O ex-vereador e ex-secretário de finanças de Sidrolândia solicitou autorização para pernoitar por até oito dias em sua Fazenda Divisa, em Anastácio, alegando que o deslocamento diário de mais de cinco horas a partir de sua residência em Campo Grande seria inviável. Ele argumentou que a medida era apenas uma adequação à sua atividade laboral.

Já Cleiton Correa fez dois pedidos: a extensão do horário de recolhimento noturno até as 22h30 para participar de cultos religiosos e a autorização para viajar e pernoitar em São Gabriel do Oeste, onde sua empresa, a GC Obras de Pavimentação Asfáltica, possui contratos ativos.

O Ministério Público Estadual se manifestou contra todos os pedidos, argumentando que as flexibilizações comprometeriam o controle judicial e que a fazenda de Serra era um local suspeito na investigação.

O juiz indeferiu o pedido de pernoite, concordando com o MPMS de que a fazenda é um ponto sensível da investigação. Ele destacou que a administração de um empreendimento agropecuário pode ser “feita por prepostos” e que a conveniência pessoal do réu não pode se sobrepor à necessidade de vigilância rigorosa em um caso de "elevada gravidade e repercussão".

No entanto, o juiz autorizou Serra a se deslocar diariamente para a fazenda, desde que retorne à sua residência em Campo Grande até as 22h30 para cumprir o recolhimento noturno.
Para Cleiton Correia, o pedido foi acolhido parcialmente. O juiz estendeu o horário de recolhimento para as 22h30, reconhecendo o direito fundamental à liberdade religiosa e considerando que a ampliação de 30 minutos era "mínima" e não comprometeria a fiscalização.

O deslocamento para São Gabriel do Oeste foi autorizado apenas durante o dia, sendo vedado o pernoite fora da comarca. O juiz ponderou o direito ao trabalho com o risco de fuga, dada a proximidade de MS com fronteiras internacionais.

A surpresa da decisão foi a revogação, de ofício, do monitoramento eletrônico para Serra, Correia e Carmo Name Júnior, assessor de Claudinho. O juiz argumentou que, com as flexibilizações de deslocamento entre municípios, a fiscalização via tornozeleira se torna "de execução operacional complexa", especialmente em áreas rurais.

"A imposição da monitoração em tais moldes, longe de assegurar o fim cautelar pretendido, pode gerar tumulto processual, mediante instauração de incidentes indevidos por alegado ou suposto descumprimento", afirmou o magistrado.

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