Política

Justiça ou censura?

O X (Twitter) vai acabar? Entenda a polêmica

Decisão do ministro Alexandre de Moraes do STF impõe sanção à rede social X por descumprimento de ordem judicial envolvendo remoção de conteúdo

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O prazo de 24 horas estabelecido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para que a rede social X (anteriormente conhecida como Twitter) indicasse um representante legal no Brasil, encerrou-se às 20h07 de quinta-feira (29).

A decisão de Moraes foi clara: o não cumprimento dessa ordem resultaria na "imediata suspensão das atividades da rede social X no Brasil até que as ordens judiciais sejam efetivamente cumpridas e as multas diárias quitadas". Contudo, a resposta da plataforma, controlada por Elon Musk, não só desafiou a determinação como também atacou a legitimidade da mesma.

Poucos minutos após o prazo expirar, às 20h14, a conta oficial do X publicou uma série de críticas contundentes ao ministro Alexandre de Moraes, alegando que a ordem judicial era ilegal e acusando-o de tentar censurar opositores políticos. A plataforma afirmou que, ao contrário de outras empresas de tecnologia, não cumpriria "ordens ilegais em segredo" e que a empresa esperava que Moraes ordenasse o bloqueio da rede no Brasil.

Além disso, o X anunciou que, nos próximos dias, divulgaria todas as exigências que considerava ilegais feitas pelo ministro, juntamente com os documentos judiciais relacionados, em nome da transparência e para "proteger a liberdade de expressão" de seus usuários.

"Em breve, esperamos que o Ministro Alexandre de Moraes ordene o bloqueio do X no Brasil – simplesmente porque não cumprimos suas ordens ilegais para censurar seus opositores políticos. Dentre esses opositores estão um Senador devidamente eleito e uma jovem de 16 anos, entre outros. Quando tentamos nos defender no tribunal, o Ministro ameaçou prender nossa representante legal no Brasil. Mesmo após sua renúncia, ele congelou todas as suas contas bancárias. Nossas contestações contra suas ações manifestamente ilegais foram rejeitadas ou ignoradas. Os colegas do Ministro Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal estão ou impossibilitados de ou não querem enfrentá-lo. Não estamos absolutamente insistindo que outros países tenham as mesmas leis de liberdade de expressão dos Estados Unidos. A questão fundamental em jogo aqui é que o Ministro Alexandre de Moraes exige que violemos as próprias leis do Brasil. Simplesmente não faremos isso. Nos próximos dias, publicaremos todas as exigências ilegais do Ministro e todos os documentos judiciais relacionados, para fins de transparência. Ao contrário de outras plataformas de mídia social e tecnologia, não cumpriremos ordens ilegais em segredo. Aos nossos usuários no Brasil e ao redor do mundo, o X continua comprometido em proteger sua liberdade de expressão."

A tensão entre a plataforma e o STF escalou rapidamente, especialmente após o fechamento do escritório do X no Brasil no dia 17 de agosto. Essa decisão foi tomada em resposta a uma ordem anterior de Moraes para a derrubada de contas, incluindo a do senador Marcos do Val (Podemos-ES) e outras seis pessoas, além da aplicação de uma multa diária de R$ 1,4 milhão pelo descumprimento. Musk, em resposta, acusou Moraes de ser um "criminoso da pior espécie" e anunciou o encerramento das operações físicas da empresa no país, embora a plataforma continuasse disponível para os brasileiros.

Ordem

O método de intimação utilizado por Moraes, inédito na história do STF, também gerou polêmica. A intimação foi publicada diretamente na rede social, marcando a conta de Elon Musk, o que levantou questões sobre a legalidade e a contagem do prazo de 24 horas, que teria começado exatamente às 20h07 de quarta-feira (28), no momento da publicação.

Na manhã desta sexta-feira (30), Alexandre de Moraes, em um discurso durante a Semana Jurídica do Mackenzie, abordou o tema da instrumentalização das redes sociais para atacar a democracia, citando tanto o Brasil quanto a França como exemplos de países onde as instituições estão aprendendo a lidar com essa nova realidade digital. Segundo ele, as redes sociais, embora sejam ferramentas poderosas e benéficas, têm sido utilizadas de forma irregular para minar o estado de direito e a democracia.

Starlink

Além da disputa com o X, Moraes também ordenou o bloqueio das contas bancárias da Starlink no Brasil, como uma forma de garantir o pagamento das multas impostas ao X. A decisão foi baseada na alegação de que as duas empresas pertencem ao mesmo grupo econômico. No entanto, especialistas em direito criticaram essa medida, considerando-a uma violação da autonomia patrimonial de pessoas jurídicas, conforme previsto no Código Civil brasileiro.

E agora?

Na tarde desta sexta-feira (30), o ministro Alexandre de Moraes determinou a suspensão da rede social X em todo o Brasil. A Anatel tem 24 horas para bloquear o acesso à plataforma, enquanto Apple e Google devem remover o aplicativo de suas lojas em até 5 dias. A decisão veio após o X não cumprir uma ordem anterior de instituir um representante legal no Brasil. Além disso, a empresa foi multada em R$ 18 milhões por não remover perfis que disseminavam informações falsas. O proprietário do X, Elon Musk, tem criticado Moraes por essas decisões.

O processo envolve mais de 20 mil prestadoras de internet banda larga no país. As três maiores operadoras (Claro, Oi e Vivo), que juntas representam mais de 40% do mercado, teriam um papel crucial nesse processo. A Starlink, outra empresa de Musk, representa apenas 0,4% dos acessos de banda larga no Brasil.

*Com informações de Folhapress

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ELEIÇÕES 2026

Indiciamento de Bolsonaro fortalece o nome de Tereza e de outras lideranças

No entanto, a senadora sul-mato-grossense ainda pede calma, para ver em que essa história vai dar, pois falta "muito tempo"

25/11/2024 08h00

A senadora Tereza Cristina (PP) durante entrega de nove vans para oito prefeitos na Assomasul

A senadora Tereza Cristina (PP) durante entrega de nove vans para oito prefeitos na Assomasul Foto: Edson ribeiro/Assomasul

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O indiciamento do ex-presidente da República Jair Messias Bolsonaro (PL) pela participação em um plano de golpe de Estado deve dificultar ainda mais as chances de ele se manter no páreo para a disputa pelo Palácio do Planalto em 2026, uma vez que já está inelegível – e a conclusão do inquérito da Polícia Federal (PF) reforça a impossibilidade de ele reverter a situação.

Diante disso, as lideranças políticas de centro-direita e direita aceleraram nos últimos dias a necessidade de encontrar uma alternativa para tentar voltar ao poder no próximo pleito, e os nomes da senadora Tereza Cristina (PP) e dos governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), se fortaleceram.

A parlamentar sul-mato-grossense é tida como uma das postulantes ao cargo em função da sua influência junto ao setor agropecuário brasileiro desde o tempo em que foi ministra de Agricultura, Pecuária e Abastecimento na gestão de Bolsonaro.

Além disso, o fato de Tereza Cristina ter obtido uma grande vitória em Campo Grande – tirando o candidato apoiado pelo ex-presidente do segundo turno da eleição municipal na Capital – repercutiu junto à direita por todo o País e teria demonstrando que o nome de Bolsonaro estaria perdendo a força em redutos considerados bolsonaristas.

Procurada pelo Correio do Estado, a senadora disse que ainda precisa entender melhor toda essa situação do indiciamento do ex-presidente. “Quantas vezes a gente já não foi para frente e depois foi para trás com esse assunto da inelegibilidade do Bolsonaro? 

Por isso, agora temos de ter muita calma e vamos esperar [para ver] no que isso tudo vai dar”, declarou. Tereza Cristina completou que “a eleição para a Presidência da República ainda está longe, temos mais de um ano pela frente”.

“No entanto, em 2025, com certeza, será o ano de discutir os nomes para disputar a Presidência do Brasil, pois tem muita gente boa, inclusive ainda temos a possibilidade de o Bolsonaro ser o nosso nome. Afinal, o Brasil é um país onde tudo é possível”, afirmou. 

OUTRO NOMES

Considerado o herdeiro político de Bolsonaro, o governador Tarcísio de Freitas já afirmou não haver provas contra o ex-presidente.

“Há uma narrativa disseminada contra o presidente Jair Bolsonaro e que carece de provas. É preciso ser muito responsável sobre acusações graves como essa. O presidente respeitou o resultado da eleição e a posse aconteceu em plena normalidade e respeito à democracia. Que a investigação em andamento seja realizada de modo a trazer à tona a verdade dos fatos”, postou em suas redes sociais.

Único da lista a admitir publicamente a intenção de disputar o Palácio do Planalto em 2026, Ronaldo Caiado é cauteloso ao analisar a situação do ex-presidente. “Vejo com muita preocupação [o indiciamento pela PF] e aguardo o fim do julgamento. [É] muito cedo para fazer esse diagnóstico [sobre 2026]”, afirmou o governador.

Caiado rompeu com Bolsonaro durante as eleições municipais deste ano em Goiânia (GO), quando estiveram em lados opostos na disputa pela capital de Goiás, porém, diferentemente de Tereza Cristina, o seu candidato foi para o segundo turno contra o candidato do ex-presidente e impôs outra derrota ao bolsonarismo.

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Política

Exército perde "kids pretos" no Alto Comando após governo Bolsonaro

No fim da gestão do ex-presidente, integrantes de Forças Especiais ocupavam 4 cadeiras na cúpula do Exército

24/11/2024 22h00

 Bolsonaro e Braga Netto

Bolsonaro e Braga Netto Agência Brasil

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O Alto Comando do Exército, grupo composto pelos 16 generais quatro estrelas da Força, não tem nenhum "kid preto" pela primeira vez após o grupo de elite assumir protagonismo durante o governo Jair Bolsonaro (PL).

A ausência de militares com formação nas Forças Especiais é resultado de um conjunto de fatores dos últimos anos, como o desgaste causado por oficiais dessa área no Executivo e o baixo número de "kids pretos" para promoção ao último posto da carreira.

A nova configuração do Alto Comando da Força mostra um cenário diferente do final de 2022, quando quatro generais das Forças Especiais estavam em funções estratégicas do Exército.

Eram eles os generais Marco Antônio Freire Gomes, Júlio César de Arruda, José Eduardo Pereira e Estevam Theophilo.

Cinco generais ouvidos pela Folha afirmaram, sob reserva, que os fatores internos foram mais relevantes que os externos para que os "kids pretos" ficassem de fora da cúpula do Exército após dez anos de protagonismo.

Eles destacam, porém, que a ida massiva desses militares para o governo Bolsonaro --como os generais Luiz Eduardo Ramos e Mario Fernandes-- desgastou a imagem interna dos Forças Especiais. Ao menos 28 deles assumiram cargos no Executivo de 2019 a 2022.
"Kids pretos" são os militares formados nos cursos de operações especiais do Exército. Eles compõem a tropa de elite da Força, treinada para ações de sabotagem e guerra irregular. O apelido foi dado porque os oficiais dessa área usam uma boina preta como símbolo.

Eles passam pelos treinamentos mais exigentes do Exército, com testes físicos extenuantes enquanto sofrem com falta de alimento. Os treinos envolvem ainda saltos de paraquedas em situações adversas.

O 1º Batalhão de Ações de Comandos, o principal dos "kids pretos", tem como lema "máximo de confusão, morte e destruição na retaguarda profunda do inimigo".O Exército possui cerca de 2.500 militares instruídos nas Forças Especiais, número que representa pouco mais de 1% do efetivo do Exército. Suas bases ficam em Goiânia (GO), Rio de Janeiro e Manaus (AM).

Os "kids pretos" têm rivalidade histórica com os precursores paraquedistas do Exército, grupo do qual o comandante do Exército, general Tomás Paiva, faz parte. Os símbolos das duas especialidades são parecidos, mas os precursores usam a cor vermelha em vez da preta.

A área de operações especiais foi criada no Exército na década de 1950, e até o início dos anos 2010 eram poucos os Forças Especiais no Alto Comando. A chegada dos "kids pretos" à cúpula do Exército se intensificou na última década.

A onda é explicada por alguns motivos, segundo os generais ouvidos pela Folha. Um deles foi a relevância da atuação de alguns deles em operações militares internacionais, como no Haiti.
Também ressaltam a coesão do grupo e dizem que os "kids pretos" no Alto Comando geralmente escolhiam outros "kids pretos" para serem promovidos, pelo corporativismo e pela confiança desenvolvida ao longo dos anos.

Os militares formados nos cursos de Forças Especiais ficaram em evidência após a Polícia Federal identificar a participação deles em planos para realizar um golpe de Estado após a vitória de Lula (PT) nas eleições presidenciais de 2022.

Dos 37 indiciados pela Polícia Federal sob suspeita de participação nos planos golpistas, 12 são "kids pretos". Outros militares de boinas pretas são investigados em inquéritos da PF relacionados aos ataques de 8 de janeiro de 2023, como o general da reserva Ridauto Lúcio Fernandes e o coronel da reserva José Placidio dos Santos.

O principal Força Especial indiciado pela Polícia Federal foi o general da reserva Mario Fernandes. Ele é apontado como o autor de um plano operacional para matar o Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).

Mario ocupou até 2020 o cargo de chefe do Comando de Operações Especiais do Exército. Segundo a investigação da PF, o general arregimentou outros "kids pretos" para executar os planos golpistas.

Um desses militares foi identificado pela Polícia Federal como o tenente-coronel Rafael Martins de Oliveira, lotado no batalhão em Goiânia. Ele e Mario foram presos na última terça-feira (19).

A Folha apurou que Mario foi chefe de Rafael e outros "kids pretos" investigados pelos planos golpistas. Os dois participaram de reunião no Palácio do Planalto em 6 de dezembro de 2022, quando o general apresentou ao tenente-coronel o planejamento de assassinato das autoridades, ainda segundo a investigação.

 

*Informações da Folhapress 
 

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