Ciência, tecnologia, inovação são algumas das palavras de ordem dos dias atuais. Nos próximos dias, a partir de amanhã, a Feira Tecnologias, Engenharias e Ciências de Mato Grosso do Sul reúne projetos de alunos do ensino fundamental, médio e técnico de todo o Estado em competição por vagas para participar de feiras nacionais e internacionais na área. A abertura acontece no Teatro Glauce Rocha ,19h,e a mostra de projetos será no Ginásio Erick Tinoco Marques, o Moreninho.
O evento chega a sua sexta edição com um crescimento de 50% no número de inscrições. Para o professor Ivo Leite Filho, Doutor em Educação pela Universidade de São Paulo e organizador da Fetec, a feira se consagrou como uma das principais do Centro-Oeste e do Brasil. “Nos últimos três anos, fomos convidados para participar da reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência ao lado das duas feiras nacionais que acontecem no País. É algo que demonstra como nosso trabalho vem sendo bem realizado”, pontua.
Nesta edição foram inscritos 250 projetos de 17 municípios. Cada um deles é analisado por avaliadores que recebem o material – como resumo expandido, descrição do experimento, etc. – pela internet. Ao final, a seleção prevê a participação de 153 na Fetec. “A avaliação é feita por profissionais especializados, que tenham realizados pesquisas de mestrado ou doutorado”, explica. Na feira, os selecionados são avaliados presencialmente. “Contamos com 240 avaliadores presenciais”, explica.
Trata-se de uma feira abrangente, com espaço para as nove áreas de conhecimento, de acordo com a classificação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Há projetos nas áreas de ciências exatas e da terra, ciências da computação, ciências biológicas, engenharia, ciências da saúde, ciências agrárias, ciências humanas, ciências sociais e aplicadas, e linguística, letras e artes.
MOTIVAÇÃO
Estimular a produção científica entre estudantes de Mato Grosso do Sul é um dos principais objetivos da Fetec. Para isso, a organização realiza ações que se estendem além dos quatro dias de encontro. São realizados workshops e palestras, mas também há a possibilidade de estudantes participarem de ações como o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica para o Ensino Médio (Pibic-EM).
O programa cria laços entre as escolas e as universidades, ao permitir que alunos de Ensino Médio realizem pesquisas orientados por professores universitários. Os estudantes se tornam bolsistas e têm a oportunidade de dar os primeiros passos no mundo científico. “Revelamos verdadeiros talentos, que atualmente estão desenvolvendo trabalhos importantes em universidade de ponta como a USP”, afirma Ivo.
Um desses casos é o de Gabriel Galdino e Gabriela Sabine Escobar. Com a pesquisa “Síntese de sais surfactantes a partir do líquido da castanha de caju utilizados no combate à dengue”, eles foram premiados em diversas feiras internacionais como a Intel International Science and Engineering Fair, em 2013, e o Edinburgh Internacional Science Festival, em 2014.
“Essa pesquisa é resultado de um trabalho de ponta. O percurso se iniciou na Fetec e, logo eles ganharam espaço mundial”, aponta Ivo. Ele lembra que os premiados na feira estadual ganham espaço na Febrace. “Lá, os projetos têm a chance de concorrer a uma vaga na Intel International Science and Engineering Fair, uma das mais reconhecidas mundialmente.
A Fetec foi criada em 2010 por meio de um programa desenvolvido pelo então Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações, que tinha como objetivo intensificar ações de divulgação e popularização da ciência. “Foi lançada uma chamada pública para instituições que quisessem organizar feiras”, explica Ivo. Segundo ele, esse processo permitiu o surgimento de diversos eventos em todo o País.
“Eu realizo esse trabalho em Campo Grande desde 1994. Inclusive, levamos alunos para feiras internacionais como a da Intel nessa época. O cenário hoje é bastante diferente”, afirma. Hoje, ele afirma que professores da Capital e do interior têm buscado realizar pesquisas com os alunos, por saberem que a feira é uma oportunidade. “Os alunos que participam também acabam mantendo vínculos. Alguns se tornam monitores ou acabam participando de grupos ligados às universidades. É uma forma de torná-los protagonistas”, pontua.