Política

INVESTIGAÇÃO

Vaquinha: Bolsonaristas de MS doaram R$ 405,6 mil para o ex-presidente pagar multas

Transferências foram feitas entre junho e julho deste ano; até quem recebe meio salário-mínimo doou

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R$ 405.659,11. Este é valor transferido de contas de correntistas de Mato Grosso do Sul, por meio do Pix, para duas contas do ex-presidente Jair Bolsonaro, do PL. Na soma completa, incluindo todas as transições feitas no país, o saldo de Bolsonaro empilhou R$ 18,1 milhões.  

O dinheiro arrecadado teria como fim o de pagar as multas judiciais aplicadas contra o ex-presidente. Entre os doadores aparecem até quem integra famílias que vivem com renda mensal de meio salário-mínimo.

As operações, que ficaram também conhecidas como “vaquinha” de Bolsonaro, ocorreram entre 20 de junho a 31 de julho passado. No total, foram registradas 809,8 mil transações feitas por 770,2 mil pessoas. 

Numa das poucas vezes que Bolsonaro comentou a vaquinha, publicamente, ele disse que a quantia arrecadada daria para quitar "todas as suas contas" e ainda "tomar um caldo de cana com pastel".

Isso ele disse num evento político, do PL, em Florianópolis, no fim de julho. 

As transferências via Pix, por orientação da Procuradoria Geral da República têm sido investigadas.

Ao menos até agora, fim de outubro, oficialmente, o ex-presidente nada informou ter pagado de multa ou mexido na fortuna acumulada por meio das doações. 

Reportagem publicada pelo portal Metrópoles, ontem, sábado (28), indicou que o ex-presidente recebeu doação de recursos via Pix de 18.082 servidores federais. 

Metrópoles informou que os dados que sustentaram sua reportagem saíram do relatório produzido por técnicos da CPMI da (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) dos atos de 8 de janeiro, o qual o portal teve acesso.  

A CPMI investigou aquela depredação e quem financiou a destruição da praça dos Três Poderes, em janeiro passado, em Brasília. 

QUEM SÃO 

Embora sem citar onde moram, o publicado diz que 31% dos doadores, ou 244.027 pessoas que resolveram contribuir com o ex-presidente, estão relacionadas no chamado Cadastro Único, o CadÚnico. 

E o que é o CadÚnico? Um instrumento coordenado pelo Ministério da Cidadania que tem como objetivo identificar e caracterizar as famílias brasileiras de baixa renda. Quem estiver relacionado nesta condição, conquista o direito de receber benefícios de programas sociais, como vale-gás e bolsa família. 

Também segundo apuração dos técnicos da CPMI/8 de janeiro, 150.196 pessoas com renda abaixo ou igual a dois salários-mínimos fizeram doações via Pix a Bolsonaro.  

Outras 1.365 pessoas com mandado de prisão em aberto também foram generosos com o ex-presidente.  

Duzentas de quarenta e nove pessoas que têm sido investigadas pela invasão da Praça dos Três Poderes, foram outras pessoas que transferiram dinheiro para o ex-presidente, segundo relatório da CPMI. 

DOAÇÃO DE DEPUTADO 

Na lista dos camaradas bolsonaristas, consta além de servidores federais, empregados em órgãos estaduais, municipais, ex-ministros e ainda há uma desmedida relação de políticos. 

Aqui em MS, o deputado estadual João Henrique Catan, do PL, resolveu expor sua empatia pelo ex-presidente, em redes sociais: ele afirmou ter transferido R$ 1 mil a Bolsonaro. 

DOCUMENTOS 

De acordo com a publicação do Metrópoles, para a análise em questão, foi usada como base de dados a quebra de sigilo bancário do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens, que acabou atingindo Bolsonaro porque Cid constava como procurador das contas do ex-presidente. 

ELEIÇÕES PASSADAS 

Em MS, Bolsonaro, ano passado, em que perdeu as eleições no segundo turno para Lula, conquistou 59,49% dos votos (880.606 votos). Já Lula, 40,51% (559.547 votos). Pode-se afirmar que a cada 10 votos perto de seis cravaram votos no ex-presidente. 

BOLSONARO, HOJE 

No fim de junho passado, por maioria de votos (5 a 2), o plenário do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) declarou a inelegibilidade do ex-presidente da República Jair Bolsonaro por oito anos, contados a partir das Eleições 2022.  

Pela decisão, ficou reconhecida a prática de abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação durante reunião realizada no Palácio da Alvorada com embaixadores estrangeiros no dia 18 de julho do ano passado.  

Caso seja mantida a decisão, Bolsonaro não pode concorrer à presidência, em 2026, ano de eleição para escolha do sucessor de Lula.

VAQUINHA INVESTIGADA

A Procuradoria-Geral da República pediu que o STF (Supremo Tribunal Federal) mande para a Polícia Federal representação que pede investigação sobre o recebimento de doações via Pix pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.

O objetivo é que a Polícia Federal – por meio da Coordenação de Inquéritos nos Tribunais Superiores – verifique se as informações contidas na representação proposta por senadores ao STF têm conexão com os fatos apurados no caso das milícias digitas, checando, inclusive, se os doadores já figuram como investigados no Inquérito 4874.

O inquérito 4874, segundo o STF, foi instaurado a partir de indícios e provas da existência de uma organização criminosa, com forte atuação digital, que se articularia em diversos núcleos – político, de produção, de publicação e de financiamento –, com a finalidade de atentar contra a democracia e o Estado de Direito no país.

 

Política

Moraes autoriza cirurgia de Bolsonaro no Natal; internação ocorrerá no dia 24

Moraes também permitiu que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro seja a acompanhante principal de Bolsonaro no período em que ele estiver no DF Star

23/12/2025 14h56

Reprodução

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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes autorizou nesta terça-feira, 23, que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) seja internado nesta quarta-feira, 24, e faça uma cirurgia para tratar uma hérnia inguinal bilateral.

Bolsonaro será internado no Hospital DF Star, que fica a menos de três quilômetros de onde o ex-presidente está preso desde 22 de novembro. Ainda não foi informado o horário da chegada do ex-chefe do Executivo no hospital e nem o início do procedimento cirúrgico, previsto para ocorrer no dia 25, feriado de Natal.

Moraes também permitiu que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro seja a acompanhante principal de Bolsonaro no período em que ele estiver no DF Star. O ministro não atendeu o pedido da defesa para visitas de Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o ex-vereador do Rio Carlos Bolsonaro (PL).

O ministro do STF determinou ainda medidas de segurança no hospital. Uma determinação é que pelo menos dois policiais federais fiquem na porta do quarto onde estará Bolsonaro em todo o período em que ele estiver internado.

"A Polícia Federal deverá providenciar a completa vigilância e segurança do custodiado durante sua estadia, bem como do hospital, mantendo equipes de prontidão. A Polícia Federal deverá garantir, ainda, a segurança e fiscalização 24 (vinte e quatro) horas por dia, mantendo, no mínimo 2 (dois) policiais federais na porta do quarto do hospital, bem como as equipes que entender necessárias dentro e fora do hospital", diz um trecho da decisão.

O ministro proibiu a entrada de celulares e outros equipamentos eletrônicos, determinando apenas a entrada de equipamentos médicos no quarto que receberá o ex-presidente.

JUSTIÇA

Juristas de MS aprovam criação de um código de ética para tribunais superiores

Proposta parte do presidente do STF, Edson Fachin, ao defender que magistrados precisam ter rigor técnico e sobriedade

23/12/2025 08h20

O presidente do STF, ministro Edson Fachin, durante sessão de encerramento do ano judiciário

O presidente do STF, ministro Edson Fachin, durante sessão de encerramento do ano judiciário Rosinei Coutinho/STF

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A proposta do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin, de criar um código de conduta para os tribunais superiores, por entender que os magistrados precisam ter rigor técnico e sobriedade, foi bem-aceita pelos juristas de Mato Grosso do Sul.

O advogado Benedicto Arthur Figueiredo Neto lembrou que, etimologicamente, a palavra ética vem do grego ethos, que significa costume, caráter e modo de agir.

“Em meio às diversas críticas que alguns ministros do STF têm sofrido por receberem valores para proferirem palestras, o que é totalmente lícito à magistratura, Fachin se inspira no código de conduta da Suprema Corte da Alemanha para a criação de uma normatização ao modo de agir dos seus membros”, explicou.

Ele completou que o código de conduta da Suprema Corte alemã é bastante pragmático e objetivo, no sentido de sempre preservar em primeiro lugar a imagem da Corte e de que a conduta de seus membros sempre siga regras para que essa imagem venha a ser preservada.

“É o caso de como se prevê na Alemanha que os seus membros devem ponderar se o evento do qual vão participar não tem conflito com a reputação e com a honra da Corte. A normatização de um código de ética para tribunais superiores é a franca demonstração de reconstrução da imagem independente pela magistratura, afastando-se da política”, analisou.

Sandro de Oliveira, professor doutor da Faculdade de Direito (Fadir) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), acrescentou que um código de ética da magistratura é pertinente e necessário porque traduz, de forma clara e acessível, os valores que já estão consagrados na Constituição Federal e que devem orientar a atuação de todo agente público, mais especialmente daqueles que exercem a função de julgar.

“O código não cria obrigações novas, mas organiza princípios como legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, oferecendo parâmetros objetivos de conduta que reforçam a confiança da sociedade no Poder Judiciário. Além disso, a magistratura ocupa uma posição singular na estrutura do Estado, pois dela se espera independência, equilíbrio e compromisso permanente com os direitos fundamentais”, pontuou.

Sandro de Oliveira ressaltou que um código de ética funciona como instrumento pedagógico e preventivo, ajudando o magistrado a refletir sobre sua postura dentro e fora da jurisdição, à luz do interesse público, da dignidade da função e do dever de imparcialidade, que decorre diretamente do princípio republicano.

“Ao fortalecer a ética institucional, o código contribui para a transparência e para a legitimidade democrática do Judiciário. Ele reafirma que a atuação judicial não está dissociada da administração pública, mas submetida aos mesmos princípios constitucionais que exigem responsabilidade, probidade e prestação de contas à sociedade, elementos que são necessários à consolidação do Estado Democrático de Direito”, assegurou.

Para ele, é importante registrar que códigos de ética e de conduta não são estranhos ao ordenamento jurídico brasileiro. “Ao contrário, diversas carreiras de Estado e do serviço público, de modo geral, já contam com diplomas próprios que orientam a atuação de seus membros. Nesse contexto, a instituição de um código de ética da magistratura não apenas se mostra legítima, como também relevante, na medida em que contribuiria para balizar comportamentos, fortalecer a confiança social no Judiciário e servir de referência normativa e ética para as demais carreiras do Estado brasileiro”, argumentou.

O advogado André Borges citou que a proposta surge depois de fatos recentes, como esposa de ministro do STF com contrato milionário e advogando na Corte do esposo e ministro viajando no jatinho em que estava advogado que posteriormente teve pedido atendido, revelarem a necessidade urgente de ser atualizado o Código de Ética da Magistratura editado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

“Judiciário é importante demais para que sobre ele recaiam dúvidas sobre a honra e a decência de seus integrantes. Proteção ética surge exatamente de um código de ética. Na Suprema Corte dos Estados Unidos isso já foi aprovado. Trata-se de algo que precisa ser aplicado no Brasil, incluindo ministros das cortes superiores de Brasília [DF]. Vivemos em uma república, que tem como característica principal a responsabilidade dos servidores públicos em geral, no que se incluem os magistrados”, comentou o jurista ao Correio do Estado.

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