Política

FALSO

Militantes não invadiram igreja em Joinville; manifestação aconteceu em instituição de ensino

É falso que militantes petistas invadiram a Paróquia da Paz, em Joinville (SC), na noite de terça-feira (18)

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É falso que militantes petistas invadiram a Paróquia da Paz, em Joinville (SC), na noite de terça-feira (18). O boato foi gerado porque o episódio ocorreu em um prédio com diversas instituições, entre elas a paróquia, de denominação luterana, e a instituição educacional privada Bom Jesus Ielusc, que oferece serviços de ensino fundamental e médio durante o dia e de ensino superior no período noturno.

O grupo, composto por estudantes, professores e também ativistas de esquerda, na verdade ocupou o Deutsche Schule, prédio que abriga as salas da direção, secretarias e coordenações dos cursos e, em seguida, os manifestantes foram para o pátio.

O ato aconteceu em defesa de uma professora da faculdade, que foi demitida após manifestar-se contra apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) em sua conta no Twitter. A publicação foi feita em 1° de outubro, mesmo dia em que o presidente participou de uma motociata na cidade catarinense.

  • Conteúdo investigadoVídeo publicado no Instagram por uma conta bolsonarista que mostra jovens entrando em um prédio e gritando palavras de ordem. O post, com mais de 339 mil visualizações, afirma que a ação se trata de uma invasão à igreja.
  • Onde foi publicado: Instagram e Twitter.
  • Conclusão do Comprova: Não houve invasão de igreja por militantes petistas em Joinville. O grupo era, na realidade, formado por estudantes e organizações políticas de esquerda da cidade, e entrou no terreno em que fica a paróquia para protestar contra a demissão de uma professora do ensino superior que lecionou por 15 anos no Bom Jesus Ielusc e foi desligada após manifestar-se contra bolsonaristas em sua rede social. A instituição ocupa o mesmo complexo que a igreja e faz parte da Rede Sinodal de Educação, ligada à Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), uma entidade associativa que reúne instituições educacionais com vínculos evangélico-luteranos.

Em vídeos compartilhados na internet, os manifestantes aparecem gritando as palavras de ordem “ocupar e resistir” enquanto sobem as escadas do Deutsche Schule, prédio administrativo da instituição.

As publicações enganosas sugerem que militantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e do Partido dos Trabalhadores (PT) teriam entrado no local e “invadido” a igreja luterana durante o culto. Em nenhum momento, no entanto, os participantes entram no espaço religioso ou tocam os sinos.

Ao Comprova, integrantes de grupos que estiveram à frente do ato negaram que o protesto tenha sido organizado pela CUT ou pelo PT. Segundo eles, as manifestações foram individuais, com bandeiras e adesivos partidários de pessoas que se somaram ao ato, mas também com a presença de integrantes de sindicatos de professores, tanto de instituições públicas quanto privadas da cidade, e estudantes.

Em nota publicada na quarta-feira (19), a Paróquia da Paz desmentiu a suposta invasão e afirmou que, por compartilhar do mesmo espaço que a instituição de ensino, a manifestação gerou “incômodo” durante o culto em andamento, mas a celebração não foi paralisada.

Em consulta no Google Maps, é possível ver dois prédios: um azul, que é a igreja, e um amarelo, que é a antiga escola alemã Deutsche Schule. Na filmagem, os manifestantes entram apenas na estrutura em amarelo.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

  • Alcance da publicação: Até a tarde de quinta-feira, 20 de outubro, as postagens compartilhadas obtiveram um total de 502,9 mil visualizações, contabilizando Instagram e Twitter.
  • O que diz o responsável pela publicação: A reportagem entrou em contato com o autor da publicação e até o momento não teve resposta. Após o pronunciamento da congregação, o vídeo foi excluído da página.
  • Como verificamos: Inicialmente, buscamos reportagens que citaram o protesto dos estudantes na faculdade Bom Jesus Ielusc e procuramos por vídeos publicados nas redes sociais utilizados em peças de desinformação. Também consultamos o Google Maps e, com base nos vídeos, concluímos que o prédio ocupado pelos manifestantes foi o amarelo, chamado Deutsche Schule, e não a igreja, estrutura em azul.
| Captura de Tela do Google Maps

A equipe também procurou a assessoria de comunicação do Ielsuc, a defesa da professora Maria Elisa Máximo e, por fim, a nota oficial da congregação luterana e outras instituições que abordaram o assunto, além de perfis oficiais de políticos e páginas que compartilharam a desinformação.

Não houve invasão na igreja   

Ao contrário do que dizem vídeos e posts que circulam na internet, os manifestantes não invadiram a Paróquia da Paz.

A igreja, construída em 1857 e que mantém parte da estrutura original, atualmente fica ao centro do Colégio Bom Jesus Ielusc, antiga escola alemã (Deutsche Schule) que foi construída anos mais tarde, assim como as outras edificações que integram o mesmo espaço com os ensinos fundamental, médio e superior.

O prédio que o grupo ocupou, portanto, foi o Deutsche Schule, que abriga o administrativo da instituição privada. Após o boato, a própria congregação emitiu um comunicado desmentindo a suposta invasão e afirmando que o grupo não entrou no espaço religioso em nenhum momento do ato.

O texto ainda diz que, durante o protesto, acontecia um culto — que é celebrado toda terça-feira, às 19h —, e que os manifestantes não tiveram acesso aos sinos, acionados logo após a oração do Pai Nosso, como de costume.

Além disso, por compartilhar do mesmo espaço que a instituição de ensino, a nota diz que a manifestação gerou “incômodo durante o culto em andamento em razão do barulho e na saída dos participantes [do culto]”.

No entanto, a celebração não precisou ser paralisada, conforme esclareceu o pastor Cleo Martin ao jornal O Globo.

Sem título

Além de grupos bolsonaristas, a peça de desinformação foi compartilhada por vereadores de Joinville e pelo candidato ao governo de Santa Catarina Jorginho Mello (PL) — que excluiu a publicação de suas redes após pronunciamento oficial da igreja. O conteúdo falso também foi publicado por jornais gospels, uma página de notícias locais e até pela atriz e ex-secretária de Cultura do governo Bolsonaro Regina Duarte. Em nenhum dos casos, até o fechamento desta checagem, houve retratação.

Quem participou da manifestação e o que motivou o protesto?   

O grupo de manifestantes foi até a instituição Bom Jesus Ielusc protestar contra a demissão da professora Maria Elisa Máximo, que lecionava para o ensino superior. A docente já estava afastada da faculdade há duas semanas após uma publicação em sua conta pessoal do Twitter em que criticava bolsonaristas.

O aviso da demissão veio na terça-feira (18), o que motivou o protesto por parte de estudantes e outras organizações da cidade.

Segundo Chico Aviz, professor e militante de uma das entidades que organizaram o ato, a mobilização não foi encabeçada pelo PT ou pela CUT, mas por entidades estudantis e organizações políticas.

O que houve, segundo ele, foram manifestações individuais de pessoas que participavam da ação levando bandeiras partidárias e adesivos.

“Fomos, sim, ao Ielusc em defesa da professora, mas sem nenhuma relação com a igreja. Fomos ao prédio da faculdade e ao estacionamento. Chegaram a falar que a gente tocou o sino, olha o absurdo disso… Não houve nenhuma fala de intolerância religiosa”, reforça Aviz.

Antes da manifestação em defesa da professora, o grupo se reuniu na Praça da Bandeira, a 450 metros do Bom Jesus Ielusc, para protestar contra cortes do governo federal e retenção de orçamento federal destinado à educação.

A mobilização aconteceu em mais de 70 cidades do país e, nacionalmente, foi convocada pela União Nacional dos Estudantes (UNE).

Os manifestantes saíram da praça central e seguiram para a instituição por volta das 19h30 a pedido dos estudantes contrários à demissão da professora e Eles ficaram na faculdade por cerca de uma hora.

Com bandeiras e faixas, o grupo se concentrou, na maior parte do tempo, no pátio da faculdade onde fizeram discursos.

Professora fez crítica a bolsonaristas  

Maria Elisa Máximo é doutora em antropologia e atuava havia 15 anos como professora do ensino superior no Bom Jesus Ielusc.

No dia 1° de outubro, a educadora publicou, em sua conta pessoal do Twitter, uma crítica a apoiadores de Bolsonaro que participaram naquele dia de uma motociata em Joinville, véspera do primeiro turno das eleições de 2022.

O print do tuíte viralizou em grupos bolsonaristas e, um dia depois, virou assunto na Câmara de Vereadores da cidade , quando o presidente da Casa, Maurício Peixer (PL), definiu a fala de Elisa como “discurso de ódio” e ataque.

Após a repercussão negativa por parte do eleitorado bolsonarista e de pais de alunos matriculados na instituição, no dia 4 de outubro, o Ielusc emitiu uma nota sobre o afastamento da professora e informou que, no dia 12 de agosto, em razão do período eleitoral, foi enviado a todos os funcionários um comunicado “trazendo de forma sucinta o que é esperado do colaborador nesse período”.

Entre as orientações, o texto pedia para “evitar que posicionamentos pessoais possam ser vinculados como sendo da instituição educacional” em salas de aula ou mídias e grupos acessados por estudantes e pais e evitar “debates improdutivos, em especial quando você ou seu interlocutor utilizam achismos e generalizações como argumentos”.

A instituição ainda reforçou que seu “posicionamento institucional é de neutralidade política, por ser apartidária”.

Mesmo após o afastamento, o caso continuou gerando polêmica e repercutiu nacionalmente, sendo alvo de críticas de representantes públicos.

A deputada estadual Ana Caroline Campagnolo (PL-SC), inclusive, levou o assunto para a tribuna da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) na tarde de terça-feira (18) — dia em que ocorreu a demissão.

Um dia após o ato a favor da professora, pais e alunos do Ielusc críticos às manifestações de apoio à educadora, organizaram um protesto em defesa da instituição de ensino.

A convocação foi feita por movimentos de direita da cidade. O grupo cantou o hino nacional e aplaudiu a chegada da cavalaria da Polícia Militar.

Em Joinville, maior colégio eleitoral de Santa Catarina, Bolsonaro teve 72,06% dos votos válidos nas eleições de 2018, o maior índice entre as cidades com mais de 300 mil eleitores, conforme citou o colunista da NSC Jefferson Saavedra.

Neste primeiro turno de 2022, o candidato à reeleição fez 68,98% de todos os votos válidos.

Professora e alunos citam perseguição política  

Ao Globo, Maria Elisa Máximo classificou como política a motivação de sua demissão, apesar de essa justificativa não ter sido apresentada pelo Ielusc. “Até mesmo porque, como uma instituição privada, eles têm a liberdade de rescindir o contrato a qualquer momento”, explicou.

Após a repercussão negativa, Maria Elisa sofreu diversos ataques nas redes sociais e desativou sua conta no Twitter. A educadora diz que teme pela segurança dela e da família.

Em nota escrita na quarta-feira, estudantes da faculdade Bom Jesus Ielusc reforçaram que não houve depredação do ambiente por parte dos manifestantes e que o ato foi pacífico.

O movimento foi apenas, segundo os alunos, para demonstrar insatisfação com a instituição quanto à demissão e “ao seu posicionamento neutro, sem nenhum tipo de blindagem aos seus colaboradores”.

“Não é a primeira vez que um episódio como este acontece. Há alguns anos que professores, que não se posicionam de acordo com o que a instituição prega, são demitidos.

O Ielusc, ao invés de defender a liberdade de expressão da professora, afastou-a e, ontem, procedeu com a demissão. Ela tinha 15 anos de casa. Uma lástima”, cita o texto.

Segundo Daniela Felix, advogada de Maria Elisa, ela foi “dispensada sem justa causa formalmente”. Na próxima semana está prevista a homologação da demissão por parte do sindicato.

“Sobre a rescisão do contrato de trabalho anunciada ontem, consideramos lamentável o posicionamento da faculdade, que coloca fim a um trabalho seríssimo e comprometido de docência, pesquisa e extensão de mais de 15 anos, que prejudica não só a professora, mas todos os demais docentes e discentes envolvidos nos projetos por ela coordenados”, cita o pronunciamento oficial da defesa.

O Comprova entrou em contato com a assessoria de comunicação do Ielusc que, por telefone, informou que não se manifestaria oficialmente sobre os motivos para o desligamento da professora.

Demissão motivou notas de repúdio  

Após a demissão, a Associação Brasileira de Antropologia (ABA), por meio da Comissão de Direitos Humanos, publicou uma nota de repúdio ao que define ser uma “perseguição política e profissional” sofrida pela professora Maria Elisa Máximo e sua família.

A instituição cita que “tal perseguição, tanto na sua dimensão institucional a partir da decisão da faculdade, quanto nas agressivas manifestações no espaço virtual” é inaceitável em um Estado democrático e viola o direito à livre expressão garantido nos incisos IV, VIII e IX do artigo 5 da Constituição Federal de 1988, que asseguram a todas pessoas a liberdade de “manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; que ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política (…); que é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença”.

O Sindicato dos Servidores Públicos do Município de Joinville (Sinsej) também se solidarizou com a professora, dizendo que todo cidadão tem o direito de expressar suas opiniões e posições em suas redes pessoais.

“Desde que não cometa nenhum crime, a liberdade de expressão é garantida pela Constituição Federal de 1988. Nesta semana, Maria Elisa Máximo exerceu esse direito em sua conta pessoal em uma rede social e desde então ela e sua família sofrem com ataques vindos de todos os lados. Um deles começou dentro da própria Câmara de Vereadores de Joinville, quando o presidente da casa, Maurício Peixer (PL), pediu que providências fossem tomadas em relação à opinião da professora”, destaca o sindicato.

Entidades, partidos, movimentos sociais e autoridades ainda fizeram um abaixo-assinado de apoio à professora pedindo sua readmissão.

O texto cita que o Ielusc “cedeu às pressões manifestadas em redes sociais por apoiadores de Bolsonaro que exigiram posição da faculdade, coro engrossado pelos representantes de Bolsonaro na Câmara Municipal de Joinville e na Alesc”.

  • Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos sobre a pandemia, políticas públicas do governo federal e as eleições presidenciais que viralizam nas redes sociais. Publicações falsas ou enganosas, como a do vídeo aqui verificado, podem induzir a interpretações equivocadas da realidade e influenciar eleitores no momento da votação. Os cidadãos têm direito de basear suas escolhas em informações verdadeiras e confiáveis.
  • Outras checagens sobre o temaA Lupa, o Aos Fatos e o UOL também verificaram o conteúdo e apontaram como falso. Em verificações anteriores que fazem menção ao PT ou ao presidenciável Lula de maneira direta, o Comprova checou que sinal de ‘L’ feito por traficantes não é referência ao petista e, sim, saudação de facção que atua no Rio; verificou que é enganoso suposto vídeo em que o presidenciável destratou Janja antes do debate e que fala dele é tirada de contexto para sugerir deboche de quem crê na promessa de comer picanha. O Comprova também mostrou que era montado tuítes que atribuíam a Jair Bolsonaro ataques contra religiosos católicos.

 

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ENTREVISTA

"Não demonizo a classe política, exceções e malfeitos estão em todas as áreas"

O ex-deputado federal também revelou que, caso seja confirmada a sua candidatura, a ex-primeira-dama do Estado Dona Gilda será a sua vice

20/12/2025 09h00

Fábio Ricardo Trad - Advogado, professor universitário e ex-deputado federal

Fábio Ricardo Trad - Advogado, professor universitário e ex-deputado federal Marcelo Victor/Correio do Estado

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Após ser lançado como pré-candidato a governador de Mato Grosso do Sul pelo PT, o ex-deputado federal Fábio Trad concedeu entrevista exclusiva ao Correio do Estado para comentar sobre esse novo desafio político na sua carreira pública.

“Posso dizer que cheguei a este momento com certa maturidade política, experiência no trato com a coisa pública e conhecimento do funcionamento do Estado brasileiro”, declarou.

Ele também destacou que suas prioridades serão as áreas essenciais que mais afetam a vida cotidiana das pessoas: saúde, educação e segurança pública.

Já na área ambiental, Fábio Trad disse que o Pantanal é patrimônio ambiental e ativo econômico. “Preservá-lo não é obstáculo ao desenvolvimento, mas condição para que ele seja sustentável e permanente”, ressaltou.

Para a segurança pública, o ex-deputado federal disse que agirá com inteligência, rigor, integração entre forças, cooperação federativa e investimento em tecnologia.

“Segurança pública não se faz apenas com discurso, mas com estratégia, coordenação, legalidade e profissionalismo. Polícia valorizada é garantia de segurança para a sociedade”, afirmou o pré-candidato a governador.

__

O que levou o senhor a disputar o governo de Mato Grosso do Sul neste momento da sua trajetória política?

Por enquanto, sou pré-candidato. Pré! Portanto, não falo como candidato, mas respondendo à sua pergunta, posso dizer que cheguei a este momento com certa maturidade política, experiência no trato com a coisa pública e conhecimento do funcionamento do estado brasileiro.

Entendo que Mato Grosso do Sul precisa dar um salto de qualidade na gestão pública, com mais sensibilidade social, planejamento e compromisso democrático.

Penso que, confirmada a candidatura, posso contribuir para um debate público com equilíbrio, diálogo e responsabilidade, até porque Mato Grosso do Sul precisa ter uma campanha eleitoral de verdade, honesta, leal, franca.

Caso contrário, os quatro anos do atual governador não serão submetidos a qualquer escrutínio público e isso não é bom para a população e para o Estado.

Qual é a principal diferença entre o seu projeto de governo e o da atual administração estadual?

Sendo confirmada a candidatura, proporei um modelo totalmente diferente da atual gestão. Isto porque a diferença central está na concepção de Estado.

Defendo um governo que enxergue desenvolvimento e justiça social como dimensões inseparáveis, com políticas públicas avaliáveis, transparência real e foco em resultados concretos para a população, especialmente nas áreas essenciais.

Quais serão as três prioridades do seu governo nos primeiros cem dias, se eleito?

Se confirmar minha candidatura, porque sou pré-candidato, as prioridades serão as áreas essenciais que mais afetam a vida cotidiana das pessoas: saúde, educação e segurança pública.

Na saúde, organizar a rede para reduzir filas e melhorar o acesso. Na educação, garantir condições adequadas de funcionamento das escolas e valorização dos profissionais. Na segurança, fortalecer ações integradas e inteligentes para ampliar a proteção da população.

Enfim, estabelecer um pacto institucional com os municípios para revisar prioridades orçamentárias e garantir que recursos públicos cheguem onde a população mais precisa.

Como o senhor pretende gerar emprego e renda em um estado fortemente dependente do agronegócio?

Se confirmar a candidatura, valorizando o agronegócio, mas diversificando a economia. Isso passa por incentivar cadeias produtivas locais, agregar valor à produção, fortalecer a indústria, a bioeconomia, a ciência, a inovação e apoiar pequenas e médias empresas.

De que forma seu governo pretende conciliar produção agrícola e preservação do Pantanal?

Se for confirmada a candidatura, com base na ciência, no cumprimento da lei e no diálogo. O Pantanal é patrimônio ambiental e ativo econômico. Preservá-lo não é obstáculo ao desenvolvimento, mas condição para que ele seja sustentável e permanente.

Mato Grosso do Sul vive conflitos históricos envolvendo terras indígenas. Qual será a sua postura como governador diante desse cenário?

Se for candidato, proporei uma atuação com firmeza institucional, respeito à Constituição e diálogo permanente.

Conflitos não se resolvem com omissão nem com radicalismo, mas com mediação qualificada, segurança jurídica e presença efetiva do Estado. Os direitos serão conciliados com muita escuta, diálogo paritário, respeito e estrito cumprimento da lei.

A saúde pública é uma das maiores queixas da população. O que o senhor fará para reduzir filas e melhorar o atendimento?

Sendo confirmada a candidatura, o tripé será: gestão, planejamento e integração. É preciso melhorar a regulação, fortalecer a atenção primária, otimizar o uso da rede existente e apoiar com muita força os municípios, que são a porta de entrada do sistema de saúde pública.

Como enfrentar o crime organizado e o tráfico nas regiões de fronteira do Estado?

Sendo confirmada a candidatura, com inteligência, rigor, integração entre forças de segurança, cooperação federativa e investimento em tecnologia. Segurança pública não se faz apenas com discurso, mas com estratégia, coordenação, legalidade e profissionalismo. Polícia valorizada é garantia de segurança para a sociedade.

Caso não tenha maioria na Assembleia Legislativa, como pretende governar e aprovar projetos?

Se se confirmar a minha candidatura, asseguro que haverá permanente diálogo institucional, respeito às diferenças e construção de consensos em torno do interesse público. Governar não é impor, mas construir o que é possível visando o bem comum. O Legislativo será respeitado e valorizado.

Não demonizo a classe política, exceções e malfeitos estão em todas as áreas humanas.

Só se avança em gestão se conjugarmos as ações na primeira pessoa do plural, nunca no personalismo. Será um governo de parcerias institucionais sólidas, transparentes e republicanas focadas nos interesses da população.

Por que o eleitor sul-mato-grossense deve confiar no senhor para governar o Estado?

Essa pergunta deve ser feita ao eleitor. De minha parte, só posso dizer que não proporei nada que não possa ser cumprido.

Como o senhor pretende contornar o fato de o seu irmão senador Nelsinho Trad disputar a reeleição apoiando a direita?

Com serenidade e respeito. Somos pessoas públicas com trajetórias, posições e responsabilidades próprias. O eleitor sabe distinguir relações familiares de projetos políticos. Não nascemos irmãos para sermos aliados na política, mas no afeto e no amor. Isso é inquebrantável!

Quem está cotado para ser seu pré-candidato a vice-governador?

Será a ex-primeira-dama do Estado Dona Gilda, esposa do deputado estadual Zeca do PT. A Dona Gilda é muito querida, respeitada, eticamente conceituada e trabalhadora, com experiência bem-sucedida em programas sociais de redistribuição de renda.

Ela dialoga bem com povos originários, quilombolas e indígenas, focando nos mais vulneráveis e na grande quantidade de pessoas pobres no Estado.

Como o senhor avalia a gestão do presidente da República?

O governo federal teve um bom desempenho, apesar de ser atrapalhado e sabotado por um congresso inimigo do povo. A conquista da isenção do Imposto de Renda para 58% da classe trabalhadora [até R$ 5.000, com benefício adicional até R$ 7.500] equivale a um 14º salário para muitos.

Essa medida é crucial para aumentar a renda da classe média trabalhadora e dos mais vulneráveis, embora possa não fazer diferença para salários mais altos”.

O senhor se sente à vontade no PT defendendo seus projetos de Estado?

Fui recebido com carinho e respeito pelos militantes do PT e do campo da esquerda, em virtude de minhas posições críticas ao ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) desde 2019.

Com relação ao preconceito que as pessoas têm em relação ao PT, posso desmistificar essa ideia dizendo que é um partido muito aguerrido e combativo.

O PT é uma legenda programática, propositiva, muito preocupada com a questão social e a maior da América Latina.

O Brasil, sob o governo do presidente Lula, experimentou profundas transformações econômicas. O País saiu do mapa da fome, retirou 2 milhões de famílias do Bolsa Família, reduziu a taxa de desemprego e controlou a inflação, que hoje está compatível com a meta.

Houve uma diminuição significativa da desigualdade social, um problema histórico no Brasil. Os indicadores econômicos apontam para uma era de prosperidade, aumentando a renda e a dignidade das pessoas mais vulneráveis no nosso Estado.

*PERFIL

Fábio Ricardo Trad - Advogado, professor universitário e ex-deputado federalFábio Ricardo Trad - Advogado, professor universitário e ex-deputado federal - Foto: Marcelo Victor/Correio do Estado
 

Fábio Trad

É advogado e professor universitário, com atuação reconhecida nas áreas de Direito Penal e Constitucional. Foi deputado federal por três mandatos consecutivos, período em que se destacou nacionalmente pela qualidade técnica de sua atuação parlamentar, sendo reiteradamente apontado como um dos melhores legisladores do País.

No Congresso Nacional, teve participação relevante em comissões estratégicas e nos principais debates sobre democracia, direitos fundamentais, justiça social, saúde, educação e segurança pública, sempre com postura independente, republicana e fiel à Constituição.

Na advocacia, atua no foro e nos tribunais, inclusive em instâncias superiores. Na docência, dedica-se à formação jurídica com foco na técnica e na função social do Direito. É palestrante e articulista, participando ativamente do debate público sobre temas jurídicos e institucionais.

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INVESTIGAÇÃO

Beto assina o pedido para prorrogação da CPMI do INSS por mais quatro meses

A comissão termina seus trabalhos em 28 de março de 2026, mas poderá chegar até julho com a possibilidade de alongamento

20/12/2025 08h20

O deputado federal sul-mato-grossense Beto Pereira (PSDB) é membro titular da CPMI do INSS

O deputado federal sul-mato-grossense Beto Pereira (PSDB) é membro titular da CPMI do INSS Waldemir Barreto/Agência Senado

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Em razão da nova fase da Operação Sem Desconto, deflagrada pela Polícia Federal (PF) na quinta-feira e que resultou nas prisões de Romeu Antunes – filho de Antônio Carlos Camilo Antunes, o Careca do INSS – e de Éric Fidelis – filho do ex-diretor de Benefícios do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) André Fidelis –, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS deve ser prorrogada por mais 120 dias.

A informação é do deputado federal sul-mato-grossense Beto Pereira (PSDB), membro titular da CPMI do INSS, que assinou, na quinta-feira, o pedido de alongamento dos trabalhos, em função dos desdobramentos dos últimos dias.

“Assinei o pedido proposto pelo deputado federal Marcel van Hattem [Novo-RS] e acredito que a CPMI do INSS será prorrogada por mais 120 dias”, declarou.

O parlamentar explicou ao Correio do Estado que os novos fatos têm de ser fiscalizados pela Câmara dos Deputados e o Senado.

“Essa ação é necessária para que possamos desvendar e entregar à população o fim dos descontos aos aposentados e pensionistas de uma vez por todas”, pontuou.

Beto Pereira ainda apresentou o paradoxo de que o cidadão comum para aposentar enfrenta uma burocracia sem tamanho e para as empresas poderem aplicar descontos há uma facilidade sem precedentes. 

“Para aposentar é tão difícil, pois o trabalhador tem de apresentar tantos documentos, entretanto, para descontar é tão fácil, não precisa nem enfrentar nenhuma fila”, ironizou.

ASSINATURAS

A oposição ao governo do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), já conseguiu obter o número mínimo de assinaturas para prorrogar os trabalhos da CPMI do INSS. Foram obtidas, até esta sexta-feira, as assinaturas de 175 deputados federais e 29 senadores.

Segundo o deputado Marcel van Hattem, não houve assinatura de petistas dessa vez. “Em menos de 24 horas conseguimos obter todas as assinaturas”, disse o parlamentar pelas redes sociais.

“Protocolamos esse requerimento ainda nesta sexta-feira, para que nós possamos submeter à leitura do presidente do Congresso Nacional para que os trabalhos não parem”, declarou.

A CPMI do INSS termina seus trabalhos em 28 de março de 2026, mas, com a possibilidade de prorrogação, ela poderia se estender até julho do próximo ano.

A operação da PF mirando o senador Weverton Rocha (PDT-MA) e as revelações ligando Fábio Lula da Silva, o Lulinha, filho do presidente Lula, ao esquema de roubo de aposentadorias deram um novo fôlego ao colegiado. Tanto que o relator da CPMI do INSS, deputado federal Alfredo Gaspar (União Brasil-AL), pediu a convocação de Lulinha.

Durante a operação de quinta-feira, foram presos o secretário-executivo do Ministério da Previdência Social, Adroaldo da Cunha Portal, o ex-chefe de gabinete de Weverton Rocha Romeu Carvalho Antunes, o filho de Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS, e Éric Fidelis, filho do ex-diretor de Benefícios do INSS André Fidelis.

Como mostramos, a CPMI do INSS apontava o senador Weverton Rocha como um dos chamados “peixes grandes” no esquema.

O outro nome na mira da comissão é o do ex-ministro da Previdência Carlos Lupi (PDT). Sobre Weverton, a esperança da CPMI era de que a PF pudesse desdobrar eventuais relações dele com o empresário Gustavo Marques Gaspar, ex-assessor do senador.

Ele é apontado não somente como homem de confiança de Rocha, mas como quem teria assinado um documento que dava amplos poderes ao consultor Rubens Oliveira Costa, apontado pela PF como o “carregador de mala” do Careca do INSS.

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