Artigos e Opinião

OPINIÃO

José Angelini Aquino: "Os novos rumos da Igreja Católica"

Professor de Grego e Hebraico Bíblico, bacharel em Teologia

Redação

22/07/2015 - 00h00
Continue lendo...

Nunca, em toda a história da Santa Sé, foram quebrados tantos paradigmas como na gestão do jesuíta Mario Bergoglio. Quebra de paradigmas implica em dizer que a Igreja resolveu inovar, com coragem e disposição, resolveu levantar a âncora e remover os  alicerces do passado; e romper definitivamente com os ensinamentos  de Cristo. A Igreja Católica  tem como objetivo enfrentar o “novo” e se adequar aos novos tempos. Enfim, secularizou-se por completo. Havia um antigo provérbio romano que dizia: “Todos os caminhos levam a Roma”. Hoje, pode se dizer que todos os caminhos levam a Igreja e a sociedade moderna em direção à nova ordem mundial. Esta nova ordem, veiculada pela mídia e pelas redes sociais etc., nos conduz a uma ditadura do silêncio, em que expressar sua opinião e expor convicções diferentes das que são estabelecidas pela atual sociedade pode levá-lo a uma nova “fogueira da inquisição”. Vejam,  vocês, que nem mesmo o Vaticano resistiu às pressões, sucumbiu diante do poder político dos jesuítas. Nem o Cardeal Ratzinger (Bento XVI) resistiu aos novos rumores do mundo pós-cristão. Bento XVI  foi enclausurado em sua prisão, em Castel Gandolfo. Enquanto isso, os Jesuítas da depressão e do caos estabelecem, a passos largos, o comunismo dentro dos muros do Vaticano. 

“Deu a louca no Papa!” O Vaticano parece “ter enfiado o pé na jaca, de vez”! Defende o comunismo, e a história do papado foi construída sob uma égide capitalista, basta olharmos para o Vaticano, luxo e suntuosidade norteiam a história dos clérigos. Passou a defender todos os “ismos”, os quais não citarei aqui, pra não correr o risco de ser processado por ativistas de esquerda. Chegou-se ao ponto de dizer que os extraterrestres são nossos “irmãozinhos” e, se pudesse, até os batizaria em nome de Cristo. Parece cômico se não fosse trágico; no tocante à Palestina, o Papa Francisco manifestou-se a favor da construção de um estado palestino, arranjou uma briga feia com os rabinos e a comunidade judaica ortodoxa de  Israel, a ponto de ser convocado a comparecer ao Sinédrio em Jerusalém, onde será julgado à revelia, no dia 20 de setembro de 2015.

Bem, se esse cenário atual não for um cenário “de fins dos tempos”, é  melhor rasgar a “Bíblia” e considerá-la um conto de fadas. A Santa Sé, em um ato desesperador e apavorada com a perda significativa de fiéis, especificamente na América Latina, resolve entregar o comando da Igreja nas mãos dos jesuítas, que elegem seu soldado Jorge Mario Bergoglio, com a famosa frase em latim: Habemus Papam, o qual se autointitula Francisco. Bem, mas resta saber que Francisco é este que Bergoglio resolve homenagear, seria de fato São Francisco de Assis, ou Francisco Xavier? Este segundo, soldado jesuíta e missionário cristão, que, de acordo com a Igreja Católica, converteu mais cristãos do que qualquer outro missionário ou apóstolo da cristandade desde São Paulo. Só se esqueceram de mencionar os métodos que Francisco Xavier usou para “converter” cristãos. Neste cenário de conspiração, ao estilo de clássicos de grandes mestres da ficção e do suspense como Dan Brown e Alfred Hitchcock; com direito a efeitos especiais como aquele raio que caiu  na  Capela Sistina, justamente onde encontra-se o afresco de Michelangelo, denominado o  “O Juízo Final”. Fato, este, ocorrido no dia em que Bento XVI resolveu abdicar de seu trono. Os historiadores, ao olharem para o  atual contexto em que se encontra a Igreja, que não mais se atrevam, com o epíteto de loucura, a qualificar o papado dos Borgeas como algo de podre. Afinal, nos dias que se seguem, eu diria: “ Há algo de podre no Reino da Dinamarca”... Ou seria mais apropriado dizer “há algo de podre no reino do Vaticano?”

ARTIGOS

O que tem para dizer o MPF?

19/11/2024 07h45

Arquivo

Continue Lendo...

O que há de ser entendido no silêncio que o Ministério Público Federal (MPF) adotou – quando se calou e se mantém calado – diante da solução que os governos federal e estadual encontraram para pôr fim ao caso da Terra Indígena (TI) Ñande Ru Marangatu, em Mato Grosso do Sul?

Como é sabido, a questão abarcava conflitos violentos que vinham acontecendo há décadas entre indígenas e não indígenas. Esses conflitos foram desencadeados a partir da instrução do processo administrativo em que a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) demarcou – pela ocupação indígena em passado remoto que ela mesmo declarou – um território inteiro de terras particulares em Antônio João, até então, integralmente ocupado, possuído e explorado há quase um século por seus respectivos proprietários. 

O que amparava esses conflitos era a teoria do indigenato, de 1912, do ministro João Mendes, que pela ocupação indígena em passado remoto identificou a TI Ñande Ru Marangatu. Essa forma de identificação de terra indígena tem sido a causa das incontáveis invasões indígenas às terras particulares que ocorreram e que ocorrem todos os dias em MS e em muitas regiões do território nacional.

Lado outro, a Comissão Especial de Autocomposição do Supremo Tribunal Federal (STF) homologou o acordo, o que leva concluir que a mais alta Corte de Justiça concorda com esse modus operandi de se identificar terras indígenas e o adota, como se tanto fosse possível, na solução das causas que julga envolvendo matéria indígena. O exemplo mais recente envolve o julgamento do Recurso Extraordinário nº 1.017.365/SC.

Aliás, a Corte faz confusão quando identifica terras indígenas. Ora adota a teoria do indigenato, ora adota a sua própria interpretação, proclamada na assertiva de que a “configuração de terras ‘tradicionalmente ocupadas’ pelos índios já foi pacificada com a edição da Súmula nº 650, que dispõe: ‘Os incisos I e XI do art. 20 da Constituição Federal não alcançam terras de aldeamentos extintos, ainda que ocupadas por indígenas em passado remoto’”.

Notadamente, o STF relativizou ainda mais o direito de propriedade constitucional diante da matéria indígena, proclamando que, uma vez constatada a ocupação indígena em passado remoto, não há que se invocar o direito de propriedade, o título translativo nem a cadeia sucessória do domínio como defesa. Em resumo, o posicionamento extremo do Supremo é de que a ocupação indígena – seja ela presente, seja ela em passado remoto (indigenato) – define a terra indígena da União. 

A seu turno, por que o MPF – ferrenho defensor dessa ordem jurídica – deixou que os governos federal e estadual pagassem aos particulares pelas terras indígenas que ocupavam e exploravam no distrito de Campestre, em Antônio João? Com a palavra, o MPF em Mato Grosso do Sul!

Assine o Correio do Estado

ARTIGOS

A resiliência e a fé

19/11/2024 07h30

Arquivo

Continue Lendo...

Os desafios diários enfrentados por quem atua na proteção da natureza têm se tornado uma enorme prova de resistência e fé. As condições climáticas extremas, impulsionadas pelas altas temperaturas, ameaçam nossas reservas com o fogo e penalizam a fauna e a flora – já impactadas pela reincidência de incêndios violentos desde 2020.

Percebo que a fauna enfrenta o pior processo de extinção desde o período em que conseguimos a vitória no controle da caça, do tráfico de animais silvestres e da pesca predatória na década de 1980. O cenário atual é de destruição de habitat natural, em que espécies estão sendo dizimadas de forma assustadora, especialmente répteis e insetos. As chamas estão tão intensas que, somadas aos ventos fortes, invadem todos os lugares: locas, copas das árvores, etc, persistindo por meses de forma impiedosa.

Não há dúvidas de que estamos perdendo essa batalha. Somente neste ano já ultrapassamos os 3 milhões de hectares queimados. Esse trágico número foi alcançado mesmo com o empenho de recursos financeiros nas ações de combate, que certamente superam R$ 1 bilhão – entre os investimentos dos governos federal e estadual.

Nunca tivemos – em um histórico de 40 anos – uma infraestrutura de combate tão ampla, incluindo recursos humanos, equipamentos de logística, helicópteros, caminhões e embarcações. É importante destacar o trabalho pioneiro da Famasul, que contabiliza os prejuízos na produção das fazendas no Pantanal, já ultrapassando R$ 50 milhões.

Como podemos ser mais eficientes se nossa capacidade financeira já extrapola seus limites dos desafios e a força humana se mostra insuficiente, em algumas situações até incapaz? Estamos enfrentando algo sem precedentes e que excede nossa capacidade de resposta.

Não devemos nos omitir na identificação dos responsáveis. Eles existem, embora sejam poucos. Ainda assim, acredito que não haverá melhoras significativas na questão comportamental apenas com multas milionárias e possíveis prisões. 

A experiência de outros países, como Portugal e Austrália, nos indica que o ímpeto punitivo não traz uma solução completa. Esses países já lidam com incêndios gigantescos e perdas de vidas humanas em virtude deles há mais de 20 anos.

O mais impressionante – e certamente mais doloroso que as próprias chamas – são as acusações equivocadas e a ignorância de alguns que associam o crescimento dos incêndios às reservas de proteção. Ao contrário, as poucas áreas protegidas no Pantanal (menos de 5%) têm estruturas para evitar incêndios e ações preventivas em seus planos de trabalho, como a presença de brigadas.

Podemos reduzir a escalada dos incêndios ano após ano se implementarmos outras estratégias que não se restrinjam ao combate ao fogo, mas que incluam 
a prevenção. Devemos reconhecer que nossos planos atuais não estão trazendo os resultados esperados e que não será somente o aumento dos investimentos financeiros que nos trará a solução.

O ponto crítico é como um dos biomas mais preservados (cerca de 85%) passou a ser um grande emissor de gás carbônico no País. Os fenômenos naturais são impactados negativamente pelas condições climáticas extremas. Essa situação ameaça nosso bioma e exige novas estratégias que unam ciência e competência para enfrentar esses fenômenos sem precedentes.

Restaurar ao proprietário formas de manejo do fogo pode ser uma alternativa. Eles podem ajudar. Ao mesmo tempo, com mais tecnologia e grupos de ação de combate ao fogo, equipados com boa logística e equipamentos adequados, podemos reduzir o tempo de resposta. Não podemos desistir e precisamos ter fé e resistência para rever nossa relação com o planeta.

Poderíamos, em um gesto responsável, olhar e fazer algo pela nascente do Rio Paraguai. Não sou pessimista, mas talvez apenas a desesperança e o senso de urgência possam nos salvar.

Assine o Correio do Estado

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).