Já cassado pela Justiça Eleitoral em todas as instâncias por seu partido não ter cumprido a cota feminina nas eleições de 2022, o deputado estadual Rafael Tavares (PRTB) apresentou nesta quarta-feira (28) um projeto de lei que pode ser sua despedida da casa: a declaração do presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT), “persona non grata” no âmbito do Estado de Mato Grosso do Sul.
Tavares acompanha uma onda nacional que teve início no Estado de Mato Grosso, e tem sido difundida por deputados e vereadores bolsonaristas como ele em todo o país.
Tais iniciativas acompanham a decisão do governo de Israel que declarou o presidente da República Federativa do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) depois de o mesmo ter comparado as mortes de mulheres e crianças palestinas pelo Exército de Israel, no conflito que ocorre na Faixa de Gaza, com o massacre promovido por Adolf Hitler contra judeus na Segunda Guerra Mundial.
“A Confederação Israelita do Brasil (CONIB) expressou preocupação com as implicações dessas declarações para o aumento do antissemitismo no Brasil. O presidente da CONIB, Claudio Lottenberg, classificou a fala de Lula como demonstrativa de uma “ignorância” sobre a situação e alertou que ela poderia legitimar o discurso de ódio e aumentar o risco de ações antissemitas no país”, afirmou Tavares em sua justificativa.
Ainda no projeto de lei, Tavares menciona a decisão do governo de extrema direita de Israel. “Assim, para que nosso Estado demonstre ser contra este tipo de violência, seguimos o Exemplo do Ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, declarou Lula persona non grata, citando as comparações feitas por ele como uma ofensa e um ataque antissemita, declarando o atual presidente senhor Luiz Inácio Lula da Silva, persona non grata no Estado de Mato Grosso do Sul”, justificou.
Na mesma justificativa Tavares alega que não “tal cidadão”, referindo-se a Lula, não deveria ser acolhido em Mato Grosso do Sul, e alega que Israel seria o principal parceiro de Mato Grosso do Sul. O país da região do Levante, no Oriente Médio, contudo, não figura na lista dos 10 maiores parceiros comerciais de Mato Grosso do Sul, sendo que a China é a primeira há mais de dois anos.
Cassado
Tavares está cassado desde o início do mês, quando o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) rejeitou por unanimidade o último recurso dele para tentar manter seu mandato.
O presidente do TSE, aliás, já emitiu ordem para que o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MS) reconte os votos e dê voto ao novo deputado eleito.
O novo deputado eleito é Paulo Duarte (PSB), que deve ser diplomado nesta sexta-feira (1) e assumir o mandato na próxima semana.
Sem Tavares na casa, a extrema-direita fica apenas com João Henrique Catan (PL) entre seus representantes. Os outros deputados do PL têm um tom mais mais moderado: Coronel David, mais próximo ao governo Eduardo Riedel, e Neno Razuk que ultimamente usa seu tempo para se defender das acusações de envolvimento com máfia do jogo do bicho em Campo Grande.


