Em entrevista exclusiva ao Correio do Estado na manhã desta sexta-feira (17), a senadora de Mato Grosso do Sul, Soraya Thronicke (União Brasil), afirmou que recorreu, novamente, ao Supremo Tribunal Federal (STF) para criar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
O objetivo do inquérito é investigar quem são os financiadores e autores do ataque antidemocrático e terrorista, realizado em 8 de janeiro deste ano, na Praça dos Três Poderes, em Brasília.
A senadora havia entrado com mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal para garantir a CPI contra os atos.
Thronicke ressaltou que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, intimou a Procuradoria Geral da República (PGR) para que dê sua opinião. Com isso, a parlamentar segue aguardando a definição.
“O próprio presidente, como autoridade coatora, já prestou informações e agora o ministro Gilmar Mendes, o ministro que foi sorteado como relator, acabou de intimar a PGR para que dê a sua opinião”, disse.
“Eu fiz um pedido de liminar para a abertura da CPI, justamente porque foram cumpridos todos os protocolos legais, as exigências que é o número de assinaturas, também o fato concreto, prazo, tudo que era necessário que estava na lei. Porém, questões políticas, infelizmente, sempre atrapalham”, finalizou.
O pronunciamento foi feito na manhã desta sexta-feira (17), durante solenidade de posse do presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MS).
O pedido pretende investigar os atos antidemocráticos, terroristas e golpistas, praticados em 8 de janeiro de 2023, na Praça dos Três Poderes, em Brasília.
O requerimento foi protocolado em janeiro e conta com 39 assinaturas. Vale ressaltar que são necessárias 27 assinaturas para instaurar o inquérito, o que corresponde a um terço dos senadores do país.
Porém, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), negou a criação de CPI proposta pela senadora.
Pacheco disse que não poderia instalar a investigação porque o pedido da senadora foi feito no dia 9 de janeiro. E o atual comando do Senado tomou posse depois desta data. E, na justificativa dele, as solicitações feitas antes são arquivadas automaticamente.
“Foi um ataque a nossa democracia, uma tentativa de golpe de estado. O 8 de janeiro ainda não foi superado. Brasil precisa sim da investigação da Polícia Federal, precisa do Poder Judiciário, mas precisa também que o Legislativo esteja atento numa oportunidade também de trazer uma uma questão pedagógica”, declarou Soraya, ao Correio do Estado.
Confira a lista de parlamentares que já assinaram o pedido de CPI
1. Soraya Thronicke (UNIÃO-MS)
2. Giordano (MDB-SP)
3. Eliziane Gama (PSD-MA)
4. Davi Alcolumbre (UNIÃO-AP)
5. Paulo Paim (PT-RS)
6. Alessandro Vieira (PSDB-SE)
7. Humberto Costa (PT-PE)
8. Marcos do Val (PODEMOS-ES)
9. Leila Barros (PDT-DF)
10. Fabiano Contarato (PT-ES)
11. Randolfe Rodrigues (REDE-AP)
12. Oriovisto Guimarães (PODEMOS-PR)
13. Margareth Buzetti (PSD-MT)
14. Weverton (PDT-MA)
15. Jorge Kajuru (PODEMOS-GO)
16. 23. Mara Gabrilli (PSD-SP)
17. Jaques Wagner (PT-BA)
18. Angelo Coronel (PSD-BA)
19. Styvenson Valentim (PODEMOS-RN)
20. Rogério Carvalho (PT-SE)
21. Irajá (PSD-TO)
22. Otto Alencar (PSD-BA)
23. Eduardo Braga (MDB-AM)
24. Omar Aziz (PSD-AM)
25. Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB)
26. Zenaide Maia (PSD-RN)
27. Marcelo Castro (MDB-PI)
28. Nelsinho Trad (PSD-MS)
29. Izalci Lucas (PSDB-DF)
30. Sérgio Petecão (PSD-AC)
31. Renan Calheiros (MDB-AL)
32. Cid Gomes (PDT-CE)
33. Daniella Ribeiro (PSD-PB)
34. Esperidião Amin (PP-SC)
35. Luis Carlos Heinze (PP-RS)
36. Wellington Fagundes (PL-MT)
37. Plínio Valério (PSDB-AM)
38. Zequinha Marinho (PL-PA)
39. Professora Dorinha (União-TO)
Invasão em Brasília
Golpistas, vestidos de verde e amarelo, invadiram a Praça dos Três Poderes (Supremo Tribunal Federal (STF), Palácio do Planalto e Congresso Nacional) a pauladas, pedradas e chutes, na tarde de 8 de janeiro de 2023.
Vidros foram quebrados, janelas/portas arrombadas, paredes foram pichadas e cadeiras, mesas e outros objetos jogados ao chão.
Moradores de Mato Grosso do Sul estão entre os terroristas, como mostra vídeo feito dentro do local. Um rapaz, vestido com camiseta 'Patriota do MS', foi flagrado no segundo andar do Palácio, tentando abrir uma das portas.
A camiseta é similar a que estavam vendendo em frente ao acampamento bolsonarista do Comando Militar do Oeste (CMO), em Campo Grande. Inclusive, na avenida Duque de Caxias, havia uma tenda com o mesmo nome 'Patriota do MS'.
Foram destruídos obras de arte, televisões, computadores, impressorasm quadros, móveis da sala da primeira-dama Janja Silva, vidraças, mesas, armários, galeria de fotos dos presidentes da República, vitrais, cadeiras e brasão da República.
Os terroristas entraram em confronto com a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), que revidou com bombas de efeito moral. O cavalo, pertencente a instituição, também foi atacado e ferido.
O grupo de criminosos planeja a ida à Brasília há dias. Cerca de quatro mil manifestantes de todas as regiões do Brasil, alocados em 100 ônibus, desembarcaram na Capital Federal entre 7 e 8 de janeiro.