O prefeito de Jaguariúna (SP), Gustavo Reis, foi o primeiro a cair no quadro político do PPS, que passa por "amplo processo de reestruturação".
Contra Reis, pesou o apoio dado à então candidata do PT, Dilma Rousseff, na corrida presidencial. Como integrava a coligação "O Brasil Pode Mais", do tucano José Serra, o partido entendeu que o prefeito deveria ser expulso. Ele teria cometido "atos graves" ao desrespeitar uma decisão do comando nacional da sigla.
O presidente do Conselho de Ética do PPS, Renato Atílio, decidiu pela expulsão de Reis por considerar que não restava "outra alternativa" a não ser optar pelo desligamento do prefeito.
Eleito em 2008 com quase 10 mil votos (42,5%), Gustavo Reis ressalta na página da Prefeitura de Jaguariúna que o PPS é "seu único partido de militância há 10 anos". Sua expulsão da legenda aconteceu por ferir a "questão da fidelidade partidária". E ele pode ser só o primeiro.
A sigla aprovou, no último final de semana, resolução que determina punição ou expulsão de quem desrespeitar, especialmente, "disciplina e fidelidade partidária". Assinado pelo presidente do PPS, Roberto Freire, o texto se compromete a apertar as rédeas sobre filiados que não se alinharem ao estatuto do partido.
Diretórios regionais considerados "infiéis", também na mira do partido, são ameaçados com reestruturação ou dissolução.
A decisão contrária ao prefeito de Jaguariúna, porém, foi tomada antes mesmo da aprovação da resolução.
No último final de semana, líderes nacionais do PPS se reuniram em Brasília para aprovar uma resolução que visa combater as "atuais debilidades orgânicas".
Em um processo que busca fortalecer a "democracia interna", diretórios estaduais terão 30 dias para fazer um balanço do resultado das eleições de 2010.
Deverão ser acompanhados "desempenho e comportamento dos diretórios ou comissões provisórias municipais, bem como dos dirigentes, candidatos, detentores de mandatos eletivos e filiados".
OPOSIÇÃO
O secretário-geral do PPS, Rubens Bueno (PR), disse que o partido passa por uma "reestruturação" com vistas às eleições municipais de 2012.
"Essa medida sinaliza claramente que o PPS será reestruturado em todo o Brasil com aqueles que defendem o partido, seu programa e tem compromisso com nossos candidatos nas eleições. De nada adianta termos prefeitos, vereadores e deputados que, na hora de uma disputa eleitoral, apoiam candidatos de outros partidos."
Burno afirma que, nas eleições de outubro, alguns candidatos da legenda tiveram menos votos em seus municípios do que o número de filiados ao partido --numa prova de desrespeito à legenda. "Isso mostra um descompromisso total com o partido. O PPS não é refúgio para oportunistas políticos que elevam seus projeto pessoais acima dos interesses da legenda."
O PPS reuniu sua executiva nacional no último final de semana, quando também aprovou resolução que reiteira a diposição da sigla em fazer oposição ao governo Dilma.
"A derrota eleitoral não configurou uma derrota política das oposições. O PPS continuará empenhado em defender a nossa política de oposição ao governo, convocando as demais forças oposicionistas a apresentarmos alternativas para um efetivo projeto de desenvolvimento sustentável para o Brasil", diz o texto.