A quatro meses das eleições municipais de 6 de outubro, o presidente da Câmara Municipal de Campo Grande, vereador Carlos Augusto Borges (PSDB), o “Carlão”, está acumulando sucessivas derrotas políticas.
Se no início do ano passado, o presidente da Casa de Leis “vendia” a imagem de pré-candidato a prefeito da Capital pelo PSB, com o passar dos meses, acabou sendo preterido pelo próprio partido, que optou por apoiar a pré-candidatura tucana à prefeitura.
E, no fim do ano, ele já se contentava em ser o indicado pela legenda como o pré-candidato a vice-prefeito na chapa encabeçada pelo deputado federal Beto Pereira (PSDB), considerando a possibilidade como uma vitória pessoal.
No entanto, o início do ano eleitoral acabou por amplificar o “inferno astral” vivido por Carlão, pois o nome dele saiu em definitivo do rol de indicados para a vaga de vice de Beto Pereira e não é mais cogitado nem por outros partidos.
Além disso, com os últimos episódios protagonizados pelo parlamentar na Justiça Eleitoral e até na Justiça comum, a imagem do “orgulhoso” presidente da Câmara Municipal acabou manchada perante à população e até entre os próprios colegas de Casa.
Conforme interlocutores do parlamentar ouvidos pelo Correio do Estado, o conselho é que ele se concentre em buscar a própria reeleição antes que o cenário político fique ainda mais desfavorável, com risco até de não conseguir viabilizá-la a tempo.
Fontes ouvidas pela reportagem revelaram que o fato de o horizonte eleitoral para 2025 projetar a eleição para a Casa de Leis de novas lideranças políticas e até de figuras carimbadas, tais como o ex-prefeito Marquinhos Trad (PDT), enfraquecem de imediato o até então tranquilo “reinado” de Carlão à frente da Mesa Diretora.
Outro agravante é, caso garanta a reeleição como vereador, com a nova formação da Câmara Municipal, que deve ter uma renovação de mais de 50%, torna a permanência de Carlão como presidente quase que impossível, para não dizer pouco provável.
DESTEMPERO
O risco de perder o “poder” mesmo antes do fim da 11ª Legislatura da Casa de Leis já deixaram o atual presidente com os nervos à flor da pele e um claro exemplo disso foi o episódio com a nomeação do suplente do vereador Claudinho Serra (PSDB), que se licenciou por 120 dias após ter ficado preso e saído com tornozeleira eletrônica sob acusação de chefiar um esquema de corrupção na Prefeitura de Sidrolândia, cuja prefeita Vanda Camila (PP) é sua sogra.
Ao invés de nomear o oitavo suplente de vereador Gian Sandim (PSDB) para a vaga do colega de partido, Carlão resolveu chamar o quarto suplente de vereador Dr. Lívio (União Brasil), mesmo tendo sido informado que a vaga pertencia ao partido e não ao suplente.
O resultado foi que o capricho do presidente acabou na Justiça, que determinou a posse de Gian Sandim, fazendo com que Carlão sofresse uma derrota pública e manchando ainda mais sua imagem perante à opinião pública.
Afinal, ao não tomar a decisão de afastar Claudinho Serra do cargo após a prisão sob acusação de corrupção, provocou a revolta da população campo-grandense, acabando por respingar na imagem dos outros vereadores, que, por sua vez, cobraram explicações do chefe do Legislativo municipal.
Para agravar ainda mais a situação, quando finalmente resolveu demonstrar voz ativa, trocou os pés pelas mãos na questão da convocação do suplente, trazendo novamente uma mídia negativa para a Casa de Leis ao obrigar Gian Sandim a acionar a Justiça.
Mesmo derrotado na Justiça, ele ainda não deu o braço a torcer e, feito uma criança mimada, faltou à cerimônia de posse de Gian Sandim como vereador.
Tal atitude novamente pegou mal para a imagem da Câmara de Vereadores, afetando ainda mais a relação de Carlão com os demais vereadores, que se revoltaram com as sucessivas atrapalhadas do presidente em pleno ano eleitoral, quando eles terão de enfrentar o crivo da população nas urnas.
SAIBA
Com 59 anos de idade, o vereador Carlão PSB está em seu quarto mandato na Câmara Municipal de Campo Grande.
Ele foi eleito pela primeira vez em 2008 com 8.473 votos e foi conduzido a presidente da Casa de Leis para o biênio 2021/2022 em janeiro de 2021 e, em julho do mesmo ano, foi reeleito para o segundo biênio (2023/2024) da 11ª Legislatura, com um ano de antecedência após acordo entre os parlamentares.
**Colaborou Eduardo Miranda