Após os polêmicos projetos apresentados pelos governos da Bahia e de Pernambuco, que pretendem acabar com incentivos públicos para grupos musicais que escrevem letras que degrinem a imagem da mulher, um deputado sul-mato-grossense demonstrou interesse em acompanhar os parlamentares de outros Estados.
No sábado passado (20), na abertura da 3º Conferência das Políticas Públicas para as Mulheres, o deputado estadual Laerte Tetila (PT), disse durante o seu discurso que tem a intenção de criar uma lei parecida com a que existe nos outros Estados.
Para o parlamentar, as mulheres precisam dar o grito de libertação, e o primeiro passo é acabar ou tentar impedir as músicas machistas. “É chegado o momento das mulheres darem o grito de libertação através das políticas públicas (...), muitas músicas desqualificam a mulher como ser humano e venho pensando em uma maneira de coibir essas canções que ferem a dignidade das mulheres do Estado”, comentou durante o discurso realizado no centro de Convivência da Pessoa Idosa em Dourados.
Ele citou exemplo da música “Ajoelha e Chora”, do grupo gaúcho Tchê Garotos e posteriormente regravada pelos sul-mato-grossenses do Tradição, que foi sucesso no Brasil na década passada.
No projeto dos Estados nordestinos, tramita um projeto que proibe a contratação com dinheiro público de bandas cujas músicas incentivam o preconceito e a violência contra as mulheres, e vem provocando amplo debate sobre o respeito e a dignidade por parte das pessoas do sexo feminino.
Na terça-feira passada, a senadora baiana Lídice da Mata (PSB), que apoia o projeto naquela unidade da federação, o debate vem sendo tratado de forma ampla e vem mobilizando a sociedade da Bahia em busca de alternativas que não exponha tanto as mulheres.
Já em Pernambuco, está nas comissões técnicas da Assembléia Legislativa local, para depois ser votado e sancionado pelo Governo o Estado. O autor do Projeto de Lei, o deputado estadual Luciano Siqueira (PC do B), diz que a medida não é contrariar a liberdade de expressão, impedindo músicos de tocarem músicas consideradas pejorativas às mulheres, e sim, impedir que o poder público contrate esses grupos que descriminam as pessoas.
O projeto do deputado sul-mato-grossense ainda nem começou a ser discutido pela assessoria do deputado e já começa causar polêmica entre as pessoas.
A advogada Mônica Pacheco Valente, é contra as músicas que degrinem a imagem da mulher, mas acredita que existem coisas mais importantes há serem discutidas no momento. “Existem músicas que apelam contra as mulheres, mas isso não resolveria os problemas enfrentados por elas e nem os do Estado. Acho que o deputado está com a intenção de ganhar a mídia, como os de outros locais”, disse.
Para a contadora Gisele Rocha, a intenção é válida, mas existe a dúvida de como isso será feito, já que ela acredita que a lei pode ser uma forma de censura. “Teria que existir um grupo para analisar essas letras e julgar o que é bom e o que é ruim. Isso pode ser considerado também uma forma de censurar os artistas”, comentou.


