Nesta sábado, dia 26 de novembro, a Nasa irá lançar o Mars Curiosity, o maior, mais moderno e mais caro robô já projetado para explorar outro planeta.
O destino: Marte, local que reúne as melhores possibilidades de ter abrigado vida extra-terrestre no passado. O objetivo: analisar a situação climática e buscar espaços habitáveis a fim de determinar, uma vez por todas, se existe ou já existiu vida no planeta.
O lançamento será na base do Cabo Canaveral, no estado da Flórida, às 10h02 locais (13h02 no horário de Brasília). A sonda deverá realizar uma viagem de 200 milhões de km, que exigirá oito meses e meio antes de chegar a Marte.
A previsão é que o Curiosity aterrisse em solo marciano em agosto de 2012. Como o veículo é pesado demais para pousar com um paraquedas - pesa 900 kg e transporta 80 kg de instrumentos e sensores -, a Nasa usará uma técnica inédita para aterrissar o robô até o solo.
Primeiro, a nave acionará um sistema de propulsores para reduzir a velocidade da descida. Em seguida, o robô se desprenderá da estrutura na qual viaja por meio de um cabo que funcionará como um guindaste, colocando o veículo suavemente na superfície.
Se tudo der certo, o Curiosity pousará no pé de uma grande montanha que fica dentro da cratera Gale, com 154 km de diâmetro e 5 km de profundidade, situada no sul de Marte.
O local foi escolhido por ter um leque fluvial formado provavelmente por sedimentos arrastados por água no passado. Além disso, os especialistas acreditam que as camadas da base da montanha contêm argila e sulfato, ambos materiais formados com água.
Durante a primeira parte da missão, com duração de cerca de um ano marciano, o equivalente a 687 dias terrestres, os pesquisadores irão utilizar as ferramentas do robô para estudar se a região já teve condições ambientais favoráveis a manutenção da vida microbiana.
Diferente das missões anteriores ao planeta vermelho, que se concentraram na busca por sinais de fluxos de água (passados e recentes), o Curiosity irá procurar por compostos de carbono, os quais são chamados de moléculas orgânicas.
Toda a vida na Terra é baseada em compostos de carbono, que se apresentam através dos seres vivos e mortos e na forma inorgânica presente nos minerais e rochas.
Como Marte tem profundo respeito pela longevidade - a maior parte da superfície do planeta perdura hoje tal como sempre foi –, os cientistas serão capazes de saber a partir da analise do solo e das rochas da região se em algum momento dos últimos 3,6 bilhões de anos o ambiente marciano foi propício ao desenvolvimento de vida.
Para desempenhar essa tarefa, o Curiosity abrigará o laboratório móvel mais complexo enviado até hoje ao planeta. Equipado com mais de dez instrumentos científicos, o veículo irá perfurar o solo para buscar compostos orgânicos e medir o nível de radiação solar e cósmica.
Segundo o cientista John Grotzinger, responsável pelo projeto do laboratório móvel do Curiosity, a região de Gale tem um grande potencial para descobertas científicas significativas.
“Gale nós dá uma excelente oportunidade para analisar vários entornos potencialmente habitáveis e seu contexto para entender um longo registro da evolução adiantada do meio ambiente do planeta”, comentou.
Mas mesmo que Marte acabe se revelando vazio e inanimado, o Curiosity poderá explorar o ambiente singular e hostil do planeta.
A Agência Espacial Norte-Americana adicionou seis rodas ao explorador robótico e uma fonte de energia nuclear para que ele possa se locomover por grandes distância durante a missão.
Uma das ideias é aproveitar o relevo variado do terreno para fazer o Curiosity chegar até o cume da montanha localizada perto do local de aterrissagem do robô.
"Achamos que se pegarmos a rota adequada, as encostas são suaves o suficiente para o Curiosity conseguir chegar até o topo”, disse Grotzinger.
No entanto, a tentativa de transformar o robô no primeiro alpinista interplanetário será efetuada somente no futuro, depois que a primeira parte da missão for concluída.
O Curiosity é uma das missões espaciais mais ousadas já realizadas. O projeto custou US$ 2,5 bilhões e, segundo a Nasa, a expectativa de encontrar algum indício de atividade biológica em Marte nunca foi tão grande e promissor.