Pesquisa realizada pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), aponta que uma notícia falsa tem 70% mais chances de ser compartilhada na internet.
Nesse cenário, através das redes sociais, as “fake news” ganharam força no período eleitoral, sendo propagadas com maior facilidade por seus usuários, contribuindo para a desinformação em massa.
De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em dezembro do ano passado, foram colocados avisos em postagens sobre as eleições de 2022.
Em reconhecimento de seu papel, as mídias passaram a adotar medidas de combate à desinformação durante as eleições.
Twitter, Instagram e Facebook, por exemplo, já utilizam ferramentas como etiquetas nas publicações para detectar e comprovar a veracidade de uma informação compartilhada.
Meta
A Meta (antes Facebook), começou a conter disseminação de notícias falsas em 2018, através de parcerias com agências de checagem de fatos, para verificar conteúdos veiculados na plataforma, investigar e remover contas falsas.
Essa rede então adotou ferramentas de “machine learning”** para identificar de maneira automática conteúdos duplicados ou replicados já identificados como falsos.
**“Técnica de análise de dados que ensina os computadores a fazer o que naturalmente os seres humanos e aos animais já fazem: aprender com a experiência.”
Como penalização, a página disseminadora de falsos conteúdos é identificada e seu engajamento é reduzido automaticamente.
Usuários também recebem uma notificação ao tentarem compartilhar conteúdo possivelmente falso, checado pelas agências parceiras.
Importante frisar que a verificação pode aparecer no feed por meio do recurso “Artigos Relacionados” sendo associada à publicação original.
Outro recurso parecido já é utilizado, como quando o post aborda a pandemia da Covid-19. Por exemplo, em menções sobre o assunto, é colocado um “rótulo” com link direcionado à “Central de Informações” que tem explicações sobre a doença, citando estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Aliança Global de Vacinas (Gavi)
Desde 17 de janeiro deste ano, o Twitter anunciou um recurso que permite denunciar notícias falsas e informações enganosas no Brasil. A opção, que estava em fase de testes desde agosto de 2021 em outros países como Austrália, Coreia do Sul e Estados Unidos, passou a ser inserida aqui e nas Filipinas. Postagens com conteúdo falso aparecem com a etiqueta “enganoso”.
De acordo com o TSE, foi ativada no Twitter uma funcionalidade que faz com que o primeiro resultado de buscas por termos relacionados às eleições seja uma notificação com um link para o perfil da Corte Eleitoral na plataforma (@TSEjusBR) e a página do órgão, ou Moments, com dados úteis sobre o processo eleitoral, como: mais informações e contexto sobre urnas eletrônicas; e aviso sobre como tirar, transferir ou regularizar o título de eleitor.
Também foi lançada uma página específica sobre eleições no Brasil, na Central de Ajuda do Twitter, e o detalhamento da Política de Integridade Cívica do Twitter , que estabelece a proibição do uso dos serviços da plataforma digital para manipular e interferir nas eleições ou em outros atos cívicos. O Twitter também dará sequência às parcerias com autoridades eleitorais.
Como isso funciona na prática?
De acordo com a rede, mais de 50% dos conteúdos que violam as diretrizes da comunidade são identificados por sistemas automatizados, enquanto o restante da parcela é identificado por monitoramento contínuo do Twitter. Em meio a fase de testes da nova ferramenta, constatou-se que menos de 10% da amostra do conteúdo analisado até então estaria ligado a violações às políticas. A parcela ficaria em uma média de 20 a 30% em casos de tweets denunciados por abuso e segurança.
Como reportar uma possível falsa informação?
Para denunciar uma postagem com suspeita de desinformação submetendo-a a uma checagem, basta acessar o menu que aparece ao apertar um botão simbolizado com três pontos (...) e clicar em “denunciar tweet” e logo após selecionar o motivo “as informações são enganosas”. A função está disponível tanto no aplicativo como na web.
Eleições 2022
A partir de 20 de julho, o feed dos usuários do Twitter passou a contar com novas ferramentas. A plataforma on-line apresenta informações sobre as eleições no Brasil, visando combater a disseminação de fake news e a desinformação, por meio de uma seção especial na aba “explorar”, chamada “Eleições 2022”, apenas com assuntos ligados às eleições brasileiras.
Desde 16 de dezembro de 2019, o Instagram anunciou que publicações contendo fake news teriam sua distribuição filtrada da aba Explorar e da pesquisa por hashtags, e exibiriam um aviso de que o conteúdo divulgado é falso.
A identificação dessas publicações passíveis de verificação até hoje é feita usando tecnologia de aprendizado de máquina, com o apoio de veículos de comunicação independentes de checagem de fatos.
Além do machine learning (aprendizado de máquina), o Instagram utiliza também uma combinação de fatores para definir que uma determinada publicação deve ser enviada às empresas de verificação de fatos. Comentários e denúncias que forem classificados como “informações falsas” serão usados para criação de relatórios que ajudem a identificar posts enganosos.
Montagem com imagens do instagram O aplicativo de mensagens que facilita a comunicação de muitos brasileiros e pessoas ao redor do mundo, também é utilizado como um disseminador constante de fake news, devido a seu rápido alcance e existência de grupos.
Durante o pleito eleitoral de 2022, o WhatsApp lançou uma campanha no primeiro dia do mês de agosto para combater notícias falsas e ir contra o ocorrido em 2018, ano em que a empresa foi considerada uma das principais ferramentas de distribuição de notícias falsas de caráter eleitoral.
Intitulada “Vamos juntos combater as informações falsas”, cuja intenção é reforçar as parcerias estabelecidas para restringir a circulação desse tipo de conteúdo em massa, a campanha foi veiculada no Facebook, Instagram, Youtube, jornais, rádios, revistas e portais em geral.
Dentre as parcerias promovidas, estão a do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) , que possui uma assistente virtual da Justiça Eleitoral para oferecer informações e serviços, bem como tirar dúvidas dos eleitores. E a outra é com a Aliança Internacional de Checagem de Fatos, organização composta por mais de 30 veículos de checagem de informações e veículos da imprensa, em todo o mundo.
Na tentativa de ampliar os esforços para combater envios e compartilhamentos de mensagens em massa, o WhatsApp precisou adiar para depois das eleições o aumento de 256 para 2.560 participantes nos grupos dentro da rede.
Telegram
Outro aplicativo de mensagens que não fica para trás quando o assunto é combater as fake news é o Telegram. Em maio deste ano, foram anunciadas novas funções dentro da plataforma, de acordo com o TSE.
O órgão eleitoral assinou um tratado, que faz parte do Programa Permanente de Enfrentamento à Desinformação no mbito da Justiça Eleitoral, e foi o primeiro a ter um acordo do gênero com o Telegram. Dentre as novidades previstas para o app estão um canal verificado e um chatbot para tiragem de dúvidas dos eleitores.


Fábio Ricardo Trad - Advogado, professor universitário e ex-deputado federal - Foto: Marcelo Victor/Correio do Estado


