Artigos e Opinião

ARTIGO

Gilson Cavalcanti Ricci:
"Onde está Delinha?"

Advogado

Redação

10/11/2014 - 00h00
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O nosso rouxinol não mais embala os corações sul-mato-grossenses com sua voz maviosa. Não a vemos mais surgir nos meios de comunicação de massa, como a víamos no passado recente, com sua simpatia a cantar as belas melodias do nosso amado rincão. Delinha é o nosso patrimônio musical, que deve ser preservado com carinho e respeito. Logo cairá no esquecimento, como sói acontecer em nosso País aos grandes encantadores de plateias. Delinha representa em nossa terra um marco cultural, que arrebata plateias com sua voz maviosa, chegando a ser incluída com destaque no rol da música sertaneja nacional. Merece não somente nossos efusivos aplausos, mas também ter seu nome marcado nos anais da cultura sul-mato-grossense, e via de consequência merece receber das autoridades governamentais a homenagem material necessária a dar-lhe conforto e tranquilidade para viver o tempo que lhe resta de vida.

Cabe, portanto, às autoridades públicas estaduais e municipais homenagearem os artistas da terra que souberam enlevar o povo com o carisma da arte, como assim foi e é a nossa conterrânea Delinha, o rouxinol de Mato Grosso do Sul, como já me reportei a esse respeito em outra oportunidade. Acabamos de viver mais uma campanha eleitoral, na qual ouvimos dos candidatos promessas e mais promessas, todavia nenhum deles se lembrou de defender um projeto de lei em prol dos artistas na velhice, que sempre existiu em outros países, como na França por exemplo.
ossa saudosa conterrânea Helena Meireles – a Dama da Viola - levou plateias ao delírio, dedilhando em sua viola caipira músicas regionais e paraguaias. Mulher rústica, nascida na barranca do rio Paraná, no município de Bataguassu, somente teve notoriedade em sua velhice, ao ser reconhecida pela revista americana Guitar Player como uma das cem melhores instrumentistas do mundo.

Morreu pobre e esquecida, sem qualquer reconhecimento à sua memória por parte da elite cultural do nosso Estado – uma ingratidão imperdoável a merecer reparação. Nesse precioso relicário da música sul-mato-grossense, inscrevo o também saudoso Délio, da dupla Délio e Delinha, a quem não fora prestado nenhum reconhecimento pelos órgãos culturais do nosso Estado, a exemplo da situação de Helena Meireles. Resta agora outro  ícone especial da cultura musical de Mato Grosso do Sul: Delinha. Certamente ela também terá a mesma indiferença das autoridades culturais de nossa terra, caso as autoridades governamentais deixem passar em branco a epopeia de sucessos que representa o Rouxinol de Mato Grosso do Sul, a nossa querida conterrânea Delinha, que merece o aplauso do povo sul-mato-grossense, por sua presença marcante no cenário artístico brasileiro, como um dos expoentes da música de raiz. Sua voz traz aos corações apaixonados mensagens de amor e de saudade, a cantar como um rouxinol plangente melodias sentimentais de nossa terra querida. 

Não posso encerrar este artigo, sem indicar a melhor maneira de homenagear em vida a interprete impecável que é Delinha. Sugiro aos vereadores e deputados estaduais, a apresentação de um projeto de lei, através do qual fique autorizado o Poder Executivo a dotar à Delinha uma pensão especial mensal calculada em dez salários mínimos. Não é muito. Mas servirá de prêmio justo à ilustre homenageada, que tanto honrou e elevou o nome do nosso amado de Mato Grosso do Sul no cenário musical brasileiro.     

Editorial

A melhor ajuda para a Santa Casa

O dinheiro, por si só, não basta. Ao receber esses recursos, é essencial que a Santa Casa também demonstre um compromisso claro com uma gestão mais eficiente

09/04/2025 07h15

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O anúncio de R$ 25 milhões para a Santa Casa de Campo Grande, vindos de emendas parlamentares do Orçamento da União redirecionadas ao hospital, foi celebrado como um alívio. Um gesto político importante, que uniu forças de diferentes frentes em prol de uma instituição que presta serviços essenciais para a população sul-mato-grossense. Um ato nobre, sem dúvida. Porém, como costuma acontecer, o tempo entre o discurso e o depósito bancário parece longo demais para quem vive a realidade da emergência hospitalar.

Nesta edição, mostramos que, embora o valor tenha sido anunciado com pompa, ele ainda não chegou à conta da Santa Casa. A expectativa é que o repasse ocorra apenas na segunda quinzena deste mês. Até lá, as dificuldades continuam, os atendimentos se mantêm em ritmo de urgência e o risco de colapso ainda ronda os corredores da instituição. A distância entre o anúncio e a realidade precisa ser encurtada. Afinal, saúde não pode esperar.

Mas o dinheiro, por si só, não basta. É essencial que, ao receber esses recursos, a Santa Casa também demonstre um compromisso claro com uma gestão mais eficiente. Os problemas financeiros do hospital não são recentes e, em grande parte, se devem a más decisões administrativas acumuladas ao longo dos anos. Por isso, o repasse deve ser acompanhado de medidas concretas de reestruturação.

O primeiro passo, como já apontado por especialistas e membros do corpo diretivo da Santa Casa, é renegociar as dívidas com os bancos. Não se pode falar em recuperação sem reequilibrar minimamente as finanças. Condições mais vantajosas, prazos alongados e juros mais baixos são indispensáveis. O segundo passo é ainda mais delicado, mas necessário: responsabilizar gestões anteriores por negócios malfeitos, que empurraram o hospital para uma dívida quase impagável.

Transparência também precisa ser palavra de ordem. Quanto se gasta com fornecedores que atuam em atividades-meio e que nada têm a ver com a função hospitalar? É justo que a população e os órgãos de controle saibam para onde vai cada centavo. A dúvida sobre esses contratos paira e precisa ser respondida com dados e clareza. Em tempos de crise, cada real desperdiçado significa um atendimento a menos, um paciente desassistido.

Do lado de fora do hospital, a responsabilidade também recai sobre os gestores públicos. Se há um compromisso com a Santa Casa, que ele não se limite a anúncios. É obrigação do poder público repassar os recursos em dia, conforme combinado. Atrasos e burocracias não combinam com a urgência de quem está internado ou aguardando atendimento.

A Santa Casa não precisa apenas de socorro financeiro: precisa de compromisso, de cobrança e, acima de tudo, de ser tratada como prioridade permanente, e não apenas em momentos de comoção. A saúde pública agradece. E a sociedade cobra.

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EDITORIAL

Oportunismo na contramão da BR-163

A BR-163 não precisa de mais palanques. Precisa de asfalto, segurança e fluidez. A tentativa de melar a relicitação não é apenas inoportuna, é irresponsável

08/04/2025 14h02

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Após quase seis anos de indefinição, disputas e paralisia, a BR-163, principal eixo rodoviário de Mato Grosso do Sul, finalmente entrou em rota de solução com a relicitação. O novo plano apresentado prevê, de maneira realista e tecnicamente viável, a retomada das obras e a duplicação de mais 200 quilômetros da estrada.

No entanto, justamente no momento em que a esperança se renova, parlamentares estaduais e vereadores de Campo Grande parecem empenhados em sabotar o avanço. Em um movimento pouco compreensível, uniram-se em audiência pública para questionar e tentar travar um processo que demorou anos para ser alinhado.

A audiência pública realizada nesta semana, que reuniu representantes do Legislativo estadual e municipal, trouxe mais confusão do que contribuição. É legítimo debater os interesses da população, mas a forma como o evento foi conduzido levanta dúvidas sobre o real entendimento dos parlamentares quanto à complexidade de um processo de relicitação de rodovia federal.

Elaborar um novo contrato dentro das normas da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e com critérios técnicos e jurídicos bem definidos leva tempo, exige estudos, cálculos de viabilidade e articulação política de alto nível.

Interferir nesse ponto do processo é como tentar mudar o projeto quando a concretagem da obra já começou. A impressão que fica é que nossos representantes locais ignoram a máxima de que é melhor um pássaro na mão do que dois voando.

Temos, nesse momento, uma proposta concreta em mãos, com previsão de investimento e um cronograma definido. Porém, movidos por ambição eleitoral ou discursos populistas, preferem mirar em um cenário idealizado e incerto.

Apostam na instabilidade, talvez por acreditar que isso possa render dividendos políticos no ano que vem. Afinal, muitos eleitores sequer compreendem que concessões de rodovias federais são de competência da União, não do Legislativo estadual ou municipal.

Se os nobres parlamentares estivessem de fato comprometidos com a duplicação da rodovia, teriam se envolvido no processo desde o início. Em janeiro deste ano, por exemplo, a ANTT realizou audiência pública para discutir os termos da nova concessão.

Onde estavam os deputados e vereadores que hoje se apresentam como paladinos da rodovia? Alegam que não foram convidados formalmente. Ora, era mesmo necessário um convite para um tema que impacta diretamente a vida da população do Estado e que já estava amplamente divulgado?

Quando a política entra para tumultuar, e não para construir, os prejuízos recaem sobre quem depende da rodovia todos os dias – caminhoneiros, empresários, produtores rurais e cidadãos comuns. A BR-163 não precisa de mais palanques.

Precisa de asfalto, segurança e fluidez. A tentativa de melar a relicitação, neste momento, não é apenas inoportuna, é irresponsável. Que os parlamentares recuem desse oportunismo e se alinhem ao interesse coletivo.

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