Política

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Brincadeiras, elas resistem ao tempo

Brincadeiras, elas resistem ao tempo

OSCAR ROCHA

22/01/2010 - 06h17
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Época de férias: crianças em casa e muito tempo para diversão. É nesse período que pode ser percebida a sobrevivência de brincadeiras que, mesmo com a invasão de novidades tecnológicas no universo infantil, ainda d e s p e r t a m o interesse das crianças. São diversões que não precisam de grandes investimentos e, por isso, aparecem com mais destaque nos bairros da periferia, onde as opções de lazer são mais escassas. A brincadeira de pipa – também conhecida como pandorga ou papagaio – é soberana entre a criançada. Não importa qual região da cidade se percorra – por exemplo, no Conjunto Tarsila do Amaral, na região da saída para Cuiabá ou no Conjunto Moreninha 2, no outro extremo da Capital – é possível observar as crianças aproveita-se do tempo de folga tendo esta atividade como companheira. No primeiro local, o estudante Johnatan Henrique Alves Paim, 9 anos, diz que logo após o almoço se reúne com os amigos, grande parte deles da própria rua onde mora, para soltar pipa num campo de futebol situado nas imediações de su a casa. “Ficamos por lá até o fim da tarde. Essa é uma de nossas principais brincadeiras nessa época. Tem outras coisas, mas soltar pipa é uma das mais divertidas”, aponta. Um de seus amigos, o estudante V í t o r Hu g o Rahal, 7 anos, o acompanha. “Tem dias que aparecem muitos garotos por aqui com suas pandorgas”. Poucas opções “Nesse período do ano é sem- pre assim: eles têm que inventar o que fazer”, aponta a dona de casa Maria Célia Gomes, 38 anos, mãe de um garoto de 13 anos e uma menina de 3 anos. “Não tem muita coisa para as crianças fazerem no bairro e elas sempre improvisam. No caso do meu filho mais velho, ele gosta de andar de bicicleta, ir a lan hou- se e até soltar pandorga. Sempre fico de olho no que ele está fazendo”. A bri ncadeira com pipa também traz uma prática que anima a garotada e pode criar confusões: as guerras de pipas. A prática é um disputa na qual certa técnica se alia a uma arma perigosa, o cerol. Os garotos entrevistados disseram saber do perigo de impreg- nar a linha da pipa com o produto criado a p a r t i r da mistura de cola e fragmentos de vidro, e t a m- bém afirmam que alguns meninos o utilizam. “Não tem briga nas guerras de pandorgas, mas muitos perdem as suas quando têm suas linhas cortadas”, lembra Wesley Doura- dos Vasconcelos, 10 anos. Mas nem tudo são rosas no uni- verso das brincadeiras. A cabeleireira Teresa Nascimento Gimenez, 62 anos, moradora na Moreninha 2, reclama da invasão do seu quintal por crianças em busca das pipas perdidas nas guerras. “Sempre tem uma pulando o muro. O problema é que ninguém pede licença, vai entrando de qualquer jeito. Em um certo dia, falei que não entrariam mais para pegar, mal virei as costas e eles entraram mesmo sem a minha permissão”. Diversidade Para a empregada doméstica Iracema Rodrigues dos Santos, mãe de duas meninas, atualmente as crianças se dividem entre brincadeiras aprendidas em programas de televisão, pelo computador e aquelas que remontam à sua infância. “Vejo minhas filhas brincando do jeito que eu brincava quando era criança. Elas brincam com as colegas de pega-pega, esconde-esconde”. Raissa Alves Paim, 12 anos, filha de Iracema, confirma o que a mãe diz: “A gente tem que inventar muito nas férias. Vamos na lan house, visitamos as colegas e brincamos também. Aqui na minha rua gostamos muito de bete-ombro, quando os meninos e as meninas jogam juntos”, explica a menina, moradora do Tarsila do Amaral. Na Moreninha 2, a dona de casa Regina Aparecida Alves, 48 anos, acredita que certas brincadeiras nunca sairão de moda, mesmo com as novidades que possam surgir. “As crianças querem novidades, mas acho que muitas delas não têm a força das antigas. Mesmo com game ou carros de corrida, eles querem correr e brincar com outras crianças, coisa que só acontece com as pipas ou as bonecas”. Ela é mãe de 3 crianças, entre 7 e 12 anos. Existe época para cada brincadeira? O estudante Fabrício Carvalho Farias, 11 anos, aposta que sim. “Agora é época de soltar pipa, não é de jogar ‘bolita’ – bola de gude –, acho que isso será lá por julho e agosto”, diz, enquanto tenta soltar sua pipa do alto de uma árvore.

Política

Moraes autoriza cirurgia de Bolsonaro no Natal; internação ocorrerá no dia 24

Moraes também permitiu que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro seja a acompanhante principal de Bolsonaro no período em que ele estiver no DF Star

23/12/2025 14h56

Reprodução

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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes autorizou nesta terça-feira, 23, que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) seja internado nesta quarta-feira, 24, e faça uma cirurgia para tratar uma hérnia inguinal bilateral.

Bolsonaro será internado no Hospital DF Star, que fica a menos de três quilômetros de onde o ex-presidente está preso desde 22 de novembro. Ainda não foi informado o horário da chegada do ex-chefe do Executivo no hospital e nem o início do procedimento cirúrgico, previsto para ocorrer no dia 25, feriado de Natal.

Moraes também permitiu que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro seja a acompanhante principal de Bolsonaro no período em que ele estiver no DF Star. O ministro não atendeu o pedido da defesa para visitas de Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o ex-vereador do Rio Carlos Bolsonaro (PL).

O ministro do STF determinou ainda medidas de segurança no hospital. Uma determinação é que pelo menos dois policiais federais fiquem na porta do quarto onde estará Bolsonaro em todo o período em que ele estiver internado.

"A Polícia Federal deverá providenciar a completa vigilância e segurança do custodiado durante sua estadia, bem como do hospital, mantendo equipes de prontidão. A Polícia Federal deverá garantir, ainda, a segurança e fiscalização 24 (vinte e quatro) horas por dia, mantendo, no mínimo 2 (dois) policiais federais na porta do quarto do hospital, bem como as equipes que entender necessárias dentro e fora do hospital", diz um trecho da decisão.

O ministro proibiu a entrada de celulares e outros equipamentos eletrônicos, determinando apenas a entrada de equipamentos médicos no quarto que receberá o ex-presidente.

JUSTIÇA

Juristas de MS aprovam criação de um código de ética para tribunais superiores

Proposta parte do presidente do STF, Edson Fachin, ao defender que magistrados precisam ter rigor técnico e sobriedade

23/12/2025 08h20

O presidente do STF, ministro Edson Fachin, durante sessão de encerramento do ano judiciário

O presidente do STF, ministro Edson Fachin, durante sessão de encerramento do ano judiciário Rosinei Coutinho/STF

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A proposta do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin, de criar um código de conduta para os tribunais superiores, por entender que os magistrados precisam ter rigor técnico e sobriedade, foi bem-aceita pelos juristas de Mato Grosso do Sul.

O advogado Benedicto Arthur Figueiredo Neto lembrou que, etimologicamente, a palavra ética vem do grego ethos, que significa costume, caráter e modo de agir.

“Em meio às diversas críticas que alguns ministros do STF têm sofrido por receberem valores para proferirem palestras, o que é totalmente lícito à magistratura, Fachin se inspira no código de conduta da Suprema Corte da Alemanha para a criação de uma normatização ao modo de agir dos seus membros”, explicou.

Ele completou que o código de conduta da Suprema Corte alemã é bastante pragmático e objetivo, no sentido de sempre preservar em primeiro lugar a imagem da Corte e de que a conduta de seus membros sempre siga regras para que essa imagem venha a ser preservada.

“É o caso de como se prevê na Alemanha que os seus membros devem ponderar se o evento do qual vão participar não tem conflito com a reputação e com a honra da Corte. A normatização de um código de ética para tribunais superiores é a franca demonstração de reconstrução da imagem independente pela magistratura, afastando-se da política”, analisou.

Sandro de Oliveira, professor doutor da Faculdade de Direito (Fadir) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), acrescentou que um código de ética da magistratura é pertinente e necessário porque traduz, de forma clara e acessível, os valores que já estão consagrados na Constituição Federal e que devem orientar a atuação de todo agente público, mais especialmente daqueles que exercem a função de julgar.

“O código não cria obrigações novas, mas organiza princípios como legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, oferecendo parâmetros objetivos de conduta que reforçam a confiança da sociedade no Poder Judiciário. Além disso, a magistratura ocupa uma posição singular na estrutura do Estado, pois dela se espera independência, equilíbrio e compromisso permanente com os direitos fundamentais”, pontuou.

Sandro de Oliveira ressaltou que um código de ética funciona como instrumento pedagógico e preventivo, ajudando o magistrado a refletir sobre sua postura dentro e fora da jurisdição, à luz do interesse público, da dignidade da função e do dever de imparcialidade, que decorre diretamente do princípio republicano.

“Ao fortalecer a ética institucional, o código contribui para a transparência e para a legitimidade democrática do Judiciário. Ele reafirma que a atuação judicial não está dissociada da administração pública, mas submetida aos mesmos princípios constitucionais que exigem responsabilidade, probidade e prestação de contas à sociedade, elementos que são necessários à consolidação do Estado Democrático de Direito”, assegurou.

Para ele, é importante registrar que códigos de ética e de conduta não são estranhos ao ordenamento jurídico brasileiro. “Ao contrário, diversas carreiras de Estado e do serviço público, de modo geral, já contam com diplomas próprios que orientam a atuação de seus membros. Nesse contexto, a instituição de um código de ética da magistratura não apenas se mostra legítima, como também relevante, na medida em que contribuiria para balizar comportamentos, fortalecer a confiança social no Judiciário e servir de referência normativa e ética para as demais carreiras do Estado brasileiro”, argumentou.

O advogado André Borges citou que a proposta surge depois de fatos recentes, como esposa de ministro do STF com contrato milionário e advogando na Corte do esposo e ministro viajando no jatinho em que estava advogado que posteriormente teve pedido atendido, revelarem a necessidade urgente de ser atualizado o Código de Ética da Magistratura editado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

“Judiciário é importante demais para que sobre ele recaiam dúvidas sobre a honra e a decência de seus integrantes. Proteção ética surge exatamente de um código de ética. Na Suprema Corte dos Estados Unidos isso já foi aprovado. Trata-se de algo que precisa ser aplicado no Brasil, incluindo ministros das cortes superiores de Brasília [DF]. Vivemos em uma república, que tem como característica principal a responsabilidade dos servidores públicos em geral, no que se incluem os magistrados”, comentou o jurista ao Correio do Estado.

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