Política

Financiamento

Fazendeiros, empresários e redes de supermercados já doaram 300 quilos de carne para bolsonaristas

QG de voluntários do Bolsonaro recebeu até vacas inteiras como doação para alimentar os manifestantes

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Quem passa pelas manifestações dos apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) - que foram às ruas inconformados com a derrota dele nas eleições para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no dia 30 de outubro -, deve se perguntar de onde vem o financiamento para tamanha estrutura.

 

O Correio do Estado apurou que, em Campo Grande, o “QG Voluntários do Bolsonaro” vêm recebendo doações para alimentar os manifestantes. Segundo os voluntários do QG, entre os doadores estariam fazendeiros, empresários e até mesmo uma rede de supermercados.

 

Sirlei Ratier, candidata derrotada a deputada federal pelo Progressistas, que conseguiu suplência nas eleições, é uma das organizadoras do QG. 

 

Segundo ela, o local existe desde agosto de 2018, e se tornou um ponto conhecido entre os bolsonaristas. Como precisavam de um espaço físico, o QG assumiu a organização das arrecadações.

 

Ainda segundo ela, todas as doações são voluntárias, e o QG não recebe recursos públicos ou de políticos eleitos.

 

“Nós temos aqui todo nível de pessoa, de todas as classes sociais, contribuindo. Todo aquele que acha que esse movimento é legítimo quer vir contribuir, quer vir participar”, comentou.

 

A organizadora afirmou que grande parte das doações vem do “pessoal do agro” e até mesmo de donos de supermercado. Segundo voluntários do QG, e Sirlei Ratier, uma grande rede da cidade seria um dos doadores. O Correio do Estado procurou pela assessoria do supermercado, que afirmou desconhecer a informação, que ela não procede, e que nega veementemente a doação de materiais para os atos golpístas.

 

A estimativa é de que 300 quilos de carne já tenham sido doados desde o início das manifestações.

 

“As pessoas às vezes chegam e mandam uma vaca inteira. Duas pessoas mandaram uma vaca inteira”, acrescentou.

 

Os voluntários estão distribuindo arroz carreteiro, assando carnes e levando água mineral (hidratação) aos manifestantes.

 

“Ficou gente o dia inteirinho assando carne e frango lá, e servindo dentro de pão, um sanduíche. Milhares de pessoas comeram ontem lá no Comando Militar do Oeste”.

 

 

Sem hora para acabar

 

Sirlei afirma que não há previsão para o movimento acabar. Segundo ela, o compromisso com os manifestantes é de que todos permaneçam lá até alcançarem o que querem.

 

“Nós não queremos ser governados por uma pessoa condenada em três instâncias e que foi descondenada, alçada à categoria de presidenciável, conseguiu se candidatar e foi eleita em um sistema fraudulento. E eu falo isso sem medo. A fraude não foi só da urna, não, ela foi bem anterior”, concluiu.

 

Já outro voluntário, que se identificou como Juliano Ribeiro, afirmou que o movimento não é eleitoral, mas sim uma manifestação de insatisfação pelo Brasil.

 

“Se o Tribunal Superior Eleitoral proclamou o resultado da eleição, tudo bem, está proclamado. Nossa briga não é com o resultado da eleição. Nós não queremos que o Brasil continue essa pouca vergonha que ele está, e nós estamos nos opondo a um sistema opressor que está aí no Brasil e a gente não aceita”, relatou.

 

Este já é o 4º dia de manifestações

 

Bloqueio urbano parcial

 

Os movimentos de natureza golpista, questionando o resultado das eleições do dia 30 de outubro, começaram na segunda-feira (31), com bloqueio de estradas em todo o Estado e interdição parcial da Avenida Duque de Caxias, em Campo Grande, em frente ao Comando Militar do Oeste. 

 

A via é uma das principais da região Oeste da Capital, principal ligação ao Aeroporto Internacional. O movimento tem gerado reclamações de quem precisa se deslocar. Até o momento, nem a prefeitura de Campo Grande, nem a Polícia Militar, tomaram medida alguma para desbloquear todas as pistas da via. 

 

Nas eleições do último domingo, Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito com 60.345.999 votos (50,9%). Jair Bolsonaro teve 58.206.354 votos (49,1%). 

 

Observadores internacionais, líderes das principais economias do mundo, e até mesmo integrantes do governo Bolsonaro já reconheceram o resultado das urnas. Os manifestantes, porém, continuam cobrando algum tipo de reversão do resultado, ou uma intervenção militar.

 

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ELEIÇÕES 2026

Indiciamento de Bolsonaro fortalece o nome de Tereza e de outras lideranças

No entanto, a senadora sul-mato-grossense ainda pede calma, para ver em que essa história vai dar, pois falta "muito tempo"

25/11/2024 08h00

A senadora Tereza Cristina (PP) durante entrega de nove vans para oito prefeitos na Assomasul

A senadora Tereza Cristina (PP) durante entrega de nove vans para oito prefeitos na Assomasul Foto: Edson ribeiro/Assomasul

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O indiciamento do ex-presidente da República Jair Messias Bolsonaro (PL) pela participação em um plano de golpe de Estado deve dificultar ainda mais as chances de ele se manter no páreo para a disputa pelo Palácio do Planalto em 2026, uma vez que já está inelegível – e a conclusão do inquérito da Polícia Federal (PF) reforça a impossibilidade de ele reverter a situação.

Diante disso, as lideranças políticas de centro-direita e direita aceleraram nos últimos dias a necessidade de encontrar uma alternativa para tentar voltar ao poder no próximo pleito, e os nomes da senadora Tereza Cristina (PP) e dos governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), se fortaleceram.

A parlamentar sul-mato-grossense é tida como uma das postulantes ao cargo em função da sua influência junto ao setor agropecuário brasileiro desde o tempo em que foi ministra de Agricultura, Pecuária e Abastecimento na gestão de Bolsonaro.

Além disso, o fato de Tereza Cristina ter obtido uma grande vitória em Campo Grande – tirando o candidato apoiado pelo ex-presidente do segundo turno da eleição municipal na Capital – repercutiu junto à direita por todo o País e teria demonstrando que o nome de Bolsonaro estaria perdendo a força em redutos considerados bolsonaristas.

Procurada pelo Correio do Estado, a senadora disse que ainda precisa entender melhor toda essa situação do indiciamento do ex-presidente. “Quantas vezes a gente já não foi para frente e depois foi para trás com esse assunto da inelegibilidade do Bolsonaro? 

Por isso, agora temos de ter muita calma e vamos esperar [para ver] no que isso tudo vai dar”, declarou. Tereza Cristina completou que “a eleição para a Presidência da República ainda está longe, temos mais de um ano pela frente”.

“No entanto, em 2025, com certeza, será o ano de discutir os nomes para disputar a Presidência do Brasil, pois tem muita gente boa, inclusive ainda temos a possibilidade de o Bolsonaro ser o nosso nome. Afinal, o Brasil é um país onde tudo é possível”, afirmou. 

OUTRO NOMES

Considerado o herdeiro político de Bolsonaro, o governador Tarcísio de Freitas já afirmou não haver provas contra o ex-presidente.

“Há uma narrativa disseminada contra o presidente Jair Bolsonaro e que carece de provas. É preciso ser muito responsável sobre acusações graves como essa. O presidente respeitou o resultado da eleição e a posse aconteceu em plena normalidade e respeito à democracia. Que a investigação em andamento seja realizada de modo a trazer à tona a verdade dos fatos”, postou em suas redes sociais.

Único da lista a admitir publicamente a intenção de disputar o Palácio do Planalto em 2026, Ronaldo Caiado é cauteloso ao analisar a situação do ex-presidente. “Vejo com muita preocupação [o indiciamento pela PF] e aguardo o fim do julgamento. [É] muito cedo para fazer esse diagnóstico [sobre 2026]”, afirmou o governador.

Caiado rompeu com Bolsonaro durante as eleições municipais deste ano em Goiânia (GO), quando estiveram em lados opostos na disputa pela capital de Goiás, porém, diferentemente de Tereza Cristina, o seu candidato foi para o segundo turno contra o candidato do ex-presidente e impôs outra derrota ao bolsonarismo.

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Política

Exército perde "kids pretos" no Alto Comando após governo Bolsonaro

No fim da gestão do ex-presidente, integrantes de Forças Especiais ocupavam 4 cadeiras na cúpula do Exército

24/11/2024 22h00

 Bolsonaro e Braga Netto

Bolsonaro e Braga Netto Agência Brasil

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O Alto Comando do Exército, grupo composto pelos 16 generais quatro estrelas da Força, não tem nenhum "kid preto" pela primeira vez após o grupo de elite assumir protagonismo durante o governo Jair Bolsonaro (PL).

A ausência de militares com formação nas Forças Especiais é resultado de um conjunto de fatores dos últimos anos, como o desgaste causado por oficiais dessa área no Executivo e o baixo número de "kids pretos" para promoção ao último posto da carreira.

A nova configuração do Alto Comando da Força mostra um cenário diferente do final de 2022, quando quatro generais das Forças Especiais estavam em funções estratégicas do Exército.

Eram eles os generais Marco Antônio Freire Gomes, Júlio César de Arruda, José Eduardo Pereira e Estevam Theophilo.

Cinco generais ouvidos pela Folha afirmaram, sob reserva, que os fatores internos foram mais relevantes que os externos para que os "kids pretos" ficassem de fora da cúpula do Exército após dez anos de protagonismo.

Eles destacam, porém, que a ida massiva desses militares para o governo Bolsonaro --como os generais Luiz Eduardo Ramos e Mario Fernandes-- desgastou a imagem interna dos Forças Especiais. Ao menos 28 deles assumiram cargos no Executivo de 2019 a 2022.
"Kids pretos" são os militares formados nos cursos de operações especiais do Exército. Eles compõem a tropa de elite da Força, treinada para ações de sabotagem e guerra irregular. O apelido foi dado porque os oficiais dessa área usam uma boina preta como símbolo.

Eles passam pelos treinamentos mais exigentes do Exército, com testes físicos extenuantes enquanto sofrem com falta de alimento. Os treinos envolvem ainda saltos de paraquedas em situações adversas.

O 1º Batalhão de Ações de Comandos, o principal dos "kids pretos", tem como lema "máximo de confusão, morte e destruição na retaguarda profunda do inimigo".O Exército possui cerca de 2.500 militares instruídos nas Forças Especiais, número que representa pouco mais de 1% do efetivo do Exército. Suas bases ficam em Goiânia (GO), Rio de Janeiro e Manaus (AM).

Os "kids pretos" têm rivalidade histórica com os precursores paraquedistas do Exército, grupo do qual o comandante do Exército, general Tomás Paiva, faz parte. Os símbolos das duas especialidades são parecidos, mas os precursores usam a cor vermelha em vez da preta.

A área de operações especiais foi criada no Exército na década de 1950, e até o início dos anos 2010 eram poucos os Forças Especiais no Alto Comando. A chegada dos "kids pretos" à cúpula do Exército se intensificou na última década.

A onda é explicada por alguns motivos, segundo os generais ouvidos pela Folha. Um deles foi a relevância da atuação de alguns deles em operações militares internacionais, como no Haiti.
Também ressaltam a coesão do grupo e dizem que os "kids pretos" no Alto Comando geralmente escolhiam outros "kids pretos" para serem promovidos, pelo corporativismo e pela confiança desenvolvida ao longo dos anos.

Os militares formados nos cursos de Forças Especiais ficaram em evidência após a Polícia Federal identificar a participação deles em planos para realizar um golpe de Estado após a vitória de Lula (PT) nas eleições presidenciais de 2022.

Dos 37 indiciados pela Polícia Federal sob suspeita de participação nos planos golpistas, 12 são "kids pretos". Outros militares de boinas pretas são investigados em inquéritos da PF relacionados aos ataques de 8 de janeiro de 2023, como o general da reserva Ridauto Lúcio Fernandes e o coronel da reserva José Placidio dos Santos.

O principal Força Especial indiciado pela Polícia Federal foi o general da reserva Mario Fernandes. Ele é apontado como o autor de um plano operacional para matar o Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).

Mario ocupou até 2020 o cargo de chefe do Comando de Operações Especiais do Exército. Segundo a investigação da PF, o general arregimentou outros "kids pretos" para executar os planos golpistas.

Um desses militares foi identificado pela Polícia Federal como o tenente-coronel Rafael Martins de Oliveira, lotado no batalhão em Goiânia. Ele e Mario foram presos na última terça-feira (19).

A Folha apurou que Mario foi chefe de Rafael e outros "kids pretos" investigados pelos planos golpistas. Os dois participaram de reunião no Palácio do Planalto em 6 de dezembro de 2022, quando o general apresentou ao tenente-coronel o planejamento de assassinato das autoridades, ainda segundo a investigação.

 

*Informações da Folhapress 
 

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