Política

JUSTIÇA ELEITORAL

Camila Jara pode ter mandato cassado e ainda ficar inelegível por até oito anos

A deputada federal e pré-candidata a prefeita pelo PT teria impulsionado propaganda eleitoral fora do prazo em 2022

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De deputada federal eleita em 2022 e pré-candidata do PT a prefeita de Campo Grande neste ano a uma possível cassação de mandato e inelegibilidade por até oito anos.

Esse pode ser o futuro de Camila Jara caso seja condenada pelo Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul (TRE-MS) por uso indevido dos meios de comunicação social e prática de abuso de poder econômico nas últimas eleições gerais.

A Ação de Investigação Judicial Eleitoral nº 0601998-43.2022.6.12.0000 foi ingressada por Walter Benedito Carneiro Júnior, atual secretário-adjunto da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), que foi candidato a deputado federal nas eleições de 2022 pelo PP e ficará com a vaga de Camila Jara no caso de condenação da petista pela Justiça Eleitoral.

No seu despacho, o desembargador Julizar Barbosa Trindade, que é o relator da ação, determinou que Camila Jara, no prazo de cinco dias, apresente defesa, junte os documentos que entender pertinentes, assim como o rol das testemunhas que pretende que sejam ouvidas.

Conforme a denúncia feita por Walter Benedito Carneiro Júnior, nas eleições de 2022, ela obteve 56.556 votos e, para isso, teria feito impulsionamento pago em suas redes sociais (Instagram e Facebook) de propaganda eleitoral após o termo final para a veiculação da referida modalidade de publicidade, com expressiva aplicação de recursos financeiros, caracterizando abuso de poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação social.

Além disso, ainda de acordo com a ação, em análise dos dados obtidos junto à empresa Meta, administradora das redes sociais Instagram e Facebook, verificou-se que Camila Jara realizou, em 1º de outubro de 2022, a divulgação de 36 anúncios de propaganda eleitoral paga na internet.

Pelos dados fornecidos pela Meta, na véspera do primeiro turno das eleições de 2022, a petista “inundou as redes sociais Instagram e Facebook com 36 novos anúncios simultâneos, com potencial de juntos atingirem dois milhões de pessoas, das quais 1,9 milhão dessas pessoas estariam situadas no Estado, enquanto todos os demais candidatos, em atenção ao estabelecido pela legislação eleitoral, já tinham cessado suas propagandas eleitorais pagas na internet”.

Ainda conforme a denúncia, o impulsionamento de propaganda eleitoral paga nas redes sociais por Camila Jara ocorreu até o dia 2 de outubro de 2022 e, portanto, até o dia da realização do primeiro turno das eleições gerais, caracterizando o cometimento de crime eleitoral.

“Cabível, portanto, o ajuizamento da presente ação de investigação judicial eleitoral contra a representada”, trouxe a ação.

De acordo com a denúncia, conforme relatórios expedidos pela empresa Meta, os impulsionamentos tiveram a capacidade de atingir até 100 mil pessoas e, portanto, quase 10% dos votos válidos contabilizados em Mato Grosso do Sul.

“Referida prática é considerada crime eleitoral, nos termos do inciso IV do § 5º do art. 39 da Lei nº 9.507/97”, ressaltou.

Por esse motivo, Walter Benedito Carneiro Júnior requer “o implemento do rito processual próprio disposto pelo art. 22 da LC 64/90, por atender a todas as condições e pressupostos de validade em face dos atos abusivos perpetrados pela representada, os quais atingiram a normalidade e regularidade do processo eleitoral, com nítida e direta influência no resultado do pleito”.

Outro pedido é “a cassação do registro ou diploma e a consequente decretação da sanção de inelegibilidade pelo prazo de oito anos, conforme estabelecido pelo inciso XIV do art. 22 da LC 64/90”. 

Em conversa com o Correio do Estado, Walter Carneiro Júnior reforçou que Camila Jara descumpriu a legislação eleitoral, que prevê a cassação do registro, a anulação dos votos e a inelegibilidade por oito anos.

“Se forem anulados os votos obtidos por ela, o PP fica com a vaga e eu poderei assumir a cadeira na Câmara dos Deputados”, informou.

Para ele, a deputada federal petista fez “boca de urna eletrônica”. “Não é perseguição a ela, quero apenas que a lei eleitoral seja cumprida. Que a Justiça Eleitoral aplique a pena cabível pelo crime eleitoral cometido”, alegou. 

O Correio do Estado procurou a deputada federal Camila Jara, que respondeu por meio de uma nota oficial, esclarecendo que agiu de acordo com a legislação eleitoral e reafirmando sua confiança na Justiça. 

“A ação judicial sobre suposta propaganda fora do prazo e gastos irregulares, em trâmite no TRE-MS, já teve defesa apresentada por seus advogados com fatos que comprovam a legalidade das propagandas eleitorais no pleito passado. O próprio Ministério Público Federal (MPF), em pareceres apontados nos autos, entendeu que a candidatura da parlamentar petista obedeceu à legislação”.

A nota da petista prossegue, destacando que no TRE-MS há “jurisprudência que permite o impulsionamento nas redes sociais, da mesma forma como foi realizado pela parlamentar”.

“Confiante nos valores republicanos que regem a Justiça, a parlamentar segue tranquila em seu trabalho para combater as desigualdades e ajudar a construir um Estado mais justo e menos desigual”.

Camila Jara disse, ainda, que os adversários políticos devem respeitar os 54 mil votos que ela recebeu. Além disso, reforçou que é a única mulher eleita para a bancada de MS na Câmara e uma das mais jovens do Brasil.

Política

Líder do PL diz que Ramagem pode renunciar ao mandato e espera aprovação de asilo nos EUA

Sóstenes afirmou, no entanto, que trabalhará pela manutenção do mandato do correligionário

15/12/2025 22h00

Líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (RJ)

Líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (RJ) Foto: Divulgação

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O líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (RJ), disse que Alexandre Ramagem (PL-RJ), parlamentar condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e foragido, admitiu que pode renunciar ao mandato em 2026. Sóstenes afirmou, no entanto, que trabalhará pela manutenção do mandato do correligionário.

Segundo Sóstenes, é importante que Ramagem mantenha o mandato neste ano para poder avançar com o processo de asilo político nos Estados Unidos.

"Vou solicitar ao Colégio de Líderes que não coloque a situação do Ramagem na pauta. Eu falei com ele há pouco, ele disse que até pode pensar numa futura renúncia no próximo ano, está tramitando pedido de asilo político nos Estados Unidos e por isso é importante para ele, a manutenção do mandato", afirmou.

Assim como aconteceu no caso da ex-deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), o PL acredita que não há votos suficientes para cassar Ramagem no plenário.

No começo de maio, a própria Câmara aprovou a sustação da ação penal contra Ramagem por 315 a favor e 143 contra.

O relator da proposta, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), alegou que a Constituição diz que pode ser trancada uma "ação penal", sem fazer restrição a outros denunciados.

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), notificou na última quarta-feira, 10, Ramagem e Eduardo Bolsonaro (PL-SP), por meio de edital, para que se manifestem nos processos que podem levar à cassação de seus mandatos. Ambos estão nos Estados Unidos (EUA).

No caso de Ramagem, o processo de cassação decorre do fato de ele estar foragido da Justiça e sua sentença já ter transitado em julgado.

O ex-delegado da Polícia Federal foi condenado à perda do mandato e a 16 anos de prisão pelo STF por tentativa de golpe de Estado.

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TROCA DE COMANDO

Secretária de Fazenda pode não voltar ao cargo após licença

O Correio do Estado apurou que o futuro da titular da Sefaz será a exoneração e o substituto deve sair da própria equipe

15/12/2025 08h00

A secretária municipal de Fazenda, Márcia Helena Hokama, está no cargo desde abril de 2022

A secretária municipal de Fazenda, Márcia Helena Hokama, está no cargo desde abril de 2022 Marcelo Victor

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À frente das finanças da Prefeitura de Campo Grande desde abril de 2022, a secretária municipal de Fazenda, Márcia Helena Hokama, não vai mais retornar ao cargo depois da prorrogação da licença médica por estresse e ansiedade iniciada em 20 de novembro deste ano e com previsão de encerrar no dia 8 de janeiro de 2026.

O Correio do Estado obteve a informação com exclusividade por meio de fontes do alto escalão da administração municipal de Campo Grande, que ainda explicaram que a prefeita Adriane Lopes (PP) teria sido comunicada da impossibilidade de a titular da Secretaria Municipal de Fazenda (Sefaz) reassumir as funções por conta de suas condições mentais.

Diante disso, a chefe do Executivo da Capital já teria determinado a procura por um substituto e, por enquanto, a tendência é de que o atual secretário-adjunto da Sefaz, Isaac José de Araújo, seja elevado a titular da Pasta por fazer parte da equipe técnica que foi montada por Márcia Hokama, considerada muito competente por Adriane Lopes.

A reportagem também foi informada de que a decisão da secretária de participar da corrida de rua de Bonito, realizada no dia 6, durante o afastamento por questões de saúde e o fato ter ganhado repercussão na mídia municipal teria pesado para que a continuidade dela no cargo após o fim da licença médica ficasse insustentável.

Márcia Hokama chegou a ser fotografada ao concluir um percurso de 10 km e conquistar o 23º lugar na categoria (competidores com idade entre 50 e 59 anos), e a imagem dela sendo publicada pelos principais órgãos de imprensa “pegou” muito mal até mesmo a imagem da prefeita, que é uma grande defensora do trabalho da secretária.

Porém, como a mulher de César não basta ser honesta, ela também precisa parecer honesta, a corrida foi a gota d’água para fim dos mais de três anos dela à frente das finanças municipais, período marcado por muito desgaste político e pressões decorrentes de crises no transporte coletivo urbano, na saúde e nas finanças, chegando a ser cobrança publicamente pela Câmara Municipal de Campo Grande.

O ponto alto desse desentendimento com os vereadores foi quando Márcia Hokama faltou à convocação para dar explicações sobre a crise, e, na época, ela já chegou a alegar problemas de saúde. Em novembro, a situação mental dela teria chegado no fundo do poço, obrigando o pedido de licença médica.

A partir da oficialização da concessão do afastamento, os boatos começaram dando conta de que ela não retornaria mais ao cargo, porém, a prefeita Adriane Lopes assegurava o retorno da titular da Sefaz após o fim da licença médica.

Entretanto, depois da divulgação da participação de Márcia Hokama da corrida de rua de Bonito a prorrogação da dispensa das funções foram decisivas para que a chefe do Executivo Municipal cedesse à pressão pela exoneração da secretária.

Procurada pelo Correio do Estado, a prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes, não quis comentar até o fechamento desta edição. O espaço continuar aberto para a manifestação da chefe do Executivo Municipal.

*SAIBA

A trajetória de Márcia Hokama começou em abril de 2022, quando foi nomeada pela prefeita Adriane Lopes como titular da Secretária Municipal de Finanças (Sefin), ficando responsável pelas finanças do município de Campo Grande e deixando o cargo de secretária-adjunta, o qual ocupava desde 2021.

Em janeiro deste ano, a prefeita reconduziu Márcia Hokama ao cargo, mas com novo nome Secretaria Municipal de Fazenda (Sefaz). Portanto, ela já está na função de liderança na Sefin/Sefaz desde 2022.

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