Política

CENÁRIO RUIM

Desaprovação do presidente Lula dificulta formação de alianças para o PT no Estado

Sigla estuda lançar candidatos próprios para governador e senador, em função da improvável formação de chapa com partidos aliados

Continue lendo...

Com a desaprovação ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), crescendo a cada pesquisa de avaliação, tanto em nível nacional quanto estadual, e lidando com desgastes em sequência por conta de crises da gestão petista, o partido já vislumbra dificuldades para fechar acordos políticos que garantam um palanque competitivo na eleição do próximo ano em Mato Grosso do Sul.

Os entraves se dão em duas frentes: a proximidade dos partidos aliados nacionalmente, como PSDB, PSD e MDB, com a direita no Estado e a indefinição sobre os nomes que vão concorrer para governador e senador em Mato Grosso do Sul na tentativa de oferecer musculatura para a possível candidatura de Lula à reeleição.

No caso do PSD, no Estado, o partido é comandado pelo senador Nelsinho Trad, apoiador de primeira hora do ex-presidente da República Jair Messias Bolsonaro (PL) desde as eleições de 2018, que não esconde de ninguém sua falta de simpatia ao PT.

Além disso, nacionalmente, o presidente da legenda, Gilberto Kassab, já avisou que a sigla deve lançar candidatura própria à Presidência da República, seja com o governador do Paraná, Ratinho Jr., ou do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, seja subindo no palanque do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Já o MDB de Mato Grosso do Sul tem como lideranças o ex-governador André Puccinelli e o ex-senador Waldemir Moka, ambos também ligados à direita, inclusive, Moka integra a equipe do governador Eduardo Riedel (PSDB).

Portanto, a única exceção do MDB estadual é a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, que é Lula de carteirinha, porém, uma andorinha só não faz verão, então, será voto vencido caso defenda a formação de uma aliança com o PT no Estado.

O presidente nacional do MDB, Baleia Rossi, tenta ganhar tempo e evitar a discussão eleitoral em 2026, porém, não esconde de ninguém que tem uma “dívida de gratidão” com Tarcísio de Freitas, ou seja, trata-se de mais um aliado de Lula que pode virar a casaca na hora de definir o apoio na disputa pela Presidência da República.

Caso ainda sobreviva com força política até a próxima eleição, o PSDB, do governador Riedel e do ex-governador Reinaldo Azambuja, já deu toda a demonstração possível de que também está mais para a direita do que para a esquerda, portanto, o PT, mesmo tendo vários cargos na gestão estadual, sabe que terá de abandonar o barco mais cedo ou mais tarde.

CANDIDATURAS FRÁGEIS

Somam-se a esse cenário negativo as candidaturas frágeis que o PT está cogitando para a provável disputa aos cargos de governador e de senador em Mato Grosso do Sul, pois, nos bastidores, os nomes são do ex-deputado federal Fábio Trad e do deputado federal Vander Loubet, respectivamente. 

Os petistas sul-mato-grossenses sabem que nenhum dos dois terá um bom desempenho nas urnas caso insista em disputar esses dois cargos, tanto que pessoas próximas a Vander Loubet já afirmam que ele não deve trocar a reeleição garantida para a Câmara dos Deputados por uma aventura na eleição para o Senado.

No caso de Fábio Trad, apesar de ser um político com bom trânsito junto a várias lideranças partidárias de Mato Grosso do Sul, não tem capilaridade nem musculatura para concorrer a governador, ainda mais em um estado onde o bolsonarismo fincou bandeira.

Além disso, petistas do grupo do deputado estadual Zeca do PT e do deputado federal Vander Loubet são favoráveis a que o partido não lance candidatos a nenhum desses dois cargos, preferindo apoiar o atual governador Riedel na reeleição e defendendo que a candidatura ao Senado seja a da ministra Simone Tebet, porém, neste caso, a dificuldade será o MDB continuar no arco de aliança de Lula em 2026.

Com isso, os dirigentes do PT estadual manifestam preocupação, mas devem aguardar a orientação nacional do presidente Lula, já que o que ele definir será acatado pela militância petista sul-mato-grossense.

No entanto, eles sabem que a estratégia passa pela necessidade de ter nomes fortes nas duas disputas, fortalecendo a chapa de Lula. Em nível nacional, o cálculo do PT é pragmático: mesmo que haja derrotas locais, é necessário evitar uma diferença de votos significativa a favor do nome que disputará a Presidência da República contra Lula, o que foi possível em 2022.

ELEIÇÃO ESTADUAL

Para complicar ainda mais a situação do PT em Mato Grosso do Sul, no dia 6 de julho, o partido terá eleições internas, o chamado processo de eleição direta (PED), e, diferentemente do desejo de Vander Loubet de a legenda ter candidatura única, a sigla terá disputa entre o deputado federal e o professor e bancário Humberto Amaducci.

O temor de concorrência no PED é o surgimento de um racha dentro do PT, o que tornaria mais difícil ainda o que já é complicado, isto é, formar uma chapa competitiva em Mato Grosso do Sul para dar palanque para a eventual candidatura de reeleição do presidente Lula em 2026.

O certo é que, querendo ou não, no dia 6 de julho os petistas vão às urnas na Escola Vespasiano Martins, localizada na Rua 13 de Maio, nº 1.516, no centro de Campo Grande, para definir quem será o novo presidente estadual do partido.

Apesar de os petistas se orgulharem de fazer parte do único partido que escolhe seus dirigentes pelo voto direto, uma disputa neste momento, às vésperas de uma eleição geral para a Presidência da República, pode jogar uma pá de cal nas pretensões da legenda de formar uma chapa forte para ajudar na campanha de reeleição do presidente Lula em Mato Grosso do Sul.

SAIBA

Fatores que aumentam a reprovação a Lula

Duas pesquisas divulgadas neste mês mostraram queda na avaliação positiva nos números de aprovação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Nos dois casos, as oscilações se deram na margem de erro do levantamento.

No levantamento do Datafolha, a subida de dois pontos porcentuais no índice dos que avaliam o governo como ruim ou péssimo, e a queda de um ponto porcentual entre os que acham que é ótimo ou bom, no intervalo de dois meses, interrompem a recuperação registrada no levantamento anterior.

Agora, são 40% os que avaliam positivamente o governo, 28% os que fazem uma avaliação negativa e 31% os que acham regular. Na pesquisa Ipsos/Ipec, o crescimento de 41% para 43% no índice dos que acham a gestão ruim ou péssima e a queda de 27% para 25% dos que acham que o governo é ótimo ou bom, em um intervalo de três meses, ampliam um cenário de perda crescente de popularidade do presidente.

Assine o Correio do Estado

Política

Avaliações positiva e negativa do STF crescem e mostram divisão da percepção da população

O porcentual de brasileiros que avaliam positivamente o trabalho do STF subiu de 23% para 33% entre julho e dezembro deste ano; percepção negativa, que segue predominante, avançou de 32% para 36%

19/12/2025 22h00

Supremo Tribunal Federal (STF)

Supremo Tribunal Federal (STF) Crédito: Fábio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil

Continue Lendo...

Pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta sexta-feira, 19, mostra que cresceram as avaliações positivas e negativas sobre o trabalho do Supremo Tribunal Federal (STF), mostrando uma divisão da percepção da população brasileira sobre a atuação da Corte.

O porcentual de brasileiros que avaliam positivamente o trabalho do STF subiu de 23% para 33% entre julho e dezembro deste ano. No mesmo período, a percepção negativa, que segue predominante, avançou de 32% para 36%. Já a avaliação regular recuou de 34% para 24%.

No intervalo entre os dois levantamentos, a Primeira Turma do STF condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a 27 anos e três meses de prisão pelos crimes de organização criminosa armada, golpe de Estado, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, deterioração de patrimônio tombado e dano qualificado contra o patrimônio da União.

Entre as duas edições da pesquisa, também houve mudança no comando da Corte. O ministro Edson Fachin assumiu a presidência do tribunal e o ministro Luís Roberto Barroso se aposentou. Fachin adota um perfil mais discreto e defende a chamada "autocontenção" do Judiciário, em contraste com o antecessor, que sustentava que o Supremo deveria exercer um "papel iluminista" e atuar de forma mais protagonista na definição de direitos.

No mesmo período, o secretário de Estado do governo Donald Trump, Marco Rubio, revogou o visto do ministro Alexandre de Moraes e de seus familiares, além de outros sete integrantes do STF. O governo dos Estados Unidos também aplicou sanções a Moraes com base na Lei Magnitsky, norma criada para punir violadores graves de direitos humanos. Foi a primeira vez que uma autoridade de um país democrático foi alvo das medidas previstas na legislação. Neste mês, o presidente Donald Trump retirou o nome do ministro da lista de sancionados.

Outros poderes

A pesquisa também avaliou os demais Poderes. No Legislativo, a percepção varia conforme a Casa. No Senado Federal, a maior parcela dos entrevistados (34%) classifica o desempenho como regular, porcentual que empata, dentro da margem de erro (2 p p), com a avaliação negativa, de 33%. A avaliação positiva soma 22%, enquanto 11% não souberam ou não quiseram responder.

Na Câmara dos Deputados, a avaliação negativa predomina: 36% consideram o trabalho ruim ou péssimo. A percepção, porém, está tecnicamente empatada com a avaliação regular, que alcança 35%. A avaliação positiva é de 20%, e 9% não responderam.

A pesquisa foi realizada por meio de entrevistas presenciais entre os dias 11 e 14 de dezembro de 2025. O levantamento tem nível de confiança de 95% e margem de erro de dois pontos porcentuais. Os entrevistados puderam classificar cada Poder como ótimo, bom, regular, ruim ou péssimo, com os resultados consolidados nas categorias positiva, regular e negativa.

Governo Lula

Em relação ao Executivo federal, 38% dos brasileiros avaliam que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) faz um trabalho ruim ou péssimo. Outros 34% consideram a gestão boa ou ótima, enquanto 25% a classificam como regular. Já 3% não souberam ou não responderam.

Política

Ministro do Paraguai fala em disposição construtiva para avançar em acordo Mercosul-UE efetivo

Segundo Rubén Ramírez Lezcano, um dos desafios centrais para o Paraguai é a superação das assimetrias estruturais

19/12/2025 21h00

Segundo Rubén Ramírez Lezcano, um dos desafios centrais para o Paraguai é a superação das assimetrias estruturais

Segundo Rubén Ramírez Lezcano, um dos desafios centrais para o Paraguai é a superação das assimetrias estruturais Foto: Divulgação

Continue Lendo...

O ministro das Relações Exteriores do Paraguai, Rubén Ramírez Lezcano, reafirmou a "disposição construtiva" para avançar na concretização efetiva do acordo entre Mercosul e União Europeia (UE), durante a 67ª reunião do Conselho do Mercado Comum (CMC) do Mercosul, órgão decisório de nível ministerial do bloco, nesta sexta-feira, 19, segundo nota do Ministério de Relações Exteriores do país.

"Em particular, o Paraguai confia que os mecanismos de salvaguarda serão abordados e aplicados de maneira compatível com respeito ao negociado e acordado, e também de acordo com as normas multilaterais preservando o equilíbrio de direitos e obrigações das partes", disse Lezcano.

O chanceler também afirmou que "o Paraguai acredita e aposta em um Mercosul que funcione para todos, capaz de traduzir seus princípios em resultados concretos e de responder com pragmatismo e visão aos desafios estruturais que ainda persistem" na região.

Segundo Lezcano, um dos desafios centrais para o Paraguai é a superação das assimetrias estruturais entre os Estados Parte do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e, mais recentemente em 2024, Bolívia). "Não se trata de uma noção abstrata, mas de uma realidade econômica e geográfica que limita nosso desenvolvimento e condiciona nossa competitividade", disse, frisando que a condição mediterrânea do país impõe custos adicionais que encarecem as exportações e restringem a participação nas cadeias regionais de valor.

A reunião do CMC, em Foz do Iguaçu, nesta sexta-feira, foi majoritariamente fechada à imprensa.

No sábado, 20, o Brasil deve passar o bastão da Presidência Pro Tempore do bloco ao Paraguai, durante a 67ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul e Estados Associados, também em Foz do Iguaçu. 

Assine o Correio do Estado

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).