O clima levou o Estado a ter a segunda maior quebra de safra do Brasil, com produtividade de 51,1 sacas por hectare
Mato Grosso do Sul é o segundo estado com a maior perda de produtividade em função do clima na safra 2024/2025, indica o Rally da Safra, promovido pela empresa de consultoria Agroconsult.
Puxada pela estiagem na região sul do Estado – em municípios como Amambai, Douradina, Glória de Dourados, entre outros –, a média de produtividade em MS foi de 51,1 sacas por hectare (sc/ha). Enquanto isso, o custo de produção, também aferido pela mesma consultoria, foi de 51,7 sc/ha.
Os números mostram que, em uma média, a produção de soja no Estado não pagou o seu custo. Os números divulgados pelo Rally da Safra, porém, mostram que, em Mato Grosso do Sul, as perdas foram concentradas na região sul.
Em Douradina, por exemplo, a produtividade média foi de 19,33 sc/ha, praticamente uma quebra de safra. No nordeste do Estado, contudo, a produção foi excepcional. No município de Cassilândia, a produção de soja foi de 83,66 sc/ha, e em Alcinópolis, de 82,06 sc/ha.
Na Capital, a produtividade ficou levemente acima da média: 69,23 sc/ha. Em Sidrolândia, a produtividade média alcançou 51,5 sc/ha, enquanto a vizinha Maracaju (77,69 sc/ha) foi um dos municípios com produtividade acima da média, o que indica que a má distribuição das chuvas levou cidades vizinhas a ter uma produção díspar.
O Rio Grande do Sul foi a unidade da Federação mais afetado pela estiagem, tendo uma produção de 37,5 sc/ha. Goiás, por sua vez, teve a maior produtividade do País: 68 sc/ha.
Conforme o relatório publicado pela consultoria, a diferença na produção entre os estados brasileiros em março superou os 12,5 milhões de toneladas, em comparação a janeiro.
Estados como Mato Grosso, Goiás, Bahia, Minas Gerais e Paraná e a região do Mapito (parte do Maranhão,
do Piauí e de Tocantins) acrescentaram 6,1 milhões de toneladas à projeção de janeiro, enquanto Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Santa Catarina retiraram 6,4 milhões de toneladas.
Mais de 1,6 mil lavouras de soja foram avaliadas pelo Rally durante as fases de desenvolvimento e colheita desde 12/1 nos estados de MT, GO, MG, MS, PR, SC, SP, RS, PA, MA, PI, TO e BA. As áreas avaliadas responderam por 97% da área de produção de soja e 72% da área de milho.
REVISÃO DE CÁLCULOS
O Estado, até 21/3, segundo o Boletim Casa Rural, divulgado pela Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), com dados da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul (Aprosoja-MS) e do Sistema de Informações Geográficas do Agronegócio (Siga-MS), havia colhido 86,6% dos 4,501 milhões de hectares plantados.
A região sul está com a colheita mais avançada, com média de 89,8%, enquanto a central está com 85,4%. Já a região norte tem 75,2% de média.
A área colhida até o momento, conforme estimativa do Siga-MS, é de aproximadamente 3,898 milhões de hectares.
Em 395 levantamentos de produtividade realizados pelo Siga-MS, apenas 30 dos 79 municípios do Estado registram produtividade acima da média, liderado por Cassilândia (83,66 sc/ha) e Alcinópolis (82,06 sc/ha).
Já as cidades de Douradina e Glória de Dourados ficaram em último lugar, com uma produtividade de 19,33 sc/ha e 20 sc/ha, respectivamente.
Municípios tradicionalmente produtivos, como Sidrolândia e Ponta Porã, registraram quedas significativas, com 51,5 sc/ha e 49,08 sc/ha cada uma delas. Tanto a área quanto a produtividade e a produção final ainda serão confirmadas, pois, de acordo com o Siga-MS, o Estado está apenas no início da amostragem.
ÁREAS RUIM E REGULAR SÃO A MAIORIA
Com base na avaliação semanal, cerca de 2,280 milhões de hectares estão afetados pelo estresse hídrico, representando 51% da área total.
As lavouras mais atingidas são aquelas implantadas entre setembro e meados de outubro. Entre dezembro e janeiro, houve uma redução drástica nas precipitações, especialmente em janeiro – mês crucial para a cultura da soja no Estado, por geralmente concentrar o período de enchimento dos grãos.
Por tudo isso, a porcentagem de colheita está 3,9 pontos porcentuais abaixo da média dos últimos cinco anos.
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