Política

"PUNHAL VERDE E AMARELO"

Ativista de MS ligado ao agro pode virar alvo da PF por plano de golpe

Movimento Brasil Verde e Amarelo (MBVA) do Estado está na mira e um de seus criadores já foi indiciado pelo 8 de Janeiro

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Com a prisão preventiva do general do Exército Walter Braga Netto, ex-ministro e candidato a vice na chapa de Jair Bolsonaro (PL) em 2022, justificada, em parte, pela existência de indícios de que o militar atuou para ajudar a financiar um plano para assassinar e sequestrar autoridades, a Polícia Federal (PF) iniciou uma investigação para seguir o rastro do dinheiro.

De acordo com a delação premiada do tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o dinheiro entregue por Braga Netto para viabilizar as ações clandestinas foi obtido “junto ao pessoal do agronegócio”. Por isso, entrou na mira da PF o Movimento Brasil Verde e Amarelo (MBVA), que reúne produtores rurais e está na suposta articulação de atos antidemocráticos. 

Ainda conforme a PF, integrantes do MBVA, segundo a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), “lideraram” bloqueios de caminhoneiros em novembro de 2022, em Goiás, Mato Grosso do Sul, Tocantins e Roraima, para “contestar”, sem provas, a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas urnas. 

O grupo, ainda de acordo com o documento, tinha à disposição “recursos econômicos para financiar transporte de manifestantes e ações extremistas, como as ocorridas no [dia] 8 de janeiro de 2023”, quando os participantes depredaram o prédio do Supremo Tribunal Federal (STF), o Congresso Nacional e o Palácio do Planalto, na Praça dos Três Poderes, em Brasília (DF).

Em Mato Grosso do Sul, o produtor rural e empresário do ramo têxtil de Campo Grande Júlio Augusto Gomes Nunes foi um dos 61 indiciados no relatório final da Comissão Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Golpistas, realizada pelo Senado e a Câmara dos Deputados.

Júlio Nunes é apontado pela Abin como um dos principais organizadores do MBVA em Mato Grosso do Sul e outros estados brasileiros. A PF já fez a extração do conteúdo dos celulares apreendidos quando Braga Netto foi preso e também vai examinar “centenas de pen drives” que foram apreendidos com Flávio Botelho Peregrino, assessor do general.

Isso significa que a investigação continua e com um foco: descobrir quem é o “pessoal do agronegócio” citado na colaboração premiada de Mauro Cid. Em outra frente, um áudio do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, enviado a um interlocutor no dia 16 de novembro, reforçou o papel dos empresários do agronegócio.

Na gravação, obtida pela PF, Cid afirma que “empresários do agro” estavam “financiando” e “colocando carro de som em Brasília”. Outro diálogo descoberto nas investigações vai na mesma linha. 

Uma das investigadas, que esteve no Quartel General do Exército, abordou o apoio de empresários do setor para 3 mil ônibus direcionados a Brasília às vésperas dos atos de 8 de janeiro.

“Pessoal do agro lá de Goiânia, dos arredores de Brasília e tudo. O agro botou um apoio aí para três mil ônibus”, narrou.

A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), que reúne 340 deputados federais e senadores, pediu urgência nas investigações e defendeu que “ações isoladas” não podem “comprometer a imagem de um setor econômico composto por seis milhões de produtores”.

Em nota, os membros da bancada ruralistas também pedem que a apuração se dê “de forma legal, transparente, equilibrada e em estrita observância ao que determina a Constituição”.

OPERAÇÃO

A chamada “Operação Punhal Verde e Amarelo”, revelada pelas investigações da trama golpista, mirava no ministro Alexandre de Moraes, do STF, além do presidente Lula e do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). 

Munida da delação de Cid e de outras apurações, a PF acredita que o montante transportado por Braga Netto em “uma sacola de vinho” e entregue ao major do Exército Rafael de Oliveira foi usado para a compra de um celular em dinheiro vivo, depois utilizado por integrantes das Forças Especiais do Exército, os “kids pretos”, para monitorar autoridades em 2022, após a vitória de Lula nas eleições.

A PF descobriu que, no dia 15 de dezembro de 2022, o major comprou um celular em uma loja de Goiânia com dinheiro vivo.

Saiba

O produtor rural Júlio Augusto Gomes Nunes defende que a PF investigue mesmo o caso.

“O MBVA é um movimento orgânico que surgiu em 2017. Trata-se de um grupo de produtores rurais que sempre trabalhou em defesa das pautas do agronegócio e não tem relação nenhuma com política partidária. Na minha opinião, esse plano é tão absurdo, e não sou contra que seja investigado. Tem de rastrear, encontrar os culpados e punir, logicamente, dentro do processo legal e da ampla defesa”, destacou.

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Política

Moraes autoriza cirurgia de Bolsonaro no Natal; internação ocorrerá no dia 24

Moraes também permitiu que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro seja a acompanhante principal de Bolsonaro no período em que ele estiver no DF Star

23/12/2025 14h56

Reprodução

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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes autorizou nesta terça-feira, 23, que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) seja internado nesta quarta-feira, 24, e faça uma cirurgia para tratar uma hérnia inguinal bilateral.

Bolsonaro será internado no Hospital DF Star, que fica a menos de três quilômetros de onde o ex-presidente está preso desde 22 de novembro. Ainda não foi informado o horário da chegada do ex-chefe do Executivo no hospital e nem o início do procedimento cirúrgico, previsto para ocorrer no dia 25, feriado de Natal.

Moraes também permitiu que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro seja a acompanhante principal de Bolsonaro no período em que ele estiver no DF Star. O ministro não atendeu o pedido da defesa para visitas de Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o ex-vereador do Rio Carlos Bolsonaro (PL).

O ministro do STF determinou ainda medidas de segurança no hospital. Uma determinação é que pelo menos dois policiais federais fiquem na porta do quarto onde estará Bolsonaro em todo o período em que ele estiver internado.

"A Polícia Federal deverá providenciar a completa vigilância e segurança do custodiado durante sua estadia, bem como do hospital, mantendo equipes de prontidão. A Polícia Federal deverá garantir, ainda, a segurança e fiscalização 24 (vinte e quatro) horas por dia, mantendo, no mínimo 2 (dois) policiais federais na porta do quarto do hospital, bem como as equipes que entender necessárias dentro e fora do hospital", diz um trecho da decisão.

O ministro proibiu a entrada de celulares e outros equipamentos eletrônicos, determinando apenas a entrada de equipamentos médicos no quarto que receberá o ex-presidente.

JUSTIÇA

Juristas de MS aprovam criação de um código de ética para tribunais superiores

Proposta parte do presidente do STF, Edson Fachin, ao defender que magistrados precisam ter rigor técnico e sobriedade

23/12/2025 08h20

O presidente do STF, ministro Edson Fachin, durante sessão de encerramento do ano judiciário

O presidente do STF, ministro Edson Fachin, durante sessão de encerramento do ano judiciário Rosinei Coutinho/STF

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A proposta do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin, de criar um código de conduta para os tribunais superiores, por entender que os magistrados precisam ter rigor técnico e sobriedade, foi bem-aceita pelos juristas de Mato Grosso do Sul.

O advogado Benedicto Arthur Figueiredo Neto lembrou que, etimologicamente, a palavra ética vem do grego ethos, que significa costume, caráter e modo de agir.

“Em meio às diversas críticas que alguns ministros do STF têm sofrido por receberem valores para proferirem palestras, o que é totalmente lícito à magistratura, Fachin se inspira no código de conduta da Suprema Corte da Alemanha para a criação de uma normatização ao modo de agir dos seus membros”, explicou.

Ele completou que o código de conduta da Suprema Corte alemã é bastante pragmático e objetivo, no sentido de sempre preservar em primeiro lugar a imagem da Corte e de que a conduta de seus membros sempre siga regras para que essa imagem venha a ser preservada.

“É o caso de como se prevê na Alemanha que os seus membros devem ponderar se o evento do qual vão participar não tem conflito com a reputação e com a honra da Corte. A normatização de um código de ética para tribunais superiores é a franca demonstração de reconstrução da imagem independente pela magistratura, afastando-se da política”, analisou.

Sandro de Oliveira, professor doutor da Faculdade de Direito (Fadir) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), acrescentou que um código de ética da magistratura é pertinente e necessário porque traduz, de forma clara e acessível, os valores que já estão consagrados na Constituição Federal e que devem orientar a atuação de todo agente público, mais especialmente daqueles que exercem a função de julgar.

“O código não cria obrigações novas, mas organiza princípios como legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, oferecendo parâmetros objetivos de conduta que reforçam a confiança da sociedade no Poder Judiciário. Além disso, a magistratura ocupa uma posição singular na estrutura do Estado, pois dela se espera independência, equilíbrio e compromisso permanente com os direitos fundamentais”, pontuou.

Sandro de Oliveira ressaltou que um código de ética funciona como instrumento pedagógico e preventivo, ajudando o magistrado a refletir sobre sua postura dentro e fora da jurisdição, à luz do interesse público, da dignidade da função e do dever de imparcialidade, que decorre diretamente do princípio republicano.

“Ao fortalecer a ética institucional, o código contribui para a transparência e para a legitimidade democrática do Judiciário. Ele reafirma que a atuação judicial não está dissociada da administração pública, mas submetida aos mesmos princípios constitucionais que exigem responsabilidade, probidade e prestação de contas à sociedade, elementos que são necessários à consolidação do Estado Democrático de Direito”, assegurou.

Para ele, é importante registrar que códigos de ética e de conduta não são estranhos ao ordenamento jurídico brasileiro. “Ao contrário, diversas carreiras de Estado e do serviço público, de modo geral, já contam com diplomas próprios que orientam a atuação de seus membros. Nesse contexto, a instituição de um código de ética da magistratura não apenas se mostra legítima, como também relevante, na medida em que contribuiria para balizar comportamentos, fortalecer a confiança social no Judiciário e servir de referência normativa e ética para as demais carreiras do Estado brasileiro”, argumentou.

O advogado André Borges citou que a proposta surge depois de fatos recentes, como esposa de ministro do STF com contrato milionário e advogando na Corte do esposo e ministro viajando no jatinho em que estava advogado que posteriormente teve pedido atendido, revelarem a necessidade urgente de ser atualizado o Código de Ética da Magistratura editado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

“Judiciário é importante demais para que sobre ele recaiam dúvidas sobre a honra e a decência de seus integrantes. Proteção ética surge exatamente de um código de ética. Na Suprema Corte dos Estados Unidos isso já foi aprovado. Trata-se de algo que precisa ser aplicado no Brasil, incluindo ministros das cortes superiores de Brasília [DF]. Vivemos em uma república, que tem como característica principal a responsabilidade dos servidores públicos em geral, no que se incluem os magistrados”, comentou o jurista ao Correio do Estado.

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