Cidades

LEMBRANÇAS

Santa Casa vira segunda casa de quem trabalhou por 39 anos no hospital

Sebastião Teles vivencia a transformação do maior hospital do Estado

MARESSA MENDONÇA

26/08/2016 - 17h00
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Ele percorre os corredores da Santa Casa de Campo Grande com a familiaridade de quem conhece cada canto daquele prédio. E não poderia ser diferente. Sebastião Parente Teles, 58 anos, começou a trabalhar lá quando tinha 19 anos e, hoje, mesmo aposentado, continua atuando no hospital, que é uma espécie de segunda casa. 

Tião, como é chamado pelos colegas de serviço, passou por vários setores do hospital e acompanhou mudanças na estrutura do prédio, na administração da Santa Casa e até na forma de tratamento dos pacientes. 

Por influência da irmã, que já trabalhava no local, ele aceitou o emprego em 1977. Pouco antes, atuou como garçom e jogador de futebol, até ter de escolher entre a insegurança dos gramados e a estabilidade da carteira assinada. Optou pela segunda alternativa e parece não ter se arrependido. 

“Eu sempre gostei. É meu mundo. Sempre vivi ali”, declara, referindo-se ao Pronto Socorro, o setor predileto. Mas no histórico tem também a área de faturamento, internação e transporte. 

As lembranças dele são sempre contextualizadas entre o antigo e o novo prédio do hospital, que foi inaugurado em fevereiro de 1981, com 33 mil metros quadrados.

Das velhas instalações, ele destaca a proximidade entre um setor e outro. “Era mais fácil se encontrar com as pessoas, havia menos pacientes. Era tudo mais fácil, tudo mais perto. Hoje fica tudo mais longe, tudo mais difícil. E aquele tempo não tinha informatização”, recorda-se, sobre o tempo em que usavam máquinas de escrever. 

Questionado sobre a dificuldade de encontrar documentos ou prontuários dos pacientes nesse período, ele explica que os familiares não demonstravam tanto interesse quanto agora. “Era muito difícil! Quando a pessoa morria, diziam: ‘Foi Deus quem quis’. Ninguém ia atrás e, hoje, não”.

Essas características, claro, tinham influência direta no relacionamento entre profissionais e pacientes. Tião conta que os doentes eram conhecidos pelos nomes. “Agora você tem um prontuário. Então, às vezes, você o olha pelo número. Isso é ruim, isso é muito frio. Ter de chamar um paciente por um painel. Então, isso se torna frio, mas tem que evoluir. A gente vai evoluindo.”

Outra mudança apontada por ele foi a transferência do número 192 para o Corpo de Bombeiros e, posteriormente, para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Antes, quem acionasse essas teclas de emergência falaria direto com o Pronto Socorro do hospital. Tião atendeu muitas dessas ligações. 

“Por diversas vezes, eu dirigia ambulância, porque sempre fui responsável pelo setor de transporte e, naquela época, dirigia ambulância também. Saía daqui com a sirene ligada e ia buscar paciente”, conta. “Era trote direto, mas depois compramos bina. O pessoal ameaçava: ‘Tem esfaqueado aqui e se você não vier ele vai morrer’. Eu ia correndo.” 

ASSESSOR

Sebastião também atuou como uma espécie de assessor de imprensa quando o hospital não tinha o serviço e diz que a amizade com alguns jornalistas da época permanece. “Tínhamos um posto da Polícia Militar e outro da Polícia Civil. A imprensa passava ali, pegava as ocorrências e vinha aqui pegar informação. A gente tinha um livro de ocorrência; mas, às vezes, ficavam sabendo das coisas primeiro que a gente.” 

O respeito era o que marcava essa relação. “Sempre procuramos preservar a integridade do paciente, não passar informação descabida. Eu falava: ‘Isso aí vocês têm que segurar, porque não saiu ainda ou a própria polícia pediu pra segurar’. Nunca tive problema”. 

Em relação às crises financeiras enfrentadas pelo hospital, segundo ele, não houve influência nos trabalhos dos profissionais. “Sempre quando tem, pedem para economizar, diminuir custos. Mas,  no atendimento ao paciente, a gente observa que dificilmente alguma coisa foi deixada de fazer por crise financeira.”

Até quando houve intervenção judicial e o hospital deixou de ser administrado pela Associação Beneficente de Campo Grande (ABCG) e ficou sob a responsabilidade de representantes do Ministério da Saúde, do governo do Estado e da prefeitura, ele alega que não ocorreram diferenças na rotina. “Para os funcionários, passa batido, porque nós temos que trabalhar. Com A, B ou C, nós temos que trabalhar e fazer nossa função.” 

E nessa rotina de trabalho ele conta ser inevitável o contato com pessoas gravemente feridas. “Às vezes, a gente vê o paciente grave. Isso é inevitável pra quem trabalha na própria recepção”, diz. Para ele, os episódios mais tristes envolvem crianças. 

Cidades

Brasil fica entre os 10 países mais violentos do mundo em ranking; veja lista

O levantamento lista as 50 nações com os níveis de violência mais severos e classifica a situação como extrema, de alta intensidade ou turbulenta

12/12/2025 21h00

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O Brasil está entre os 10 países mais violentos do mundo, de acordo com o Índice de Conflito da instituição Armed Conflict Location & Event Data (Acled), divulgado nesta quinta-feira, 11

A Acled é uma organização sem fins lucrativos e independente que monitora, avalia e mapeia dados sobre conflitos e protestos. Ela recebe apoio financeiro do Fundo de Análise de Riscos Complexos da Organização das Nações Unidas (ONU).

O ranking analisa a intensidade dos conflitos em todos os países do mundo com base em quatro indicadores: letalidade, perigo para civis, difusão geográfica e número de grupos armados.

Veja a lista:

1 - Palestina

2 - Mianmar

3 - Síria

4 - México

5 - Nigéria

6 - Equador

7 - Brasil

8 - Haiti

9 - Sudão

10 - Paquistão

O levantamento lista as 50 nações com os níveis de violência mais severos e classifica a situação como extrema, de alta intensidade ou turbulenta. Os dados foram colhidos entre 1º de dezembro de 2024 e 28 de novembro de 2025.

O Brasil aparece na sétima posição, com um conflito classificado como extremo - atrás até da Ucrânia, que enfrenta uma guerra contra a Rússia desde 2022. Segundo o índice, nos últimos doze meses, o Brasil registrou 9.903 eventos de violência política - expressão usada pela Acled para definir o uso da força por um grupo com propósito ou motivação política, social, territorial ou ideológica, incluindo violência contra civis e força excessiva contra manifestantes, por exemplo.

Apesar do resultado negativo, o País caiu uma posição em relação ao levantamento do ano passado. A instituição aponta que a violência de gangues foi um dos fatores que alimentou os conflitos no Brasil.

O mesmo motivo se repete no Haiti, no México e, principalmente, no Equador, que subiu 36 posições em apenas um ano, com mais de 50 grupos armados envolvidos ativamente em atos de violência no período, incluindo quase 40 gangues. "Mais da metade dessas gangues estiveram envolvidas nos mais de 2,5 mil ataques contra civis", afirma a Acled.

Praticamente todas as pessoas na Palestina foram expostas à violência, o que fez do território o pior classificado na lista. "A Palestina também apresenta o conflito geograficamente mais difuso, o que significa que a Acled registra altos níveis de violência em quase 70% da [Faixa de] Gaza e da Cisjordânia", disse a organização. Em letalidade, a região só perde para a Ucrânia e o Sudão. Em segundo lugar no ranking geral está Mianmar, seguido por Síria, México e Nigéria.

No geral, os conflitos se mantiveram em níveis estáveis ??nos últimos 12 meses, com 204.605 eventos registrados no período, contra 208.219 eventos no levantamento anterior. "Esses eventos violentos resultaram - em uma estimativa conservadora - em mais de 240 mil mortes", aponta a Acled.

O ranking é feito com base em dados coletados quase em tempo real pela organização, em mais de 240 países e territórios, ao longo dos 12 meses anteriores à análise.

A Acled também listou 10 países e regiões que, segundo suas projeções, enfrentarão conflitos armados, instabilidade política e emergências humanitárias em 2026. Entre eles estão a América Latina e o Caribe, devido à crescente pressão dos Estados Unidos na região, o que pode alimentar uma maior militarização da segurança e da violência no ano que vem.
 

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POLÍCIA

Suspeito de furtar condomínios de luxo é preso em Campo Grande

Ele foi flagrado pelas câmeras de segurança escalando muros e tentando acessar áreas internas de residenciais de alto padrão

12/12/2025 18h15

Divulgação: Polícia Civil

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A Delegacia Especializada em Repressão a Roubos e Furtos (DERF) prendeu, na manhã de quinta-feira (11), um indivíduo responsável por uma sequência de tentativas de furtos em condomínios residenciais de Campo Grande. A ação das autoridades interrompeu a onda de invasões que vinha assustando moradores de diferentes bairros da Capital.

O suspeito, de 20 anos, já possui extenso histórico de práticas de furtos, inclusive qualificadas e em tentativa, além de outras ocorrências criminais registradas ao longo dos últimos anos. Ele foi flagrado pelas câmeras de segurança escalando muros e tentando acessar áreas internas de residenciais de alto padrão.

As imagens, nítidas e detalhadas, captaram o momento em que o suspeito escalava a muralha do residencial, tentando vencer a cerca elétrica e chegando, inclusive, a tomar um choque ao tentar romper a barreira de proteção.

Em outro episódio, o mesmo autor foi flagrado dentro do terreno de uma residência de outro condomínio, fato igualmente tratado como furto qualificado tentado.

Com a identificação e o histórico criminal reiterado, a DERF empreendeu investigações que resultaram na prisão do suspeito nesta quinta-feira, retirando de circulação um dos autores de furtos mais contumazes da região.

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