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Polícia Federal apura compra de votos em Corumbá desde setembro de 2020

Esquema alvo da Operação Mercês, que envolve servidores públicos comissionados da prefeitura de Corumbá e vereadores

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Em 15 de novembro de 2020, houve eleição municipal em Corumbá. Cerca de uma semana antes, durante averiguação da Polícia Federal sobre denúncia relativa à compra de votos, um servidor comissionado da prefeitura acabou abordado com material de campanha de alguns candidatos a vereador e uma lista com nomes de pessoas. 

Todo o material acabou apreendido, inclusive o celular. A partir de averiguação desse material, iniciou-se uma investigação mais ampla para tentar identificar esquema de compra de votos na eleição municipal da capital do Pantanal.

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O caso envolvendo a apreensão desse material com esse comissionado serviu para gerar alguns desdobramentos. Conforme apurado, uma das repercussões foi a operação da Polícia Federal que ocorreu nesta terça-feira (19). 

Durante a Operação Mercês, sete mandados de busca e apreensão foram cumpridos. A Justiça Eleitoral expediu os mandados que atingiram diretamente ao menos três vereadores, um representante do alto escalão da prefeitura de Corumbá e mais dois servidores municipais do Executivo.

As investigações para apurar essa suposta associação criminosa entre servidores públicos municipais e membros do Legislativo para atuarem na compra de votos seguem em completo sigilo. 

A própria abordagem que ocorreu pouco antes da eleição de 2020 praticamente ficou fora dos holofotes e reservada para as disputas eleitorais da época, que estavam muito acirradas entre os candidatos.

Os indícios que desencadearam as apurações atuais foram descobertos na primeira semana de novembro. O que chamou atenção dos policiais federais na abordagem do servidor comissionado era que ele estava com uma grande quantidade de dinheiro em espécie. 

O investigado na época não soube precisar, mas o valor girava entre R$ 8 mil e R$ 9 mil. Em alegação inicial, foi apontado que o dinheiro seria usado para uma reforma de casa e havia sido obtido após restituição de imposto de renda e economias feitas.

O dinheiro apreendido estava dividido em diferentes blocos, em quantias menores. Havia cédulas de R$ 100 e R$ 50, e elas estavam espalhadas nos bolsos do servidor municipal e no porta-luvas do carro que ele conduzia, um Prisma. Por conta da forma que as notas estavam acondicionadas, gerou-se um alerta de qual o fim seria dado para esse dinheiro.

O servidor, que é natural de Ladário, mas mora em Corumbá, chegou a prestar depoimento afirmando que os dados de pessoas que estavam com ele eram relacionados ao trabalho que tinha na época durante a campanha eleitoral e serviam para facilitar o contato com interessados em atuar como cabos eleitorais para a coligação Juntos por Corumbá.

Ele confirmou que trabalhava na campanha eleitoral, mas não precisou os valores que recebia. Também assumiu que era servidor comissionado. Foi possível verificar com fontes que esse mesmo funcionário público continua trabalhando para a prefeitura de Corumbá e está lotado na Secretaria Municipal de Governo.

A coligação que ele trabalhou acabou vencendo a eleição municipal de 2020, tendo como candidato na majoritária Marcelo Iunes, que na época estava no PSDB. Hoje, ele migrou para o Podemos. 

A coligação era a maior na eleição do ano passado e tinha o PDT, PSDB, Republicanos, PSB, PV, PP, PCdoB, PTB e Podemos. Na apuração das urnas, o candidato a prefeito venceu com 42,65% das urnas, 21.208 votos.

Oficialmente, nem a Polícia Federal, nem a Justiça Eleitoral divulgaram os alvos da Operação Mercês. Conforme apuração, receberam a visita de policiais federais os vereadores Manoel Rodrigues (PTB), Youssef Salla (PTB) e Allex Dellas (Republicanos). 

Soma-se a essa lista o chefe da Casa Civil, Luiz Antônio da Silva, também conhecido como Pardal. Ainda foram alvos mais dois servidores municipais, que não tiveram os nomes divulgados.

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Política

Moraes diz que Justiça está acostumada a combater 'mercantilistas estrangeiros' e 'políticos extremi

Fala ocorre em meio à união entre Bolsonaro e o bilionário Elon Musk nas críticas ao ministro

19/04/2024 19h00

Ministro Alexandre de Moraes Arquivo/

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O ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), afirmou nesta sexta-feira (19) que a Justiça Eleitoral está "acostumada a combater mercantilistas estrangeiros" e "políticos extremistas".

A fala é uma indireta a união entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o bilionário Elon Musk, dono do X (ex-Twitter), nas críticas às decisões de Moraes sobre a retirada de conteúdos das redes sociais durante a campanha eleitoral de 2022.

"A Justiça Eleitoral brasileira está acostumada a combater mercantilistas estrangeiros que tratam o Brasil como colônia. A Justiça Eleitoral brasileira e o Poder Judiciário brasileiro estão acostumados a combater políticos extremistas e antidemocráticos que preferem se subjugar a interesses internacionais do que defender o desenvolvimento no Brasil" afirmou o ministro na cerimônia de assinatura dos planos de trabalho para a construção do Museu da Democracia da Justiça Eleitoral, no centro do Rio de Janeiro.

Na presença do governador Cláudio Castro (PL), aliado de Bolsonaro, Moraes afirmou que a Justiça Eleitoral "continuará defendendo a vontade do eleitor contra a manipulação do poder econômico das redes sociais, algumas delas que só pretendem o lucro e a exploração sem qualquer responsabilidade".

"Essa antiquíssima mentalidade mercantilista que une o abuso do poder econômico com o autoritarismo extremista de novos políticos volta a atacar a soberania do Brasil. Volta a atacar a Justiça Eleitoral com a união de irresponsáveis mercantilistas ligados às redes sociais com políticos brasileiros extremistas", disse o magistrado.

Governo

Lula quer procurar Lira, Pacheco e outros ministros do STF para diminuir tensão entre Poderes

Lula e os ministros do Supremo fizeram na segunda uma análise da conjuntura política atual e diagnosticaram que há muitos focos de tensão entre os Poderes é preciso diminui-los

19/04/2024 17h00

O petista se reuniu na última segunda-feira (15) com uma ala do Supremo. Agência Brasil

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O presidente Lula (PT) pretende buscar Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que comandam a Câmara e o Senado, respectivamente, além de outros ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), em um esforço para diminuir as tensões entre os Poderes.

Nesta sexta-feira (19), Lula já trata da sua articulação política em um almoço no Palácio do Planalto. Participam os ministros Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Rui Costa (Casa Civil) e Paulo Pimenta (Secom), além de líderes do governo no Congresso Nacional.

Também estão presentes os líderes do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE); no Senado, Jaques Wagner (PT-BA); e no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP). A reunião acontece logo após a participação da cerimônia do Dia do Exército, no quartel-general da força. O almoço teve início por volta das 12h30.

O petista se reuniu na última segunda-feira (15) com uma ala do Supremo, formada pelos ministros Gilmar Mendes, Flávio Dino, Alexandre de Moraes e Cristiano Zanin. O encontro ocorreu na casa de Gilmar. Estavam também no jantar os ministros Ricardo Lewandowski (Justiça) e Jorge Messias (Advocacia-Geral da União).

Na ocasião, Lula disse que pretendia buscar outros magistrados para conversas. O próprio presidente do STF, Luís Roberto Barroso, por exemplo, ficou de fora do encontro do início da semana. Na mesma linha, o presidente quer conversar com Lira e Pacheco.

Lula e os ministros do Supremo fizeram na segunda uma análise da conjuntura política atual e diagnosticaram que há muitos focos de tensão entre os Poderes é preciso diminui-los.

Embora não conste em sua agenda, há a possibilidade de Lula se reunir com Padilha e líderes aliados nesta sexta. Um dos objetivos do encontro seria para articular algumas dessas movimentações.

De um lado, o Senado e a Câmara têm demonstrado irritação com decisões da corte, sobretudo do ministro Alexandre de Moraes. Como consequência, ameaçam dar seguimento a projetos que miram o STF. O Senado já aprovou no ano passado uma PEC (proposta de emenda à Constituição) que restringe decisões monocráticas.

Na Câmara, deputados querem abrir um grupo de trabalho para tratar das prerrogativas parlamentares, para avaliar eventuais exageros do Supremo. Também sugerem que podem abrir uma CPI para mirar o STF e TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Atualmente, há oito delas que aguardam a formalização, entre elas uma que pretende investigar "a violação de direitos e garantias fundamentais, a prática de condutas arbitrárias sem observância do processo legal, inclusive a adoção de censura e atos de abuso de autoridade por membros do STF e do TSE [Tribunal Superior Eleitoral]".

Lira indicou esta semana aos líderes que deverá instalar CPIs, mas reservadamente deputados acham difícil a ofensiva prosperar.

Em outra frente, parlamentares, incluindo Lira, estão incomodados com a articulação política do governo. O presidente da Câmara chegou a dizer que o ministro Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais) é seu "desafeto pessoal" e o chamou de incompetente.

Lula reagiu dizendo que só por "teimosia" não tiraria Padilha do cargo. O presidente, porém, tem pregado um apaziguamento das tensões. O receio do presidente é que o clima acabe por afetar o andamento de projetos prioritários para o governo no Congresso, além de a tensão avançar para uma crise entre Parlamento e Supremo.
 

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