A desaceleração da economia foi sentida no Salão do Automóvel, que termina neste domingo (9) no Anhembi, em São Paulo. Empresas especializadas no ramo de feiras que esperavam lucrar na esteira da popularidade do evento tiveram um retorno abaixo do esperado. A expectativa da organização é que o último fim de semana do evento atraia 150 mil visitantes.
Fabricantes de produtos como ceras, CDs com fotos do evento e bolsas térmicas reclamavam no último dia da evento de não ter conseguido bater suas metas.
"A crise econômica afetou. Você percebe que a maioria das pessoas vem só pra olhar", diz Marcus Lacerda, da Toblack, que comercializa um produto para recuperar o brilho de superfícies como o couro.
Lacerda afirma que só fez 800 vendas -o que representa 0,1% do público do salão. O resultado não foi suficiente para cobrir o custo do aluguel do espaço, de cerca de R$ 30 mil.
O mesmo ocorreu com a Hot Bag, fabricante de bolsas térmicas que atingiu apenas 20% da meta de vendas, segundo Alef Dias, gerente da empresa. "As pessoas param, olham e seguem", diz.
O argentino Alejandro Dagnino atua na venda de CDs com fotos dos eventos. Além do Salão do Automóvel, também participa de feiras em Buenos Aires e Paris. Ele afirma que as vendas foram 20% menores do que em 2012, quando ocorreu a edição anterior do salão em São Paulo.
Abaixo das expectativas
O balanço da Pazpazini, fabricante de facas, também foi abaixo das expectativas, com vendas 40% menores do que a meta. "Tem feira com 50 mil pessoas que vende mais do que eu vendi aqui", diz Wallace Barbosa, diretor de vendas do negócio.
A organização espera que a 28ª edição do evento chegue a 750 mil pessoas durante os 11 dias. Destes, 32,5% vêm de fora de São Paulo, gastando em média R$ 986 por pessoa. De acordo com a Secretaria Municipal de Turismo, a feira deve gerar R$ 280 milhões em gastos para a cidade.
Barbosa aponta o enfraquecimento da economia como uma das principais razões para o desempenho fraco e espera uma piora do cenário de vendas da empresa em 2015.
O representante de vendas especializado no mercado editorial Paulo Lima tem uma avaliação semelhante. Acostumado a participar de diversas feiras, ele afirma que as vendas em 2014 de modo geral foram bem mais fracas do que em anos anteriores.
Ele citou como exemplo seu faturamento na última Hair Brasil, feira internacional de beleza, quando vendeu R$ 47 mil em assinaturas, pior resultado em seis anos.
Montadoras
Se por um lado os negócios periféricos tiveram resultados frustrantes, por outro as lojas localizadas nos estandes das montadoras contabilizaram números mais altos em relação às edições anteriores.
Vendendo produtos como miniaturas de carros, camisetas e bonés com o logo do marca, elas apostaram em uma maior diversificação do seu portfólio para atrair os consumidores.
A loja da Fiat, por exemplo, ampliou as opções de produtos para o público infantil. Segundo Felipe Pereira, gerente da loja, as vendas aumentaram de 10% a 15% em comparação a 2012.
Jefferson Souza, gerente da loja da Chevrolet, diz que os negócios aumentaram 25%, crescimento expressivo, mas abaixo da meta de expansão de 40%.
Para Souza, a desaceleração da economia se reflete no menor número de lançamentos pelas montadoras, o que leva o público a buscar mais os estandes de carros de luxo. Ele cita como exemplo a loja da Mercedes-Benz, que é uma das que mais vendeu, apesar da média de preços elevada.