Cidades

BRIGA POR TERRITÓRIO

Morte de traficante tem relação com busca pelo monopólio do tráfico na fronteira

Para o juiz Odilon de Oliveira, o atentado foi organizado pelo PCC

MARESSA MENDONÇA

16/06/2016 - 19h30
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A morte do narcotraficante Jorge Rafaat Toumani, na quinta-feira (15) em Pedro Juan Caballero no Paraguai, pode ter sido arquitetada pela facção criminosa Primeiro Comando da Capital, conforme avalia o juiz Odilon de Oliveira da 3ª Vara Federal de Campo Grande.  Isto porque o monopólio - quando um único grupo explora determinada atividade - do tráfico de drogas e armas na localidade é “reivindicado” pelo PCC.

“Rafaat era rival do PCC. Tenho quase certeza que foi o PCC que o eliminou, pelos antecedentes, pelo passado”, opinou o juiz. Ele também atribui o crime a esta facção “pela estrutura” usada no atentado.  

Essa rivalidade, claro, está relacionada ao controle do tráfico na região. “O PCC não quer ver ninguém do Paraguai porque é terreno fértil para eles, tanto de drogas quanto de armas”, completou Odilon.

“Penso com base na convivência com essa realidade que tive como juiz na área de fronteira, pela intenção, que esse conluio deve ter sido esta facção”.

Em entrevista à imprensa local, o promotor de Justiça do Paraguai Justiniano Cardozo pontuou que o assassino de Rafaat está internado e seria um membro do Comando Vermelho. Ele também chegou a cogitar ligação do crime com o PCC, mas depois relacionou ao outro grupo criminoso.

Fato é que tanto autoridades do Brasil quanto do Paraguai atribuem o crime à facções criminosas brasileiras.
 

Hummer blindado de Faraat não suportou grosso calibre dos atiradores

O ATENTADO

Mais de 200 tiros de armamento militar .50 foram disparados contra o carro de Jorge Rafaat Toumani em outro veículo, onde estariam seguranças, na noite de quinta-feira (15), em Pedro Juan Cabalero, na fronteira com Ponta Porã. Balas perfuraram o parabrisa e atingiram Rafaat, que conduzia o veículo.

CONSEQUÊNCIAS

O magistrado explicou que enquanto existir droga e arma, outros confrontos como este vão acontecer na região. “Agora todo mundo vai se acalmar, mas infelizmente, isso vai se repetir porque o que se procura é droga”, declarou Odilon, pontuando ser difícil traçar com exatidão as consequências desta morte para o crime organizado.

RAFAAT NO TRIBUNAL

Em abril de 2014, juiz federal Odilon de Oliveira condenou Rafaat a penas que somam 47 anos de prisão em regime fechado e pagamento de multa no valor de R$ 403,8 mil. Ele foi apontado como líder de organização criminosa que atuava no narcotráfico na fronteira.

De acordo com o juiz, a organização dele atuava no Brasil, Paraguai e também na Colômbia.

Parte do armamento utilizado pelas facções no tiroteio

MEDIDAS DE SEGURANÇA

O juiz opina que medidas urgentes precisam ser tomadas para reduzir esse clima de insegurança nas fronteiras como: escalar o Exército Brasileiro para atuar, aumentar o efetivo de policiais federais nestes locais, melhorar o armamento dos agentes.

“Governo Federal tem que tomar uma atitude porque a luta contra o tráfico de drogas é interesse comum. Tem que conversar com o Paraguai, criar políticas sociais na fronteira”,  disse.

Segundo Odilon, “apenas uns 30 policiais federais atuam em Ponta Porã, quando o ideal seria, no mínimo, 80”.  O pagamento da indenização de fronteira também deveria ser reajustado, na visão do juiz federal, fazendo com o salário de agentes que atuam nessas regiões fosse 30% a mais que dos outros.

“E não há o que se discutir sobre a superioridade do armamento dos traficantes em relação ao dos policiais que não tem fartamente fuzis, não tem fartamente munições. Tem que armar, tem que estruturar a fronteira!”, declarou Odilon. “A droga mata muita gente no Brasil, só que aqui é a longo prazo, é o usuário”, finalizou.

Cidades

Encomenda com pistola e entorpecente é interceptada nos Correios

A apreensão realizada pela GCM ocorreu nesta quarta-feira (9) em uma agência em Campo Grande

09/04/2025 15h33

Arma e drogas vieram da Turquia e foram interceptadas nos Correios

Arma e drogas vieram da Turquia e foram interceptadas nos Correios Foto: Divulgação

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A Guarda Civil Metropolitana apreendeu, na agência dos Correios, uma pistola de origem turca enviada da fronteira e outro pacote com entorpecentes, em Campo Grande.

A apreensão ocorreu nesta quarta-feira (9), na agência localizada na Rua Vasconcelos Fernandes. A GCM foi acionada por volta das 10h para verificar o conteúdo suspeito.

A Gerência de Segurança Corporativa dos Correios repassou aos agentes que se tratava de três encomendas: uma pistola Canik 9mm, de fabricação turca, sem munição, e tabletes de skunk.

A encomenda que continha a arma de fogo foi enviada de uma cidade que faz fronteira com Mato Grosso do Sul, cujo nome não foi divulgado, e teria como destino o estado de Minas Gerais.

Junto com a pistola, havia dois carregadores que não estavam municiados.

Já outra encomenda, postada em Campo Grande com destino ao Rio de Janeiro, continha, em um pote que deveria armazenar proteína em pó, um líquido que passará por perícia para determinar sua composição.

A terceira apreensão, conforme pesagem da Delegacia Especializada de Repressão ao Narcotráfico (Denar), continha 3,422 kg de skunk, divididos em seis pacotes que estavam dentro de um micro-ondas. A encomenda também foi remetida em Campo Grande com destino à fronteira.

O líquido e o entorpecente foram levados até a Denar, enquanto a pistola foi entregue à Depac Cepol para os devidos procedimentos.

Cidades

PGR é contra soltura de Chiquinho Brazão, réu por morte de Marielle e preso em Campo Grande

Defesa de Brazão pediu que ele passe ao regime domiciliar, por entender que ele corre "risco elevado de morte" em razão de doenças

09/04/2025 14h02

Chiquinho Brazão está preso em Campo Grande

Chiquinho Brazão está preso em Campo Grande Foto: Lula Marques / Agência Brasil

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A Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestou contra o pedido de liberdade, por questões de saúde, do deputado Chiquinho Brazão (Sem partido-RJ), denunciado pelo órgão como um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, crimes ocorridos em março de 2018.  

Em parecer enviado ao ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, relator do caso, o vice-procurador-geral da República, Hindenburgo Chateaubriand, afirmou que o atendimento médico necessário está sendo garantido a Brazão, motivo pelo qual ele deve ser mantido em prisão preventiva. 

“Para a conversão da segregação cautelar em prisão domiciliar é imprescindível a comprovação de que o tratamento médico de que necessita o custodiado não pode ser prestado no local da prisão ou em estabelecimento hospitalar, requisito ausente no caso concreto”, argumenta o vice-procurador na manifestação da PGR. 

Na semana passada, a defesa de Brazão pediu, mais uma vez, que ele passe ao regime domiciliar, por entender que ele corre “risco elevado de morte” em razão de doenças no coração, da diabetes e de uma insuficiência renal.

Os advogados destacaram o fato de Brazão já ter perdido mais de 20 kg desde que foi preso, em março do ano passado.

A defesa relatou a ocorrência de episódios recentes de angina (dor provocado pelo baixo volume de sangue no coração), bem como a realização de um cateterismo e da instalação cirúrgica de um stent (dispositivo para restaurar o fluxo sanguíneo), após exames constatarem a obstrução de duas artérias coronarianas. 

Para a PGR, contudo, a doença coronariana de Brazão é crônica e anterior à prisão. O vice-PGR apontou que a própria realização dos procedimentos, incluindo exames realizados por médico pessoal com a autorização do Supremo, demonstram que o problema de saúde do deputado “não se mostra incompatível com o regime disciplinar vigente no Sistema Penitenciário Federal”. 

Diante das notícias mais recentes sobre o quadro de saúde do deputado, contudo, o vice-PGR pede que Moraes determine à Penitenciária Federal de Campo Grande, onde Brazão está preso preventivamente, que continue a “adotar as medidas indispensáveis à saúde do réu, inclusive com consulta de retorno em médico cardiologista, com a maior brevidade possível”. 

Entenda

O deputado Chiquinho Brazão foi preso em março do ano passado junto com seu irmão, Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro.

Desde então, ambos foram denunciados pela PGR como mandantes do assassinato de Marielle Franco, após terem sido delatados pelo ex-policial militar Ronnie Lessa, executor confesso do crime.

Tanto o parlamentar como o conselheiro do TCE têm conseguido manter-se nos cargos desde que foram presos.

Na Câmara, o gabinete de Chiquinho segue em funcionamento, com mais de duas dezenas de assessores ativos, enquanto seu processo de cassação segue parado na Comissão de Ética da Casa. O deputado continua recebendo seu salário normalmente.

Além deles, encontra-se preso preventivamente há mais de 1 ano o ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro delegado Rivaldo Barbosa, também denunciado por planejar e ordenar a morte de Marielle. Ele também pediu recentemente para ser solto, mas a PGR defendeu que ele continue preso.

Ao receber o parecer do Ministério Público, cabe ao ministro Alexandre Moraes decidir sobre a necessidade ou não de que o réu continue preso enquanto responde à ação penal no Supremo. Em caso de negativa, as defesas podem recorrer à Primeira Turma, colegiado composto por cinco ministros e responsável pelo trâmite do processo.

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