Política

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Qual a origem do termo ''laranja'' para designar ocultação de bens?

O termo "laranja", um jargão entre policiais, tem origem incerta

G1

31/01/2016 - 14h33
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Frequentemente utilizado para se referir a alguém que "empresta" o nome para ocultar a origem ou o destinatário de dinheiro ilícito, especialmente em operações que investigam crimes de lavagem de dinheiro e corrupção, o termo "laranja", um jargão entre policiais, tem origem incerta.

Nesta semana, a expressão retornou ao noticiário devido à suspeita de procuradores da República e do Ministério Público de São Paulo sobre um condomínio numa praia em Guarujá, no litoral de São Paulo. A suspeita é que apartamentos tenham sido usados como pagamento de propina por vantagens ilícitas em contratos com a Petrobras, investigados pela Operação Lava Jato.

Os investigadores apuram imóveis do mesmo condomínio que indicaram alto grau de suspeita quanto à sua real titularidade. Na última quarta (27), a Polícia Federal prendeu a publicitária Nelci Warken, que prestou serviços à Bancoop, cooperativa que iniciou a construção do empreendimento. As investigações apontam que a publicitária não seria a verdadeira dona do imóvel registrado em seu nome.

Os procuradores que investigam o caso apontam que outros imóveis podem ter tido o mesmo expediente: pertençam a terceiros e estejam no nome de "laranjas" para ocultar o patrimônio.

O termo
Na linguagem popular, o termo "laranja" passou a ser utilizado para se referir a um indivíduo que empresta seu nome – muitas vezes sem saber – para transações financeiras e comerciais criminosas, ocultando a identidade do verdadeiro responsável pelo crime.

Normalmente, quando o "laranja" tem ciência de que está sendo utilizado para a prática, ele é remunerado pela "prestação do serviço".

Em outros casos, mais comuns com pessoas com pouca instrução e/ou baixo poder aquisitivo, o "laranja" tem o nome utilizado indevidamente sem que o indivíduo tenha ciência do crime.

De acordo com o criminalista e doutor em Direito Político Técio Lins e Silva, o termo "laranja" é uma expressão "bem policial", pouco utilizada no meio da advocacia, e está associado, principalmente, a crimes de evasão fiscal, lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio.

As hipóteses sobre os motivos de a fruta ser utilizada para designar o autor desse tipo de prática criminosa são muitas.

Apesar disso, segundo o doutor em Letras Cláudio Moreno, rastrear a origem do termo é "praticamente impossível".

"Na língua portuguesa, especialmente na língua falada, há uma parte das associações feitas entre palavras e termos que não tem elo lógico. O termo 'laranja', por exemplo", disse Moreno.

"É um termo usado popularmente. Não há registro histórico sobre a origem. [...] Há diversas teorias, especulações. Eu, particularmente, já pesquisei e desisti de descobrir porque a língua portuguesa, em muitas ocasiões, não é lógica. Fica para a imaginação de cada um", complementou.

Origem e hipóteses
Entre as hipóteses para a origem do uso de "laranja" a fim de designar a ocultação de um bem de origem criminosa, uma das principais e mais divulgadas remete a períodos em que, em alguns países, beber em público era proibido.

Para iludir a fiscalização, alguns indivíduos "injetavam" bebidas alcoólicas em laranjas e bebiam em público sem serem descobertos.

Também ficou popularizada a hipótese de que da laranja – fruta –, após o consumo, sobra apenas o bagaço, ou o resíduo da fruta.

A associação, nesse caso, seria pelo fato de o verdadeiro beneficiário do dinheiro ilícito extrair tudo do "laranja".

Outra teoria, essa menos difundida, afirma que o termo nasceu entre presos políticos. Na década de 1970, segundo essa explicação, os presos criaram "pirâmides financeiras" para continuar sustentando suas famílias.

Com a "pirâmide", uma pessoa, que era chamada de “limão”, deveria convencer outras dez pessoas a fazer pagamentos para que os “limões” recebessem o dinheiro. Isso acontecia sistematicamente, pois para alguém receber, alguém deveria pagar.

As pessoas que faziam o pagamento eram chamadas de “laranjas” e, de acordo com essa tese, passaram a a acobertar não só crimes financeiros mas também tráfico, homicídio, violência sexual, roubo, entre outros.

Há ainda quem diga que a expressão se refere a uma prática militar na Guerra do Vietnã. Nas batalhas, os norte-americanos utilizaram o "agente laranja", produto que desfolhava as plantas e facilitava a visualização dos combatentes inimigos.

"Não passam de teorias. Vários leitores, estudiosos apresentam histórias que poderiam remeter à origem do termo. Mas nenhuma convence. É daqueles casos em que, simplesmente, uma palavra com um significado completamente diferente foi emprestada para se referir a outra coisa", explicou Cláudio Moreno.

"A língua não é lógica. No momento em que a pessoa se dá conta de que a língua não é lógica, ela fica aliviada e não trata como algo lógico. É uma paz", brincou o professor.

Política

Avaliações positiva e negativa do STF crescem e mostram divisão da percepção da população

O porcentual de brasileiros que avaliam positivamente o trabalho do STF subiu de 23% para 33% entre julho e dezembro deste ano; percepção negativa, que segue predominante, avançou de 32% para 36%

19/12/2025 22h00

Supremo Tribunal Federal (STF)

Supremo Tribunal Federal (STF) Crédito: Fábio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil

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Pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta sexta-feira, 19, mostra que cresceram as avaliações positivas e negativas sobre o trabalho do Supremo Tribunal Federal (STF), mostrando uma divisão da percepção da população brasileira sobre a atuação da Corte.

O porcentual de brasileiros que avaliam positivamente o trabalho do STF subiu de 23% para 33% entre julho e dezembro deste ano. No mesmo período, a percepção negativa, que segue predominante, avançou de 32% para 36%. Já a avaliação regular recuou de 34% para 24%.

No intervalo entre os dois levantamentos, a Primeira Turma do STF condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a 27 anos e três meses de prisão pelos crimes de organização criminosa armada, golpe de Estado, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, deterioração de patrimônio tombado e dano qualificado contra o patrimônio da União.

Entre as duas edições da pesquisa, também houve mudança no comando da Corte. O ministro Edson Fachin assumiu a presidência do tribunal e o ministro Luís Roberto Barroso se aposentou. Fachin adota um perfil mais discreto e defende a chamada "autocontenção" do Judiciário, em contraste com o antecessor, que sustentava que o Supremo deveria exercer um "papel iluminista" e atuar de forma mais protagonista na definição de direitos.

No mesmo período, o secretário de Estado do governo Donald Trump, Marco Rubio, revogou o visto do ministro Alexandre de Moraes e de seus familiares, além de outros sete integrantes do STF. O governo dos Estados Unidos também aplicou sanções a Moraes com base na Lei Magnitsky, norma criada para punir violadores graves de direitos humanos. Foi a primeira vez que uma autoridade de um país democrático foi alvo das medidas previstas na legislação. Neste mês, o presidente Donald Trump retirou o nome do ministro da lista de sancionados.

Outros poderes

A pesquisa também avaliou os demais Poderes. No Legislativo, a percepção varia conforme a Casa. No Senado Federal, a maior parcela dos entrevistados (34%) classifica o desempenho como regular, porcentual que empata, dentro da margem de erro (2 p p), com a avaliação negativa, de 33%. A avaliação positiva soma 22%, enquanto 11% não souberam ou não quiseram responder.

Na Câmara dos Deputados, a avaliação negativa predomina: 36% consideram o trabalho ruim ou péssimo. A percepção, porém, está tecnicamente empatada com a avaliação regular, que alcança 35%. A avaliação positiva é de 20%, e 9% não responderam.

A pesquisa foi realizada por meio de entrevistas presenciais entre os dias 11 e 14 de dezembro de 2025. O levantamento tem nível de confiança de 95% e margem de erro de dois pontos porcentuais. Os entrevistados puderam classificar cada Poder como ótimo, bom, regular, ruim ou péssimo, com os resultados consolidados nas categorias positiva, regular e negativa.

Governo Lula

Em relação ao Executivo federal, 38% dos brasileiros avaliam que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) faz um trabalho ruim ou péssimo. Outros 34% consideram a gestão boa ou ótima, enquanto 25% a classificam como regular. Já 3% não souberam ou não responderam.

Política

Ministro do Paraguai fala em disposição construtiva para avançar em acordo Mercosul-UE efetivo

Segundo Rubén Ramírez Lezcano, um dos desafios centrais para o Paraguai é a superação das assimetrias estruturais

19/12/2025 21h00

Segundo Rubén Ramírez Lezcano, um dos desafios centrais para o Paraguai é a superação das assimetrias estruturais

Segundo Rubén Ramírez Lezcano, um dos desafios centrais para o Paraguai é a superação das assimetrias estruturais Foto: Divulgação

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O ministro das Relações Exteriores do Paraguai, Rubén Ramírez Lezcano, reafirmou a "disposição construtiva" para avançar na concretização efetiva do acordo entre Mercosul e União Europeia (UE), durante a 67ª reunião do Conselho do Mercado Comum (CMC) do Mercosul, órgão decisório de nível ministerial do bloco, nesta sexta-feira, 19, segundo nota do Ministério de Relações Exteriores do país.

"Em particular, o Paraguai confia que os mecanismos de salvaguarda serão abordados e aplicados de maneira compatível com respeito ao negociado e acordado, e também de acordo com as normas multilaterais preservando o equilíbrio de direitos e obrigações das partes", disse Lezcano.

O chanceler também afirmou que "o Paraguai acredita e aposta em um Mercosul que funcione para todos, capaz de traduzir seus princípios em resultados concretos e de responder com pragmatismo e visão aos desafios estruturais que ainda persistem" na região.

Segundo Lezcano, um dos desafios centrais para o Paraguai é a superação das assimetrias estruturais entre os Estados Parte do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e, mais recentemente em 2024, Bolívia). "Não se trata de uma noção abstrata, mas de uma realidade econômica e geográfica que limita nosso desenvolvimento e condiciona nossa competitividade", disse, frisando que a condição mediterrânea do país impõe custos adicionais que encarecem as exportações e restringem a participação nas cadeias regionais de valor.

A reunião do CMC, em Foz do Iguaçu, nesta sexta-feira, foi majoritariamente fechada à imprensa.

No sábado, 20, o Brasil deve passar o bastão da Presidência Pro Tempore do bloco ao Paraguai, durante a 67ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul e Estados Associados, também em Foz do Iguaçu. 

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