Política

repasse a ONGs

Congresso tem 17 projetos parados

Congresso tem 17 projetos parados

terra

20/11/2011 - 11h09
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Enquanto os brasileiros se revoltam com a série de denúncias sobre o desvio de recursos de ONGs beneficiadas com recursos públicos, estão parados no Congresso 17 projetos que estabeleceriam critérios mais rígidos para a contração dessas entidades. A falta de controle é assustadora, já que o governo federal já repassou neste ano R$ 3,2 bilhões para essas organizações, segundo dados do Portal da Transparência. Essa verba, capaz, por exemplo, de completar as obras de ampliação de 11 aeroportos do País, foi destinada a entidades escolhidas por critério de preferência, sem qualquer seleção técnica ou concorrência.

Para tentar fechar a torneira e reduzir os danos políticos, com a queda do ex-ministro Orlando Silva (Esporte) e as denúncias contra o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, o governo Dilma baixou uma portaria no começo do mês regulamentando os critérios para os convênios, além de estudar uma Medida Provisória sobre o assunto. Enquanto isso, parlamentares tentam tirar dos arquivos empoeirados do Congresso propostas que possam conter possíveis farras com o dinheiro público.

A fiscalização dos gastos do Executivo são feitas pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que recebe prestações de contas anualmente, e pela Controladoria-Geral da União (CGU), responsável por auditorias e fiscalizações que verificam a aplicação do dinheiro público. Como os convênios dos ministérios com as ONGs eram escolhidos por preferência, com aval quase exclusivo dos ministros, a fiscalização ficava comprometida.

Com a portaria interministerial, a escolha passará a ser feita por chamamento público, com critérios pré-definidos, comprovação de que a ONG realiza atividade semelhante há três anos e com a divulgação dos critérios por meio de edital. Também fica proibida a terceirização do serviço a ser realizado, através da subcontratação de outras ONGs e empresas privadas, como vinha acontecendo, justamente onde vinham sendo identificadas as irregularidades, segundo a CGU.

Apesar do fraco controle que existia até então, os projetos de lei sobre ONGs estão parados nas gavetas das comissões do Congresso. São aproximadamente 160 projetos relativos aos temas de corrupção e improbidade administrativa, sendo 17 sobre ONGs. "Quase todos parados, não está havendo avanço", afirma deputado federal amazonense que preside a Frente Parlamentar Mista de Combate à Corrupção, Francisco Praciano (PT). Ele atribui a demora à burocracia da Casa e a falta de interesse dos colegas parlamentares.

"Eu desconfio que o perfil do Congresso não gosta muito da natureza dessas leis. Lamento muito dizer, mas já estou começando a desconfiar. Aqui tudo demora. Se não for uma medida provisória ou se (o projeto) não estiver na crista da onda, na imprensa, demora anos. Outro dia vi um projeto do Suplicy (hoje senador, que atuou na Câmara até 1987) tramitando nessa casa, de quando ele era deputado federal, há 20 anos", afirma o deputado, que prevê que com a polêmica em torno das ONGs, devem surgir novos projetos sobre o tema.

Um desses projetos, provavelmente o 18º, será o do ex-governador de Santa Catarina e deputado federal Espiridião Amin (PP-SC). Ele estuda propor a criação do Código das ONGs, ideia inspirada na fala de Dilma de que "existem ONGs e ONGs".

"O que estou pretendendo é uma coisa muito ambiciosa, uma espécie de código das ONGs, que vai do cadastramento até a classificação, com base em indicadores e critérios", adianta. "Por exemplo: como é a governança da ONG? É de uma família? De um deputado? De um padre? Qual é o critério de governança? Tem eleição? São sócios? São todos da mesma família? De uma cidade? De um mesmo bairro? São da mesma panela?", indaga o deputado ao explicar o projeto.

Praciano diz que das 17 propostas em tramitação na Câmara, 12 estão na Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF), algumas desde 2003, aguardando parecer do relator ou indicação de relator. "Fizemos visitas em todas as comissões que tinham essas pendências, mas na comissão de seguridade, não houve nenhuma reação", reclama.

Ele diz que entre os projetos em tramitação estão a criação de cadastros de ONGs, estabelecimento de modelo de seleção dessas entidades, obrigatoriedade de licitação, entre outros. No entando, a falta de andamento já faz com que o governo, pressionado pela opinião pública, resolva tomar a frente com uma Medida Provisória. "A Dilma já formou uma comissão que está tratando do marco regulatório de ONGs, ou seja, essa Casa, que reclama tanto das Medidas Provisórias, provavelmente, vai receber mais uma, que nem seria necessária se esses projetos fossem tramitados".

JUSTIÇA

Juristas de MS aprovam criação de um código de ética para tribunais superiores

Proposta parte do presidente do STF, Edson Fachin, ao defender que magistrados precisam ter rigor técnico e sobriedade

23/12/2025 08h20

O presidente do STF, ministro Edson Fachin, durante sessão de encerramento do ano judiciário

O presidente do STF, ministro Edson Fachin, durante sessão de encerramento do ano judiciário Rosinei Coutinho/STF

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A proposta do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin, de criar um código de conduta para os tribunais superiores, por entender que os magistrados precisam ter rigor técnico e sobriedade, foi bem-aceita pelos juristas de Mato Grosso do Sul.

O advogado Benedicto Arthur Figueiredo Neto lembrou que, etimologicamente, a palavra ética vem do grego ethos, que significa costume, caráter e modo de agir.

“Em meio às diversas críticas que alguns ministros do STF têm sofrido por receberem valores para proferirem palestras, o que é totalmente lícito à magistratura, Fachin se inspira no código de conduta da Suprema Corte da Alemanha para a criação de uma normatização ao modo de agir dos seus membros”, explicou.

Ele completou que o código de conduta da Suprema Corte alemã é bastante pragmático e objetivo, no sentido de sempre preservar em primeiro lugar a imagem da Corte e de que a conduta de seus membros sempre siga regras para que essa imagem venha a ser preservada.

“É o caso de como se prevê na Alemanha que os seus membros devem ponderar se o evento do qual vão participar não tem conflito com a reputação e com a honra da Corte. A normatização de um código de ética para tribunais superiores é a franca demonstração de reconstrução da imagem independente pela magistratura, afastando-se da política”, analisou.

Sandro de Oliveira, professor doutor da Faculdade de Direito (Fadir) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), acrescentou que um código de ética da magistratura é pertinente e necessário porque traduz, de forma clara e acessível, os valores que já estão consagrados na Constituição Federal e que devem orientar a atuação de todo agente público, mais especialmente daqueles que exercem a função de julgar.

“O código não cria obrigações novas, mas organiza princípios como legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, oferecendo parâmetros objetivos de conduta que reforçam a confiança da sociedade no Poder Judiciário. Além disso, a magistratura ocupa uma posição singular na estrutura do Estado, pois dela se espera independência, equilíbrio e compromisso permanente com os direitos fundamentais”, pontuou.

Sandro de Oliveira ressaltou que um código de ética funciona como instrumento pedagógico e preventivo, ajudando o magistrado a refletir sobre sua postura dentro e fora da jurisdição, à luz do interesse público, da dignidade da função e do dever de imparcialidade, que decorre diretamente do princípio republicano.

“Ao fortalecer a ética institucional, o código contribui para a transparência e para a legitimidade democrática do Judiciário. Ele reafirma que a atuação judicial não está dissociada da administração pública, mas submetida aos mesmos princípios constitucionais que exigem responsabilidade, probidade e prestação de contas à sociedade, elementos que são necessários à consolidação do Estado Democrático de Direito”, assegurou.

Para ele, é importante registrar que códigos de ética e de conduta não são estranhos ao ordenamento jurídico brasileiro. “Ao contrário, diversas carreiras de Estado e do serviço público, de modo geral, já contam com diplomas próprios que orientam a atuação de seus membros. Nesse contexto, a instituição de um código de ética da magistratura não apenas se mostra legítima, como também relevante, na medida em que contribuiria para balizar comportamentos, fortalecer a confiança social no Judiciário e servir de referência normativa e ética para as demais carreiras do Estado brasileiro”, argumentou.

O advogado André Borges citou que a proposta surge depois de fatos recentes, como esposa de ministro do STF com contrato milionário e advogando na Corte do esposo e ministro viajando no jatinho em que estava advogado que posteriormente teve pedido atendido, revelarem a necessidade urgente de ser atualizado o Código de Ética da Magistratura editado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

“Judiciário é importante demais para que sobre ele recaiam dúvidas sobre a honra e a decência de seus integrantes. Proteção ética surge exatamente de um código de ética. Na Suprema Corte dos Estados Unidos isso já foi aprovado. Trata-se de algo que precisa ser aplicado no Brasil, incluindo ministros das cortes superiores de Brasília [DF]. Vivemos em uma república, que tem como característica principal a responsabilidade dos servidores públicos em geral, no que se incluem os magistrados”, comentou o jurista ao Correio do Estado.

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Política

Lewandowski agora apoia recriação do Ministério da Segurança Pública e cobra mais recursos

Ministro afirmou que a mudança só fará sentido se vier acompanhada de uma ampliação do papel da União no combate à criminalidade

22/12/2025 22h00

Lewandowski

Lewandowski Agência Brasil

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O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, mudou de posição e passou a concordar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a recriação do Ministério da Segurança Pública, caso avance no Congresso a proposta de emenda à Constituição (PEC) que trata do tema. A avaliação foi feita em entrevista ao Valor Econômico, publicada nesta segunda-feira, 22.

Ao defender a volta da pasta, Lewandowski afirmou que a mudança só fará sentido se vier acompanhada de uma ampliação do papel da União no combate à criminalidade e de um reforço significativo de recursos federais. Segundo ele, sem "verbas substanciais", o novo ministério tende a ser ineficaz.

"Eu concordo com o presidente que essa divisão (Ministério da Justiça e Ministério da Segurança Pública) faria sentido, primeiro, se houvesse uma ampliação do papel da União no combate à criminalidade. Em segundo lugar, se viessem verbas substanciais, porque hoje nós temos no nosso Fundo Nacional de Segurança Pública a verba irrisória de R$ 2 bilhões", afirmou.

Na entrevista, o ministro também criticou as mudanças promovidas pela Câmara dos Deputados no texto da PEC da Segurança enviado pelo governo. Embora tenha elogiado a disposição do relator, deputado Mendonça, para o diálogo, Lewandowski avaliou que a versão aprovada se distancia do eixo central da proposta do Executivo.

"A principal crítica que eu faço é que o texto está, de certa maneira, na contramão da proposta que nós apresentamos. O principal ponto da PEC era a coordenação de forças, e isso ficou de fora", disse. Para ele, ao priorizar a descentralização e o fortalecimento das forças locais, o texto pode representar um retrocesso em relação ao modelo de coordenação nacional previsto no Sistema Único de Segurança Pública (Susp), criado em 2018.

Lewandowski também comentou o Projeto de Lei da Dosimetria, aprovado pela Câmara e pelo Senado. Ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), ele afirmou que a revisão da norma ainda passará por sua mesa. O presidente Lula já declarou que pretende vetar o texto, que reduz penas de condenados por tentativa de golpe de Estado.

"Na medida em que você ameniza as sanções contra esse tipo de atentado contra as instituições, que é gravíssimo, você pode estimular futuros atentados contra o Estado Democrático de Direito", comentou.

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