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Temer e Kassab podem pegar o vácuo de Quércia

Temer e Kassab podem pegar o vácuo de Quércia

ESTADÃO

24/12/2010 - 16h20
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A importância histórica de Orestes Quércia não é questionada por nenhum estudioso da política paulista. O ex-governador teve papel fundamental na formação e estruturação do maior partido do País, o PMDB, na redemocratização do Brasil e na formação daquele que se tornaria um dos dois polos da política nacional, o PSDB. Para cientistas políticos ouvidos pela reportagem, a morte de Quércia deixa um vácuo no peemedebismo de São Paulo, que deverá ser preenchido pelo vice-presidente eleito, Michel Temer, ou pelo prefeito paulistano, Gilberto Kassab (DEM), cuja migração para o PMDB é dada como certa por muitos. 

"O Quércia foi eleito senador em 1974, em um momento em que ele encarnou o processo contra a ditadura militar", diz o cientista político Marco Antônio Teixeira, professor da Fundação Getúlio Vargas. "Era um ilustre desconhecido, mas grande parte da população de São Paulo viu nele a possibilidade de mostrar sua insatisfação com o regime, que naquele momento mostrava sua face mais dura."

 "Neste período, o Quércia tem um papel fundamental na formação do MDB em São Paulo. Ele parte para o interior do Estado e vai estruturando vários diretórios locais do partido", conta Carlos Melo, cientista político do Insper. "Isto lhe dá, no longo prazo, o controle do partido. "Este controle, avalia Melo, permitiu que Quércia impusesse seu nome como candidato a vice-governador na chapa vitoriosa liderada por Franco Montoro em 1982. "Tal era a força dele no MDB e depois no PMDB, que ele conseguiu impor o seu nome à sucessão do Montoro, em 1986."

 Foi na gestão de Quércia no Palácio dos Bandeirantes que o PMDB se dividiu, dando origem ao PSDB. Lideranças como Fernando Henrique Cardoso, José Serra e Geraldo Alckmin declararam-se decepcionadas com o que consideravam leniência do então governador com a corrupção. "A administração de Quércia está intrinsecamente ligada à formação do PSDB", explica Marco Antônio Teixeira.

 Para Carlos Melo, o então governador paulista poderia ter se tornado o presidenciável do PMDB nas eleições de 1989 - e com sucesso. "Mas, talvez por um cálculo errado, ele respeitou a fila interna e cedeu o lugar para o Ulysses Guimarães. Se o Quércia tivesse sido o candidato, talvez o Collor não fosse eleito."

 O governo de Luiz Antônio Fleury Filho - secretário da Segurança na gestão quercista e escolhido pelo próprio à sua sucessão - enfraqueceu politicamente o ex-governador. "O governo Fleury foi um fracasso sob vários aspectos, e depois disso o Quércia nunca mais conseguiu se eleger. Mas ele manteve o controle da máquina partidária", diz Melo.

 Um controle que se manteve intacto até 2010, quando o ex-governador articulou o apoio do PMDB paulista à candidatura de José Serra à Presidência. Com o agravamento de sua doença, porém, muitas lideranças do partido - entre elas, três dos quatro deputados peemedebistas na Assembleia Legislativa - passaram a dar sustentação a Dilma Rousseff.

 

"O PMDB estava dividido em São Paulo entre o grupo quercista e o grupo do Michel Temer (vice-presidente eleito). A morte do Quércia deixa o maior partido do País sem representante na maior unidade da federação", avalia Leonardo Barreto, cientista político da Universidade de Brasília (UNB). Para ele, Temer deverá assumir a liderança no Estado, mas terá dificuldade de agregar os grupos quercistas. "Se o Gilberto Kassab quiser se colocar como líder regional do partido, precisará se filiar ao PMDB o mais rápido possível, antes que alguém assuma esse papel."

 

Para Marco Antônio Teixeira, "não há dúvidas" de que Temer ganhará força na direção estadual do PMDB. Ele aponta, porém, que ainda há lideranças fiéis a Quércia em posição de destaque, como a vice-prefeita de São Paulo, Alda Marco Antônio. "A verdade é que o quercismo continua, só não está claro por meio de quem", diz.

Política

Avaliações positiva e negativa do STF crescem e mostram divisão da percepção da população

O porcentual de brasileiros que avaliam positivamente o trabalho do STF subiu de 23% para 33% entre julho e dezembro deste ano; percepção negativa, que segue predominante, avançou de 32% para 36%

19/12/2025 22h00

Supremo Tribunal Federal (STF)

Supremo Tribunal Federal (STF) Crédito: Fábio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil

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Pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta sexta-feira, 19, mostra que cresceram as avaliações positivas e negativas sobre o trabalho do Supremo Tribunal Federal (STF), mostrando uma divisão da percepção da população brasileira sobre a atuação da Corte.

O porcentual de brasileiros que avaliam positivamente o trabalho do STF subiu de 23% para 33% entre julho e dezembro deste ano. No mesmo período, a percepção negativa, que segue predominante, avançou de 32% para 36%. Já a avaliação regular recuou de 34% para 24%.

No intervalo entre os dois levantamentos, a Primeira Turma do STF condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a 27 anos e três meses de prisão pelos crimes de organização criminosa armada, golpe de Estado, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, deterioração de patrimônio tombado e dano qualificado contra o patrimônio da União.

Entre as duas edições da pesquisa, também houve mudança no comando da Corte. O ministro Edson Fachin assumiu a presidência do tribunal e o ministro Luís Roberto Barroso se aposentou. Fachin adota um perfil mais discreto e defende a chamada "autocontenção" do Judiciário, em contraste com o antecessor, que sustentava que o Supremo deveria exercer um "papel iluminista" e atuar de forma mais protagonista na definição de direitos.

No mesmo período, o secretário de Estado do governo Donald Trump, Marco Rubio, revogou o visto do ministro Alexandre de Moraes e de seus familiares, além de outros sete integrantes do STF. O governo dos Estados Unidos também aplicou sanções a Moraes com base na Lei Magnitsky, norma criada para punir violadores graves de direitos humanos. Foi a primeira vez que uma autoridade de um país democrático foi alvo das medidas previstas na legislação. Neste mês, o presidente Donald Trump retirou o nome do ministro da lista de sancionados.

Outros poderes

A pesquisa também avaliou os demais Poderes. No Legislativo, a percepção varia conforme a Casa. No Senado Federal, a maior parcela dos entrevistados (34%) classifica o desempenho como regular, porcentual que empata, dentro da margem de erro (2 p p), com a avaliação negativa, de 33%. A avaliação positiva soma 22%, enquanto 11% não souberam ou não quiseram responder.

Na Câmara dos Deputados, a avaliação negativa predomina: 36% consideram o trabalho ruim ou péssimo. A percepção, porém, está tecnicamente empatada com a avaliação regular, que alcança 35%. A avaliação positiva é de 20%, e 9% não responderam.

A pesquisa foi realizada por meio de entrevistas presenciais entre os dias 11 e 14 de dezembro de 2025. O levantamento tem nível de confiança de 95% e margem de erro de dois pontos porcentuais. Os entrevistados puderam classificar cada Poder como ótimo, bom, regular, ruim ou péssimo, com os resultados consolidados nas categorias positiva, regular e negativa.

Governo Lula

Em relação ao Executivo federal, 38% dos brasileiros avaliam que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) faz um trabalho ruim ou péssimo. Outros 34% consideram a gestão boa ou ótima, enquanto 25% a classificam como regular. Já 3% não souberam ou não responderam.

Política

Ministro do Paraguai fala em disposição construtiva para avançar em acordo Mercosul-UE efetivo

Segundo Rubén Ramírez Lezcano, um dos desafios centrais para o Paraguai é a superação das assimetrias estruturais

19/12/2025 21h00

Segundo Rubén Ramírez Lezcano, um dos desafios centrais para o Paraguai é a superação das assimetrias estruturais

Segundo Rubén Ramírez Lezcano, um dos desafios centrais para o Paraguai é a superação das assimetrias estruturais Foto: Divulgação

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O ministro das Relações Exteriores do Paraguai, Rubén Ramírez Lezcano, reafirmou a "disposição construtiva" para avançar na concretização efetiva do acordo entre Mercosul e União Europeia (UE), durante a 67ª reunião do Conselho do Mercado Comum (CMC) do Mercosul, órgão decisório de nível ministerial do bloco, nesta sexta-feira, 19, segundo nota do Ministério de Relações Exteriores do país.

"Em particular, o Paraguai confia que os mecanismos de salvaguarda serão abordados e aplicados de maneira compatível com respeito ao negociado e acordado, e também de acordo com as normas multilaterais preservando o equilíbrio de direitos e obrigações das partes", disse Lezcano.

O chanceler também afirmou que "o Paraguai acredita e aposta em um Mercosul que funcione para todos, capaz de traduzir seus princípios em resultados concretos e de responder com pragmatismo e visão aos desafios estruturais que ainda persistem" na região.

Segundo Lezcano, um dos desafios centrais para o Paraguai é a superação das assimetrias estruturais entre os Estados Parte do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e, mais recentemente em 2024, Bolívia). "Não se trata de uma noção abstrata, mas de uma realidade econômica e geográfica que limita nosso desenvolvimento e condiciona nossa competitividade", disse, frisando que a condição mediterrânea do país impõe custos adicionais que encarecem as exportações e restringem a participação nas cadeias regionais de valor.

A reunião do CMC, em Foz do Iguaçu, nesta sexta-feira, foi majoritariamente fechada à imprensa.

No sábado, 20, o Brasil deve passar o bastão da Presidência Pro Tempore do bloco ao Paraguai, durante a 67ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul e Estados Associados, também em Foz do Iguaçu. 

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