A entidades Fecomercio (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo) e Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade) divulgaram comunicado nesta tarde comentando a decisão do BC (Banco Central) de retirar R$ 61 bilhões da economia para reduzir o crédito com intenção, de acordo com o BC, de controlar o aumento da inflação. A entidade "entende que não há sinal evidente que possa haver escalada de preços nos segmento de bens duráveis".
Nesta manhã, o Banco Central anunciou uma série de medidas para reduzir o ritmo de aumento do crédito e intensificar o processo de desaceleração da economia, a fim de evitar o aumento da inflação.
Haverá aumento do compulsório (dinheiro dos bancos que fica depositado no BC), para retirar R$ 61 bilhões da economia, restrição para empréstimos de longo prazo a pessoas físicas e retirada da ajuda do FGC (Fundo Garantidor de Crédito) para bancos de menor porte.
O objetivo, de acordo com o presidente do BC, Henrique Meirelles, é restabelecer as condições do mercado de crédito no período pré-crise de 2008 e evitar a formação de bolhas.
Meirelles lembrou que, em março, um mês antes do início do último ciclo de aumento taxa básica de juros, o BC também havia anunciado medidas semelhantes para conter a expansão do crédito.
A afirmação aumenta as expectativas de que o BC voltará a aumentar a taxa básica de juros, hoje em 10,75% ao ano, na reunião da próxima semana ou em janeiro.
Como exemplo, a Fecomercio ressalta "que no caso do crédito para veículos, há pouco tempo, os prazos máximos de financiamento já estiveram muito mais dilatados do que os atuais e o próprio mercado fez os ajustes que julgou necessário", explica o comunicado. A entidade avalia que as medidas não vão afetar diretamente as vendas de Natal, pois os recursos já estão disponibilizados. "Porém, as vendas a prazo a partir de janeiro sofrerão forte impacto, pois o corte do BC representa 15% o volume de crédito destinado às pessoas físicas", destaca.
"Se o governo quer restringir algum consumo, que seja o dele mesmo. Sugerimos que o governo adote uma política mais restritiva com relação aos próprios gastos", afirma Antonio Carlos Borges, diretor executivo da Fecomercio.
Já na análise da Anefac, as medidas anunciadas acarretarão efeitos aos consumidores, como: maior rigor das instituições financeiras na concessão dos financiamentos, elevação das taxas de juros das operações de crédito, redução dos prazos de financiamento, maior exigência de entrada nos financiamentos de automóveis.
Para o presidente da Anefac, Andrew Frank Storfer, as medidas vão na direção de conter a inflação via restrição de crédito e solidificar ainda mais as instituições financeiras do país. "Estas medidas ampliam as alternativas de caminhos para a condução da política monetária e, em conjunto com a redução -- ou pelo menos contenção -- do gasto público que se traduz no deficit fiscal, poderão permitir que a SELIC se mantenha no patamar atual, tanto na semana que vem como nos próximos meses, e que venha até a ser reduzida nos próximos anos", afirma o dirigente.