Política

PAC 2023

Congresso resiste a atender Lula e turbinar PAC com dinheiro de emendas

Uma ala diz que, se aceitar a oferta do governo, o ganho do parlamentar por meio da emenda será diluído

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Parlamentares têm rejeitado a proposta do presidente Lula (PT) para que o Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) seja turbinado com dinheiro de emendas. Mesmo dentro da base política do governo, há líderes que veem dificuldade para que o plano do Palácio do Planalto seja acatado pela maioria dos congressistas.

Os deputados e senadores têm direito a colocar verba pública em projetos e obras. Com isso, acabam irrigando seus redutos eleitorais e conseguem ampliar o próprio capital político. Esse mecanismo de uso de dinheiro do Orçamento pelos parlamentares é conhecido como emenda.

Lula lançou uma ofensiva, revelada pela Folha, para tentar convencer os congressistas a aplicar emendas no PAC, sua principal vitrine na área de infraestrutura.

No entanto, os incentivos foram considerados pouco atrativos, de acordo com integrantes de partidos como PP, Republicanos, União Brasil, PSD, PDT, Solidariedade e Podemos.

Há diferentes avaliações nos bastidores. Uma ala diz que, se aceitar a oferta do governo, o ganho do parlamentar por meio da emenda será diluído, pois ministros de Lula também vão colher os frutos políticos.

E citam que integrantes do primeiro escalão do governo continuam lançando obras pelo país —inclusive em Alagoas, estado do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP)— sem que deputados sejam convidados para os eventos.

Parlamentares também dizem que o direcionamento da emenda para o PAC faz com que as diretrizes fiquem a cargo do governo, não do deputado —reduzindo, portanto, sua influência no projeto. Nas palavras de um cardeal da Câmara, esse movimento retira a digital do parlamentar sobre a emenda, e coloca a marca do governo.

Líderes partidários citam que 2024 é ano de eleição municipal. Portanto, a estratégia será usar o dinheiro das emendas em projetos e ações de impacto mais imediato nas disputas locais e que atendam pleitos de candidatos aliados.

Alguns membros do Congresso afirmam ainda que os projetos que fazem parte do PAC geralmente não estão nas preferências dos parlamentares, principalmente se a obra de infraestrutura for de médio ou grande porte.
Essa é a leitura de membros do PP e Republicanos, por exemplo. Em setembro, cada uma dessas siglas ganhou um ministério de Lula em troca de votos no Congresso.

Mesmo aliados mais antigos do governo sugerem que a proposta do petista não deve ganhar tração.
"Não há tempo suficiente para os deputados analisarem as obras que estão na lista do PAC", disse o presidente em exercício do PDT, André Figueiredo (CE). Ele assumiu o cargo quando Carlos Lupi foi para o Ministério da Previdência, em janeiro.

Há também uma certa desconfiança dos parlamentares com a proposta do governo. Líderes do Congresso afirmam reservadamente que o Palácio do Planalto tem feito uma série de promessas ao longo do ano que, na avaliação deles, não foram cumpridas. Dessa forma, não haveria garantia de que agora isso pudesse ser diferente. Eles também reclamam de uma demora do Executivo em liberar as emendas parlamentares.

Além disso, boa parte do Congresso, especialmente na Câmara, conta com o apoio de prefeitos para seus planos eleitorais. Esse grupo se autodeclara municipalista e, ao longo dos mandatos, busca atender aos pedidos de aliados nos estados.

Assim, é comum que parlamentares prefiram dividir o dinheiro das emendas e distribuir a verba para mais cidades.

Essa estratégia tem se ampliado desde que, no governo de Jair Bolsonaro (PL), foi criada a possibilidade de transferência especial, quando a verba vai direto para os cofres das prefeituras, sem a necessidade de que haja um projeto pré-aprovado.

Ou seja, o prefeito tem o poder de decidir como gastar o dinheiro. Esse mecanismo tem sido chamado também de "cheque em branco", pois são recursos sem destinação específica, o que dificulta o acompanhamento do gasto público.

Pelo método tradicional, o deputado ou senador só consegue uma emenda depois que a prefeitura apresenta um plano para o uso do dinheiro e, na maioria dos casos, isso tem que ser analisado por órgãos federais, como a Caixa Econômica.

Especialmente em ano eleitoral, o Congresso busca por emendas que sejam liberadas de forma mais célere. Em junho de 2024 se inicia um período em que há limitações para esses repasses justamente por causa da eleição.

A leitura de líderes do centrão e de aliados de Lula é que as emendas para o PAC ainda precisarão de um tempo de maturação. Nesse contexto, alguns parlamentares citam o receio de que a ministra Marina Silva (Meio Ambiente) dificulte o avanço de projetos do PAC.

"As obras vão ficar empacadas. E no ano que vem tem eleição municipal. Os deputados estão olhando pequenas ações em seus municípios, e não obras estruturantes", disse o deputado Evair de Melo (PP-ES), que integra a oposição ao Planalto na Câmara.

Nas últimas semanas, membros do governo têm feito reuniões com parlamentares para apresentar a proposta de Lula. No Congresso, a medida tem sido chamada de PAC Emendas.

As estratégias incluem a garantia de que o recurso das emendas não será contingenciado e mesmo contrapartidas federais, do tipo "pague 2, leve 3" —o Executivo, por exemplo, promete financiar com recursos do Ministério da Saúde uma policlínica adicional a cada duas unidades selecionadas que recebam emendas de bancada (que são destinadas em conjunto pelos parlamentares de determinado estado).

Líder do MDB na Câmara, Isnaldo Bulhões (AL) é um dos poucos deputados que saiu em defesa da oferta de Lula.

"Eu vejo como uma ideia simpática porque PAC não tem só obras gigantes. Tem clínicas de saúde, unidades básicas de saúde. O volume de emendas no PAC esse ano não será muito grande por dúvidas que parlamentares têm. Mas se tiver um bom desempenho de execução, no outro ano pode aumentar", disse.

Segundo a Casa Civil, responsável pelo PAC, a ofensiva de buscar emendas para obras do programa não partiu unilateralmente do governo federal. Segundo a pasta, surgiu após muitos parlamentares terem manifestado que gostariam de contribuir com os recursos.

Em agosto deste ano, o governo federal lançou o Novo PAC, com previsão de R$ 1,4 trilhão em investimentos até dezembro de 2026. Do total desse valor, cerca de R$ 370 bilhões terão como fonte os recursos do Orçamento Geral da União. É justamente essa fatia que o governo pretende fortalecer ou dividir a conta com o Congresso Nacional.

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Política

Avaliações positiva e negativa do STF crescem e mostram divisão da percepção da população

O porcentual de brasileiros que avaliam positivamente o trabalho do STF subiu de 23% para 33% entre julho e dezembro deste ano; percepção negativa, que segue predominante, avançou de 32% para 36%

19/12/2025 22h00

Supremo Tribunal Federal (STF)

Supremo Tribunal Federal (STF) Crédito: Fábio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil

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Pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta sexta-feira, 19, mostra que cresceram as avaliações positivas e negativas sobre o trabalho do Supremo Tribunal Federal (STF), mostrando uma divisão da percepção da população brasileira sobre a atuação da Corte.

O porcentual de brasileiros que avaliam positivamente o trabalho do STF subiu de 23% para 33% entre julho e dezembro deste ano. No mesmo período, a percepção negativa, que segue predominante, avançou de 32% para 36%. Já a avaliação regular recuou de 34% para 24%.

No intervalo entre os dois levantamentos, a Primeira Turma do STF condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a 27 anos e três meses de prisão pelos crimes de organização criminosa armada, golpe de Estado, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, deterioração de patrimônio tombado e dano qualificado contra o patrimônio da União.

Entre as duas edições da pesquisa, também houve mudança no comando da Corte. O ministro Edson Fachin assumiu a presidência do tribunal e o ministro Luís Roberto Barroso se aposentou. Fachin adota um perfil mais discreto e defende a chamada "autocontenção" do Judiciário, em contraste com o antecessor, que sustentava que o Supremo deveria exercer um "papel iluminista" e atuar de forma mais protagonista na definição de direitos.

No mesmo período, o secretário de Estado do governo Donald Trump, Marco Rubio, revogou o visto do ministro Alexandre de Moraes e de seus familiares, além de outros sete integrantes do STF. O governo dos Estados Unidos também aplicou sanções a Moraes com base na Lei Magnitsky, norma criada para punir violadores graves de direitos humanos. Foi a primeira vez que uma autoridade de um país democrático foi alvo das medidas previstas na legislação. Neste mês, o presidente Donald Trump retirou o nome do ministro da lista de sancionados.

Outros poderes

A pesquisa também avaliou os demais Poderes. No Legislativo, a percepção varia conforme a Casa. No Senado Federal, a maior parcela dos entrevistados (34%) classifica o desempenho como regular, porcentual que empata, dentro da margem de erro (2 p p), com a avaliação negativa, de 33%. A avaliação positiva soma 22%, enquanto 11% não souberam ou não quiseram responder.

Na Câmara dos Deputados, a avaliação negativa predomina: 36% consideram o trabalho ruim ou péssimo. A percepção, porém, está tecnicamente empatada com a avaliação regular, que alcança 35%. A avaliação positiva é de 20%, e 9% não responderam.

A pesquisa foi realizada por meio de entrevistas presenciais entre os dias 11 e 14 de dezembro de 2025. O levantamento tem nível de confiança de 95% e margem de erro de dois pontos porcentuais. Os entrevistados puderam classificar cada Poder como ótimo, bom, regular, ruim ou péssimo, com os resultados consolidados nas categorias positiva, regular e negativa.

Governo Lula

Em relação ao Executivo federal, 38% dos brasileiros avaliam que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) faz um trabalho ruim ou péssimo. Outros 34% consideram a gestão boa ou ótima, enquanto 25% a classificam como regular. Já 3% não souberam ou não responderam.

Política

Ministro do Paraguai fala em disposição construtiva para avançar em acordo Mercosul-UE efetivo

Segundo Rubén Ramírez Lezcano, um dos desafios centrais para o Paraguai é a superação das assimetrias estruturais

19/12/2025 21h00

Segundo Rubén Ramírez Lezcano, um dos desafios centrais para o Paraguai é a superação das assimetrias estruturais

Segundo Rubén Ramírez Lezcano, um dos desafios centrais para o Paraguai é a superação das assimetrias estruturais Foto: Divulgação

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O ministro das Relações Exteriores do Paraguai, Rubén Ramírez Lezcano, reafirmou a "disposição construtiva" para avançar na concretização efetiva do acordo entre Mercosul e União Europeia (UE), durante a 67ª reunião do Conselho do Mercado Comum (CMC) do Mercosul, órgão decisório de nível ministerial do bloco, nesta sexta-feira, 19, segundo nota do Ministério de Relações Exteriores do país.

"Em particular, o Paraguai confia que os mecanismos de salvaguarda serão abordados e aplicados de maneira compatível com respeito ao negociado e acordado, e também de acordo com as normas multilaterais preservando o equilíbrio de direitos e obrigações das partes", disse Lezcano.

O chanceler também afirmou que "o Paraguai acredita e aposta em um Mercosul que funcione para todos, capaz de traduzir seus princípios em resultados concretos e de responder com pragmatismo e visão aos desafios estruturais que ainda persistem" na região.

Segundo Lezcano, um dos desafios centrais para o Paraguai é a superação das assimetrias estruturais entre os Estados Parte do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e, mais recentemente em 2024, Bolívia). "Não se trata de uma noção abstrata, mas de uma realidade econômica e geográfica que limita nosso desenvolvimento e condiciona nossa competitividade", disse, frisando que a condição mediterrânea do país impõe custos adicionais que encarecem as exportações e restringem a participação nas cadeias regionais de valor.

A reunião do CMC, em Foz do Iguaçu, nesta sexta-feira, foi majoritariamente fechada à imprensa.

No sábado, 20, o Brasil deve passar o bastão da Presidência Pro Tempore do bloco ao Paraguai, durante a 67ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul e Estados Associados, também em Foz do Iguaçu. 

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