Levantamento feito pelo Correio do Estado no site Congresso em Foco, criado para reconhecer os parlamentares que mais se destacam no exercício do mandato no Congresso Nacional, revelou que os três senadores de Mato Grosso do Sul votaram, ao longo deste ano, mais a favor do que contra as matérias defendidas pelo governo do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Ao longo deste ano, conforme os dados disponibilizados pelo Congresso em Foco, nas votações abertas, ou seja, as não secretas, a senadora Soraya Thronicke (Podemos) votou 27 vezes a favor das proposições defendidas pelo governo federal e nenhuma vez contra, enquanto o senador Nelsinho Trad (PSD) votou 19 vezes a favor das pautas defendidas pelo presidente Lula e três vezes contra, e a senadora Tereza Cristina (PP) votou 23 vezes a favor das proposições defendidas pelo governo federal e cinco vezes contra.
Apesar de apenas a senadora Soraya Thronicke se declarar governista, os outros dois senadores – Nelsinho Trad e Tereza Cristina –, assumidamente de oposição ao governo do presidente Lula, acabaram votando mais a favor do governo federal do que contra, demonstrando que ambos, mesmo sendo de partidos de centro-direita, na hora de analisar as pautas colocadas em votação, pensam mais no benefício da população do que na orientação política.
No caso de Soraya Thronicke, que foi eleita em 2018 pelo PSL, partido do então candidato a presidente da República Jair Messias Bolsonaro e, portanto, fazendo parte da onda Bolsonarista, como ficaram conhecidos os candidatos que apoiaram o agora ex-presidente e foram eleitos, ela mudou de orientação política quando Lula foi eleito presidente, passando a defender as pautas da esquerda.
Portanto, ao longo deste ano, a parlamentar sul-mato-grossense acompanhou todas as orientações do governo federal, votando a favor sempre que esteve presente nas sessões do Senado, diferentemente dos colegas Nelsinho Trad e Tereza Cristina, que são declaradamente de centro-direita.
Mesmo assim, ambos tiveram, pelo menos nas votações, posicionamento de senadores governistas e não de oposição porque optaram por analisar as pautas antes de acompanharem ou não o direcionamento do governo federal.
Se a matéria beneficiasse a maioria da população, eles não pensaram duas vezes em votar favoravelmente às pautas propostas pelo presidente Lula no Senado.
VOTOS CONTRÁRIOS
Entre votos contrários ao posicionamento do governo federal dados pelos senadores Nelsinho Trad e Tereza Cristina, um deles foi o Requerimento nº 911/2025, dos líderes, que foi aprovado no Senado no dia 9, solicitando um calendário especial para a PEC nº 48/2023, mais conhecida como Marco Temporal Indígena.
Os senadores votaram pela aprovação, e o governo federal orientou pela reprovação. Com a aprovação, a pauta foi acelerada, sendo aprovada em dois turnos no mesmo dia, e agora segue para a Câmara dos Deputados. Essa PEC alterou o artigo nº 231 da Constituição, para definir que apenas terras ocupadas até 5 de outubro de 1988 podem ser demarcadas.
Um outro projeto que ambos votaram contrariando a base governista foi a rejeição à Emenda nº 587 ao Projeto de Lei Complementar nº 108, de 2024.
A emenda, destacada para votação separada pela liderança do Podemos (por meio do RQS nº 692/2025), tinha como objetivo estabelecer um limite máximo de 5% para a alíquota do imposto seletivo sobre o setor automotivo.
O Projeto de Lei Complementar nº 108/2024, que regulamenta a gestão e a fiscalização do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e trata do ITCMD, foi aprovado em sua totalidade pelo Congresso Nacional e seguiu para sanção presidencial.
Tereza Cristina também votou contra um destaque na PEC nº 66/2023, especificamente sobre a expressão do §19 do art. nº 165 da Constituição.
O governo federal queria a aprovação e o resultado foi de rejeição, ou seja, o texto original (ou o que estava sendo defendido pelo governo/relator) foi mantido, com 39 votos contrários à retirada da expressão e 25 favoráveis. A emenda que propunha a mudança foi rejeitada, conforme os dados do Radar do Congresso e o processo de tramitação da PEC.
A senadora ainda votou contra o PL nº 4.614/2024, que foi um projeto de lei polêmico, aprovado no fim de 2024, que alterou regras do Benefício de Prestação Continuada (BPC), restringindo o acesso ao benefício para pessoas com deficiência (excluindo as de grau leve) e para idosos, além de mudar a forma de cálculo da renda familiar, gerando críticas de que feria direitos sociais, mas justificado pelo governo como ajuste fiscal e sustentabilidade de programas sociais.


