Política

ELEIÇÕES 2020

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Pandemia em Campo Grande pode transformar templos em palanques eleitorais

Proibição de aglomerações pode dar às celebrações religiosas o status de comício, prática ilegal

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A política praticada dentro dos templos religiosos poderá ficar em evidência até as eleições municipais de novembro. Os eleitores devem ficar atentos e denunciar, recomendam especialistas.  

Caso analisado recentemente pela Justiça Eleitoral, o protagonismo de líderes religiosos que também se colocam como lideranças políticas, somado à exclusividade dos templos neste momento de pandemia como um dos poucos recintos em que é permitida a reunião de pessoas para se pregar um discurso para um determinado público, levou os juristas e também as autoridades a ficarem em alerta para o uso da boa-fé de fiéis em favor de projetos políticos.  

Embora o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tenha rejeitado a formulação da tese de abuso de poder da fé, para dar causa à perda de mandato eletivo, o advogado especialista em Direito Eleitoral Valeriano Fontoura ressalta que o uso de estruturas religiosas em proveito eleitoral pode ser enquadrado em várias causas passíveis de punição existentes na legislação eleitoral, como a propaganda ilegal e até mesmo o enquadramento em outras formas de abuso previstas em lei e na jurisprudência, como os abusos do poder econômico, político ou da comunicação social.  

“Já existem precedentes em julgados contra candidatos que usam das igrejas, dos templos, e da boa-fé dos eleitores em campanhas. É aproveitar-se da crença e explorá-la eleitoralmente, o que pode perfeitamente ser tipificado como abuso do poder econômico”, adverte o advogado, que atua em eleições há mais de duas décadas. 

Fontoura frisa o julgamento do dia 18, no Tribunal Superior Eleitoral, em que o mandato da vereadora Valdirene Tavares dos Santos, de Luziânia (GO), foi mantido. 

Evangélica, ela foi flagrada pedindo votos para si dentro de um templo religioso e acabou tendo o mandato cassado após denúncia do Ministério Público Eleitoral.  

No TSE, o ministro Edson Fachin tentou emplacar a tese de abuso do poder da fé, que acabou rejeitada pela maioria da corte.  

TENDÊNCIA

Valeriano Fontoura comenta que neste período de pandemia, em que aglomerações em casas e espaços públicos estão proibidas, restam pouquíssimas opções para os pré-candidatos permanecerem perto de seus potenciais eleitores. 

As celebrações religiosas têm sido vistas como a salvação de alguns políticos e uma oportunidade para os que pretendem se aventurar nas próximas eleições.  

Perguntado sobre a possibilidade de fiscalização das atividades religiosas, Fontoura explicou que se trata de um ato lícito, e os eleitores que se sentirem prejudicados ou indevidamente assediados por sacerdotes ou líderes religiosos devem procurar a Justiça Eleitoral. 

“Esse é um caminho que já vem de outras eleições: a fiscalização tem de ser ainda mais intensa”, afirma o advogado, ao lembrar que existem vários recursos audiovisuais que podem ser usados a favor dos eleitores, como filmar cultos e outras celebrações. 

“Os fiéis já estão se valendo destes meios [digitais] para fiscalizarem os atos políticos que ocorrem nas igrejas. Ele também acredita que os departamentos jurídicos das coligações ficarão mais atentos ao uso da fé dos seguidores em proveito de determinados candidatos. “Com certeza, as celebrações serão um terreno fértil para se burlar a lei”, comenta.  

DIRETRIZES?

Nas igrejas evangélicas, o tema é tratado com cuidado pelos líderes espirituais. 

Perguntado se nas igrejas evangélicas de Campo Grande há alguma diretriz para os sacerdotes cumprirem no período eleitoral, como o afastamento de quem se candidatar, Ronaldo Leite, presidente do Conselho de Pastores, afirmou que as igrejas associadas ao conselho seguirão rigorosamente a lei. 

“Democracia é para todos. Temos ônus e bônus. Se alguém se sentir lesado em seu direito de se expressar pode procurar a Justiça e fazer pelo caminho correto, tudo de maneira ordeira”, afirmou.

Ronaldo Leite fez questão de falar sobre a representatividade. “Todos os segmentos da sociedade têm direito a representarem e serem representados politicamente e isso tem de valer para todos”, concluiu.

Em Campo Grande, na Câmara Municipal, há pelo menos seis parlamentares que foram eleitos sob forte influência do voto religioso, predominantemente evangélico. 

É o caso de Antônio Cruz (PSDB), Pastor Jeremias (Avante), Papy (Solidariedade), Gilmar da Cruz (Republicanos), Betinho (Republicanos) e Junior Longo (PSDB). 

Alguns deles não escondem que representam instituições evangélicas, como a Igreja Universal do Reino de Deus ou a congregação El Shadday, por exemplo.  

Mais centralizada, a Igreja Católica Romana orienta os membros do clero a não se candidatarem: “Em vista da sua missão religiosa, que se abstenham de exercer cargos políticos ou de militar nos partidos políticos”.  

PROIBIÇÃO

A legislação eleitoral proíbe propaganda eleitoral em templos religiosos, pois eles são considerados espaços públicos de uso comum, onde tal prática não é permitida.

Em julgado de 2016, o juiz do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, Marcelo Coutinho, argumentou da seguinte forma ao julgar um caso de abuso do poder religioso: “É uma espécie de abuso do poder carismático ou ideológico [...] exerce influência sobre o comportamento alheio e induzir membros do grupo a realizar ou não uma ação”.  

Justiça

STF reafirma que todas as decisões da Corte são fundamentadas

Declaração é em resposta a comitê da Câmara dos Deputados dos EUA

18/04/2024 22h00

Marcelo Casal/ Agência Brasil

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O Supremo Tribunal Federal (STF) declarou nesta quinta-feira (18) que todas as decisões tomadas pela Corte são fundamentadas. A manifestação foi feita após um comitê da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos divulgar notificações do ministro Alexandre de Moraes direcionadas à rede social X, antigo Twitter.

Na quarta-feira (17), os documentos, que estão em segredo de Justiça, foram divulgados pela comissão, que tem parlamentares ligados ao ex-presidente Donald Trump no comando dos trabalhos.

As notificações fazem parte de diversas determinações para retirada de conteúdos considerados ilegais por Moraes. A remoção das postagens são consideradas como censura pelos críticos do ministro.

Ao se manifestar sobre a divulgação do comitê, o Supremo rebateu acusações de que as decisões não foram fundamentadas.  Segundo o STF,  os documentos que foram divulgados são ofícios enviados às plataformas para cumprimento das decisões.

A Corte declarou ainda que todas as partes envolvidas em processos têm acesso à fundamentação das decisões.

"Todas as decisões tomadas pelo STF são fundamentadas, como prevê a Constituição, e as partes, as pessoas afetadas, têm acesso à fundamentação", afirmou a Corte.

A ofensiva contra o Supremo e Alexandre de Moraes nos Estados Unidos começou após o ministro incluir o empresário norte-americano Elon Musk, dono da rede social X, no inquérito que investiga atuação de milícias digitais para disseminar notícias falsas no país.

 

 

Recebidos pagos

Líder da oposição quer lista de presentes recebidos por Lula e Janja em viagens

Segundo Barros, as "mais de 15 viagens" de Lula não proporcionaram "efeitos positivos para o Brasil até o momento", o que justifica o pedido de "fiscalização"

18/04/2024 18h00

EBC

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O deputado federal Filipe Barros (PL-PR), líder da oposição na Câmara dos Deputados, solicitou acesso à lista de presentes recebidos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e pela primeira-dama Rosângela Lula da Silva (PT) durante as viagens internacionais e nacionais realizadas por eles. O parlamentar argumenta que a situação dos 231 itens recebidos pelo casal do primeiro dia do mandato até 2 de maio de 2023, revelados pelo Estadão, "gera controvérsias".

O requerimento de acesso aos dados, protocolado nesta quarta-feira, 17, solicita ao ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macêdo (PT), além da lista detalhada de presentes recebidos entre o início do mandato de Lula e o dia 16 de abril de 2024, informações sobre o encaminhamento dado aos itens e os valores gastos com alimentação durante as viagens do presidente. Procurada pelo Estadão, a Secretaria-Geral da Presidência ainda não se manifestou.

Segundo Barros, as "mais de 15 viagens" de Lula não proporcionaram "efeitos positivos para o Brasil até o momento", o que justifica o pedido de "fiscalização" que tem como objetivo o "esclarecimento da situação". Ainda, o deputado menciona a decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) de auditar o recebimento dos bens dados a Lula em 2023, antes do fim da gestão do mandatário.

Os presentes recebidos pelo presidente são catalogados pela Diretoria de Documentação Histórica, que faz parte do gabinete da Presidência. Em junho de 2023, o órgão admitiu que a lista contendo os bens dados a Lula, sendo 63 deles internacionais, poderia estar incompleta.

Caso das joias

No caso das joias que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou trazer ilegalmente para o País, o Estadão revelou que diversos servidores foram mobilizados para impedir justamente esta etapa do cadastro. O colar, anel, relógio e o par de brincos de diamantes avaliados em R$ 16,5 milhões eram um presente do príncipe da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman al Saud, e foram apreendidas no aeroporto de Guarulhos quando Bolsonaro e a então primeira-dama, Michelle Bolsonaro, voltaram da viagem.

A fim de liberar os presentes, o ex-presidente atuou pessoalmente e ainda acionou três ministérios para forçar a liberação dos itens que estavam na mochila de um militar, assessor do então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque Ao todo, foram oito tentativas para que Bolsonaro ficasse com as joias.

A revelação gerou tanto impacto que, em junho do ano passado, Janja e Lula cancelaram um jantar com o príncipe em Paris para evitar a má repercussão causada pelo encontro.

 

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