No início do mês, uma greve da CPTM afetou 2,5 milhões de pessoas em São Paulo. No Paraná, 3,1 mil metalúrgicos da fábrica da Volkswagen em São José dos Pinhais encerraram, na sexta-feira (10), uma greve que durou 37 dias. Ainda no Paraná, profissionais de empresas privadas da área de Saúde entraram em greve na terça-feira (9). E a categoria paulista ameaça fazer o mesmo a partir do fim deste mês. No Rio de Janeiro, professores estaduais não dão aulas e os bombeiros não atendem aos chamados. Neste semestre, a onda de greves se espalhou pelo País, tanto no setor público como no privado. E independente da área, todos reivindicam, basicamente, a mesma coisa: melhores salários e participação nos lucros.
Se é evidente que essas paralisações prejudicam as pessoas físicas, o custo gerado para a economia do País não é tão claro, mas existe. “Existe um risco para os trabalhadores e um custo para a economia”, avalia o coordenador nacional de Relações Sindicais do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), José Silvestre. “O risco para os trabalhadores é de que eles podem perder os dias parados ou mesmo perder seus postos”, afirma.
Para o professor do Instituto de Economia da Unicamp, especialista em estudos sindicais e economia do trabalho, Anselmo Santos, é difícil determinar o tamanho desse custo, mas é fácil determinar um dos fatores que gerou essa onda de paralisações. “A inflação subiu e provocou uma corrosão do salário real dos trabalhadores”, explica o professor.
“As greves que estão ocorrendo têm motivação econômica. Contudo, hoje você tem uma conjuntura menos favorável para que isso ocorra, se avaliarmos nosso passado. A insegurança é menor, porque o mercado de trabalho ainda está em crescimento”, salienta Silvestre. Segundo dados da CNI (Confederação Nacional das Indústrias), a inflação reduziu a massa salarial em abril em 3,5%, e os rendimentos em 4%.
Os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram uma queda de 0,8% na folha de pagamento da indústria em abril, frente a março, e uma alta de 4,7% na comparação com abril de 2010. Os analistas da Rosenberg Consultores Associados avaliam que a queda do quarto mês do ano na indústria é pontual. “A folha de pagamentos real na indústria vêm exibindo uma trajetória de alta. Houve queda pontual em abril, contribuindo para isso a inflação - mas não indica alteração de tendência”, afirmaram.
(com informações do Infomoney)