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A PÉ

Alta da gasolina faz motoristas andarem na reserva e casos de pane seca aumentam 50%

Parar na via por falta de combustível é infração média e situação também causa problemas no veículo

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Dados divulgados pelo Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul (Detran-MS) apontam que houve aumento de 50% em um ano no número de multas e infrações por pane seca em Mato Grosso do Sul.

Pane seca é quando o veículo é imobilizado ou paralisado por falta de combustível em via pública, atrapalhando o trânsito.

Foram constatados 10 infrações por pane seca de julho a outubro de 2020 e 15 infrações por pane seca de julho à outubro de 2021. Os números indicam aumento de 50% de 2020 para 2021.

Correio do Estado também pediu o número de notificações feitas pela Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran), mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.

Apesar de, em números, as multas serem poucas, muitos motoristas informam que tem passado pelo problema, mas sem serem flagrados.

A pane seca é considerada infração média, prevista no artigo 180 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), com multa de R$ 130,16 e quatro pontos na carteira.

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O constante aumento no preço do litro dos combustíveis pode se responsável pelo aumento das infrações por pane seca.

O servidor público Victor Lucas Moraes Honório anda com o carro na reserva constantemente devido ao alto preço do combustível. “Está caro para encher. Coloco só o necessário para o dia atual”.

Além disso, Honório afirma que já chegou a “ficar a pé” por falta de gasolina no carro, mas que nunca foi multado pelo Detran. 

“Já fiquei a pé porque esqueci de colocar e achei que iria chegar até o posto e não por falta de dinheiro”.

O militar da aeronáutica Felipe de Goes Silva diz que o tanque de combustível de sua moto permanece constantemente na reserva devido ao alto preço da gasolina somado à preguiça de abastecer no posto.

“Nós brasileiros somos a costumados a viver no limite e com nosso tanque de combustíveis não é diferente. Acabo deixando o veículo andar com a quantidade mínima de combustível quase que sempre”.

Goes afirma que a gasolina está se tornando um produto inviável atualmente. 

“Ainda que diminuamos o consumo para evitar extrapolar os gastos com gasolina, ela não deixa de ser um item essencial pra gente, com isso, conforme o valor sofre reajustes a gente acaba sentindo diretamente no orçamento esse reflexo”.

O militar revela que já “ficou a pé” por falta de gasolina. “Por desleixo e há muito tempo atrás, creio que neste ano, apesar dos altos preços, o medo de empurrar o carro foi maior que a preguiça de passar em um posto de combustíveis”.

Além disso, Goes ressalta que nunca foi multado por pane seca, mas é uma multa que provavelmente terá algum dia.

Prejuízos para o veículo

O veículo é danificado ao transitar na reserva do tanque de combustível. Os problemas ocorrem, na maior parte, na bomba de combustível. 

De acordo com o mecânico Durval Vilela Neto, existe um sistema que sempre mantém o copo do módulo da bomba de combustível cheio para não deixar que a bomba sofra aquecimento quando o veículo está com pouco combustível.

Porém, a bomba faz um “esforço” maior para manter a linha de combustível do veículo cheia, o que causa aquecimento e danos para a parte elétrica.

“Isso traz uma amperagem muito alta que pode chegar a danificar o relê elétrico que alimenta a bomba de combustível, assim aumentando os custos da manutenção do veículo porque além da substituição da bomba de combustível, vai ter que substituir relê da bomba”.

Gasolina nas alturas

O economista Michel Constantino afirma ao Correio do Estado que os valores do dólar e barril de petróleo impactam no preço da gasolina e diesel de forma exponencial em Mato Grosso do Sul.

Além disso, Constantino revela que o preço da gasolina irá aumentar mais ainda até o fim do ano.

“Temos previsão de aumento do dólar e do preço do petróleo, com isso, a previsão até final do ano é de ter ainda mais aumentos nos combustíveis e a partir de 2022 começar a estabilizar”.

De acordo com Constantino, a pandemia da Covid-19 afeta diretamente no preço dos combustíveis. 

“As cadeias globais de abastecimento e produção ficaram paralisadas com a pandemia, e isso afetou a oferta de produtos e serviços, que levou a uma inflação de gargalo, ou seja, um aumento de preços por falta de produção”.

O preço da gasolina é composto por custos da Petrobras, impostos federais, custos de distribuição, impostos estaduais e margem de lucro dos postos.

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