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Burocracia pode atrasar implantação do 5G no Brasil, apontam especialistas

Regiões carentes brasileiras podem ser as mais prejudicadas quanto a chegada do 5G

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Se não for revista, a burocracia será um obstáculo para a rápida disseminação do acesso à quinta geração de internet móvel (5G) no Brasil. 

Principalmente para os moradores de regiões carentes ou de difícil acesso. O alerta, e o consequente pedido de mudanças legais, foi feito por especialistas do setor de telecomunicações, durante debate organizado pelo Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal (SindiTelebrasil) e pelo portal Jota, e transmitido pelas redes sociais, hoje (21).

Ao tratar dos principais obstáculos de infraestrutura para a implantação do novo padrão tecnológico para dispositivos móveis, representantes do setor privado destacaram que o que consideram um excesso de leis, bem como a carga tributária, pode retardar a implantação da infraestrutura necessária, conforme já aconteceu no passado.

“Acho que temos uma série de dificuldades para a implementação de infraestrutura no Brasil. Isto é um fato e não é um problema apenas para o 5G. Padecemos deste problema também na implementação do 4G”, reconheceu o superintendente de Planejamento e Regulamentação da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Nilo Pasquali.

Ele destacou que representantes da agência regulamentadora têm conversado com deputados estaduais e vereadores a fim de sensibilizar os legisladores sobre a importância de agilizar os processos de licenciamento de infraestrutura.

“Ainda padecemos com muitas legislações locais bastante restritivas, e muito diferentes [entre si], o que dificulta a obtenção de licenças necessárias à instalação da infraestrutura de rede móvel. O agravante no caso do 5G é que ele vai exigir um adensamento muito maior da infraestrutura. E não estamos mais falando apenas destas torres que já conhecemos. Estamos falando de colocar infraestrutura de transmissão em postes de energia e outros tipos de logradouros”, pontuou Pasquali.

Ilustrando o argumento de Pasquali, o responsável pela área técnica de Tecnologia da TIM, Leonardo Capdeville, comparou a situação operacional da empresa na Itália com a do Brasil. 

Segundo o executivo, enquanto, na Itália, a operadora conta com cerca de 18 mil antenas espalhadas por um território que corresponde a pouco mais da metade da área do estado de Minas Gerais, no Brasil, cada empresa dispõe de, em média, 19 mil antenas. 

A estimativa é que, no Brasil, existem pouco mais de 100 mil antenas de telefonia e internet móvel em operação. 

“Alguma coisa não está certa”, apontou Capdeville, sem ser contestado pelos representantes da Anatel e do Ministério das Comunicações. 

“Para cobrirmos toda a extensão territorial do Brasil, para atenderemos os 210 milhões de habitantes do país, vamos precisar de um aumento muito expressivo do número de antenas. Seja para o 4G, seja para o 5G. E quando falamos de fibra óptica , os desafios são iguais”, comentou o executivo, referindo-se a um estudo que, segundo ele, apontou que nenhuma operadora consegue levar a fibra óptica a mil cidades brasileiras. 

“Não estamos falando da casa da pessoa, mas sim do município. Temos que chegar a estes rincões e aumentar a capilaridade da fibra também nas áreas urbanas a fim de atender às múltiplas antenas 5G que vão ter que vir.”

Coordenador-geral de Infraestrutura de Banda Larga do Ministério das Comunicações, Otto Solino garantiu que o governo está prestes a publicar um decreto que vem sendo discutido há meses, por várias pastas. 

De acordo com Solino, a proposta de regulamentação da Lei Geral das Antenas já foi encaminhada à Casa Civil e deve solucionar controvérsias relacionadas ao uso da infraestrutura de telecomunicações, como o direito de passagem e o uso de postes.

“Todas as pastas do governo que tratam do assunto já se manifestaram. O decreto já está na Casa Civil, e acreditamos que, em breve, deve ser publicado”, assegurou Solino, sobre a medida que havia sido prometida para maio deste ano.

 “Ele vai tratar do direito de passagem, reforçando o entendimento do DNIT de que o direito de passagem vale tanto para zonas urbanas, quanto para as rurais. E vai estimular a implantação conjunta de infraestrutura de telecomunicações em obras de interesse público, como rodovias, ferrovias, transmissão de energia elétrica e outras”, acrescentou o representante do Ministério das Comunicações, pontuando que a Lei Geral de Antenas, de 2015, já estabelece que a instalação de infraestrutura de rede de telecomunicações de pequeno porte em áreas urbanas prescinde de licenças.

“Além disso, a Lei Geral das Antenas já prevê um prazo de 60 dias para o Poder Público responder às solicitações para implantação de infraestrutura de telecomunicações. Por outro lado, ela não estabeleceu nenhuma consequência. O decreto vai trazer exatamente estas consequências, dentre elas, a autorização tácita [automática], caso o prazo não seja respeitado”, disse Solino, lembrando que as futuras estações serão menores 

“E com a regulamentação da infraestrutura de pequeno porte, poderão ser instaladas sem qualquer licença, desde que obedecidos os critérios legais, e com a devida autorização do local onde esta estrutura for instalada.”

Pesquisa

Só 22% dos brasileiros têm internet satisfatória, e índice cai a 7% no campo

A pesquisa ainda avaliou as pessoas que não usam a internet e representam cerca de 16% da população

16/04/2024 22h00

De toda a população, 57% não têm metade dos nove pré-requisitos que caracterizam uma conexão de qualidade. Divulgação

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Apenas 22% dos brasileiros com dez anos de idade ou mais têm condições satisfatórias de conexão à internet, mostra estudo inédito do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), braço executivo do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). No campo, o índice cai a 7%.

Para chegar à essa conclusão, o NIC.br avaliou quatro dimensões do acesso à internet: acessibilidade financeira, acesso a equipamentos, qualidade de conexão e ambiente de uso.

Dentro desses grupos, há nove critérios de avaliação: custo inferior a 2% da renda familiar; plano de celular pós-pago; uso diversificado de dispositivos; mais de um dispositivo com acesso à internet por pessoa no domicílio; computador no domicílio; conexão à fibra ótica; conexão a cabo; locais de uso diversos e frequência diária de uso de internet.

De toda a população, 57% não têm metade dos nove pré-requisitos que caracterizam uma conexão de qualidade.

Cada indicador conferia um ponto em uma nota final de 0 a 9. Quem pontua de 7 a 9 tem conexão satisfatória.

Ao todo, 33% dos brasileiros ficam no grupo de acesso mais precário, com zero a dois pontos. E outros 24% têm entre três ou quatro.

Dentre as quatro dimensões analisadas, os indicadores de acessibilidade financeira apresentaram o pior desempenho, seguidos pelos de acesso a equipamentos e de qualidade da conexão.

No estudo chamado Conectividade Significativa, pesquisadores analisaram dados coletados desde 2017 para o levantamento sobre acesso à internet TIC Domicílios —pesquisa que ouve todos os anos cerca de 20 mil pessoas e tem nível de confiança de 95%. Os questionários em condições normais são entregues de forma presencial, com exceção para o período da pandemia.

O estudo Conectividade Significativa é divulgado como parte do ciclo de atividades do NIC.br para o aniversário de dez anos do Marco Civil da Internet, que consolidou o acesso à rede mundial de computadores como um direito fundamental com vista à universalização.

Desde 2015, quando foi lançada a primeira edição da pesquisa TIC Domicílios sobre o estágio da conectividade do país, o acesso à internet avançou de 51% dos domicílios para os atuais 84%, embora esse crescimento tenha desacelerado depois de 2020.

Hoje, o debate da sociedade civil passou da universalização para a conectividade significativa, de acordo com a coordenadora do Comitê Gestor da Internet, Renata Mielli.
"Nas comunidades mais carentes, vemos o acesso à internet via dispositivo móvel, em planos que requerem a compra de franquia de dados a um valor incompatível com o salário mínimo e oferta de acesso gratuito a aplicativos específicos", diz Mielli, em referência aos planos conhecidos como zero rating.

A conectividade significativa abre portas para avanços nos estudos, desenvolvimento de habilidades digitais como adotar medidas de segurança ou instalar programas e a execução de atividades online de comunicação, entretenimento, informação e de trabalho.

A chance, por exemplo, de alguém com acesso satisfatório à internet usar a rede para trabalhar fica na casa dos 72%, contra 12% de alguém que tem o pior nível de conexão. Há vantagens também para se informar sobre direitos, serviços e oportunidades financeiras.

Desigualdade entre pessoas no melhor e no pior nível de conexão
Índice subtrai a chance de realizar determinada atividade entre um representante de cada grupo

  • Comprou produtos ou serviços - 64%
  • Realizou ativiades de trabalho - 60%
  • Realizou atividades financeiras - 57%
  • Procurou informações sobre produtos ou serviços - 56%
  • Procurou informações em enciclopédias virtuais - 53%
  • Estudou por conta própria - 50%
  • Realizou algum serviço público - 48%
  • Procurou informações em sites do governo - 44%
  • Procurou informações sobre saúde - 41%
  • Assistiu a vídeos, filmes ou séries - 39%
  • Ouviu música online - 29%
  • Usou redes sociais - 28%
  • Conversou por voz ou vídeo - 22%
  • Enviou mensagens instantâneas - 16%

Fontes: Cetic.br

Embora a maior parte da população ainda tenha conectividade precária, a situação melhorou desde 2017. A parcela de pessoas com conexão satisfatória subiu de 10% para 22%.

Ainda assim, a equipe do NIC.br considera o cenário brasileiro "desafiador". A desigualdade na qualidade de conexão tem como reflexo oportunidades desiguais para os usuários de internet.

Além disso, em termos geográficos, moradores de zonas rurais e das regiões Norte e Nordeste também vivem com conectividade pior.

Há também um crivo social: mulheres, pretos, desempregados, pessoas de baixa escolaridade ou das classes C e D/E lidam com conexão inadequada.

A pesquisa ainda avaliou as pessoas que não usam a internet e representam cerca de 16% da população.

"Mesmo não usuários diretos de internet podem apresentar algum grau de conectividade, caso convivam ou residam em local com conexão, por exemplo, o que aumentaria as chances de esse indivíduo ter algum aproveitamento da rede, ainda que de maneira indireta, por meio da ajuda de parentes ou conhecidos", diz Graziela Castello, coordenadora no NIC.br e responsável pelo levantamento.

"O levantamento oferece uma avaliação detalhada das lacunas existentes no acesso, no uso e na apropriação da internet no contexto nacional", diz o CGI, que apresentará o estudo em reunião do G20 neste mês.

A ideia do comitê é repetir a pesquisa nos próximos anos para aprimorar a medição e identificar áreas críticas para indicar intervenções.

Redes sociais

Interesse por Musk no Brasil é impulsionado com inquérito do STF

Segundo o ministro, a medida se justifica pela "dolosa instrumentalização criminosa" da rede e diante da campanha de desinformação sobre a atuação do STF e do TSE

16/04/2024 21h00

Bilionário Elon Musk, dono da Starlink Divulgação

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A inclusão do empresário Elon Musk, dono da rede social X (antigo Twitter), como investigado no inquérito que apura a existência de milícias digitais antidemocráticas e seu financiamento fez com que ele ganhasse popularidade no Brasil.

Dados do Google Trends mostram que Musk teve pico de buscas na semana de 7 a 13 de abril, período em que o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou essa medida. Os dados compreendem o período dos últimos cinco anos.

O empresário foi mais procurado por aqui devido ao inquérito do que quando ele chegou a um acordo para comprar o Twitter em abril de 2022. A oferta aceita foi de US$ 44 bilhões (R$ 214 bilhões).

As investigações neste inquérito abarcam também a trama golpista após vitória de Lula (PT) nas eleições de 2022, a venda de joias presenteadas por autoridades a Jair Bolsonaro (PL) e o caso da falsificação de cartão de vacina.

Segundo o ministro, a medida se justifica pela "dolosa instrumentalização criminosa" da rede e diante da campanha de desinformação sobre a atuação do STF e do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), "instigando a desobediência e obstrução à Justiça".

A medida ocorreu após uma série de declarações de Musk relacionadas ao Brasil. O empresário chegou a dizer que estava "levantando restrições" de sua rede impostas por decisões judiciais, além de defender que Moraes deveria renunciar ou sofrer impeachment.
 

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