Política

CANOA FURADA

Com governo Lula capengando, PP, PSD e União Brasil já consideram debandada

Lideranças regionais das três siglas revelaram que pesquisas de opinião pública acenderam o sinal de alerta para os aliados

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O PP, o PSD e o União Brasil já consideram deixar o governo do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), depois que cinco pesquisas nacionais realizadas desde janeiro atestaram a queda vertiginosa da popularidade do chefe do Executivo.

Além disso, conforme fontes regionais das três legendas ouvidas pelo Correio do Estado, as últimas medidas tomadas por Lula – como a nomeação da deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR) para a Secretaria de Relações Institucionais e a ida do deputado federal Guilherme Boulos (Psol-SP) para a Secretaria-Geral da Presidência – seriam a gota da d’água.

Presidentes nacionais de suas respectivas siglas, Ciro Nogueira (PP), Gilberto Kassab (PSD) e Antonio Rueda (União Brasil) iniciaram as tratativas para desembarcar da canoa furada que se tornou a gestão Lula nos últimos meses.

Nogueira já teria confirmado para as outras lideranças da legenda que pedirá ao ministro dos Esportes, André Fufuca, que entregue o cargo ao presidente Lula, oficializando a saída da base aliada.

Indicado pelo PP, Fufuca já é tratado como se não existisse, pois Lula não o recebe há um ano.

De acordo com apuração do Correio do Estado, a maioria do PP entende que chegou a hora de desembarcar para não se “contaminar” da má gestão petista e sofrer um revés nas eleições gerais do próximo ano.

Na mesma linha está o PSD de Kassab, que já teria decidido – de forma velada – tomar o mesmo rumo do PP.

“Esse movimento sempre ocorre quando um governo começa a claudicar. É um filme que já vimos antes, com música de uma nota só”, confidenciou liderança local do partido à reportagem.

Outro agravante é que o PSD planeja lançar candidatura própria à Presidência da República em 2026, como o governador do Paraná, Ratinho Júnior, tornando a permanência do partido insustentável 
na administração petista.

Por sua vez, o União Brasil, segundo fontes locais ouvidas pelo Correio do Estado, já estaria avaliando devolver seus ministérios no governo Lula, porém, ainda há uma divisão entre a bancada federal do partido quanto a essa decisão.

Liderança nacional, Rueda teria confidenciado a necessidade de se afastar da gestão petista para o bem maior do União Brasil, entretanto, terá de convencer aqueles que não desejam sair do governo federal.

A exemplo do PSD, que deseja lançar candidatura própria, o União Brasil também tem o mesmo foco e já tem até um pré-candidato a presidente da República: o governador de Goiás, Ronaldo Caiado – possibilidade essa que enfrenta forte rejeição interna.

Esse é o caso do ministro do Turismo, Celso Sabino, que já anunciou a não participação do lançamento da pré-candidatura presidencial de Ronaldo Caiado marcada para o dia 4 de abril, em Salvador (BA).

Deputado federal licenciado pelo Pará, Sabino tem feito articulações políticas para que o União Brasil desista de Caiado e apoie a reeleição do presidente Lula em 2026.

O movimento, endossado pelos titulares das Comunicações, Juscelino Filho, e da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, ocorre às vésperas de mais uma etapa da reforma ministerial.

Desde o início do governo, o União Brasil controla três ministérios. A Pasta comandada por Sabino sofre uma espécie de ataque especulativo do PSD, que pretende trocar a Pesca pelo Turismo.

Com essa informação, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), tratou do assunto diretamente com Lula, embora em público ele não admita a conversa.

De qualquer forma, o União Brasil está rachado. Caiado se distanciou do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e tenta ser a alternativa a ele pela direita, com o discurso da segurança pública.

Há a expectativa de que o empresário Pablo Marçal e o cantor Gusttavo Lima também se filiem ao partido, o qual compõe o Centrão, embolando ainda mais o cenário de candidaturas para as eleições do ano que vem. Os confrontos de 2026 também incluem disputas para os governos estaduais, a Câmara e o Senado.

SAIBA

A escolha de Gleisi Hoffmann para comandar a Secretaria de Relações Institucionais é vista como um sinal claro que o presidente Lula passa de que não confia em nenhum partido de sua heterogênea coalizão para fazer a costura política.

Esse fechamento incondicional com o PT pode até ajudar a resolver a sucessão na sigla, mas pouco ajuda a aglutinar as forças do Centrão e do centro ideológico. Esses grupos andam dispersos e flertando com a ideia de candidaturas alternativas em 2026.

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JUSTIÇA

Juristas de MS aprovam criação de um código de ética para tribunais superiores

Proposta parte do presidente do STF, Edson Fachin, ao defender que magistrados precisam ter rigor técnico e sobriedade

23/12/2025 08h20

O presidente do STF, ministro Edson Fachin, durante sessão de encerramento do ano judiciário

O presidente do STF, ministro Edson Fachin, durante sessão de encerramento do ano judiciário Rosinei Coutinho/STF

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A proposta do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin, de criar um código de conduta para os tribunais superiores, por entender que os magistrados precisam ter rigor técnico e sobriedade, foi bem-aceita pelos juristas de Mato Grosso do Sul.

O advogado Benedicto Arthur Figueiredo Neto lembrou que, etimologicamente, a palavra ética vem do grego ethos, que significa costume, caráter e modo de agir.

“Em meio às diversas críticas que alguns ministros do STF têm sofrido por receberem valores para proferirem palestras, o que é totalmente lícito à magistratura, Fachin se inspira no código de conduta da Suprema Corte da Alemanha para a criação de uma normatização ao modo de agir dos seus membros”, explicou.

Ele completou que o código de conduta da Suprema Corte alemã é bastante pragmático e objetivo, no sentido de sempre preservar em primeiro lugar a imagem da Corte e de que a conduta de seus membros sempre siga regras para que essa imagem venha a ser preservada.

“É o caso de como se prevê na Alemanha que os seus membros devem ponderar se o evento do qual vão participar não tem conflito com a reputação e com a honra da Corte. A normatização de um código de ética para tribunais superiores é a franca demonstração de reconstrução da imagem independente pela magistratura, afastando-se da política”, analisou.

Sandro de Oliveira, professor doutor da Faculdade de Direito (Fadir) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), acrescentou que um código de ética da magistratura é pertinente e necessário porque traduz, de forma clara e acessível, os valores que já estão consagrados na Constituição Federal e que devem orientar a atuação de todo agente público, mais especialmente daqueles que exercem a função de julgar.

“O código não cria obrigações novas, mas organiza princípios como legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, oferecendo parâmetros objetivos de conduta que reforçam a confiança da sociedade no Poder Judiciário. Além disso, a magistratura ocupa uma posição singular na estrutura do Estado, pois dela se espera independência, equilíbrio e compromisso permanente com os direitos fundamentais”, pontuou.

Sandro de Oliveira ressaltou que um código de ética funciona como instrumento pedagógico e preventivo, ajudando o magistrado a refletir sobre sua postura dentro e fora da jurisdição, à luz do interesse público, da dignidade da função e do dever de imparcialidade, que decorre diretamente do princípio republicano.

“Ao fortalecer a ética institucional, o código contribui para a transparência e para a legitimidade democrática do Judiciário. Ele reafirma que a atuação judicial não está dissociada da administração pública, mas submetida aos mesmos princípios constitucionais que exigem responsabilidade, probidade e prestação de contas à sociedade, elementos que são necessários à consolidação do Estado Democrático de Direito”, assegurou.

Para ele, é importante registrar que códigos de ética e de conduta não são estranhos ao ordenamento jurídico brasileiro. “Ao contrário, diversas carreiras de Estado e do serviço público, de modo geral, já contam com diplomas próprios que orientam a atuação de seus membros. Nesse contexto, a instituição de um código de ética da magistratura não apenas se mostra legítima, como também relevante, na medida em que contribuiria para balizar comportamentos, fortalecer a confiança social no Judiciário e servir de referência normativa e ética para as demais carreiras do Estado brasileiro”, argumentou.

O advogado André Borges citou que a proposta surge depois de fatos recentes, como esposa de ministro do STF com contrato milionário e advogando na Corte do esposo e ministro viajando no jatinho em que estava advogado que posteriormente teve pedido atendido, revelarem a necessidade urgente de ser atualizado o Código de Ética da Magistratura editado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

“Judiciário é importante demais para que sobre ele recaiam dúvidas sobre a honra e a decência de seus integrantes. Proteção ética surge exatamente de um código de ética. Na Suprema Corte dos Estados Unidos isso já foi aprovado. Trata-se de algo que precisa ser aplicado no Brasil, incluindo ministros das cortes superiores de Brasília [DF]. Vivemos em uma república, que tem como característica principal a responsabilidade dos servidores públicos em geral, no que se incluem os magistrados”, comentou o jurista ao Correio do Estado.

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Política

Lewandowski agora apoia recriação do Ministério da Segurança Pública e cobra mais recursos

Ministro afirmou que a mudança só fará sentido se vier acompanhada de uma ampliação do papel da União no combate à criminalidade

22/12/2025 22h00

Lewandowski

Lewandowski Agência Brasil

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O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, mudou de posição e passou a concordar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a recriação do Ministério da Segurança Pública, caso avance no Congresso a proposta de emenda à Constituição (PEC) que trata do tema. A avaliação foi feita em entrevista ao Valor Econômico, publicada nesta segunda-feira, 22.

Ao defender a volta da pasta, Lewandowski afirmou que a mudança só fará sentido se vier acompanhada de uma ampliação do papel da União no combate à criminalidade e de um reforço significativo de recursos federais. Segundo ele, sem "verbas substanciais", o novo ministério tende a ser ineficaz.

"Eu concordo com o presidente que essa divisão (Ministério da Justiça e Ministério da Segurança Pública) faria sentido, primeiro, se houvesse uma ampliação do papel da União no combate à criminalidade. Em segundo lugar, se viessem verbas substanciais, porque hoje nós temos no nosso Fundo Nacional de Segurança Pública a verba irrisória de R$ 2 bilhões", afirmou.

Na entrevista, o ministro também criticou as mudanças promovidas pela Câmara dos Deputados no texto da PEC da Segurança enviado pelo governo. Embora tenha elogiado a disposição do relator, deputado Mendonça, para o diálogo, Lewandowski avaliou que a versão aprovada se distancia do eixo central da proposta do Executivo.

"A principal crítica que eu faço é que o texto está, de certa maneira, na contramão da proposta que nós apresentamos. O principal ponto da PEC era a coordenação de forças, e isso ficou de fora", disse. Para ele, ao priorizar a descentralização e o fortalecimento das forças locais, o texto pode representar um retrocesso em relação ao modelo de coordenação nacional previsto no Sistema Único de Segurança Pública (Susp), criado em 2018.

Lewandowski também comentou o Projeto de Lei da Dosimetria, aprovado pela Câmara e pelo Senado. Ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), ele afirmou que a revisão da norma ainda passará por sua mesa. O presidente Lula já declarou que pretende vetar o texto, que reduz penas de condenados por tentativa de golpe de Estado.

"Na medida em que você ameniza as sanções contra esse tipo de atentado contra as instituições, que é gravíssimo, você pode estimular futuros atentados contra o Estado Democrático de Direito", comentou.

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