Política

A CAMINHO

Tereza Cristina tem projeto de lei para extinguir as famosas "emendas Pix"

Líder do PP no Senado, a sul-mato-grossense tem autoridade para fazer a proposição, pois nunca utilizou essa modalidade

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No centro de uma grande queda de braço envolvendo os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, as “emendas Pix”, que tecnicamente são chamadas de transferências especiais e permitem a parlamentares federais enviar recursos diretamente às prefeituras e aos governos estaduais sem necessidade de convênio ou identificação do projeto a ser contemplado, podem estar com os dias contados.

Conforme apuração do Correio do Estado, a senadora sul-mato-grossense Tereza Cristina, líder do PP no Senado, vai apresentar, em março, um novo projeto de lei para reforçar a transparência na aplicação e dar mais luz ao caminho do dinheiro das emendas parlamentares ao Orçamento da União, em especial, as famosas “emendas Pix”.

Ela tem credibilidade para apresentar esse projeto de lei, que praticamente vai extinguir essa modalidade de pagamento de emendas parlamentares, afinal, a senadora nunca utilizou as “emendas Pix”, diferentemente dos dois colegas de Mato Grosso do Sul, justamente por ser contra o uso de um recurso público que não pode ter a comprovação da sua aplicação em benefício da sociedade.

Tanto que, em 1º de agosto do ano passado, o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu todas as emendas parlamentares, até que critérios de transparência e rastreabilidade fossem adotados.

Afinal, a mídia revelou que as “emendas Pix”, liberadas no período de 2020 a 2023, contemplaram, em sua maioria, municípios pequenos, ou seja, localidades onde praticamente é impossível checar em que o dinheiro foi aplicado.

Mato Grosso do Sul, por exemplo, no período de 2023 a 2024, recebeu R$ 256,4 milhões enviados na modalidade de “emendas Pix”, montante considerado recorde, conforme já publicado pelo Correio do Estado no fim do ano passado. Em razão disso, o procurador da República Luiz Gustavo Mantovani resolveu instaurar um procedimento administrativo para acompanhar a aplicação desse recurso pelo governo estadual, pela prefeitura de Campo Grande e por mais 18 municípios.

Luiz Mantovani está acompanhando, desde o ano passado, o recebimento dessas “emendas Pix” por parte do Estado, da Capital e dos municípios de Anastácio, Aquidauana, Bandeirantes, Bodoquena, Bonito, Camapuã, Corguinho, Dois Irmãos do Buriti, Figueirão, Jaraguari, Miranda, Nioaque, Paraíso das Águas, Porto Murtinho, Ribas do Rio Pardo, Rochedo, Sidrolândia e Terenos, para garantir a transparência na aplicação desses recursos e coibir atos de corrupção.

O PROJETO

O Correio do Estado teve acesso à minuta do projeto de lei de autoria da senadora Tereza Cristina, que aborda um dos temas mais debatidos atualmente no Brasil: a formulação e a execução do Orçamento.

“A proposta busca enfrentar desafios históricos na alocação de recursos, garantindo que as decisões orçamentárias sejam mais transparentes, eficientes e voltadas para a solução concreta dos problemas do País”, justificou parte do texto.

Na prática, trata-se de um conjunto de medidas estruturadas para assegurar a efetividade das políticas públicas essenciais, propondo critérios objetivos para medir os resultados alcançados, privilegiando um modelo de gestão baseado em evidências e dados técnicos, e não em decisões motivadas por interesses políticos de curto prazo.

Dessa forma, o gasto público deixa de ser mera formalidade burocrática e passa a ser um instrumento real de transformação social. A iniciativa da senadora representa um compromisso direto com a população brasileira, ao priorizar a qualidade das entregas do Estado.

O projeto garante que as políticas públicas cheguem a quem realmente precisa, além de estabelecer um mecanismo de respeito ao cidadão pagador de impostos, assegurando que os recursos arrecadados sejam aplicados com responsabilidade e retornem à sociedade na forma de serviços e investimentos eficazes.

Mais do que estabelecer novas regras, a proposta redefine a lógica do gasto público. O foco deve estar na efetividade, e não apenas na burocracia que regula a distribuição dos recursos. O normativo busca superar o debate superficial sobre controle orçamentário, promovendo um modelo no qual a qualidade da despesa seja a principal métrica de sucesso.

Seja um gasto autorizado pelo Executivo, seja uma despesa direcionada por emenda parlamentar, ambos devem atender ao mesmo propósito: resolver os problemas reais da nação. Essa é a base da proposta, que valoriza a gestão pública responsável e coloca os interesses da população acima de disputas políticas.

“Eu acho que esse é o início de uma discussão e, portanto, deve ser feita pelo Senado no Congresso Nacional. Tenho visto isso, a dificuldade que os prefeitos têm e a morosidade para fazer uma obra, às vezes, obras que são urgentes nos municípios. Os que mais sofrem são os menores municípios, são aqueles que têm menos recursos, aqueles que arrecadam menos e que, às vezes, vivem das nossas emendas. Um dado que me impressiona muito é que somente 33% dos recursos das nossas emendas chegam até o final, até a conclusão. Isso é uma outra coisa que nós precisamos corrigir”, cobrou a senadora.

Tereza Cristina concluiu que é preciso melhorar não só a legislação, mas o controle, a fiscalização e a celeridade, para que os municípios e os munícipes, que são aqueles que pagam os impostos dessas emendas que retornam a eles, possam ter essas obras feitas, acabadas e funcionando. 

“Precisamos de celeridade, porém, com autoria e transparência na aplicação dos recursos. Não do jeito das ‘emendas Pix’, que caem em um caixa único do município sem projeto prévio e não se sabe o que será feito com o dinheiro. Sequer aparece o nome do parlamentar”, lamentou a senadora sul-mato-grossense.

SAIBA

Modalidade joga 12% do investimento no escuro

Com as “emendas Pix”, que, a exemplo da modalidade de transferência bancária, facilitam a inclusão de despesas no Orçamento por deputados e senadores, 12% dos investimentos do governo federal nos últimos dois anos têm finalidade desconhecida.

Nos balanços do Tesouro Nacional, que mostram R$ 118,9 bilhões investidos em 2023 e 2024, cerca de R$ 14,3 bilhões decorrentes desse tipo de emenda estão classificados apenas como encargos especiais. Esse montante é superado apenas pelos destinados a transporte (R$ 27,8 bilhões) e defesa nacional (R$ 17,3 bilhões).

Atrás dele, vêm urbanismo (R$ 12,4 bilhões), educação (R$ 10,2 bilhões) e saúde (R$ 8,6 bilhões). Investimentos são gastos em obras de infraestrutura e compras de equipamentos destinados a elevar a produção nacional e prestar serviços públicos de qualidade a todos os brasileiros.

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Política

Líder do PL diz que Ramagem pode renunciar ao mandato e espera aprovação de asilo nos EUA

Sóstenes afirmou, no entanto, que trabalhará pela manutenção do mandato do correligionário

15/12/2025 22h00

Líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (RJ)

Líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (RJ) Foto: Divulgação

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O líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (RJ), disse que Alexandre Ramagem (PL-RJ), parlamentar condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e foragido, admitiu que pode renunciar ao mandato em 2026. Sóstenes afirmou, no entanto, que trabalhará pela manutenção do mandato do correligionário.

Segundo Sóstenes, é importante que Ramagem mantenha o mandato neste ano para poder avançar com o processo de asilo político nos Estados Unidos.

"Vou solicitar ao Colégio de Líderes que não coloque a situação do Ramagem na pauta. Eu falei com ele há pouco, ele disse que até pode pensar numa futura renúncia no próximo ano, está tramitando pedido de asilo político nos Estados Unidos e por isso é importante para ele, a manutenção do mandato", afirmou.

Assim como aconteceu no caso da ex-deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), o PL acredita que não há votos suficientes para cassar Ramagem no plenário.

No começo de maio, a própria Câmara aprovou a sustação da ação penal contra Ramagem por 315 a favor e 143 contra.

O relator da proposta, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), alegou que a Constituição diz que pode ser trancada uma "ação penal", sem fazer restrição a outros denunciados.

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), notificou na última quarta-feira, 10, Ramagem e Eduardo Bolsonaro (PL-SP), por meio de edital, para que se manifestem nos processos que podem levar à cassação de seus mandatos. Ambos estão nos Estados Unidos (EUA).

No caso de Ramagem, o processo de cassação decorre do fato de ele estar foragido da Justiça e sua sentença já ter transitado em julgado.

O ex-delegado da Polícia Federal foi condenado à perda do mandato e a 16 anos de prisão pelo STF por tentativa de golpe de Estado.

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TROCA DE COMANDO

Secretária de Fazenda pode não voltar ao cargo após licença

O Correio do Estado apurou que o futuro da titular da Sefaz será a exoneração e o substituto deve sair da própria equipe

15/12/2025 08h00

A secretária municipal de Fazenda, Márcia Helena Hokama, está no cargo desde abril de 2022

A secretária municipal de Fazenda, Márcia Helena Hokama, está no cargo desde abril de 2022 Marcelo Victor

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À frente das finanças da Prefeitura de Campo Grande desde abril de 2022, a secretária municipal de Fazenda, Márcia Helena Hokama, não vai mais retornar ao cargo depois da prorrogação da licença médica por estresse e ansiedade iniciada em 20 de novembro deste ano e com previsão de encerrar no dia 8 de janeiro de 2026.

O Correio do Estado obteve a informação com exclusividade por meio de fontes do alto escalão da administração municipal de Campo Grande, que ainda explicaram que a prefeita Adriane Lopes (PP) teria sido comunicada da impossibilidade de a titular da Secretaria Municipal de Fazenda (Sefaz) reassumir as funções por conta de suas condições mentais.

Diante disso, a chefe do Executivo da Capital já teria determinado a procura por um substituto e, por enquanto, a tendência é de que o atual secretário-adjunto da Sefaz, Isaac José de Araújo, seja elevado a titular da Pasta por fazer parte da equipe técnica que foi montada por Márcia Hokama, considerada muito competente por Adriane Lopes.

A reportagem também foi informada de que a decisão da secretária de participar da corrida de rua de Bonito, realizada no dia 6, durante o afastamento por questões de saúde e o fato ter ganhado repercussão na mídia municipal teria pesado para que a continuidade dela no cargo após o fim da licença médica ficasse insustentável.

Márcia Hokama chegou a ser fotografada ao concluir um percurso de 10 km e conquistar o 23º lugar na categoria (competidores com idade entre 50 e 59 anos), e a imagem dela sendo publicada pelos principais órgãos de imprensa “pegou” muito mal até mesmo a imagem da prefeita, que é uma grande defensora do trabalho da secretária.

Porém, como a mulher de César não basta ser honesta, ela também precisa parecer honesta, a corrida foi a gota d’água para fim dos mais de três anos dela à frente das finanças municipais, período marcado por muito desgaste político e pressões decorrentes de crises no transporte coletivo urbano, na saúde e nas finanças, chegando a ser cobrança publicamente pela Câmara Municipal de Campo Grande.

O ponto alto desse desentendimento com os vereadores foi quando Márcia Hokama faltou à convocação para dar explicações sobre a crise, e, na época, ela já chegou a alegar problemas de saúde. Em novembro, a situação mental dela teria chegado no fundo do poço, obrigando o pedido de licença médica.

A partir da oficialização da concessão do afastamento, os boatos começaram dando conta de que ela não retornaria mais ao cargo, porém, a prefeita Adriane Lopes assegurava o retorno da titular da Sefaz após o fim da licença médica.

Entretanto, depois da divulgação da participação de Márcia Hokama da corrida de rua de Bonito a prorrogação da dispensa das funções foram decisivas para que a chefe do Executivo Municipal cedesse à pressão pela exoneração da secretária.

Procurada pelo Correio do Estado, a prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes, não quis comentar até o fechamento desta edição. O espaço continuar aberto para a manifestação da chefe do Executivo Municipal.

*SAIBA

A trajetória de Márcia Hokama começou em abril de 2022, quando foi nomeada pela prefeita Adriane Lopes como titular da Secretária Municipal de Finanças (Sefin), ficando responsável pelas finanças do município de Campo Grande e deixando o cargo de secretária-adjunta, o qual ocupava desde 2021.

Em janeiro deste ano, a prefeita reconduziu Márcia Hokama ao cargo, mas com novo nome Secretaria Municipal de Fazenda (Sefaz). Portanto, ela já está na função de liderança na Sefin/Sefaz desde 2022.

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