Política

DIZ REVISTA

Senador denuncia suposto esquema de extorsão na CPI das bets

Conforme denúncia da Veja, senador afirma que lobista extorquia empresário do ramo para que não fossem convocados a depor na CPI, relatada por senadora de MS

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Uma denúncia divulgada pela revista Veja aponta que há um suposto esquema de extorsão de empresários ligados ao setor de apostas. A senadora Soraya Thronicke é relatora da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga sites de apostas no Senado e nega envolvimento, mas confirma saber da existência do suposto esquema e já ter denunciado o caso à Polícia Federal.

Conforme a Veja, durante a oitiva do representante de uma empresa na CPI, houve um bate-boca entre os senarores Ciro Nogueira e Soraya Thronicke, após ela dizer que convocaria o governo Bolsonaro para saber porque não houve regulamentação na gestão do ex-presidente.

Ciro Nogueira, que era ministro da Casa Civil no antigo governo, indagou a senadora e os ânimos se exaltaram. 

“Dá para a senhora me explicar por que chamar o governo Bolsonaro? A senhora acha que isso [regulamentação] vai ter algum ganho para o país, senadora?", ao que Soraya o mandou se debruçar sobre a legislação para entender.

“A senhora não é professora de ninguém. Daqui a pouco é a senhora que vai ter que prestar muitas explicações aqui”, continou o senador.

Após a discussão, Ciro Nogueira procurou o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para denunciar que algo "muito grave" acontecia nos bastidores da comissão.

Esse fato grave, segundo a Veja, é de que Silvio de Assis, um lobista conhecido em Brasília estaria extorquindo empresários ligados ao setor de apostoria e que havia uma parceria entre esse lobista e integrantes da CPI.

O suposto esquema funcionava da seguinte maneira: os parlamentares apresentavam requerimentos convocando empresas para prestar depoimento. Na sequência, o lobista ia até a empresa, dizia ter influência sobre alguns congressistas e pedia dinheiro para reverter a convocação.

Segundo a denúncia de Ciro Nogueira a Pacheco, a Polícia Federal já investiga esse esquema, após um empresário do ramo de apostas denunciar ter sido abordado pelo lobista, que exigiu R$ 40 milhões.

Ainda conforme a Veja, Ciro Nogueira não acusou Soraya Thronicke diretamente de envolvimento no esquema, mas afirmou que ela, por ser relatora da CPI, conhece e mantém uma relação de proximidade com o lobista que fazia as extorsões.

Procurado pela revista, Ciro disse que a denúncia chegou a seu conhecimento e que tomou “as providências cabíveis”.

O lobista Silvio de Assis é conhecido por ter amigos em diversos partidos e gabinetes em Brasília e já foi preso em 2018 pela Polícia Federal, por envolvimento em escândalo de venda de registros sindicais.

Com relação à denúncia de Ciro Nogueira, ele afirma que não acompanha o trabalho da CPI apenas para juntar informações para dum documentário sobre apostas no Brasil, que está produzindo. O lobista desconversou quando questionado sobre sua relação com Soraya Thronicke.

Senadora nega envolvimento

Soraya negou envolvimento com o suposto esquema de extorsão, mas confirmou que conhece Silvio de Assis e que há indícios de algo grave nos bastidores da CPI, mas que ela não tem nenhum tipo de relação.

Segundo a senadora, ela teve acesso a um áudio enviado por um empresário convocado para depor, onde era pedido R$ 100 milhões para que ele não fosse convocado por ela. Ela alega que seu nome estava sendo usado sem seu conhecimento.

À Veja, Soraya Thronicke não revelou a identidade do criminoso e nem do empresário abordado nos supostos áudios, se limitando a dizer que encaminhou a denúncia à Polícia Federal.

Apesar de não confirmar, a relação de Soraya com o lobista parece ser próxima. Na virada do ano de 2022 para 2023, a senadora passou o Natal com Silvio de Assis em Campo Grande.

No ano passado, a irmã do lobista, Sandra Barbosa de Assis, foi nomeada no gabinete de Soraya, em Brasília. Já neste ano, foi a vez do genro do lobista ganhar um cargo. David Vinicius Orue de Oliveira também é nomeado no gabinete de Soraya.

O nome de Soraya, no entanto, não aparece nas denúncias como participante do esquema de extorsão.

Irmã do lobista é nomeada no gabinete de Soraya 
Genro do lobista também é lotado no gabinete da senadora

A CPI das Apostas foi instalada em novembro e já foram apresentados 360 requerimentos, sendo 230 aprovados e com o depoimento de seis testemunhas.

Confira a nota da senadora na íntegra:

"Em relação às acusações envolvendo supostas extorsões e pagamento de propina nos bastidores da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Bets, a senadora Soraya Thronicke esclarece que tem recebido denúncias graves e preocupantes sobre o possível envolvimento de parlamentares e seus familiares em esquemas ilícitos, incluindo a realização de lobby para empresários donos de sites de apostas ilegais e influenciadores, com o objetivo de evitar convocações para comparecimento à CPI.

A senadora também afirma que tem sido alvo de ameaças e tentativas de intimidação por parte de alguns colegas senadores. Além disso, existem fortes indícios de que o genro de um senador seja proprietário de uma plataforma especializada em jogos on-line e com sede em um país considerado paraíso fiscal. Há ainda suspeitas de seu envolvimento nos crimes que estão sendo investigados no âmbito da CPI.

Diante dessas situações, a senadora encaminhou as denúncias ao Diretor-Geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues. Além de formalizar a denúncia à PF, ela pretende processar criminalmente o senador por denunciação caluniosa, calúnia e difamação, além de reparação na esfera cível, em razão da ofensa à sua honra. A senadora também já colocou à disposição a quebra de seus sigilos bancários, fiscais, telemáticos e qualquer outra informação que a Polícia Federal julgar relevante para as investigações.

A senadora Soraya Thronicke entende que os ataques à sua reputação refletem o desespero de alguns parlamentares, especialmente por ela exercer o papel de relatora da CPI e atuar de forma combativa, com integridade, seriedade e honra — princípios que têm norteado seus seis anos de mandato no Senado Federal.

Quanto a outras denúncias, a senadora esclarece que não tem conhecimento a respeito e reforça que os responsáveis por tais acusações devem apresentar explicações diretamente à Polícia Federal".

*Matéria atualizada às 19h39 para correção de informação; e às 08h21 para acréscimo de informação

JUSTIÇA

Juristas de MS aprovam criação de um código de ética para tribunais superiores

Proposta parte do presidente do STF, Edson Fachin, ao defender que magistrados precisam ter rigor técnico e sobriedade

23/12/2025 08h20

O presidente do STF, ministro Edson Fachin, durante sessão de encerramento do ano judiciário

O presidente do STF, ministro Edson Fachin, durante sessão de encerramento do ano judiciário Rosinei Coutinho/STF

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A proposta do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin, de criar um código de conduta para os tribunais superiores, por entender que os magistrados precisam ter rigor técnico e sobriedade, foi bem-aceita pelos juristas de Mato Grosso do Sul.

O advogado Benedicto Arthur Figueiredo Neto lembrou que, etimologicamente, a palavra ética vem do grego ethos, que significa costume, caráter e modo de agir.

“Em meio às diversas críticas que alguns ministros do STF têm sofrido por receberem valores para proferirem palestras, o que é totalmente lícito à magistratura, Fachin se inspira no código de conduta da Suprema Corte da Alemanha para a criação de uma normatização ao modo de agir dos seus membros”, explicou.

Ele completou que o código de conduta da Suprema Corte alemã é bastante pragmático e objetivo, no sentido de sempre preservar em primeiro lugar a imagem da Corte e de que a conduta de seus membros sempre siga regras para que essa imagem venha a ser preservada.

“É o caso de como se prevê na Alemanha que os seus membros devem ponderar se o evento do qual vão participar não tem conflito com a reputação e com a honra da Corte. A normatização de um código de ética para tribunais superiores é a franca demonstração de reconstrução da imagem independente pela magistratura, afastando-se da política”, analisou.

Sandro de Oliveira, professor doutor da Faculdade de Direito (Fadir) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), acrescentou que um código de ética da magistratura é pertinente e necessário porque traduz, de forma clara e acessível, os valores que já estão consagrados na Constituição Federal e que devem orientar a atuação de todo agente público, mais especialmente daqueles que exercem a função de julgar.

“O código não cria obrigações novas, mas organiza princípios como legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, oferecendo parâmetros objetivos de conduta que reforçam a confiança da sociedade no Poder Judiciário. Além disso, a magistratura ocupa uma posição singular na estrutura do Estado, pois dela se espera independência, equilíbrio e compromisso permanente com os direitos fundamentais”, pontuou.

Sandro de Oliveira ressaltou que um código de ética funciona como instrumento pedagógico e preventivo, ajudando o magistrado a refletir sobre sua postura dentro e fora da jurisdição, à luz do interesse público, da dignidade da função e do dever de imparcialidade, que decorre diretamente do princípio republicano.

“Ao fortalecer a ética institucional, o código contribui para a transparência e para a legitimidade democrática do Judiciário. Ele reafirma que a atuação judicial não está dissociada da administração pública, mas submetida aos mesmos princípios constitucionais que exigem responsabilidade, probidade e prestação de contas à sociedade, elementos que são necessários à consolidação do Estado Democrático de Direito”, assegurou.

Para ele, é importante registrar que códigos de ética e de conduta não são estranhos ao ordenamento jurídico brasileiro. “Ao contrário, diversas carreiras de Estado e do serviço público, de modo geral, já contam com diplomas próprios que orientam a atuação de seus membros. Nesse contexto, a instituição de um código de ética da magistratura não apenas se mostra legítima, como também relevante, na medida em que contribuiria para balizar comportamentos, fortalecer a confiança social no Judiciário e servir de referência normativa e ética para as demais carreiras do Estado brasileiro”, argumentou.

O advogado André Borges citou que a proposta surge depois de fatos recentes, como esposa de ministro do STF com contrato milionário e advogando na Corte do esposo e ministro viajando no jatinho em que estava advogado que posteriormente teve pedido atendido, revelarem a necessidade urgente de ser atualizado o Código de Ética da Magistratura editado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

“Judiciário é importante demais para que sobre ele recaiam dúvidas sobre a honra e a decência de seus integrantes. Proteção ética surge exatamente de um código de ética. Na Suprema Corte dos Estados Unidos isso já foi aprovado. Trata-se de algo que precisa ser aplicado no Brasil, incluindo ministros das cortes superiores de Brasília [DF]. Vivemos em uma república, que tem como característica principal a responsabilidade dos servidores públicos em geral, no que se incluem os magistrados”, comentou o jurista ao Correio do Estado.

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Política

Lewandowski agora apoia recriação do Ministério da Segurança Pública e cobra mais recursos

Ministro afirmou que a mudança só fará sentido se vier acompanhada de uma ampliação do papel da União no combate à criminalidade

22/12/2025 22h00

Lewandowski

Lewandowski Agência Brasil

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O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, mudou de posição e passou a concordar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a recriação do Ministério da Segurança Pública, caso avance no Congresso a proposta de emenda à Constituição (PEC) que trata do tema. A avaliação foi feita em entrevista ao Valor Econômico, publicada nesta segunda-feira, 22.

Ao defender a volta da pasta, Lewandowski afirmou que a mudança só fará sentido se vier acompanhada de uma ampliação do papel da União no combate à criminalidade e de um reforço significativo de recursos federais. Segundo ele, sem "verbas substanciais", o novo ministério tende a ser ineficaz.

"Eu concordo com o presidente que essa divisão (Ministério da Justiça e Ministério da Segurança Pública) faria sentido, primeiro, se houvesse uma ampliação do papel da União no combate à criminalidade. Em segundo lugar, se viessem verbas substanciais, porque hoje nós temos no nosso Fundo Nacional de Segurança Pública a verba irrisória de R$ 2 bilhões", afirmou.

Na entrevista, o ministro também criticou as mudanças promovidas pela Câmara dos Deputados no texto da PEC da Segurança enviado pelo governo. Embora tenha elogiado a disposição do relator, deputado Mendonça, para o diálogo, Lewandowski avaliou que a versão aprovada se distancia do eixo central da proposta do Executivo.

"A principal crítica que eu faço é que o texto está, de certa maneira, na contramão da proposta que nós apresentamos. O principal ponto da PEC era a coordenação de forças, e isso ficou de fora", disse. Para ele, ao priorizar a descentralização e o fortalecimento das forças locais, o texto pode representar um retrocesso em relação ao modelo de coordenação nacional previsto no Sistema Único de Segurança Pública (Susp), criado em 2018.

Lewandowski também comentou o Projeto de Lei da Dosimetria, aprovado pela Câmara e pelo Senado. Ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), ele afirmou que a revisão da norma ainda passará por sua mesa. O presidente Lula já declarou que pretende vetar o texto, que reduz penas de condenados por tentativa de golpe de Estado.

"Na medida em que você ameniza as sanções contra esse tipo de atentado contra as instituições, que é gravíssimo, você pode estimular futuros atentados contra o Estado Democrático de Direito", comentou.

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